Fim de uma etapa



Isabelle abriu os olhos devagar, encarando por um instante as cortinas de veludo vermelho que rodeavam a cama, e estranhando um pouco a situação em que se encontrava. Havia um corpo junto ao seu na cama estreita, e um braço forte envolvia seu corpo de forma carinhosa e protetora. Ela lembrou do que havia acontecido na noite anterior, Sirius e ela nos jardins, ele dizendo que a amava, os dois dançando sob o céu estrelado, o beijo, os beijos... Lembrou que não estava em sua cama, mas na dele, e que fora ali, nos braços dele, que havia passado a noite inteira. Sirius a abraçava pelas costas, e ela podia sentir a respiração pesada, e o hálito quente dele perto de sua nuca. Tentou escapar do abraço dele sem acordá-lo, mas quando estava quase saindo de baixo do braço do garoto, ouviu-o falar, com voz de sono.
- Ia fugir de mim, Srta. Charmant?
Isabelle voltou a acomodar-se na cama, virando-se para encarar Sirius, que voltara a abraçá-la. Ele a fitava de volta, com cara de sono, e sorrindo.
- Desculpe, – pediu a morena – não queria acordar você.
- Não tem problema. – respondeu Sirius, e então beijou-a – Bom dia.
- Bom dia.
- Você ia mesmo me deixar aqui pra acordar sozinho? – perguntou ele, brincando. Isabelle apenas sorriu.
- Seu sono não costuma ser tão leve... – comentou ela.
- Não. – concordou o Maroto – Mas essa noite foi diferente. Bastava você se mexer, e eu já acordava, – disse ele – sei lá, acho que fiquei com medo de machucar você. Nunca tinha dormido com ninguém assim.
- Sirius... – disse Isabelle, fitando-o com ar de descrença.
- Que foi? – perguntou Sirius, sem entender.
- Nunca dormiu com ninguém? – perguntou a garota, obviamente duvidando dele.
- Nunca. – repetiu o Maroto – Não desse jeito, de realmente dormir junto a noite inteira, e acordar junto no outro dia. – explicou ele – Você foi a primeira garota com quem eu fiz isso.
Isabelle continuou encarando-o por um instante, e ao perceber que ele realmente falava sério, desviou o olhar, sentindo as bochechas esquentarem.
- Você fica ainda mais linda, toda encabulada e vermelhinha assim, sabia? – brincou Sirius.
- Pára! – disse Isabelle, ficando ainda mais vermelha – Tenho até medo de me olhar no espelho: cara de sono, cabelo bagunçado e uma roupa em que cabem duas de mim. – enumerou ela – Devo parecer uma fugitiva da Ala de Danos Mentais do St. Mungus.
- Pra mim tá tão linda quanto tava ontem à noite, com o vestido de festa e a maquiagem. – disse o Maroto.
- Mentiroso! ¬– retrucou Isabelle.
- É sério! – insistiu ele.
- Tá bom. – disse a morena, sem acreditar nele – Hmm... eu tenho que ir pro dormitório...
- Já? – perguntou Sirius – Tá tão bom você aqui...
Isabelle sentou-se na cama, espreguiçando-se longamente. Depois, levou a mão ao cortinado para abri-lo, mas Sirius a impediu.
- Que foi? – perguntou a garota, sem entender.
- Deixa eu ver se tá tudo ok aqui fora antes de você abrir. – disse Sirius – Vai que tem algum Maroto pelado?
Isabelle riu. Sirius abriu uma fresta na cortina e espiou para fora. Todos os Marotos estavam devidamente vestidos com seus pijamas.
- E então? – perguntou Isabelle – Posso abrir?
- Pode. – respondeu Sirius, soltando a cortina – Mas não olha pro Pontas, porque ele tá sem camisa.
Revirando os olhos, a garota abriu o cortinado, e colocou os pés para fora da cama, preparando-se para levantar. Mesmo sem perceber, ela realmente não olhou na direção da cama de Tiago.
- Ei, não tá se esquecendo de nada, não? – perguntou Sirius.
- Ah, é. – disse Isabelle, inclinando-se sobre ele, e beijando-o de leve.
- Quê? Só isso? – perguntou o Maroto – Ah, não! – disse ele, e puxou-a de volta para a cama, fazendo com que ela caísse novamente em seus braços – Eu quero um beijo de verdade.
- Sirius... – disse a garota, depois de um longo beijo – me larga, senão eu não saio daqui hoje.
- Isso ia ser ótimo! – retrucou Sirius – Eu ia passar o dia todo com você aqui, agarradinha em mim. – disse ele, brincalhão.
- Ha, ha, muito engraçadinho. – disse Isabelle, e então ficou séria. Sirius seguiu seu olhar até a cama de Remo – Será que eles se entenderam?
- Não sei. – respondeu o Maroto, também sério – Tomara que sim.
- É. – concordou a morena, meio pensativa – Bom, deixa eu ir. – disse ela, beijando-o mais uma vez, e então levantando-se – Nos vemos depois.
- Tá. – concordou Sirius – Até depois.
Isabelle deixou o dormitório masculino, implorando em pensamento para que não houvesse ninguém no salão comunal. Suas preces foram atendidas, pois ao chegar ao pé da escada, encontrou o salão comunal vazio, e mais do que depressa, dirigiu-se à escada do dormitório feminino, por onde subiu. Entrou no quarto, tentando não fazer barulho, e foi direto até a cômoda em busca de uma roupa para vestir. Foi surpreendida por Lilian, que acabava de sair do banho.
- Isa! Onde é que você tava? Sirius saiu atrás de você ontem, e... – ela parou de falar ao perceber os trajes de Isabelle – Mas que roupas são essas? – inquiriu ela, fitando a amiga dos pés descalços à cabeça.
- Hã? – fez Isabelle, meio distraída, abrindo mais uma gaveta da cômoda e apanhando uma calça – Ah, são do Sirius.
- Do Sirius? – ecoou Lilian – E o que exatamente você tá fazendo com a roupa dele, Srta. Charmant?
- Longa história... – disse Isabelle, e então olhou para a amiga – Mas não me olha com essa cara, Lily, – disse ela, ao ver a expressão no rosto da ruiva – não aconteceu nada demais.
- Ah, você vai me explicar tudinho, ouviu bem? – disse Lilian, pegando uma roupa na cômoda – Com todos os detalhes sórdidos.
Enquanto Lilian se vestia, Isabelle tomou um banho rápido, e depois que já estava vestida também, as duas foram para o Grande Salão para tomar café da manhã. No caminho até lá, Isabelle contou à amiga tudo o que havia acontecido na noite anterior, desde o momento em que deixara o Grande Salão e a festa, até a noite passada no dormitório masculino com Sirius.
- Caramba, Isa! – exclamou Lilian, impressionada, enquanto as duas se acomodavam à mesa da Grifinória – Que noite, hein?!
- Nem me fala! – disse Isabelle, começando a se servir – Tem momentos em que eu nem acredito que isso aconteceu de verdade...
- Você tá com uma cara de boba... – comentou a ruiva.
- Eu sei. – disse Isabelle – Mas é que foi tão bom acordar com ele, Lil, tão bom...
- É, pela sua cara, eu imagino que tenha sido mesmo.
Isabelle riu.
- Mas me conta, perdi alguma coisa interessante ontem à noite? – perguntou ela.
- Aaah, eu tenho um monte de coisas pra te contar... – disse Lilian, e então começou a contar à amiga sobre os acontecimentos da véspera.
Bem mais tarde, quando finalmente saíram da cama, Tiago encurralou Sirius no banheiro do dormitório, exigindo explicações sobre o que havia visto na noite anterior quando chegara ao quarto.
- Vamos lá, Almofadinhas. – disse ele, escorando-se na pia – Começa a falar.
- Falar o quê? – perguntou Sirius, a boca cheia de pasta de dente.
- Ontem à noite, Charmant na sua cama... – lembrou Tiago, enquanto o amigo enxaguava a boca.
Sirius cuspiu a água toda de uma só vez.
- Shhh... Pontas! – repreendeu ele, olhando rapidamente na direção da porta.
- O quê? – perguntou Tiago, sem entender.
- Remo! – sibilou Sirius.
- Ele não viu? – perguntou o outro.
- Não. – respondeu Sirius, guardando a escova de dentes – Ainda não tinha chegado quando eu fechei a cortina.
- Ah, mas você não precisa esquentar com isso. – disse Tiago, despreocupado – Ele e a Takemi se acertaram ontem à noite.
- Sério? – perguntou Sirius, e Tiago assentiu – Que ótimo! Bom, mas mesmo assim, prefiro que ele não saiba assim, de repente.
- Quem saiba o quê de repente, Almofadinhas? – perguntou Lupin, entrando no banheiro. Sirius e Tiago se entreolharam, nervosos.
- Bom, eu... vou nessa... – anunciou Tiago – Vejo vocês depois. – disse ele, saindo de fininho, e deixando Sirius e Remo sozinhos. Lupin ainda encarava o amigo, esperando por uma resposta.
- Pensei que você ainda tava dormindo, Aluado. – disse Sirius, disfarçando.
- Ei, ei, ei, não muda de assunto, Sirius. – disse Remo – Vocês estavam falando de mim?
- É... bom, é que... – começou Sirius, hesitante, e Remo nem precisou que ele dissesse mais nada.
- O que é que eu preciso saber, mas não “assim, de repente”? – perguntou Remo.
- É... bom, ontem, quando você chegou, – começou Sirius, nervoso – você viu que... a cortina da minha cama tava fechada, não viu?
- Vi. – confirmou Remo – Eu até achei estranho, mas no fim, não dei muita bola. Mas... o que tem isso?
- Eu fechei a cortina... porque a Bell tava comigo. – disse Sirius, de uma só vez.
- Como é? – perguntou Remo, surpreso.
- Ela dormiu aqui essa noite. – explicou o moreno – Nós... estamos juntos.
- Vocês estão... juntos? – ecoou Lupin.
- Ontem à noite, na festa, quando eu tava lá com a Anne, eu percebi que era a Bell que eu queria que estivesse ali comigo. – contou Sirius – Daí eu fui atrás dela, e a gente conversou, e... se entendeu.
Remo não disse nada, apenas continuava fitando o amigo, com uma expressão que mesclava surpresa e desconforto, o que estava deixando Sirius ainda mais tenso.
- Diz alguma coisa, Aluado, pelo amor de Merlin! – pediu ele, nervoso.
- Eu não tenho nada pra dizer, Sirius. – disse Remo – A Isa ama você, muito, e se o seu sentimento por ela for verdadeiro...
- É sim, Aluado. – interrompeu Sirius – Eu... o que eu sinto por ela... eu nunca senti nada nem parecido antes. Eu... tô apaixonado por ela, Remo. – confessou ele.
- Então eu só posso desejar que vocês sejam felizes. – disse Lupin.
- Valeu, Aluado. – agradeceu Sirius, mais tranqüilo – De verdade.
Remo somente acenou com a cabeça, com um sorriso fraco.
- Pontas disse que você e a Takemi tinham se acertado. – comentou Sirius.
- É. A gente decidiu tentar mais uma vez. – confirmou Remo.
- Ela é uma garota legal. – disse Sirius.
- É, é sim. – concordou Remo – Bom, deixa eu tomar um banho, tô morrendo de fome.
- É, eu também tô. – disse Sirius – Remo? – chamou ele, e Lupin voltou-se novamente para encará-lo.
- Não se preocupa, Sirius. – disse ele, apaziguando o amigo – Tá tudo certo.
Sirius acenou com a cabeça, bem mais tranqüilo, e deixou o banheiro, o dormitório, e a torre, rumando para o Grande Salão. No caminho até lá, foi parado diversas vezes por garotas das quatro casas, frustradas com o seu súbito desaparecimento na noite anterior.
- Sirius! Procurei você ontem e não achei... – disse uma sonserina loura, toda melosa, quando ele terminou de descer as escadas que levavam à torre.
- É, eu saí cedo da festa. – respondeu o Maroto.
- E nem me deu um beijo de parabéns pela formatura... – disse ela, se aproximando um pouco mais.
- Não seja por isso. – disse Sirius, beijando-a no rosto.
- Ah, não! Eu não quero no rosto! – reclamou a garota.
- Desculpa, é só onde eu posso beijar. – respondeu o moreno, seguindo seu caminho e deixando a sonserina surpresa e indignada para trás.
Chegando ao Salão Principal, enxergou de longe o ponto da mesa onde Tiago, Lilian e Isabelle estavam, junto com Alice e Emmeline. Isabelle abriu um largo sorriso ao ver o Maroto à porta, sorriso que foi retribuído por Sirius, mas quando ele começou a andar em direção aos amigos, foi abordado por mais uma garota, que reconheceu como sendo da Lufa-Lufa.
- Te procurei ontem, mas disseram que você já tinha saído da festa... – disse ela, fazendo um carinho no rosto do garoto, que se afastou levemente.
- É, eu achei uma coisa mais interessante pra fazer. – retrucou Sirius.
- Você perdeu a melhor parte da festa... – disse a garota, voltando a se aproximar.
- Ah, é? – perguntou o Maroto – Qual?
- A parte em que eu ia te encher de beijos. – respondeu ela, maliciosa, já partindo para cima dele.
- Ei, ei, ei, calma aí. – disse Sirius, mantendo-a afastada dele – Não precisa se preocupar. Eu ganhei muitos beijos ontem à noite.
- O quê? – perguntou a garota, zangada – De quem?
- Da minha namorada. – respondeu Sirius, calmamente.
- Sua o quê? – perguntou a lufa, mas Sirius já passava por ela, seguindo na direção de Tiago e das meninas.
- Bom dia, meninas! – cumprimentou ele, ao alcançá-los.
- Bom dia! – responderam elas, em coro.
- Bom dia de novo. – disse ele a Isabelle, beijando-a em seguida.
Emmeline e Alice se entreolharam, espantadas. Cochichos percorreram todo o Grande Salão, enquanto o Maroto se acomodava ao lado da morena.
- Bom dia de novo. – respondeu Isabelle, sorrindo – Resolveu dormir mais um pouco?
- Aham. – confirmou Sirius, servindo-se de suco de abóbora – Aproveitei que podia me esparramar na cama.
Isabelle apenas sacudiu a cabeça, ainda sorrindo. Emmeline e Alice se entreolharam mais uma vez, e então ficaram os observando, boquiabertas.
- O que a garota queria? – perguntou Isabelle.
- Com ciúme? – perguntou Sirius, Maroto.
- Não. Só... curiosa. – respondeu a morena.
- Ela queria saber por que eu sumi ontem. – contou ele.
- Hmm... – fez Isabelle – E o que você disse?
- Que tinha arranjado coisa melhor pra fazer. – respondeu Sirius, sorrindo para ela.
- Ei, olha lá a Bárbara! – disse Lilian, ao ver a japonesinha chegando, com cara de sono, ao Grande Salão.
- Bárbara! – chamou Isabelle – Bárbara!
Bárbara olhou na direção da mesa da Grifinória, onde ouvira seu nome ser chamado. Lilian, Isabelle e Tiago acenavam para ela, fazendo sinais para que ela fosse até lá.
- Oi, gente! – cumprimentou a corvinal, ao alcançá-los.
- Toma café aqui com a gente. – convidou Lilian.
- É, o Aluado já tá vindo aí. – disse Sirius.
- Tá bom. – concordou Bárbara, acomodando-se junto ao grupo.
De fato, apenas alguns minutos depois da chegada da garota, Remo entrou no Grande Salão, acompanhado de um Pedro sonolento e, como sempre, faminto.
- Bom dia! – cumprimentaram os dois. Pedro já foi sentando-se à mesa.
- Bom dia! – responderam todos.
- Bárbara?! – perguntou Remo, surpreso.
- Bom dia! – disse Bárbara, sorrindo.
- A Takemi hoje é grifinória honorária, Aluado. – brincou Tiago.
- Nossa, que bom! – disse Lupin, meio embaraçado, beijando de leve a corvinal nos lábios, e então sentando ao lado dela – Cara, eu tô morrendo de fome!
Eles continuaram no Grande Salão, conversando, enquanto Remo, Bárbara, Sirius e Pedro terminavam de tomar café, falando, sobretudo, sobre a festa da noite anterior. Depois, foram todos, à exceção de Alice e Emmeline, que rumaram para a torre da Grifinória para encontrar Marlene, para os jardins, acomodando-se à sombra do carvalho, para aproveitar a linda manhã que estava fazendo naquele dia.
- Ei, Almofadinhas! – chamou Tiago, de repente – Agora, aqui, à beira do lago é que eu lembrei. Você tem uma coisinha pra fazer... – ele abriu o típico sorriso Maroto.
- Puxa, Tiago, é mesmo! – disse Lilian, lembrando do que se tratava – Eu já tinha até esquecido.
- É, eu também. – concordou Remo.
Bárbara, Isabelle e Pedro olhavam de um para o outro sem entender absolutamente nada.
- Mas eu não. – disse Tiago – Vamos lá, Almofadinhas, o lago te espera.
- Mas do que é que vocês estão falando? – perguntou Isabelle, e Pedro assentiu com a cabeça em concordância.
- Você não tava junto, Pedro, – disse Lilian – mas lembra, Isa, do feriado de Natal, o que o Sirius disse? – perguntou ela.
- O que foi que ele disse? – perguntou Bárbara.
- Se algum dia eu me apaixonar de verdade por alguém, o que eu acho difícil, – disse Tiago, imitando o amigo – e virar um bobo assim como o Pontas, o que eu acho impossível, – todos começaram a rir da imitação do garoto – pulo pelado no lago e nado até a ilhota.
- Ei, espera um pouco aí! – protestou Sirius – Tudo bem que eu me apaixonei, – disse ele, e as meninas se entreolharam – mas eu não virei um bobo como você. – Tiago fez uma careta – Logo, não preciso cumprir a tarefa.
- É, e além disso, ninguém vai fazer o meu... – Isabelle parou de falar, ficando muito vermelha – o... Sirius pular pelado no lago.
- Opa! Volta um pouco e termina o raciocínio, Charmant. – disse Tiago – O seu...?
- É, eu também quero saber. – concordou Sirius – O seu...?
- Ahn... eu não sei... – disse a morena, embaraçada – O que exatamente nós somos? – perguntou ela a Sirius.
- Namorados, ora! – respondeu ele, como se fosse óbvio.
- Vocês estão juntos desde ontem e já são namorados? – perguntou Lilian.
- E o que tem isso? – perguntou Sirius.
- Aposto que você nem pediu a Isa em namoro. – disse Bárbara.
- Ah, mas não seja por isso. – disse o Maroto, voltando-se para Isabelle – Isabelle Charmant, você aceita namorar comigo?
- Hmm... não sei... vou ter que pensar na sua proposta... – disse a morena, e Sirius fez cara de indignado – Claro que eu aceito!
Todos riram. Sirius beijou-a de leve nos lábios, e os dois sorriram um para o outro.
- Acho bom que você seja um ótimo namorado pra ela, Sr. Black. – disse Lilian – Ou vai se entender comigo.
- Sem pressão. – disse Bárbara, e todos riram novamente.
- Pode deixar. – disse Sirius, encarando Isabelle – Eu vou ser.
- Bom, agora sim. – disse a morena – Ninguém vai fazer o meu namorado pular pelado no lago.
- Olha a Charmant, botando moral! – brincou Tiago.
- Obrigado por me defender, Bell. – disse Sirius, abraçando-a mais forte.
- Às ordens.
- É, agora o Almofadinhas não vai mais poder fazer cara de cachorro sem dono... – disse Tiago – Tá mais do que encoleirado!
- Aliás, todos nós estamos, né?! – disse Remo, que estava abraçado a Bárbara.
- É, até o Rabicho arranjou um rolo por aí... – comentou Sirius, olhando o amigo, que conversava com Marianne, perto da entrada do castelo.
- Quem diria? – disse Lilian – Os quatro Marotos foram laçados.
- Ai, ai... – fez Isabelle – Meninas, nós somos demais.
- Merlin! Olha só no que dá a convivência com o Sirius! – brincou Lilian.
- Ih, amiga, eu já sou um caso perdido! – retrucou Isabelle, e todos caíram na risada.
O último dia deles na escola passou muito rápido, e o grupo de amigos procurou aproveitar ao máximo cada instante que lhes restava antes deirem para casa. Naquela última noite, o toque de recolher fora suspenso, e todos ficaram conversando até muito tarde nos respectivos salões comunais.
Na manhã seguinte, chegou a inevitável hora de partirem. Muitos alunos percorreram o castelo inteiro, tentando guardar o máximo possível de recordações daqueles corredores. Outros, o fizeram com intenções não tão nobres.
- Tá, olha no mapa onde ele tá, antes que aquela gata fedorenta...
- O que vocês estão fazendo aí? – perguntou Filch, chegando ao corredor. Mais do que depressa, Sirius e Tiago esconderam algo nos bolsos.
- Malfeito feito! – disse Tiago, apontando a varinha para o mapa do Maroto, que se apagou.
- Ahn... nada. – mentiu Sirius.
- Que pergaminho é esse, Potter? – perguntou o zelador.
- Nenhum. – respondeu o maroto – É só... um pergaminho velho.
- Passe isso pra cá. – exigiu Filch, estendendo a mão para o pergaminho.
A contragosto, Tiago passou o pergaminho a Filch, que o analisou por todos os ângulos possíveis, sem encontrar nada que pudesse incriminar os garotos. Mesmo assim, tinha certeza de que havia algo ali. O zelador, então, fez menção de guardar o pergaminho no bolso do paletó surrado.
- Ei, o que está fazendo? – perguntou Tiago.
- Guardando para colocar no lixo. – disse Filch.
- Mas...
- Se é só um pergaminho velho, não vai fazer falta, vai? – perguntou o zelador, encarando os Marotos um a um.
- Não, mas... – Tiago tentava encontrar um argumento.
- Deixa, Pontas. – disse Sirius.
- Mas...
- Pontas, deixa. – foi Lupin quem disse.
- Muito bem. – disse Filch, satisfeito – Agora, circulando!
Os garotos deixaram o corredor em silêncio. Assim que dobraram em outro corredor, saindo do campo de visão de Filch, Tiago chutou o chão, zangado.
- Droga! Não acredito que tive que entregar o Mapa pra ele! – resmungava ele, indignado.
- Fica frio, Pontas. – disse Sirius.
- É, Pontas, pensa só, de que ia servir um mapa de Hogwarts, agora que a gente tá saindo da escola? – perguntou Lupin.
- É, você tá certo. – concordou Tiago, embora ainda estivesse meio emburrado.
- Pronto, então agora que já está tudo resolvido, vamos dar logo o fora daqui, – disse Sirius – antes que as bombas explodam e ele venha atrás da gente.
A hora da partida finalmente chegou, e os alunos pegaram então as carruagens para Hogsmeade, para apanharem o expresso de volta para casa, sendo que para os que haviam se formado, o percurso pareceu muito curto, e um pouco triste.
- Que foi, Isa? – perguntou Lilian, quando Isabelle parou, à entrada da estação de trens de Hogsmeade, olhando para a estrada que levava a Hogwarts.
- É tão estranho pensar que eu tô indo embora de Hogwarts de vez... – disse a morena – Hoggy foi minha segunda casa por cinco anos, e a única nos úlitmos dois. Aqui eu aprendi muita coisa, fiz amizades que vão durar pra sempre, ri, chorei, briguei, me apaixonei... – ela sorriu, com os olhos cheios d'água, e Sirius a abraçou pelas costas – Vou sentir falta desse lugar.
- Eu sei como se sente, Isa. – disse Lilian – Vivemos muita coisa aqui, momentos importantes, especiais... – disse ela, olahndo para a aliança em seu dedo – Hogwarts vai deixar saudade.
- As duas estão certas. – disse Tiago – Mas vejam o lado positivo, agora não temos só a escola, temos o mundo inteiro pra descobrir. E o melhor de tudo, – continuou ele – temos uns aos outros pra fazer isso junto.
Eles se entreolharam, sorrindo. Lilian, Isabelle, e Bárbara, que apesar de não estar se despedindo, também havia ficado emocionada, tinham lágrimas nos olhos.
- Além disso, nós sempre podemos voltar pra uma visita. – ponderou Remo.
- Atazanar o Filch sem medo de detenções... – acrescentou Sirius.
- Vocês sempre atazanaram ele, com ou sem detenções! – disse Lilian, e todos riram.
- Hogwarts, Hogwarts... – puxou Tiago.
- Hoggy, Warty, Hogwarts... – continuou Sirius.
- Nos ensine algo, por favor... – cantaram todos, em coro.
E cantarolando o hino da escola, embarcaram no expresso, que pela última vez os levaria, todos juntos, para casa.



N/A: Geeeente, eu podia JURAR que tinha postado o último capítulo aqui... MILHÕES de desculpas, pessoas! Chegamos ao fim da nossa história. Muito obrigada a todas as 152 pessoas (até o momento) que leram minha humilde historinha (mesmo que tenham me deixado no escuro e não tenham comentado). Espero que tenham gostado dela. Beijos, e até a próxima!

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