Capítulo Um



A coragem de Hermione ia diminuindo conforme ela entrava na mata. Os seus pêlos do braço e da nuca estavam eriçados. Havia ameaça naquele silêncio, não paz.

É só sua imaginação.

O cavalo sentiu a mesma coisa. Sem aviso, saiu voando algo do chão, como o som de uma flecha lançada por um arco.

Uma ave? Uma cobra?

Johann empinou-se nas patas traseiras, golpeando o ar com força e relinchando aterrorizado. Hermione não teve tempo de reagir. O capuz escorregou de seu rosto e seus braços soltaram as rédeas enquanto era arremessada para trás.

Uma dor explodiu em seu ombro quando ela caiu no chão com força, tirando-lhe o fôlego. Ofegando, ela virou para o lado e tentou se levantar. Precisava segurar o cavalo antes que ele saísse correndo.

–Johann! – gritou pondo-se de pé.

Hermione lançou-se para frente, mas deteve-se. Um homem estava de pé, impedindo sua passagem. Sorria por entre dentes escurecidos. Em sua mão direita havia uma faca, a lâmina era opaca e manchada de marrom na ponta.

Houve um movimento a sua direta. Os olhos de Hermione correram nessa direção. Um segundo homem, o rosto desfigurado por uma cicatriz irregular que corria do olho esquerdo até a boca, segurava o cavalo.

–Não! – ela se ouviu gritar. – O deixe em paz!

Apesar da dor no ombro, sua mão encontrou o cabo da espada. O homem deu um passo em sua direção. Hermione puxou a lâmina, desenhando um oito no ar. Mantendo os olhos fixos nele, enfiou a mão na bolsa e arremessou um punhado de moedas.

–Tome. Leve isso. Não tenho mais nada de valor.

Ele olhou para a prata no chão e depois cuspiu, com desprezo. Limpando a boca com as costas da mão, andou na direção dela.

Hermione ergueu a espada.

–Estou avisando. Não chegue perto!

O homem xingou em outra língua. Hermione congelou. Por um instante, sua coragem vacilou. Eram franceses, não bandidos como ela havia pensado.

Ela se controlou e tornou a brandir a espada. Deu meia volta e atirou-se em cima do segundo homem, que havia chegado por trás. Aos gritos, Hermione fez a espada sair voando das mãos dele. Puxando uma faca do cinto, ele rugiu e mergulhou na direção dela. Segurando a espada com as duas mãos, Hermione a enterrou na mão dele, golpeando-o.

Ela retraiu os braços para um segundo golpe quando estrelas explodiram na sua cabeça, brancas e roxas. Ela cambaleou pra frente com a força da pancada, então a dor trouxe-lhe lágrimas aos olhos enquanto ela era novamente levantada, puxada pelos cabelos. Pôde sentir a ponta fria de uma lâmina na sua garganta.

– Maldita! – sibilou ele, batendo no rosto dela com a mão ensangüentada.

Encurralada, Hermione deixou sua espada cair no chão. O segundo homem a chutou pra longe, antes de tirar do cinto um capuz de pano áspero e passá-lo à força na cabeça dela. Hermione se debateu, tentando se soltar, mas o cheiro azedo a impedia de respirar e a fazia tossir. Mesmo assim ela continuou a lutar, até um punho a atingir na barriga e ela dobrar o corpo em direção ao chão.

Não teve mais força pra resistir quando eles forçaram seus braços para trás e amarraram seus pulsos.

Afastara-se. Hermione pôde ouvi-los vasculhando as bolsas penduradas em sua sela, jogando seus objetos no chão. Discutiam entre si.

Por que eles não me mataram?

Imediatamente, a resposta se insinuou em sua mente como um fantasma indesejável. Querem se divertir um pouco antes!

Hermione lutou desesperadamente para afrouxar as cordas que a prendiam, mesmo sabendo que, se conseguisse, não iria muito longe. Eles a perseguiriam.

Lágrimas de desespero brotaram de seus olhos. Sua cabeça caiu pra trás, exausta, sobre o chão duro.

No início, Hermione não conseguiu distinguir de onde vinha aquele barulho. Então entendeu. Cavalos! O som de seus cascos. Cinco, talvez seis cavalos se aproximavam do bosque.

Se pudesse se afastar o suficiente, talvez tivesse uma chance.

Devagar, o mais silenciosamente possível, começou a se rastejar para fora do caminho. Esforçando-se para ficar de pé, balançou a cabeça para tirar o capuz.

Estava ligeiramente fora da linha de visão deles, embora caso virassem para um lado e para o outro e vissem que ela havia sumido eles não levariam muito tempo para achá-la.

Rezando para que o ronco dos trovões continuasse a abafar o barulho dos cavaleiros até eles estarem perto o suficiente, Hermione tornou a se jogar para o meio dos arbustos, rastejando sobre as pedras e gravetos.

Alguém gritou. Ela congelou; eles a tinham visto! Ela reprimiu um grito enquanto os homens voltavam correndo para o lugar onde ela estivera deitada.

Ela agora estava de pé e começava a correr. Não foi rápida o suficiente. O homem da cicatriz se jogou em cima dela, dando-lhe um soco na lateral da cabeça ao mesmo tempo em que se jogava no chão.

Subiu em cima dela, a imobilizando contra o chão. Hermione tentou se livrar dele, mas ele era pesado demais.

–Eu disse pra você ficar quieta!

Ele bateu nela de novo, partindo-lhe o lábio. Ela sentiu o gosto de sangue metálico na boca.

De repente, vozes diferentes.

Hermione ouviu o som da corda de um arco soltando-se e o vôo de uma única flecha pelo ar, e depois outra e mais outra.

O francês pôs-se de pé num pulo no exato momento em que uma flecha enterrou-se em seu peito, grossa e pesada, fazendo-o girar como um peão. Por um instante, ele pareceu ficar suspenso no ar, depois oscilou, a expressão congelada de uma estátua de pedra. Uma única gota de sangue surgiu do canto de sua boca, depois escorreu pelo seu rosto.

Suas pernas cederam. Ele caiu ajoelhado e então, bem devagar, arriou para frente como uma árvore abatida.

Os cavaleiros perseguiam o outro francês. Ele havia se embrenhado na mata para se esconder, mas outras flechas voaram. Uma delas acertou-lhe o ombro e ele cambaleou. A flecha seguinte atingiu a parte de trás da sua coxa e o fez cair. Seu corpo desabou para frente no chão, teve um espalmo e depois ficou imóvel.


– Cessar fogo! – por fim, os caçadores saíram se seus abrigos e se mostraram.

Hermione pôs-se de pé. Serão amigos ou homens a serem temidos? O líder vestia uma túnica de caça azul debaixo da capa, ambos de boa qualidade. Suas botas eram de couro, seu cinto e sua cesta de flechas eram feitos de couro claro ao estilo da região, e suas botas eram pesadas e novas.

Hermione ainda tinha os braços atados nas costas. Tinha consciência de sua desvantagem. Seu lábio estava inchado e partido, e suas roupas estavam manchadas.

–Tem minha gratidão por esse serviço, senhor. – disse ela, endurecendo a voz com segurança. – Levante o visor e identifique-se, para que eu possa conhecer o rosto do meu salvador.

–Essa é toda a gratidão que recebo, dama? – perguntou ele, fazendo o que ela pedia. Hermione ficou aliviada ao ver que ele sorria.

Ele desmontou e puxou uma faca do cinto. Hermione recuou.

–Para cortar as cordas. – disse ele, gentilmente.

Hermione corou e estendeu os pulsos. Ele se aproximou dela e Hermione se viu perdida dentro dos seus olhos verdes.

–Claro. Obrigada.

Ele fez uma leve reverência.

–Harry Potter. Essas florestas pertencem ao meu tio.

Ela deu um suspiro de alívio.

–Perdoe minha descortesia, mas eu precisava ter certeza de que o senhor não era...

–Sua cautela é sensata e compreensível nas circunstâncias. E a senhora, dama, quem é?

–Hermione Granger, filha do intendente Granger.

–Honrado em conhecê-la, dama Hermione. – ele beijou-lhe a mão, sem tirar os olhos dela. – Está muito ferida?

–Só alguns cortes e arranhões, embora meu ombro esteja doendo.

–Onde está sua escolta?

–Estou viajando sozinha. – disse, depois de hesitar.

Ele olhou pra ela, surpreso.


–É uma época estranha pra viajar sozinha, Essas planícies estão infestadas de soldados franceses.

–Não era minha intenção cavalgar até tão tarde. Eu estava procurando abrigo para o temporal.

–Vamos voltar à cidade? Eu lhe deixo nas suas terras.

–Não, eu. – ela parou. Não podia voltar pra casa. – Eu não posso voltar pra casa.

Harry ergueu o cenho.

–Passará a noite conosco, então dama Hermione. Quando seus ferimentos tiverem sido cuidados, eu a levo onde você quiser, pessoalmente.

*

N/A: É, eu sei que eu demorei um pouquinho...mil perdões meus amores. Quero agradecer mais uma vez à Jessi Potter por estar betando a fic xD Um grande beijo às pessoas que estão comentando! Em especial pra Sarinha e pra Teresa. No próximo capítulo eu faço um N/A decente, eu juro. ahUIHAIU Um bom feriado pra vcs! =****

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