Algo Inusitado
Logo que os primeiros raios de sol entraram pelas frestas da cortina, foram direto aos olhos de Harry, que mesmo relutante colocou os óculos de aros redondos e levantou-se da cama para a linda manhã que se fazia lá fora. Gina ainda dormia, mas parecia incomodada com a claridade do aposento. Harry apressou-se a fechar as cortinas para que a mulher não despertasse.
Após um demorado banho, Harry trocou-se e dirigiu-se a cozinha para um farto café da manhã, onde encontrou a Sra. Tonks e Teddy se fartando de ovos com bacon, suco de abóbora, mingau, torradas, geléia e pães.
- Já estão acordados? – disse harry sentando-se ao lado de Teddy e servindo-se de torradas com geléia.
- Infelizmente, sim. Esse pestinha me acordou antes mesmo do nascer do sol, dizendo que tínhamos perdido a hora do trem. Dá pra acreditar, Harry querido?
- Piamente, Sra. Tonks. Aposto que Teddy nem dormiu essa noite. Estou errado? – Harry perguntou a Teddy.
- Digamos que sim, tio Harry. Mas nos primeiros minutos de sono acordei achando que travava uma luta sangrenta com um trasgo montanhês adulto.
- Normal. Não posso dizer que tive um sonho parecido, porque não sabia nada sobre o mundo bruxo, inclusive sobre trasgos. – disse Harry sorrindo.
- Oh, Harry. Não encoraje o menino a pensar em lutas com trasgos. Não é porque você lutou com um no primeiro ano que...
- O senhor lutou com um trasgo no primeiro ano tio Harry? – Teddy perguntou surpreso ao padrinho.
- Sim, mas é uma longa historia. Um dia desses eu te conto, Teddy. Agora me deixe ir acordar Gina, como se ela não tivesse dormido o bastante nos últimos dias. – Harry pegou uma bandeja e arrumou sobre ela um lindo café da manhã para a esposa.
Quando chegou ao quarto Gina ainda dormia. Harry colocou a bandeja na mesinha de cabeceira e acordou a mulher com u beijo carinhoso nos lábios vermelhos da ruiva.
- Harry... Que horas são? – perguntou Gina dando mais beijos ao marido.
- Já passam das oito.
- Harry! Por que você não me acordou? Daqui até Londres é muito longe, ainda mais indo com um transporte trouxa. Se o Teddy perder o tem...
- Ele não vai perder o trem... Já está tudo pronto, nós estamos indo agora. Vim aqui só para te dar um beijo de despedida.
- Eu pensei que você iria querer a minha companhia. – disse Gina forçando uma expressão de cachorro sem dono.
- Não mesmo mocinha, você vai ficar aqui comendo tudo isso que eu trouxe pra você e cuidando das crianças, ok?
- Tudo bem. Esse café da manha está esplêndido! Obrigada, querido.
Após despedirem-se de Gina, Harry, Teddy e a Sra. Tonks entraram no carro preto e seguiram por uma estrada estreita e tortuosa de asfalto. Era a terceira vez que Harry dirigia um carro, mas pela falta de experiência, até que ele estava se saindo muito bem. A estrada era calma, mas de quando em quando um bode atravessava a estrada obrigando os poucos motoristas a desviarem-se bruscamente.
Depois de algumas horas de viagem, já se podia ver os vestígios da proximidade a Londres. A existência de vilarejos era mais freqüente, e cada vez mais eles iam se distanciando menos um do outro. Harry descia a montanha vagarosamente, pois o movimento de carros tornara-se maior, e do ponto em que estavam eles viam um vastidão de casas e prédios “formiga” e emaranhados de ruas e avenidas que formavam a imensa Londres.
Quando chegaram a King’s Cross já eram quase onze da manha. Teddy estava atônito com a possibilidade de não conseguir embarcar no trem. Ele disparou pela estação rumo à plataforma 9 ½ atraindo atenções das pessoas, não por estar com um carrinho de metal que fazia muito barulho, mas pelo que levava dentro dele – um malão de madeira muito grande e uma gaiola com uma coruja parda.
Após atravessarem a parede aparentemente sólida entre as plataformas 9 e 10, Harry, Teddy e a Sra. Tonks viram-se numa enfumaçada plataforma 9 ½ onde muitas pessoas ainda embarcavam os filhos na locomotiva vermelha e despediam-se freneticamente.
- Bem, Teddy. É aqui que a gente se despede. – Disse Harry abraçando o afilhado.
- Eu lhe escrevo, tio Harry. Até mais! – disse Teddy separando-se de Harry e indo em direção a avó. – Até mais, vovó! Pode deixar que eu também escrevo para a senhora!
- Oh, Teddy! Prometa que vai se comportar. E, se acontecer qualquer coisa você me manda uma coruja, ok? Nada de ir a Floresta Proibida, nada de desobedecer os professores, nada de más companhias, ouviu?
- Ok, ok, vovó. – disse Teddy dando um beijo na avó e subindo por uma porta lateral do trem.
- Prometa, Teddy.
- Eu não posso prometer o que certamente não irei cumprir! – Teddy gritou por uma janela quando o trem já fazia a curva e desaparecia entre as montanhas.
A Sra. Tonks despediu-se de Harry e desaparatou. Harry virou-se para atravessar a barreira quando uma mão segurou seu braço.
- Harry! – Harry virou-se e encarou os olhos azuis de Romilda Vane.
- Romilda? Há quanto tempo!
- Muito tempo mesmo, Harry. Eu estava morando na Irlanda desde a guerra, faz pouco tempo que voltei para a Inglaterra.
- O que te traz a plataforma 9 ½ novamente?
- Vim embarcar o meu irmão. Nossos pais morreram há dois anos.
- Eu lamento.
- Eu também... Às vezes bate uma saudade dos velhos tempos, não?
- É... - Harry apenas concordou ao lembrar dos velhos tempos, em que Romilda colocara poção do amor nos caldeirões de chocolate que lhe dera de presente de Natal.
- O que anda fazendo da vida, Harry? Ainda está matando bruxos das trevas por aí? – Perguntou Romilda dando uma piscadela para Harry.
- Digamos que sim. Eu estou trabalhando como Auror no Ministério.
- Carreira promissora. Definitivamente você tem talento para isso. E certamente para muitas outras coisas...
- Érr... Bem, Romilda, eu já tenho que ir. Tem muito trabalho me esperando no Ministério. An... E seja bem vinda de volta à Inglaterra. – disse Harry desconcertadamente com as investidas de Romilda.
- Já vai Harry? – disse ela aproximando-se perigosamente.
- Tenho que ir. – disse Harry se afastando.
- Basta você querer ficar.
- Gina está me esperando, se é que você me entende.
- An... Claro, Gina... Bem, até breve Harry! – disse Romilda virando-se. Harry pôde dar só mais uma olhada nos seus longos cabelos loiros e em um segundo ela não estava mais ali. Havia desaparatado.
Harry estava dirigindo o carro preto em direção ao Ministério, justamente para devolvê-lo. Seus pensamentos não estavam no trânsito, estavam em Romilda Vane. O que menos queria no momento eram problemas, e Romilda Vane era sinônimo de problemas. Harry deitou a cabeça sobre o volante e neste momento sentiu um BAQUE no capô do carro.
- Você não sabe dirigir não, seu idiota? – a voz vinha de uma morena caída no chão. O rosto dela estava todo ensangüentado por causa do ferimento na testa, mas Harry pôde reconhecê-la no momento em que a viu.
- Cho?!?!?! – Harry apressou-se a socorrer a antiga namorada que estava o fitando confusa.
- Espera aí! Eu estou alucinando ou é você, Harry?
- Você não está alucinando. Sou eu.
- Eu não acredito! Até hoje você não aprendeu a dirigir?
- Eu não aprendi a dirigir? Você que não percebeu que o semáforo está verde para os veículos e vermelho para os pedestres!
- Quê? Eu sou atropelada e depois a culpa é minha! – indagou a morena indignada.
- Hei! Se vocês não repararam, tem um trânsito congestionado aqui porque os pombinhos estão discutindo a relação no meio da rua! – bufou um homem da janela de seu carro.
- Pombinhos? Ah, vai ver se eu to na China, estúpido! – disse Cho raivosa fazendo ainda um gesto obsceno.
- Vejo que seus modos mudaram muito desde Hogwarts.
- Muita coisa mudou Harry. Agora me leva daqui porque além de ter causado um congestionamento, você causou um serio ferimento na minha testa. – disse Cho entrando no carro.
Harry estava atônito, pois não pretendia dar carona a Cho, já que desde o término do namoro eles nunca conversaram e ainda exista certo constrangimento entre eles. Harry não tinha opção a não ser entrar no carro e levar Cho a onde quer que ela fosse, e assim fez.
Já fazia alguns minutos que o carro estava em movimento e o silencio era absoluto desde então. Harry resolveu quebra-lo, pois a situação já estava frustrante.
- Acho melhor você dar um jeito nisso aí. – disse Harry apontando o ferimento na testa de Cho.
- Eu nunca levei muito jeito para esse tipo de feitiço, será que você poderia?
Harry simplesmente tirou a varinha do bolso do casaco e com um aceno o ferimento de Cho estava cicatrizado.
- Você leva jeito com isso. – disse ela mirando a testa no espelho retrovisor.
- Não levava. Mas tive que aprender. Um auror deve estar sempre preparado.
- É... Ainda mais o chefe dos aurores. Você se deu muito bem na vida, Harry. Não poderia ser diferente o destino do “Homem que Venceu”, não é?
- Por que o sarcasmo?
- Sarcasmo? Realmente você não em conhece. – como não obteve resposta Cho continuou. – Pode me deixar no Caldeirão Furado.
- Por que você não disse antes? Nos já passamos do Caldeirão Furado!
- Então faça a volta, ora! – disse Cho olhando vagamente pela janela do carro.
O carro preto estacionou na frente de uma fachada suja e estreita onde se via uma placa com os dizeres: O Caldeirão Furado. Cho desceu do carro sem dizer nada a Harry e entrou no pub.
Harry estava indignado com a atitude de Cho. Não era do feitio dela ser mal-educada e sarcástica como estava se mostrando. Ele resolveu entrar para tirar satisfações com ela.
Ao entrar no bar escuro e encardido, varias pessoas perceberam sua presença e fizeram muitas reverencias para cumprimentá-lo. Harry acenou para todos e sentou-se ao lado de Cho no balcão imundo onde ela bebia num só gole um copo duplo de uísque de fogo.
- Acho que eu merecia pelo menos um “obrigado”. – disse Harry acenando para Tom, o dono do bar, trazer-lhe uma cerveja amanteigada.
- Ah, claro! Acho que você queria ouvir “Harry, muito, muito obrigada por ter me atropelado. É uma honra ser atropelada pelo incrível e destemido ‘Homem que venceu’”. – disse Cho enfatizando a ultima parte.
- Qual é, Cho?
- Qual é? Qual é? É que eu estou cansada, ok? CAN-SA-DA! Você deve estar acostumado a ser o centro das atenções, desculpe, mas eu não estou com saco...
- Cho, o que está acontecendo com você? Eu te fiz alguma coisa? Você está tão... Tão diferente!
- Exatamente! Eu estou diferente, não é? Esse é o problema! – Cho levantou-se e girou em torno de si mesma apontando para as vestes que só agora Harry reparou que estavam muito surradas. – Eu sou uma FRA-CAS-SA-DA! – Cho sentou-se novamente pegando a cerveja de Harry e virando o conteúdo num só gole. – Estou com 28 anos, desempregada, usando essas roupas velhas e imundas. Eu sou uma FRA-CAS-SA-DA!
Harry estava surpreso com as palavras que Cho estava despejando sobre ele; estava procurando o que dizer, mas não encontrava palavras úteis no momento.
- Deixa eu te contar uma coisa, Harry? – disse Cho virando mais um copo duplo de uísque de fogo. – Eu sempre fui ótima em feitiços curatórios, mas a infeliz aqui, não pode usar os seus talentos, sabe por quê? Porque a varinha dela quebrou e ela não tem nenhum nuque para comprar outra. Dá pra acreditar? – disse cho gargalhando ironicamente e acenando para o barman trazer-lhe mais uísque.
- Cho, eu sinto muito. – essas foram as únicas palavras que Harry encontrou para dizer.
- Não sinta. – Cho levantou-se e dirigiu à saída do pub. – Até um dia, Harry.
- Cho, espere! – Harry tirou do bolso alguns galeões, deixou-os sobre o balcão e tentou seguir a morena, mas quando chegou à rua movimentada cho já havia desaparecido.
* * *
Harry teve um dia normal no ministério, tanto quanto os outros desde a morte de Voldemort, pois o mundo bruxo tornara-se muito mais pacífico. Ele e os outros aurores já haviam lotado praticamente todas as celas de Askaban com os ex Comensais da Morte, conseguindo desvendar todas as mentiras inventadas por eles para se safar. É claro que a maioria deles preferiu ‘ir por mal’, fugindo e provocando batalhas que felizmente foram vencidas facilmente pelos aurores que estavam bem preparados, enquanto eles estavam bastante desestabilizados desde a morte de Voldemort. Numa dessas batalhas houve a morte de Narcisa e Lucius Malfoy, e até hoje Harry pode sentir os olhares de Draco Malfoy fuzilando-o quando se cruzam num corredor ou quando dividem um elevador. Draco Malfoy sofrera as conseqüências de suas atitudes, e infelizmente as de seus pais. Ele tem um cargo insignificante na sessão de Controle dos Transportes Mágicos e não tem credibilidade, já que a comunidade bruxa inglesa preferia vê-lo atrás das grades enferrujadas de uma cela escura, imunda e fria em Askaban. Ele se safara deste destino sórdido graças a Harry, que alegou ser salvo por Draco quando estava prestes a morrer nas mãos de Voldemort, e ainda por cima na mansão dos Malfoy. Draco, é claro, estava aliviado por não ter que passar o resto dos seus dias de vida na prisão, mas ser defendido por Harry Potter não o deixava nada feliz, mas o que ele poderia fazer? Desmentir? Definitivamente não. Ele simplesmente agüentou calado.
No fim do expediente, porém, acontecera algo inusitado: Harry fora à sala de Draco Malfoy falar com ele.
Draco estava vestindo a capa preta para ir embora quando ouviu alguém bater à porta.
- Entre.
Harry abriu a porta com um rangido surdo e pôde ver o espanto nos olhos acinzentados de Malfoy ao vê-lo.
- Potter. Não consigo imaginar o motivo de sua visita.
- Uma conversa Malfoy, simplesmente uma conversa. – disse Harry sentando-se sem ao menos esperar um convite.
- E sobre o que seria esta conversa?
- Diga-me, Malfoy, como vai Pansy?
- Muito bem. Obrigado. Mas creio que você não veio aqui falar de minha mulher. Estou errado, Potter?
- Não, não mesmo. – Harry riu cinicamente.
- Então se apresse Potter. Eu não tenho tempo a perder.
- Vejamos, eu vou te dar algumas pistas... Malfoy... Bombas de chocolate... Veneno... Gina...
- Quê? Você surtou Potter? Fala logo o que você quer!
- Ah, corta essa Malfoy. Assume logo que você envenenou a Gina! E chega de bla-bla-bla, porque eu não vim aqui para ficar de conversinha com você! Eu só quero deixar bem claro pra você ficar longe da minha família, porque senão... Eu não respondo por mim!
- Merlin! O Potter-maluco endoidou de vez! Corta essa você, Potter. Por que eu iria envenenar a Weasley?
- Potter. Gina Potter.
- Que seja. Para que eu iria envenena-la?
- Eu que vou saber? Vai ver o alvo era eu.
- Mais uma vez me deparo com o seu egocentrismo, Potter. O mundo não gira em torno de você, caro amigo. – disse Malfoy sarcasticamente.
- Não brinque comigo, Malfoy!
- Ah, vai beijar explosivins, Potter! Eu já disse que não envenenei ninguém!
Harry sacou a varinha e com um aceno Malfoy estava de cabeça para baixo como se algo invisível prendesse seu tornozelo esquerdo no teto.
- Me tire daqui, Potter. Agora!
- Talvez de cabeça para baixo você consiga pensar melhor no que eu te disse. Você sabe que se eu mover uma palha, Malfoy, sua imagem ficará mais suja ainda, pior do que pau de corujal. Então antes de tentar qualquer coisa contra minha família ou contra mim, pense nisso, ou não arranjará emprego nem na Sibéria, caro amigo. – Harry enfatizou as ultimas palavras e saiu do escritório batendo a porta atrás de si. Antes de entrar no elevador ainda pôde ouvir os gritos de Malfoy:
- Tirem-me daqui! Você ainda me paga, Potter! Como se eu tivesse envenenado aquela ruiva insuportável. Tirem-me daqui!
* * *
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N/A: gentee
espero q tenham gostado
xD
amei escrever esse cap.
e quero pedir uma coisa a vcs
comentem por favor?
pq é mto desestimulante chegar aqui e ver nenhum comentario.
colaborem com uma autora carente, ok?
beijoos
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