Mudanças de atitude



- Bom dia, meninas. – cumprimentou Sirius, ao chegar para o café da manhã.
- Bom dia! – responderam as duas.
- Bom dia, Lírio. – disse Tiago, beijando a namorada – Bom dia, Charmant.
- Bom dia, Isa. – disse Remo, dando um beijo leve nos lábios de Isabelle.
- Bom dia. – respondeu a morena, com um sorriso que murchou logo que ela percebeu o olhar de Sirius pousado nela.
Os meninos se acomodaram à mesa, em lugares um pouco diferentes do normal. Remo sentou ao lado de Isabelle, e ao lado dele, Pedro. Sirius, que costumava sentar ao lado da morena, sentou-se no outro lado da mesa, de frente para ela, e ao lado de Tiago e Lilian. Eles começaram a tomar café, conversando sobre as aulas que teriam naquele dia, mas a conversa foi interrompida pela chegada do correio, que trouxe correspondências para Tiago, Lilian e Remo.
- Carta da mamãe, Pontas? – perguntou Sirius.
- Hã? Ah, é... – Tiago parecia nervoso – Eu... pedi pra ela ver umas coisas pra mim.
- É da minha mãe. – disse Remo a Isabelle, enquanto abria o envelope – Eu contei pra ela sobre a poção.
- E a sua carta, Lírio? – perguntou Tiago à namorada.
- É da Petúnia. – respondeu a ruiva, sem emoção – Me avisando sobre o casamento dela.
- Convidando você, você quer dizer. – disse Sirius, fitando-a. Isabelle mordeu o lábio, enquanto observava a amiga com ar de preocupação. Lilian tentava não demonstrar, mas o conteúdo da carta a havia abalado bastante.
- Não, avisando mesmo. – disse a ruiva, forçando um sorriso – Ela fez questão de frisar que não quer que eu vá.
- Garota idiota! – xingou Isabelle, baixinho.
- Sua irmã disse que não quer que você vá ao casamento dela? – perguntou Tiago, espantado.
- Petúnia e eu não nos damos bem, eu já contei pra você. – explicou Lilian – Eu já esperava por algo assim.
- Não fica assim, Lil... – disse Isabelle, fazendo um carinho na mão da amiga.
- Ela escreveu pra dizer que vai morar com o Válter, e que a nossa casa está vazia, caso eu decida ir pra lá quando terminar a escola. – disse a ruiva, triste.
- Juro que às vezes... – começou Isabelle, zangada – Eu ainda azaro essa garota.
- Vem cá, Lírio. – disse Tiago, abraçando a namorada – Não fica triste, não.
- Ela é só o que restou da minha família. – disse a ruiva, chorosa – E tudo o que ela quer é ficar longe de mim.
- Ei, e nós? – perguntou Isabelle – Nós também somos uma família, Lil!
- Eu sei. – disse Lilian, os olhos cheios de lágrimas – Eu sei.
- Então, pronto. – disse Tiago, enxugando as lágrimas no rosto de Lilian – Chega de choro. Se ela quer ficar longe de você, o azar é dela. Eu quero ficar bem pertinho. – disse ele, abraçando-a, novamente.
- Todos nós, Tiago! – disse Isabelle.
- Viu? – perguntou o Maroto – Tem um monte de gente que ama você. Não precisa ficar desse jeito.
Os dias iam passando, e a relação entre Remo e Isabelle estava indo muito bem, obrigado. Por serem tão amigos e gostarem tanto um do outro, os dois se entendiam incrivelmente bem, e Remo fazia de tudo para agradar Isabelle, que tentava retribuir da mesma forma.
- Oi, meu amor! – cumprimentou Remo, ao chegar ao carvalho, no jardim.
- Oi! – respondeu Isabelle, recebendo um beijo.
- Eu sempre quis poder chamar você assim, de meu amor. – disse o garoto, sentando-se no chão ao lado dela.
Isabelle riu, corando até a raiz dos cabelos, e Remo também riu, achando graça do embaraço dela.
- Olha o que eu trouxe pra você. – ele entregou à garota um belo lírio de cor alaranjada.
- É lindo, Remo! – disse Isabelle, apanhando a flor das mãos dele.
- Não é mais do que você. – retrucou o Maroto – Vem cá, me deixa pôr em você. – ele colocou a flor na orelha dela.
- Como eu fiquei? – perguntou a morena, brincalhona, fazendo pose.
- Mais linda do que já é. – respondeu Remo, fazendo-a corar novamente.
- Bobo! – disse Isabelle, dando um tapinha no braço dele – Vamos estudar?
- Vamos. – concordou Lupin, sorrindo, e abrindo seu caderno.
No entanto, Isabelle ainda tinha muitas dúvidas, e, sobretudo quando estava sozinha, se questionava sobre estar realmente fazendo a coisa certa. Por mais que gostasse de Remo, sabia que seu amor ainda era de Sirius, e ela não conseguia perceber qualquer mudança em seus sentimentos pelos dois Marotos. Mas a cada vez que pensava em terminar com Remo, ele fazia algo, ou algo acontecia, e sua decisão acabava por esmorecer, como acontecera naquela manhã.
Os dois estavam nos jardins, à sombra do carvalho perto do lago. Remo estava sentado na grama, recostado no tronco da árvore, e Isabelle estava deitada com a cabeça no colo do Maroto, que lhe acariciava os cabelos. Ela então sentou-se, virando o corpo de forma a poder encará-lo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Remo falou com ela.
- Eu nunca me senti tão feliz quanto estou me sentindo agora. – disse ele, encarando-a intensamente – E é tudo por sua causa. – Isabelle baixou o olhar, nervosa.
- Remo, eu... – começou ela, mas foi interrompida.
- Eu amo você, sabia? – perguntou Remo, ainda encarando-a.
Isabelle o encarou de volta, aturdida por um instante com o peso daquelas palavras. Tudo o que pensara em dizer ao garoto desapareceu por completo de sua mente ao ouvi-lo dizer aquilo.
- Eu... eu... – gaguejou ela, mas Remo cobriu seus lábios com o dedo.
- Shhh... – fez ele, interrompendo-a – Eu não disse isso pra ouvir de volta. Não quero que se sinta cobrada, eu só... queria que você soubesse disso.
- Eu sei. – disse Isabelle, voltando a baixar o olhar – Eu sei.
- Fiz você ficar chateada, não fiz? – perguntou o Maroto, ao ver a expressão no rosto dela – Eu sou um idiota!
- Não! – disse Isabelle, no mesmo instante – Não. É só que... deixa pra lá, vai?! Só me abraça. – pediu ela, desistindo de falar, no que foi atendida prontamente.
O restante daquele dia se passou sem maiores incidentes, e as aulas da tarde, embora bastante cansativas, correram dentro da maior normalidade e calmaria. Os setimanistas da Grifinória haviam acabado de ser dispensados da última aula do dia, e agora dirigiam-se para o salão comunal de sua casa, conversando enquanto andavam até lá.
- Vocês têm reunião hoje, não têm? – perguntou Isabelle a Lilian e Remo.
- Aham. Mas é só daqui a meia-hora. – respondeu o Maroto – Deixa que eu levo seus livros.
- Não precisa, não tá pesado. – disse a morena.
- Eu levo mesmo assim. – insistiu Remo, pegando os livros que ela carregava.
- Obrigada. – agradeceu Isabelle.
- Sobre o que é a reunião? – perguntou Tiago, que também carregava o material da namorada.
- Não sabemos. – respondeu Lilian – Minerva convocou os monitores do último ano e os monitores chefes, mas não disse qual era o assunto da reunião.
- Bom, logo nós vamos saber do que se trata. – concluiu Remo.
O grupo chegou à torre da Grifinória. Lilian e Remo tiveram tempo apenas para deixar as mochilas nos respectivos dormitórios e conversar por alguns minutos com os demais antes de irem para a reunião com a professora McGonagall. Isabelle os levou até a porta do salão dos monitores, e despediu-se deles dizendo que iria até a biblioteca. Pouco depois da chegada dos dois grifinórios ao salão dos monitores, a professora Minerva entrou na sala, dando início à reunião.
- Boa noite a todos. – disse McGonagall.
- Boa noite. – responderam os dez jovens, em uníssono.
- Convocamos esta reunião para tratar da organização da festa de formatura deste ano. – explicou a professora – Falta pouco mais de um mês para o fim das aulas, e é preciso começar os preparativos, para que tudo saia bem.
Todos os alunos na sala concordaram com acenos de cabeça.
- Tradicionalmente, a cerimônia de formatura é dividida em dois momentos distintos: – explicou McGonagall – a cerimônia formal, na qual ocorre a entrega de seus diplomas, à tarde, com a presença das famílias dos formandos e de algumas autoridades, como a Ministra da Magia e alguns de seus secretários. – ela fez uma pausa, pois os monitores da Corvinal, Lilian, Remo e um dos monitores lufos faziam algumas anotações – À noite, temos a festa, para os formandos e seus convidados. Devo avisá-los de que alunos abaixo do terceiro ano não são autorizados a ir à festa. – alertou a professora – Vocês serão os responsáveis pela organização de tudo. Devem consultar os formandos de suas casas, e depois trazer as informações para discussão nas reuniões semanais que terão para acertar os detalhes.
- E quanto à cerimônia formal, professora? – perguntou Roger Baxter, monitor da Lufa-Lufa, e também namorado de Emmeline.
- Vocês não precisam se preocupar com a cerimônia formal. – respondeu McGonagall – Essa parte é toda organizada pela escola, incluindo as vestes dos formandos, os convites, etc. Sua preocupação é somente com a festa.
A reunião ainda se prolongou por cerca de uma hora, tempo durante o qual a professora Minerva explicou aos monitores detalhes sobre os preparativos da festa e esclareceu as dúvidas que foram levantadas. Depois da reunião, Lilian e Remo foram até a torre da Grifinória, tomar banho para depois irem jantar. No caminho até lá, encontraram com Isabelle, que ia na direção da biblioteca. Madame Pince havia cobrado dela a devolução de um livro cujo prazo de empréstimo vencia naquele dia, e ela tivera que voltar à torre da Grifinória para apanhá-lo. A morena parou para falar rapidamente com Lilian e Remo, dando um beijo no Maroto, antes de voltar-se para seguir seu caminho. Porém, antes que se virasse para a ponta do corredor, sentiu Remo segurar sua mão com mais força. Tornou a virar-se na direção do garoto, para perguntar o motivo do gesto, mas precisou apenas seguir o olhar dele para compreender. Sirius havia entrado no corredor, e caminhava agora na direção deles.
Sirius era, depois da consciência pesada de Isabelle, o maior problema da relação entre ela e Remo. Sempre que ele estava por perto, o clima entre o casal ficava tenso. Isabelle ficava nervosa, Remo inseguro. Sirius desaprovava a decisão da morena de ficar com Remo mesmo gostando de outra pessoa. Ele disse isso a Isabelle, alguns dias depois do anúncio de que ela e Lupin estavam juntos, e a conversa acabou virando uma feia discussão.
“- Sabe que o que está fazendo é errado. – censurou Sirius.
- Soa um pouco hipócrita, vindo de você. – retrucou Isabelle.
- Ah, então eu tô sendo hipócrita? – perguntou o Maroto.
- É, tá sim. – confirmou a morena – Você fica com quem quer, quando quer, e onde quer, e eu nunca disse uma palavra a respeito.
- É diferente. – disse Sirius, simplesmente.
- Diferente, por quê? – perguntou Isabelle.
- Primeiro, por que eu sou homem. – respondeu ele, como se explicasse o óbvio.
- Ah, ótimo. – resmungou a garota – Além de hipócrita, é machista.
- Posso continuar? – perguntou Sirius.
- Por favor. – respondeu Isabelle, a voz carregada de sarcasmo.
- Segundo, porque eu não tô falando só de beijar alguém. – disse Sirius – Eu também tô falando de sentimentos. Você me chamou de hipócrita. Pois bem, e você tá sendo inconseqüente com os sentimentos do Remo.
- Ah, é o que você acha? – perguntou a garota, ficando nervosa.
- É, é sim. – confirmou Sirius.
- Pois bem, agora é a minha vez de falar o que eu acho. – disse Isabelle, a voz demonstrava raiva e mágoa – Primeiro, eu não tô sendo inconseqüente, sei bem o que estou fazendo, e acho que ele também sabe, obrigada por se preocupar. Segundo, – continuou ela – você não sabe nada sobre os meus sentimentos, então não vem me dar lição se não sabe o que está falando.
- É claro que eu não sei nada sobre os seus sentimentos. – disse Sirius, e sua voz demonstrava que ele sentia o mesmo que ela – Você não fala sobre eles comigo!
- Ah, não essa história de novo. – disse Isabelle, levantando da poltrona.
- É, essa história de novo. – retrucou Sirius – Você diz que somos amigos, que confia em mim, mas não é o que demonstra! – ele agora descarregava tudo o que vinha ruminando há algum tempo. Desde antes do início do rolo entre Isabelle e Remo havia algo sobre a garota que o vinha incomodando, mas ele não sabia exatamente o que era.
- Não é uma questão de confiança. – disse Isabelle, dando as costas a ele – Eu... não sei o que aconteceria se eu contasse pra você.
- Eu arco com as conseqüências. – insistiu Sirius.
- Você não entende! – retrucou a garota, impaciente, voltando-se novamente para ele.
- Tenta me explicar, então! ¬– disse Sirius, também nervoso.
- Chega! Eu não quero mais falar sobre isso! – disse Isabelle, e então deixou o salão comunal.”

Desde esse dia, Sirius nada mais disse a respeito da relação de Isabelle e Remo, embora não fizesse nada para disfarçar sua desaprovação. O clima entre ele e a garota ficou decididamente insustentável, e eles acabaram se afastando um do outro. Enquanto Isabelle passava agora a maior parte de seu tempo livre com Remo, Sirius começara a sair com ainda mais garotas do que nunca, embora isso não tivesse melhorado em nada seu humor, que andava péssimo naqueles dias. Sirius ficara irritado com o que estava acontecendo, pois, na verdade, ele parecia mais incomodado com toda aquela situação do que Isabelle ou Lupin, e enquanto o casal ia muito bem, ele não conseguia acertar-se com garota alguma.
Remo não sabia sobre a discussão, apesar de desconfiar que algo do tipo houvesse acontecido, mas para ele, a presença de Sirius era sempre vista como uma ameaça. Isabelle havia contado a Lilian sobre a discussão, motivo pelo qual a ruiva também ficou tensa ao ver o Maroto se aproximar. O nervosismo, no entanto, era desnecessário.
- Viram o Pontas por aí? – perguntou Sirius, parando antes de alcançar o grupo de amigos. Ele encarava Isabelle.
- Acho que ele já foi pro Grande Salão. – respondeu a morena.
- Tá. Valeu. – disse o moreno, dando meia volta e indo pelo mesmo caminho pelo qual viera. Isabelle e Lilian respiraram aliviadas.
- Bom, eu... vou até a biblioteca, então. – disse a morena, fitando Remo, que ainda parecia um pouco nervoso.
- Tá. A gente se vê daqui a pouco. – disse Lilian, indo junto com Lupin em direção à entrada do salão comunal.
Cerca de vinte minutos depois, a ruiva e o Maroto chegaram ao Grande Salão para o jantar. O resto do grupo de amigos já estava devidamente acomodado em seus lugares habituais.
- Oooi! – cumprimentou Lilian, ao chegar, sentando-se ao lado de Tiago.
- Oi, meu amor! – respondeu o Maroto, beijando a namorada.
- Oi, linda. – disse Remo, sentando ao lado de Isabelle, e beijando-a também.
- Oi. – respondeu a morena – E então, como foi a reunião?
- Tranqüila. – respondeu Lupin.
- E sobre o que era? – perguntou Tiago.
- A formatura. – respondeu Lilian – Era pra formar a comissão organizadora.
- Hmm... – fez o moreno – E como vai ser a formatura? Já decidiram alguma coisa?
- Não na verdade. – disse Remo – Só ficamos sabendo da estrutura: cerimônia formal à tarde, festa à noite. Temos que conversar com os formandos, pra pegar as sugestões.
- Ah, e a Minerva pediu pra avisar que tem visita a Hogsmeade no sábado. – lembrou Lilian.
- Legal! – disse Pedro – Faz um tempão que não vamos a Hogsmeade.
- E cadê o Sirius, hein? – perguntou Lilian.
- Sei lá. – disse Tiago, dando de ombros – Não vejo ele desde o fim da aula.
- Estranho... – comentou a ruiva.
Sirius estava longe dali. Os demais não perceberam, mas Marlene também não estava à mesa do jantar. Os dois estavam juntos na Sala Precisa, aos beijos, em um enorme e confortável sofá. Mas apesar de estar gostando dos agarramentos com a loura, Sirius se sentia desconfortável, como se estivesse fazendo algo errado, algo que não devia fazer. Já há algum tempo se sentia assim quando estava ficando com alguma garota, e por esse motivo, acabou não levando a cabo suas intenções com Marlene, e indo para o dormitório, na torre da Grifinória, bem mais cedo do que pretendia.
No sábado todos estavam bastante animados com a visita a Hogsmeade. Para o alívio de Tiago, Lilian não demorou muito a se aprontar naquele dia, então eles logo puderam partir.
Quando chegaram à porta do castelo, uma garota muito bonita veio em direção ao grupo, mais exatamente em direção a Sirius.
- Oi! – cumprimentou ela, ajeitando a franja que lhe caía sobre os olhos castanhos. Ela tinha um sorriso realmente muito bonito.
- Oi. – respondeu o Maroto, dando um beijo no rosto dela – Eu já ia procurar você.
- Bom, não precisou. – disse a garota, sorrindo – Eu achei você primeiro.
- É. – concordou Sirius – Gente, essa é a Cíntia, ela é da Corvinal. – apresentou ele – Bom, o Remo você já conhece, né, Cintia?
- É. – concordou a garota – Tudo bem, Remo?
- Tudo, e você? – perguntou Lupin.
- Bem.
- Bom, e esses são Tiago, Lilian, Pedro e Isabelle. – apresentou Sirius, indicando os amigos um a um.
- Muito prazer. – disse a corvinal, meio tímida.
- O prazer é nosso. – respondeu Lilian, falando por todos, enquanto olhava de esguelha para Isabelle. Remo, que abraçava a morena pelas costas, também olhou para ela, e apertou um pouco mais o abraço.
- Bom, vamos nessa? – sugeriu Tiago, olhando para Lilian.
- Vamos, vamos sim. – concordou a ruiva.
O grupo se dividiu na hora de embarcar nas carruagens; Sirius e Cintia foram em uma, junto com Pedro e uma amiga da corvinal, Marianne, que pediu para ir com eles, o que livrou Pedro de segurar vela durante todo o percurso. Em outra carruagem, Tiago e Lilian, e Remo e Isabelle conversavam enquanto não chegavam ao vilarejo.
- Eu pensei em viajar, – disse Tiago – mas acho que não vou mais.
- É, eu também não. – disse Isabelle – Quero entrar pra Academia logo que sair da escola.
- É, é isso que eu pretendo fazer também. – disse Tiago – E você, ruivinha? – perguntou ele a Lilian.
- Eu também quero começar meu curso assim que acabar a escola. – respondeu a ruiva – E você, Remo?
- Ah, eu ainda não sei. – respondeu Lupin – Mas tava pensando em viajar, ouvi falar de ótimos cursos de DCAT na Irlanda e na França.
- E vai deixar a Isa? – perguntou Lilian, brincalhona.
- De jeito nenhum. – respondeu Remo, mais do que depressa – Pra tudo se dá um jeito, né, linda?
- É, é sim. – concordou Isabelle, distraída.
Quando chegaram a Hogsmeade, o grupo voltou a se reunir. Marianne aceitou o convite das meninas e se juntou a eles para irem à Dedosdemel, onde compraram uma infinidade de doces. Pedro comeu uma quantidade tão grande de Delícias Gasosas, que depois os demais tiveram dificuldade em fazê-lo manter os pés no chão, e por fim, ficou sob os cuidados de Marianne, que não pareceu nada incomodada em andar com ele de braços dados o tempo todo. No entanto, o clima entre o grupo de amigos não era tão leve e divertido como costumava ser, e eles acabaram se separando, indo cada casal para um lado.
Pedro e Marianne foram à Dervixes e Bangues e depois sumiram; Lilian e Tiago foram ao Três Vassouras, onde tomaram algumas cervejas amanteigadas; Remo e Isabelle foram à Escribas, atrás de penas novas e Sirius e Cintia foram até a Zonko's. A corvinal ria muito enquanto o Maroto ia contando a utilidade dos vários produtos que ia retirando das prateleiras, e fazia várias perguntas, que em geral, eram seguidas por risadas.
- Pastilhas de trote. – disse Sirius, tirando duas caixas de uma prateleira alta – Indispensáveis.
- E elas são boas mesmo? – perguntou Cintia.
- Boas? Mais do que isso. – respondeu Sirius – Lembra da vez em que o Snape, da Sonserina, ficou louro e vestido de mulher no meio do Grande Salão?
- Aham. Acho que nunca ri tanto na minha vida. – respondeu ela, já meio rindo.
- Então? Agradeça a essas belezinhas aqui pelas suas risadas. – disse Sirius, dando um tapinha na caixa em suas mãos.
Na rua, Isabelle e Remo conversavam animadamente enquanto andavam, de mãos dadas, em direção ao Três Vassouras, onde pretendiam tomar algumas cervejas amanteigadas. Viram Bárbara no outro lado da rua, e acenaram para ela. A japonesinha acenou de volta, tentando sorrir.
- Ainda me sinto mal por causa dela... – comentou Isabelle.
- Não tem porquê, Isa. – disse Remo – Você não fez nada de errado.
- Mas ela gosta de você, Remo. – argumentou a garota.
- Eu sei. – disse o Maroto, triste – Mas, por mais que também me magoe, não tem nada que eu possa fazer quanto a isso. Assim como ela gosta de mim, eu gosto de você.
- Eu sei.
Os dois seguiram andando, e, pouco antes de alcançarem o Três Vassouras, encontraram com Snape, acompanhado por Nott, Avery, Regulus e Rabastan Lestrange, o ex-quase-noivo de Isabelle.
- Agora você se rebaixou mesmo, Isabelle. – disse Lestrange – Se não bastasse ser amiga da sangue-ruim, agora você fica andando pra cima e pra baixo com esse... mestiço. – disse ele, pondo o máximo possível de desprezo na última palavra.
Remo fez menção de puxar a varinha, mas Isabelle segurou seu braço, impedindo-o, e então encarou Rabastan.
- Primeiro, não me chama de Isabelle, você não tem intimidade pra isso. – disse a garota, irritada – Segundo, mestiço ou não, ele é mil vezes melhor do que você, ou qualquer dos seus amigos idiotas e o seu desprezível sangue puro. – continuou ela, olhando-o com cara de nojo. O sorriso sarcástico de Lestrange murchou.
- Seu pai ficaria chocado se visse uma cena como essa. – disse ele, provocando-a.
- Bom, ele vai ficar sabendo de qualquer forma, não vai? – perguntou Isabelle, sarcástica. Rabastan não respondeu – Então, quando for fazer a fofoca, faça inteira. Diga que eu não só ando com o mestiço, mas também abraço o mestiço, – continuou ela, abraçando-se a Remo, que a segurou com força – e eu beijo o mestiço, coisa que eu nunca faria... com você, por exemplo.
Lupin olhava para Isabelle, assim como os sonserinos, com uma expressão de espanto, mas ao mesmo tempo, de admiração pela coragem dela, enquanto a garota continuava encarando Lestrange com ar firme, recebendo de volta um olhar cheio de ódio.
- Ah... – disse ela, como se lembrasse de algo – e se você falar dele desse jeito outra vez... – começou a morena.
- Vai fazer o quê? – perguntou Rabastan, tentando manter a pose – Chamar os... como é mesmo, Marotos? – os amigos dele riram, e, para sua surpresa, Isabelle riu também.
- Não. – respondeu ela, mantendo o sorriso – Vou cuidar pessoalmente pra que você se arrependa de ter saído da barriga daquela mulher horrenda que chama de mãe.
E sem dar oportunidade para que o rapaz respondesse, deu as costas ao grupo de sonserinos, seguindo sua caminhada com Remo, como se nada houvesse acontecido. Enquanto isso, Lilian e Tiago encontravam com Sirius e Cintia perto da entrada do vilarejo. O Maroto e a corvinal voltavam da Casa dos Gritos, onde haviam ido dar uma espiada, pois Cintia acreditava nas histórias de fantasmas sobre a casa, e Sirius se divertira, contando a ela mais histórias assustadoras. Cintia, que esperava que acontecesse algo enquanto os dois estavam sozinhos perto da velha casa, teve suas expectativas frustradas pelo comportamento do Maroto. Sirius foi gentil com ela, foi atencioso e educado, mas não passou disso. A fama do garoto de não perder uma oportunidade de beijar uma garota lhe pareceu totalmente injustificada, depois que eles passaram o dia juntos e ele não tentou nada.
- Ai, eu tô cansada! – disse Lilian – Vamos embora?
- Vamos sim. – concordou Tiago – E vocês, também vão?
- Você que sabe. – disse Sirius a Cintia.
- Queria achar a Mari antes de ir. – respondeu a corvinal.
- Ih, nem perde seu tempo. – disse Tiago – Vimos ela e o Rabicho indo em direção às carruagens agora pouco, já devem estar a caminho da escola.
- Ah... – fez a garota – Bom, então vamos. – concordou ela, e eles então rumaram para o local onde estavam as carruagens.
Isabelle e Remo chegaram ao castelo cerca de meia hora depois dos amigos, e rumaram logo para a torre da Grifinória. No entanto, no meio do caminho até lá, ouviram alguém chamando por Isabelle, e ao voltarem-se para trás, depararam-se com Cintia, a corvinal que acompanhara Sirius no passeio em Hogsmeade.
- Oi! Isabelle! – chamava ela, correndo em direção aos dois.
- Oi, Cintia. – respondeu Isabelle, observando a garota se aproximar, arfando – Algum problema?
- Não! Quer dizer... mais ou menos... – respondeu Cintia, e Isabelle e Remo se entreolharam – Eu... posso falar com você um instante?
- Claro. – respondeu Isabelle, de cenho franzido, e então voltou-se para Remo – Vai indo pra torre, daqui a pouco eu tô lá.
- Tá. – concordou o Maroto, beijando-a de leve – Tchau, Cintia.
- Tchau.
Remo continuou o caminho rumo à torre da Grifinória, enquanto Isabelle e Cintia acomodavam-se em um dos bancos de pedra do corredor.
- Bom... o que você queria falar comigo? – perguntou Isabelle.
- Ahn... eu... não sei bem por onde começar... – disse Cintia, meio nervosa.
- Bom, quanto a isso, não posso te ajudar, afinal, não sei qual é o assunto. – brincou Isabelle, tentando aliviar o clima.
- Sirius. – respondeu a corvinal, fitando as próprias mãos.
- Ah, bom. – disse Isabelle, ficando séria – O que foi que ele fez?
- Ahn... na verdade... foi o que ele não fez. – respondeu Cintia, corando levemente.
- Como assim? – perguntou Isabelle, confusa.
- Bom, é que... todo mundo fala que o Sirius não perde uma chance sequer de ficar com uma garota, – explicou Cintia – mas... ele nem tentou ficar comigo.
- Não? – Isabelle encarava a outra, completamente surpresa.
- Não. – respondeu Cintia – Ele foi super gentil e atencioso comigo o dia todo, mas não passou disso. – contou ela, surpreendendo Isabelle ainda mais – Agora, quando chegamos na escola, é que nós nos beijamos, mas não foi como se ele realmente quisesse, sabe? Foi mais como se achasse que devia fazer isso.
- Ahn... bom, e... o que exatamente você quer de mim? – perguntou Isabelle, sem entender aonde a garota queria chegar.
- Bom, todo mundo diz que vocês são bem próximos, – começou Cintia – dizem até que já tiveram alguma coisa...
- O que não é verdade. – disse Isabelle.
- Não? – a garota parecia surpresa – Ah, bom, mas isso não vem ao caso. É só que... como dizem isso de vocês, pensei que talvez você pudesse saber... por que ele agiu assim. – ela disse isso sem olhar para Isabelle – Acha... acha que ele não gostou de mim? De alguma coisa que eu fiz?
- Olha, Cintia, desculpa, mas... eu não sei dizer porque o Sirius agiu assim. – disse Isabelle, com sinceridade – Nós não temos conversado muito ultimamente, sabe?
- Ah... – a corvinal parecia desapontada.
- Mas eu tenho certeza que não é nada com você. – continuou Isabelle – Ou ele não teria passado esse tempo todo com você em Hogsmeade.
- Você acha mesmo? – perguntou a garota, parecendo um pouco mais animada.
- Aham. Mas olha, eu tenho que ser bem sincera com você. – disse Isabelle, embora não soubesse bem porquê – Não espera muito do Sirius, você pode acabar se machucando.
- Mas ultimamente eu não tenho visto ele com aquele monte de garotas... – comentou Cintia.
- Isso não quer dizer muita coisa. – retrucou Isabelle.
- Ele pode ter mudado. – insistiu a corvinal.
- Pode. – concordou Isabelle – Mas, honestamente? Eu não acredito muito nisso. – disse ela.
- Tá. Valeu pelo aviso. – agradeceu Cintia.
Na torre, mais exatamente, no dormitório masculino, Remo observava Sirius procurando uma camiseta na cômoda, pensando em uma maneira de contar ao amigo sobre ter visto Regulus e Rabastan Lestrange juntos em Hogsmeade. Decidiu então falar sem muitos rodeios.
- Eu vi Rabastan Lestrange hoje, lá em Hogsmeade. – comentou ele, para ninguém em especial, mas despertando a atenção exatamente de quem desejava.
- Lestrange? – ecoou Sirius – Em Hogsmeade?
- É. – confirmou Lupin.
- Mas o que ele tava fazendo lá? – perguntou o moreno.
- Eu não sei. – respondeu Remo – Mas ele tava com o Snape... e o Regulus.
- O quê? – Sirius voltou-se rapidamente para encará-lo.
- Eles estavam andando pela vila, junto com Nott e Avery. – contou Lupin – Isa acha que Rabastan é um Comensal.
- Deve ser. – disse Tiago – Se Rodolfo é um, Rabastan com certeza vai seguir os passos do irmão.
Sirius sentou-se na beira de sua cama, com a cabeça entre as mãos, encarando o chão.
- Já esgotei meus argumentos com Regulus. – disse ele, com voz cansada – Nada que eu diga vai fazê-lo mudar de idéia.
- Sabe que o que ele quer é enfrentá-lo, Sirius. – disse Remo.
- Eu sei. – concordou Sirius, ainda de cabeça baixa.
- Você fez o que pôde, Almofadinhas, mas a decisão é dele. – disse Tiago, sentando ao lado do amigo e colocando a mão no ombro dele – Não está mais nas suas mãos.
Depois da conversa com Cintia, Isabelle dirigiu-se para a torre, ainda sob o efeito de tudo o que a garota dissera. Lá chegando, foi direto para o dormitório feminino. A morena tinha um ar cansado quando entrou no quarto, atirando-se em sua cama.
- Oi, você. – disse Lilian, chegando à porta do banheiro.
- Oi. – respondeu Isabelle – Faz tempo que chegou?
- Uma meia-hora. – respondeu a ruiva – Que cara!
- É, o dia foi pesado. – disse Isabelle, e então contou à amiga sobre o encontro com Rabastan e os outros em Hogsmeade.
- E você acha que... todos eles são...? – perguntou a ruiva, sem ter coragem de completar a frase.
- Eu não vejo outra razão para andarem juntos, Lil. – disse Isabelle, simplesmente – E nós já sabemos que pelo menos, Rodolfo e Bellatrix são Comensais, Rabastan segue o irmão em tudo o que ele faz.
- Mas os outros... ainda estão na escola! – disse Lilian, exasperada – Regulus ainda é menor de idade!
- Como se eles realmente se importassem com isso. – retrucou a morena.
- Vai contar pro Sirius? – perguntou Lilian.
- Remo provavelmente vai. – respondeu Isabelle – Mas não é só isso.
- Quê? Tem mais? – perguntou a ruiva.
- Tem. Tem mais. – respondeu Isabelle – O que você achou daquela garota que foi com o Sirius a Hogsmeade? – perguntou ela a Lilian, depois que a amiga trocou de roupa.
- Isa... você... – começou Lilian.
- Não tem nada a ver com isso, Lily. – interrompeu Isabelle.
- Então? – perguntou a ruiva, sem entender.
- O que você achou? – insistiu a outra.
- Mais uma que caiu na do Sirius. – respondeu Lilian – E, como todas as outras, acha que vai domar ele.
- Adivinha quem ela veio procurar pra falar sobre ele. – disse Isabelle.
- Ah, não... – disse Lilian, fitando a amiga.
- Sim. O pior é que ela é tão fofa que nem dá pra detestá-la. – disse a morena.
- E o que você disse pra ela? – perguntou Lilian.
- A verdade, né, Lil? – respondeu Isabelle.
- Cortou as esperanças dela. – comentou a ruiva.
- Eu tive que fazer isso. – disse Isabelle – Não foi por ciúme, ou algo assim, eu só...
- Eu sei. Impediu ela de acabar como você. – concluiu Lilian.
- É. Só espero ter feito a coisa certa. – disse a morena, desanimada.
- Não esquenta com isso, Isa. – disse Lilian,tentando consolar a amiga – Mas agora que você mencionou esse lance do ciúme... – começou ela – Como tá esse coraçãozinho?
- Na mesma. – respondeu Isabelle, desanimada – Não mudou nada, Lily. Por mais que eu ame o Remo, é só como amigo, não consigo me apaixonar por ele. – confessou ela.
- Nem esquecer o Sirius. – acrescentou a ruiva.
- Tá cada vez mais difícil continuar com isso. – disse Isabelle.
- E o que você vai fazer? – perguntou Lilian – Terminar com o Remo?
- Eu não sei. – respondeu a morena, com ar cansado – Não sei o que vou fazer.
- Bom, que tal você tomar um banho, relaxar um pouquinho... – sugeriu Lilian – Depois descemos pra encontrar os meninos.
- É. É o que eu vou fazer. – concordou Isabelle, levantando da cama e indo em direção ao banheiro.
A semana seguinte passou voando enquanto a escola se preparava para a final da Taça de Quadribol. O jogo seria apenas no sábado, mas ao longo de toda a semana as provocações, que já aconteciam normalmente, se tornaram ainda mais intensas. Uma série de pequenas brigas ocorreram pelos corredores, sendo que algumas resultaram em alunos indo parar na Ala Hospitalar, com galos, cortes ou vegetais brotando das orelhas. Os jogadores da Grifinória eram escoltados aonde quer que fossem por pelo menos dois colegas cada um, para impedir que fossem emboscados nos corredores por alunos da casa rival. A medida que os dias iam passando e o sábado se aproximava, a tensão entre os alunos das duas casas ia aumentando, e Tiago ia ficando mais e mais apreensivo.
- Não adianta ficar nervoso desse jeito, amor! – dizia Lilian.
- É, Pontas! – concordou Remo – Vocês têm treinado feito doidos, e o time tá jogando melhor do que nunca.
Eles estavam nos jardins, sentados na grama, à beira do lago, o que, aliás, vinham fazendo com bastante freqüência, no que Pedro costumava chamar de “encontro de casais”. Tiago estava deitado com a cabeça no colo de Lilian, e Remo estava da mesma forma com Isabelle.
- Falando em treinar feito doidos, Srta. Evans e Srta. Charmant, – disse Tiago – vocês duas andam estudando demais.
- Não é verdade. – rebateu Isabelle.
Mas Tiago tinha razão. Lilian e Isabelle passavam quase todo seu tempo livre na biblioteca, acordavam cedo e dormiam tarde, e comiam pouco e fora de hora, em função dos estudos.
- Pontas tem razão, Isa, vocês duas estão exagerando um pouco. – disse Remo.
- Viu? – perguntou Tiago – Até o Aluado, que é CDF como vocês, concorda comigo.
- Ah, qual é, Remo? Vocês dois vão se unir contra nós? – perguntou Lilian.
- Não contra vocês, amor. – disse Tiago – Nós só ficamos preocupados.
- Não precisam ficar. – disse Isabelle – Vai ser só até os N.I.E.M.’s passarem.
- É, depois nós vamos ter todo o tempo do mundo pra ficar com vocês. – disse Lilian, brincalhona, dando um beijo no namorado.



N/A: falo com vocês no próximo capítulo!

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