Hallie Mautner



6. Hallie Mautner


- Não, naaão!
- Quê?
- Pára com isso, vai matar eles!
- Harry?
- Alguém me ajude, ele vai matar meus pais!
- Acorda, Harry!
- Naaão!
Harry acordou suado e sobressaltado. Rony ainda chacoalhava o amigo, para ter certeza de que o garoto estava mesmo acordado. Harry olhou para o lado e viu Simas, Dino e Neville com os rostos assustados.
- Tá tudo bem com você?- perguntou Rony
-Tá...
- Tá mesmo...
- Tá, tá sim...
- Com o que você estava sonhando, Harry?- perguntou Simas.
- É, cara, você tava pedindo socorro para seus... pais...- falou Neville, com a voz trêmula.
- Eu vi Voldemort matando meus pais.
Ao som desse nome, os meninos se assustaram.
- Bom,... agora que... já passou, vou dormir. Até Harry- falou Rony.
- Até amanhã...- falou Harry
- É, eu vou dormir também...- disse Simas
- E eu- concordou Dino
- Eu também..- acrescentou Neville
Harry se deitou, mas não dormiu. Esperou que todos tivessem adormecidos e foi para o salão comunal, que continuava claro. Harry estranhou ao ver tanta claridade, afinal de contas, eram duas e meia da madrugada. Mas o motivo de tanta luz foi explicado. Em frente à lareira, uma garota olhava fixamente para as chamas. Harry se aproximou e viu Hallie.
A garota percebeu o movimento e se virou assustada. Quando viu Harry, sorriu e voltou a mirar o fogo.
-Ah, você também não conseguiu dormir, Harry?- disse a garota calmamente.
Harry se assustou ao ouvir sua voz. Parecia tão segura e tranqüila, e ele nunca vira uma quintanista, com exceção de Gina e Luna, que falasse assim, tão sossegadamente.
- É, eu tive um pesadelo e... fiquei sem sono. E você?- perguntou o garoto, puxando uma poltrona para perto de Hallie.
- Sonhei com a morte da minha mãe...
- Estranho... eu sonhei com o assassinato dos meus pais...
- Foi Voldemort, não foi?- perguntou a garota.
Harry ficou surpreso. Nunca vira um outro aluno que não fosse ele, falar esse nome sem que tremesse ou fizesse outra coisa.
- É, foi ele...
Ambos ficaram em silêncio, até que Harry falou:
- Escute, Hallie... é esse o seu nome, né? Que cicatriz é essa na sua testa? Não é um produto de feitiço, é?
- Ah, não! Eu era pequenina e montei a vassoura do meu pai. Saí voando pela casa e fui para o jardim. Minha mãe estava bem embaixo. Quando olhei para ela, a vassoura bateu numa árvore e eu caí de uns... três metros. Chorei que nem louca...
- Caramba, quantos anos você tinha?
- Uns quatro para cinco anos...
- Nunca ouvi falar de uma criança que, com quatro anos, já conseguia pilotar uma vassoura. Você nasceu com esse dom, não é mesmo?
- É. Meu pai foi o melhor artilheiro que a Grifinória já teve no tempo dele. Era do mesmo time que seu pai, Harry...
Harry olhou para Hallie. Só aí pôde perceber o quanto ela era bonita. Seus olhos verdes brilhavam ainda mais com a luz do fogo, uma franja despontada teimava-lhe em cair no rosto e sedosos cabelos negros refulgiam belamente.
- Então seu pai conheceu o meu pai?- indagou Harry.
- Sim. Ele sempre falou muito bem do seu pai. Me contava histórias de como seu pai salvava os jogos que já pareciam estar perdidos.
- Poxa, legal...
Ambos ficaram calados e, dessa vez quem quebrou o silêncio foi Hallie.
- Mas parece que eu não sou a única a ter talento para voar. Você foi escolhido como o mais novo apanhador do século em Hogwarts!
- É, foi sorte...- concordou Harry, encabulado.
- Sorte nada! Você tem muita habilidade. Já o vi jogando. É muito bom mesmo...
- Valeu, obrigada pelo elogio...
Harry corou com o elogio de Hallie. Nunca havia recebido um de uma garota. Ficou surpreso de que ela gostasse de quadribol.
- Hallie, por que você não vem fazer o teste para artilheira do time. Precisamos preencher a vaga que era da Alícia Spinnet. Depois do último balaço, ela resolveu tirar umas férias do quadribol
- Nossa, eu me lembro daquele balaço. Foi o Warrington, não foi?
- Foi ele sim...
- Malditos sonserinos...
- Pois é, você vai ou não fazer o teste?
- Ah, vou sim. Minha mãe não gostava de quadribol. Achava muito perigoso. Mas agora... bem, meu pai vai gostar de saber que eu vou fazer o teste.
- É... você tem alguma vassoura?- disse Harry
- Sim. Uma Firebolt.
- Sério mesmo!- exclamou Harry surpreso.
- Sério mesmo. Ganhei como presente de quinze anos.
- Poxa, isso vai te ajudar muito.
- É mesmo...
- Harry?
- Quê?
- Você vai ao Baile de Inverno?
- É... vou. E você?
- Também. E só eu arranjar um par.
- Você que ir comigo?- os dois falaram ao mesmo tempo, sorrindo logo em seguida.
- Caramba, transmissão de pensamento!- falou Hallie.
- Que engraçado!
- Bom, eu primeiro- disse Harry, sorrindo- você aceita o meu convite?
- Só se você aceitar o meu.- falou Hallie sorrindo.
- Fechado, eu aceito.
- Então estamos combinados, não é mesmo?- Hallie sorriu para Harry.
- É lógico!- disse Harry. E só então, ele percebeu como aquele sorriso era lindo. Mas, alguma coisa naquele sorriso o lembrava. Era igual ao de alguém que ele conhecia, mas que não se lembrava. Minutos depois, Harry, olhou para o relógio e tomou um susto.
- Hallie?
- Que é?
- São cinco horas!
- QUÊ?
- São cinco horas...
- Minha nossa! Eu devia estar dormindo! Já pensou se alguém nos pega aqui sozinhos?
- É mesmo...
- Bom Harry Potter, você está intimado a ir comigo, Hallie Mautner, ao Baile de Inverno. Vê se não vai arranjar um par melhor até lá!
- Nem que eu quisesse- Harry sussurrou para si mesmo.
Hallie se levantou e foi para o quarto. Harry, que já estava morrendo de sono, foi se deitar. Depois dessa conversa, ele teve uma certeza: Nunca vira alguém tão segura assim.

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