Cap 11
- Você é a pessoa mais rude que eu conheço – hermione esbravejava ao entrar na suíte.
Harry virou-se.
- O que foi, Hermione? Será que Fred já aprontou alguma?
Ela parou, os braços cruzados diante do peito. Nada no mundo a tiraria dali ate que obtivesse as respostas que procurava, nem mesmo toda aquela sua arrogância.
- Do que esta falando, Harry? Não conheço aqueles homens, nunca os vi na vida. Embora você deva conhecê-los bem. Quem são? E porque esta agindo como um desvairado?
- Desvairado? – furioso, harry aproximou-se – acho que sou a única pessoa sensata dentro deste hotel. Ninguém poderá dizer que me viu meditando diante de um monge maluco que só fala baboseiras e jura ser capaz de sentir a aura das pessoas. E não me venha dizer que acha normal.
- Deixe Samuel fora disso. Ele esta apenas fazendo o trabalho dele. É um homem agradável, simpático e, principalmente, não grita comigo.
Harry balançou a cabeça e se afastou.
- Você nunca responde as minhas perguntas. Quem são aqueles homens, e por que você ficou tão zangado quando os viu?
- Quer mesmo saber? Pois bem, aqui vai. Você estava dando bola pra eles, para Fred Johnston em particular, e não tente negar isso. Aposto que mal consegue esperar para convidá-lo a conhecer a praia de nudismo.
Hermione tinha a resposta para aquilo na ponta da língua, mas preferiu calar. Aquela conversa era ridícula.
- Quer me dizer quem é Fred Johnston?
Harry desviou os olhos e suspirou. Seus ombros relaxaram, e ela sentiu a tensão começar a descer.
- Trabalhamos na mesma empresa, em Seattle.
- E quanto ao outro sujeito?
- Ele também.
- O que eles fazem aqui?
Harry levantou ambas as mãos.
- Como posso saber? Pelo jeito, eles devem estar me aprontando alguma... Na certa estão atrás de um flagrante meu, uma foto minha do jeito que vim ao mundo.
Hermione de repente viu os olhos dele se arregalarem.
- Você esta nessa junto com eles, não esta?
- Como assim?
- Vocês três são cúmplices nisso. Você, Fred e Dino.
Hermione afastou-se.
- Não sei do que esta falando.
Harry foi atrás delas e a segurou pelos ombros.
- Agora estou entendendo... Claro. Toda aquela confusão com o carro alugado, esse lugar, minha bagagem que você atirou no mar... Foi tudo planejado.
- Não diga bobagem.
- E você, jurando que só queria me ajudar. Só que você parecia ansiosa demais, Hermione, tanto que comecei a suspeitar de algo.
- Não seja tolo, eu...
- Então era isso? Quem me garante que você não mantém uma câmera escondida em algum lugar, para vigiar todos os meus passos, para depois me chantagear?
Hermione balançava a cabeça, confusa.
- Nada do que diz faz sentido. Por que eu iria querer fazer isso se mal o conheço? Eu só queria livrá-lo dessa sua vida insípida, e, ao mesmo tempo, colocar um pouco de emoção na minha. Julguei que pudéssemos ser amigos, ate um pouco mais do que isso. Mas chantagem? Que ridículo!
Harry passou os dedos de ambas as mãos através dos cabelos curtos.
- Quer me deixar falar, por favor? Eu disse que Fred e Dino podem estar tentando me chantagear. Eles me querem fora da empresa, porque sabem que sou muita competição para eles.
Hermione ficou em silencio. Harry caminhou ao longo do quarto, foi e volto três vezes antes de paras e fitá-la. Hermione ficou observando-o, perguntando-se por que um homem suspeitaria de um plano tão maquiavélico. De onde ele tirara a idéia de que seus colegas de trabalho tentariam fazer chantagem com ele, em troca de promoções e vantagens profissionais?
- Isso pode ate ser verdade, mas vamos esclarecer uma coisa. Primeiro, eu não conheço esses homens, nunca os vi na vida, não estou com eles e não estou interessada em nenhum deles.
Ela levantou o tom de voz. Não pretendia se zangar, mas aquelas acusações a deixaram furiosa.
- E por ultimo, HARRY POTTER, tudo o que eu quero agora é voltar para o meu quarto e dormir sob os lençóis macios da minha maravilhosa cama. Mais tarde, quem sabe nos possamos nos sentar e conversar. Gostaria muito de saber por que você ficou tão bravo.
Harry observou Hermione enquanto ela saia da suíte.
“Quer mesmo saber por que estou tão bravo? Ora, pense um pouco!” Havia razoes para estar bravo. Em primeiro lugar, estar naquela enrascada deixaria qualquer um furioso. Segundo Fred e Dino estavam na Jamaica por algum motivo e ele não sabia qual era.
Estariam tramando alguma coisa para ele? Queriam acabar com as suas pretensões na empresa?
Seu trabalho era muito importante. Harry precisava dele mais do que precisava de segurança financeira. Ele não era nada sem seu trabalho.
“Vê alguma coisa errada nisso, Potter?”
harry se virou e olhou em torno do aposento. A voz dizendo aquelas palavras não era dele, mas de Hermione. Podia jurar que a ouvira dizer aquilo, e precisou olhar para a porta para se certificar se ela não estava parada ali. Ela agora também invadia seus pensamentos!
Sacudiu a cabeça para espantar a voz. Tinha muito em que pensar e não permitiria que ela o atormentasse. Precisava descobrir o que Fred e Dino faziam na Jamaica.
Eles eram uma ameaça constante. Harry sabia disso havia muito tempo. Como não tinham capacidade de igualar o sucesso em vendas de sua equipe, faziam qualquer coisa para prejudicá-lo, tirá-lo do caminho.
Hermione Granger era uma pessoa totalmente leal, e não seria capaz de esconder dele algo tão grave. Dera-se conta disso no pouco tempo em que a conhecia e precisava se desculpar com ela.
Mas por que ele ficara tão furioso, minutos atrás? O que Hermione tentava dizer?
A verdade o atingiu feito um raio, mesmo sem querer admitir, ele sabia. Estava com ciúme! Fred sorriu para Hermione, e ela sorriu para Fred, apenas isso, no entanto ele entendeu tudo errado. Agora teria que se desculpar por dois enganos, não mais por um. E quanto mais cedo fizesse isso, melhor seria.
Alguém batia na porta. Hermione levou as cobertas ate os ouvidos.
- Vá embora. Não quero nada – resmungou.
Houve um instante de silencio e em seguida tornaram a bater. Se ela o ignorasse, talvez ele fosse embora. Não estava com disposição para lutar mais uma vez contra Harry.
As batidas se tornaram mais insistentes.
- Vá embora! Deixe-me em paz!
Colocou o travesseiro sobre a cabeça. A única coisa que conseguiu foi camuflar as batidas insistentes. Por fim, atirou as cobertas para o lado e saiu da cama. Atravessou o quarto, passado a mão pelos cabelos revoltados.
- Você é mesmo um chato, Harry Potter – murmurou, estendendo a mão para a maçaneta – é melhor ter uma boa desculpa para me dar.
Mas ao abrir a porta, não era Harry que se encontrava a soleira e sim os dois homens de Seattle.
- Você disse... Uma boa desculpa? – Fred deu um passo a frente e sorriu – não me lembro de ter feito algo que exigisse de mim um pedido de desculpa. Será que fiz alguma coisa?
Hermione arregalou os olhos, surpresa. Onde estava Harry? O que aqueles dois idiotas faziam ali?
- O que querem aqui? – perguntou, sem abrir totalmente a porta.
Fred deu mais um passo a frente.
- Pensamos que você talvez estivesse interessada em sair para nadas conosco, ou talvez jogar voleibol. Ou se não tiver feito planos para esta noite, talvez pudéssemos ir a uma discoteca. Gostaria de nos acompanhar? Chegamos esta manha, e soubemos que você esta aqui há um dia. Não quer nos levar para conhecer o lugar?
- No hotel há pessoas que ganham para fazer isso. Desculpe, mas não estou interessada – ela começou a fechar a porta, mas Dino estendeu a mão e a impediu.
Hermione o fitou prestes a perder a paciência.
- Lamento muito, mas no momento eu estou ocupada. Com licença?
Por um longo instante ela aguardou e, por fim, ele afastou a mão as porta e recuou.
- Queira me desculpar, senhorita. Creio que nos esquecemos das nossas boas maneiras... Ainda não nos apresentamos. Meu nome é Fred Johnston e este é Dino Southworth. Somos colegas de Harry. Trabalhamos na mesma empresa em Seattle, como deve saber. Queríamos convidá-la...
- Como eu já disse, estou ocupada... Vocês não são amigos de Harry? Estou certa de que ele terá prazer em lhes mostrar o lugar. Deve, estar pelas imediações do hotel, já que não se arrisca a ir muito longe... – hermione não se conteve em dizer, mas logo se arrependeu. De repente avistou Harry, que se aproximava pelo corredor – ali esta ele. Com licença...
elaq em seguida entrou no quarto e fechou a porta, notando que estava ofegante. Não simpatizava com aqueles dois. Harry que resolvesse o seu problema com eles, fosse qual fosse não era assunto dela.
Instantes depois tornaram a bater na porta. Desta vez era Harry, parecendo prestes a explodir. Ele a fitou com olhos irados ao passar pela porta.
- O que aqueles dois faziam aqui? – foi logo perguntando.
Hermione o estudou e percebeu que estava estressado ao Maximo. Por que a chegada daqueles dois ao hotel o perturbava tanto?
- Não sei... E já disse a você que nada tenho a ver com eles. Se quiser acreditar acredite, se não, é problema seu – ela caminhou calmamente para o centro do aposento.
- Há poucos minutos eles se encontravam a sua porta, feito dois cães farejadores. Como foi que a encontraram tão rápido?
Ele aproximou-se, em seguida se retraiu, a tensão endurecia seu rosto. Hermione ignorou o seu ultimo comentário.
- Sente-se um pouco, Harry, precisa relaxar. Vou preparar um chá de ervas para nos dois – ela se dirigiu à saleta anexa, onde havia uma cafeteira elétrica. Ao passar por Harry, ele segurou seu braço.
- Não quero chá, Hermione, só quero que explique o que esta acontecendo.
Ela virou-se para Harry e o encarou.
- É a mim que você pergunta? Como posso saber?
Seu olhar era penetrante, e havia um brilho intenso nos olhos verdes. Após um momento, ele gentilmente soltou seu braço e se afastou. Harry sentou-se na cama e ali ficou, sem nada dizer. Hermione tratou de ir preparar um chá de caleriana bem forte.
Ambos precisavam dele.
Harry levantou a cabeça quando Hermione se aproximou com as duas xícaras com a bebida fumegante, entregou-lhe uma delas e se sentou na cama. Tomaram o chá em silencio, evitando olhar um para o outro.
Quando Harry tomou o ultimo gole, ela pegou sua xícara e a colocou sobre a mesinha-de-cabeceira, ao lado da sua.
- Sente-se melhor agora? – hermione pegou as mãos dele entre as suas.
Harry assentiu. Ela nunca vira alguém tão atormentado.
- Sou um perfeito idiota. Espero que você me perdoe pelo modo como venho agido – harry disse num longo suspiro.
- Esta perdoado, mas precisa descobrir de onde vem toda essa sua fúria. Não quer conversar a respeito?
Harry deu uma risadinha, ela gostou de vê-lo rir. Era o primeiro sinal de que começava a relaxar.
- Você também é psicanalista?
Ela balançou a cabeça e sorriu.
- Não, mas não tente mudar de assunto, você precisa falar sobre essa coisa que tanto o atormenta.
- Agora?
- E por que não?
- Acho que eu devia voltar para casa. Hermione, voltar para o lugar ao qual pertenço e esquecer tudo o que me aconteceu esta semana. Estou me sentindo como um peixe fora da água.
Hermione entrou em pânico, não queria que ele fosse embora.
- Tudo isso é muito novo para você, Harry, também para mim, e demora um tempo ate que nos adaptemos. Aqueles seus dois colegas de trabalho querem perturbá-lo, mas não permita que eles façam isso. Ignore-os. Não permita que eles o impeçam de fazer aquilo que deseja.
Harry a observou por um minuto.
- Aqueles dois estão tramando alguma coisa e não saber o que é me deixa louco. Você também me deixa louco – ele sacudiu a cabeça, como se tentasse mudar o rumo dos próprios pensamentos.
Hermione aguardou, não sabia o que dizer. Após um minuto ele tornou a falar.
- Esta bem. Eu admito que estou precisando conversar, e se você quiser ouvir, então estou disposto a falar.
- Comece, sou uma boa ouvinte.
- Sem falsa modéstia, eu sou um excelente vendedor – Harry disse – foi exatamente por isso que ganhei esta viagem. Em breve, a empresa fará algumas promoções, e sou um forte candidato a uma delas. No entanto, Fred e Dino também querem ser promovidos, por isso acredito que tramaram esta viagem, dizendo que se tratava de uma estância termal de férias, esperando me surpreender em alguma situação comprometedora para assim poder usar isso para me chantagear, pedindo meu afastamento da empresa ou ate mesmo causando minha dispensa.
- Mas como pode ter tanta certeza disso? Admita que seria um plano bastante bizarro, enviá-lo para tão longe só para...
- Aqueles dois são capazes de qualquer coisa para conseguir o que querem, e eles querem o meu emprego. Não sossegarão enquanto não me virem fora da empresa.
Hermione pensou por um instante. A tensão espalhava-se pelo rosto de Harry, o estresse o matava.
- Há algo mais que queria dizer?
Harry a fitou por um momento, travando uma batalha intima.
- Sim, há. Eu lamento tê-la acusado de estar flertando com Fred. Acho que exagerei...
- Só isso?
- Esta bem! Fiquei enciumado, esta satisfeita agora?
Aquela admissão a alegrou muito. Há um longo tempo ninguém admitia ter ciúme dela.
Mas ela precisava retornar ao que era mais importante. Se Harry não chegasse a um bom termo com sua suspeita a respeito de seus dois colegas de trabalho, a semana estaria arruinada.
- Harry, seu trabalho é muito importante para você?
- Claro que sim.
- Já penso em se demitir e encontrar um outro emprego?
Ele arregalou os olhos, surpreso com a sugestão absurda.
- Eu jamais renunciaria ao meu trabalho.
- No seu lugar eu pensaria melhor a respeito, caso contrario, sofrera um infarto antes dos cinqüenta anos.
Ele se levantou e afastou-se da cama.
- Não corro esse risco. Minha saúde é perfeita. Faço exercícios regularmente.
- Mas o estresse o matara, não importa sua boa forma. Olhe para você agora. Aposto como sua pressão sangüínea esta nas alturas, esta agitado, seu rosto esta tenso...
Harry encarou-a. Hermione caminhou ate ele e pousou as mãos em seus ombros.
- Não pode viver desse jeito, Harry... Ninguém pode. Veja como seus músculos estão tensos – ela começou a lhe fazer massagem e viu seus olhos se fecharem.
Após alguns minutos, ela massageou também seu pescoço e os músculos das costas. Hermione parou um pouco e o levou de volta para a cama.
- Sente-se aqui, vou livrá-lo dessa tensão. Garanto que, em poucos minutos, você se sentira bem melhor.
Harry não conseguia se lembrar de outra ocasião em que se sentira tão bem e relaxado. A sensação era deliciosa, os dedos de Hermione eram gentis e calorosos trabalhando em seus músculos. De olhos fechados, deixou que a deliciosa sensação o arrebatasse.
- Você se importa? – perguntou, antes de tomar a iniciativa de livrar-se da camisa. Abriu os botões e fez a camisa escorregar pelos ombros. Notou os dedos dela se imobilizaram ao tocar sua pele – o toque de seus dedos é tão agradável que eu...
- Não, eu não me importo. Sendo bom pra você para mim esta ótimo – acrescentou ela, meio hesitante.
Deixou que ela prosseguisse em silencio, o relaxamento deixando-o sonolento. De repente as traiçoeiras chamas de desejo começaram a incendiá-lo. Em um impulso, ele virou-se e fitou-a.
Os olhos dela eram de um castanho orvalho, grandes e repletos de perguntas. Os lábios eram cheios e úmidos, da cor de ameixa vermelha. Podia sentir o calor se sua respiração. De repente ela afastou as mãos e deixou-as caídas ao lado do corpo, como se não mais soubesse o que fazer com elas. Prendendo o seu olhar com o dele, Harry estendeu a mão e segurou seu rosto.
Como se atraída por um imã, Hermione se inclinou para frente. Harry capturou seus lábios em um doce beijo, gentil, suave e ao mesmo tempo arrebatador. Os lábios dela eram carnudos, convidativos e delicados, mesmo assim, Harry forçou-se a se afastar deles. Sem sucesso.
Sondou os olhos dela por um momento, e Hermione não os moveu, fazendo-o perceber o quanto ambos ficaram calados por causa de um simples beijo. Quebrou o contato e se levantou. Olhou para Hermione enquanto ajeitava a camisa.
Para uma mulher alta, ela agora parecia frágil e pequena, perdida ate. Seu rosto mantinha o mesmo olhar interrogativo de antes do beijo. Era como se ela, inesperadamente, tomasse consciência de algo que a pegara de surpresa. Harry podia entendê-la bem. Ele também tinha sido surpreendido.
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Gente ta ai mais um belo cap... Comentem...
Beijosss
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