É só o Começo



Um homem moreno de cabelos negros um tanto rebeldes, estava na sala de sua casa, situada em um vilarejo bruxo em algum lugar remoto da Grã-Bretanha. O noturno vento enregelante entrava pela janela aberta, fazendo a cortina revoar sinistramente e os pêlos da nuca arrepiarem. O homem estava tenso. Inquieto. Andava de um lado para o outro fazendo o soalho ranger, mas ninguém ali parecia se incomodar. Um ruivo estava sentado em um dos vários sofás, seu olhar estava vago e sua expressão era preocupante. Ao seu lado havia uma mulher bonita com a cabeça apoiada em seu ombro, seus olhos cerrados a fazia parecer adormecida. Uma cadeira de balanço rangia ritmadamente, por trás dela só era visível uma cabeça grisalha com alguns vestígios de ter sido ruiva no passado. Sobre o tapete púrpura via-se dois bebês de aproximadamente dois nos de idade. Eles brincavam alegremente; felizmente não percebiam o clima da casa. Que sorte eles tinham. Como os outros queriam ser crianças sem preocupações. Mas infelizmente até a infância deles fora no mínimo tumultuada. Eles enfrentaram os perigos da vida tão jovens... Fizeram coisas que muitos bruxos adultos jamais fizeram ou farão. Não foram poupados de nada. Seus feitos jamais seriam esquecidos, afinal eles eram Harry Potter – “O homem que venceu” , Ronald Weasley e Hermione Granger – “Os melhores amigos e companheiros do Homem que venceu”

Hermione Granger? Não mais. Afinal fizera sete anos que casara-se com Ron, e agora é uma Weasley, assim como Gina agora é uma Potter. Eles agora eram uma só família, e o que os afligia era a mesma coisa.

- Vocês não acham que está demorando demais? – Harry enfim se aquietou e sentou-se numa poltrona fronte a Ron e Mione.

- Harry, a gente sabe o que você está sentindo, pois nós estamos o mesmo. É difícil, mas tenha paciência. É de se esperar a demora, pois infelizmente o estado é grave.- O tom de Hermione era fraco, suas cordas vocais pareciam não querer funcionar, mas seu olhar era expressivo e reconfortante.

- Ela tem razão, filho. Tente se acalmar. – O Sr. Weasley levantou-se da cadeira de balanço e dirigiu-se a Harry dando-lhe uma palmadinha no ombro.

Harry podia ver uma lagrima solitária rolar pela face do sogro e compreendia perfeitamente seu significado. Até o momento ele estava controlando ao máximo toda a dor que sentia, mas isso agora já era impossível. Ele levantou-se e dirigiu-se à janela. Olhou vagamente a praça mal-iluminada e lembranças inundavam sua mente. A voz da Sra. Weasley escoava : “Harry. Eu... eu... Ah, querido! Ela... ela ... pode morrer!” Ele lembrou-se do choro frenético da sogra... Da chegada de três curandeiras trajando vestes longas e verdes com o emblema do Hospital St. Mungus... lembrou-se das expressões aflitas de todos os presentes... lembrou-se do lindo sorriso de Gina... do modo como ela jogava os cabelos ruivos para o lado... do seu perfume floral... lembrou-se que talvez nunca mais a veria. Chorou. Simplesmente chorou. Lágrimas sinceras e silenciosas, que faziam seus olhos arderem como se estas fossem fogo em brasa.






**********************************************************************





O aposento estava reluzindo. Velas pairavam sob o teto alto. Havia cinco pessoas ali, uma delas estava deitada numa cama de mogno no centro do quarto. Era Gina. Ela estava pálida e seus olhos estavam cerrados. Não dormia. Ao seu lado uma velha ruiva e gorda segurava sua mão tentando passar-lhe uma segurança inexistente. Lagrimas caíam dos olhos de ambas. Estava quase tudo silencioso exceto pelo farfalhar das paginas do livro que uma curandeira de cabelos grisalhos folheava procurando algo desesperadamente. Uma curandeira de cabelos negros presos em um coque alto estava diante de uma mesa de pernas finas, onde um líquido marrom borbulhava no caldeirão que ela mexia incessantemente; um fogo azulado cozinhava a poção, exalando um aroma levemente adocicado. Outra curandeira, aparentemente a mais nova das três, aproximou-se da cama e depositou uma bacia com água quente ao lado de Gina, conjurou uma flanela, umedeceu-a e colocou-a sobre a testa da ruiva.

- Cornélia, como vai a poção? Creio que se demorar mais ela e o bebê não agüentarão. – A curandeira umedeceu a flanela novamente e voltou a ajeitá-la na testa de Gina.

- Falta pouco. Mexendo algumas vezes já da pra acrescentar o ditâmno e pronto. Me diga, Emerine, como ela está?

- Mal. Coitada, tão jovem... Se não fosse por aquele bezoar ela e o bebê estariam mortos. Tem uma coisa que não entendi, Cornélia, o envenenamento foi proposital?

- Isso eu também gostaria de saber... – Cornélia levantou-se, pegou um frasco de cristal e encheu-o com a poção. – Faça com que ela beba, Emerine.

- Emerine pegou o frasco e fez com que gina o bebesse. Fez menção de virar-se quando sentiu um aperto em seu braço, então encarou Gina.

- Ele vai ficar bem? Diga, meu bebê vai ficar bem?

- Vamos fazer de tudo para que fique, querida. Agora se aquiete, mas não durma, ok? Precisamos que fique acordada.

- Ficar acordada? Mas como? Ela precisa de descanso! – a Sra. Weasley indagou contrariada.

- Molly, sabemos o quão preocupada está. Fique tranqüila. Estamos fazendo de tudo para ajudá-los. Você quer ou não que eles fiquem bem? – Dessa vez quem falou foi Martha, a curandeira de cabelos grisalhos.

- Oh, me desculpem, é que estou tão nervosa... E... Eu poderia cuidar dela sozinha... Como sempre cuidei.

- Creio que não, Molly. O envenenamento foi grave, e ela inda está grávida! Veja, nem o bezoar que Potter a fez engolir foi um antídoto eficaz.

- Oh, Martha! Faça com que eles se recuperem. Você é a melhor curandeira que eu já conheci. É minha amiga desde os tempos de Hogwarts... Não deixe...

- Não deixarei, Molly. Eu prometo.






**********************************************************************






Harry virou-se após ouvir uma explosão abafada vindo da lareira. Ron, Mione e o Sr. Weasley estavam de pé observando um George coberto de fuligem sacudir suas vestes ao adentrar o aposento.

- Desculpem a demora. Quando recebi a coruja de mamãe, achei melhor avisar o Gui e a Fleur antes de vir. Eles já estão chegando.

Viu-se mais uma explosão de chamas verdes e delas emergiram um casal. Um homem alto e ruivo, com os cabelos compridos presos em um rabo-de-cavalo à nuca ao lado de uma mulher loira muito bela.

- Oh, mi Merrrrlin! Come ele está Arry? E o bebê? Está bem? – Fleur dirigiu-se a Harry dando-lhe um forte abraço.

- Desde que as curandeiras chegaram, elas se trancaram no quarto e não nos deram nenhuma notícia. – Disse Harry abaixando a cabeça desanimadamente.

- Não fique assim, cara. Vai dar tudo certo. – Disse Gui dando uma palmadinha camarada no ombro de Harry.

- Mas foi necessário que as curandeiras fossem chamadas? Mamãe não podia resolver isso sozinha?

- Não, George. – disse o Sr. Weasley – Achamos melhor chamar pessoas mais experientes, sabe como é, né? Envenenamento é coisa séria.

- Envenenament’? Mas come este aconteceu? Quem serrrria capaz de envenenarrr Gina?

- Ainda não sabemos, Fleur. Mas se eu pego o trasgo imundo que fez isso... – disse Ron cerrando os punhos.

- Bem... Vamos nos sentar e esperar. Diga George, por que a Charlotte não veio? - disse Hermione sentando-se novamente no sofá.

- Ah, ela preferiu ficar no chalé das conchas cuidando de Fred e Victorie. Não achamos conveniente a presença de crianças numa hora dessas.

- Não mesmo. Acho melhor levarmos a Rose e o Alvo para a cama, Mione. – Harry pôs no colo um garotinho que examinava a sala com seus incríveis olhos verdes e exibia no rosto um sorrisinho de poucos dentes. Hermione estava em seu encalço com a filha nos braços.

Ao chegarem ao patamar superior Harry girou a maçaneta de uma porta onde se lia ‘James e Alvo’. O aposento era amplo e bem iluminado. Um pôster do time irlandês de quadribol dividia o espaço da parede esquerda com fotos da família. Havia duas camas de dossel postas uma do lado da outra, cada uma com sua mesa de cabeceira. Harry colocou Alvo sob os cobertores de sua cama e Hermione aconchegou Rose na cama de James, deu um beijo de boa noite na bochecha rosada da filha, dirigiu-se à janela e ficou olhando para o céu.

- Isso está sendo difícil para todos nós, Harry. Ainda bem que o James está passando o final de semana na casa do Teddy. Seria difícil se ele estivesse aqui com esse clima todo, mesmo ele tendo só três anos e... Harry? Você esta me ouvindo?

- An? Ah, não Mione, me desculpe. – Harry não olhava para Hermione, mas sim para um recém-nascido em um berço armado perto do armário.

- Harry, vai dar tudo certo. Eles vão ficar bem, você vai ter seu bebê também. – Hermione ficou calada olhando para seu filho que dormia serenamente.

- Hermione, eu... Ele se parece tanto com você. Mas veja, ele herdou as sardas do pai...

- Harry, o que você esta querendo me dizer?

- Eu? Nada não...

- Harry, eu conheço você... É algo importante... Fale!

- É que... É melhor deixar que eles durmam e...

- Harry, você sabe? Sabe quem fez isso com a Gina?

- Eu não tenho certeza...

- Quem?

- Draco Malfoy.






****************************************************************






A movimentação no quarto era intensa. As curandeiras iam e vinham arrumando alguns utensílios de metal e frasquinhos de poções numa mesa posicionada ao lado da cama de uma sonolenta Gina.

- Vai querida, não durma. Você vai ter o seu bebê, ok?

- Mas ele só tem sete meses, Emerine. É muito cedo... – Gina fazia força para pronunciar cada silaba.

- Gina, confia na gente, ok? Vocês vão se sair bem. Eu juro. – Emerine lançou a Gina um sorriso confiante.

- Já está tudo preparado? Vamos começar então. – Disse Martha aproximando-se de Gina. – Seja forte, querida. Vamos fazer de tudo para que sobrevivam.






**********************************************************************






- Você tem certeza, Harry?

- Hermione, eu já disse que não.

- Mas você não pode fazer uma acusação dessas sem provas!

- Eu apenas disse o que ACHO. Não estou fazendo acusações, AINDA. – disse Harry enfaticamente.

- Você não disse isso para mais ninguém, não é? Além do que, você não tem nenhum motivo para desconfiar dele.

- Mione, ele me odeia. Não é possível que nesses dezessete anos você não tenha reparado. Além do mais, EU era o responsável pela missão em que os pais dele foram mortos. Ele acha que EU os matei. Então você tem que concordar que ele tem motivos mais que suficientes para querer me matar. Mas infelizmente ele acabou atingindo as pessoas erradas como fez há onze anos atrás.

- Você está querendo dizer que o alvo era você e não Gina?

- Exatamente.

- Mas como a caixa de bombas de chocolate veio parar aqui?

**FLASHBACK ON**

O sol forte entrava pelas janelas escancaradas de uma cozinha tipicamente bruxa. Nela não havia geladeira nem nenhum desses modernos eletrodomésticos. Havia colheres e carnes penduradas no teto e prateleiras de madeira maciça que ocupavam praticamente todas as paredes de pedra. Nelas não se encontravam somente panelas, mas também objetos que para trouxas seriam muito estranhos. Sob a pia de mármore estava uma tigela cheia de larvas brancas. O fogo queimava a lenha sob o fogão fazendo com que a água fervesse na chaleira de cobre. No centro do aposento via-se uma imensa mesa de madeira e sobre ela estavam viradas umas trinta cadeiras. Um esfregão e um balde com uma água imunda estavam apoiados no console de mármore da lareira que agora estava apagada, pois o calor desse verão estava intenso. Uma mulher ruiva estava em pé numa cadeira apoiada rente a um armário tentando pegar a caixa de ervas indianas para chá, mas a imensa barriga a impedia de alcançá-la.

- Gina, o que você está fazendo?! – Indagou Harry indignadamente ao adentrar a cozinha e deparar com a mulher pendurada pelos dedos no armário. Ele jogou a maleta de couro de dragão sobre a mesa e apressou-se para socorrer a mulher e acomodá-la numa cadeira.

- Harry, ainda bem que você chegou, querido. Eu estava tentando pegar a caixa de chá. Mas ele atrapalhou tudo. – Disse ela olhando para a barriga e acariciando-a afetuosamente. – Não é unicorneozinho da mamãe?

- Gina, você enlouqueceu? Se você tivesse caído... E caso você tenha esquecido, meu amor, você é uma bruxa e podia ter usado sua varinha.

- Ser bruxa não adianta nada sem varinha, Harry. Quando eu me levantei dei por falta dela. Procurei pelos lençóis e nada. De repente eu me lembrei que a deixei na mesa de cabeceira do Jay. Corri até lá, mas já era tarde demais. Quando cheguei, lá estava o meu primogênito brincando com as duas partes de minha varinha ligadas apenas por um fiozinho prateado. – Gina disse tudo isso com um sorriso no rosto como se o feito do filho merecesse seu orgulho. Então ela apenas acrescentou: - Da pra acreditar?

- Gina, você poderia ter caído de lá com a nossa filha, sabia?

- Ou FILHO, Harry.

- Que seja. Você poderia ter pedido ao Monstro.

- Ah, não. Eu o mandei logo cedo ao Beco Diagonal comprar umas ‘Bombas de Chocolate Weasley’. Desejo. Sabe como é. Você não ia querer um filho com cara de chocolate, ia? Ainda mais com um W estampado na testa.

- Até que não seria nada mal... Ela não iria arranjar nenhum namorado. Se for tão linda como a mãe ela me dará muito trabalho...

- Harry. Pode ser um menino, ok?

- Não vai ser um menino. Eu sinto.

- E se for?

- Se for eu vou amar tanto quanto eu amo o Jay e o Al. Mas vai ser uma garotinha. Pode escrever isso.

- Sibila Trelawney: O retorno.

- Não é para tanto, Gina. – Disse Harry controlando-se para não cair na risada – Mas, você não deveria brincar com uma coisa dessas. Vai que ela retorna MESMO para puxar os seus pés à noite?

- Nem vem, Harry. Você sabe que eu não tenho medo de fantasmas.

- Sei. Mas que isso não se repita, ok?

- O que? A brincadeira com a Trelawney? Ela morreu já faz sete anos.

- Não. Ficar escalando armários por aí.

- Eu prometo não escalar armários, mas as prateleiras podem, não é?

- Seu senso de humor às vezes me irrita. – Harry e Gina riram juntos. Ele pegou a mulher no colo e levou-a para a sala colocando-a na cadeira de balanço. – Fica aí que eu vou trazer o seu chá, mocinha.

- Eu acho tão sexy quando você me chama de mocinha. Me lembra o Lockhart no meu primeiro ano em Hogwarts – Gina suspirou falsamente para enciumar o marido. – “Deixe que eu acabe com eles, mocinha!” - Gina indagou engrossando a voz tentando imitar a voz do seu ex-professor Lockhart.

- Eu vou tentar ignorar a ultima parte, ok? MOCINHA. – Harry enfatizou a ultima palavra arrancando um sorriso de Gina. Deu-lhe um beijo apaixonadamente e foi para a cozinha.

Harry retornou à sala com uma bandeja de prata, sobre ela havia os mais diversos tipos de guloseimas, torradas e uma xícara com chá fumegante, mas tudo isso foi parar no chão de madeira lustrada quando ele viu uma Gina de olho esbugalhados esparramada na cadeira. Ela estava sufocada, fazia força para respirar e não conseguia. Harry não entendia o que estava acontecendo. Aproximou-se da mulher desesperado e viu um caixa verde com um W dourado estampado na tampa jogada ao chão e no colo da ruiva uma bomba de chocolate quase intocada exceto por uma pequena mordida. Entendeu tudo perfeitamente. Correu para a cozinha e vasculhou todas as gavetas até encontrar uma pedra pequena e preta no fundo de uma delas. Enfiou-a pela garganta da mulher e viu a sua respiração começar a voltar ao normal, mas ela ainda parecia mal. Ele imediatamente enviou um patrono à Toca e levou a mulher para o quarto deixando os estilhaços da xícara pelo chão da sala.


**FLASHBACK OFF**

- Harry, será que Monstro...?

- Não Mione, eu interroguei logo depois que ele chegou em casa com uma caixa de Bombas de Chocolate Weasley nas mãos. Acho que fiz mal. Ele ficou muito ofendido.

- Era de se esperar depois desses anos de fidelidade inquestionável.

- É. Mas quanto ao envenenamento, estamos na estaca zero.

- Harry. Deixe para se preocupar com o culpado depois.

- Mione, você não percebe? Ele pode fazer outra tentativa.

- Você não merece Harry. – Hermione estava novamente observando o céu escuro que cobria a vila como um manto negro salpicado de inúmeros pontinhos brilhantes. – Nós todos não merecemos. Depois de tudo. Parece que Merlin não nos dá uma trégua.

- Eu sei. É tudo minha culpa. Malfoy está querendo me matar e agora todas as pessoas que eu amo estão em perigo, de novo.

- Harry! Quer parar com essa síndrome de “é tudo minha culpa”? A culpa não é de ninguém, ok? É o destino.

- Eles já devem ter dado por nossa falta. Vamos voltar e esperar lá embaixo por alguma noticia.

Hermione ajeitou a manta sobre seu bebê, Hugo, e seguiu Harry pela escada de madeira envernizada até o patamar inferior.

Quando chegaram à sala todos estavam olhando para Harry, exceto ao Sr. e a Sra. Weasley que estavam se beijando calorosamente.

- Eca. Estamos aqui, ok? – Ron disse isso com uma careta de nojo.

A Sra. Weasley separou-se rapidamente do marido, como se acabasse de saber que ela e o marido não estavam num quarto aconchegante e escuro (BEM escuro). Ela olhou para Harry, seu rosto redondo estava púrpura. Sua expressão envergonhada logo foi substituída por um sorriso.

- Harry, querido. Deu tudo certo. – Harry simplesmente abraçou a sogra com um sorriso de orelha a orelha. – Acho que isso quis dizer que você quer ver as mulheres da sua vida, estou certa?

- Já nasceu? O bebê já nasceu? E é uma menina? – Harry fazia cada pergunta aumentando o sorriso cada vez mais.

- Tem certeza mamãe? Acho que todos aqui presenciamos algo mais que um aviso a Harry.

- Ah, cale a boca George! - disse a Sra. Weasley subindo rapidamente as escadas para esconder seu rosto corado, que não passou despercebido por ninguém.






*********************************************************************





A Sra. Weasley abriu a porta do quarto lentamente fazendo com que ela rangesse. As velas antes acesas, agora estavam apagadas, mas os pavios ainda enfumaçavam. A única e fraca iluminação do aposento vinha de um candelabro de prata posto numa mesinha de três pernas ao lado de um espelho de parede. O fogo azulado tremeluzia os reflexos deixando o ambiente com um ar sinistro. Harry passou pelo vão e viu uma ruiva deitada na cama. Estava adormecida. Entre seus dedos podia-se ver uma fita de seda vermelha presa a eles. Harry aproximou-se da mulher sentando-se na beira da cama. Ajeitou seus cabelos, beijou sua boca ternamente e pôde sentir sua respiração ritmada. Ela estava bem.

- Ela está bem mesmo, Sra. Weasley? – Harry encarou a sogra que olhava a filha com uma expressão bobalhona, típica de mães-coruja.

- Oh, sim, querido. Mas ainda não sabemos quando irá acordar. Foi muito difícil para ela. Coitadinha. Mas agora ela e o bebê estão cem por cento recuperados do acidente.

- Acidente? Isto foi uma tentativa de assassinato. – Harry disse num murmúrio que não passou despercebido pela Sra. Weasley.

- Como disse?

- Ah. Nada. Agora, onde está o bebê?

- Achei que não iria perguntar nunca. – a Sra. Weasley sorriu e indicou a Harry um pequeno berço com adornos cor-de-rosa sobre qual caía um mosquiteiro de cetim bordado. – Não é lindo esse enxoval cor-de-rosa? Era de Gina. Está novinho, não? Ta, é claro que tive de usar alguns feitiços para tirar o mofo e remendar algumas partes roídas por traças e fadas mordentes. Bem, mas isso não vem ao caso. – A Sra. Weasley abriu o mosquiteiro e tirou de lá uma pequenina garotinha ruiva coma pele muito, muito branca. Ela estava enrolada em tantas mantas e roupinhas que mais parecia uma bolinha de panos. – Como ela é linda, não é Harry? – disse a Sra. Weasley colocando o bebê no colo do pai.

- Muito. Minha garotinha. – um sorriso estava estampado na face de Harry e uma lagrima pendia de seus olhos verdes. Uma lagrima de felicidade, afinal, seria pai pela terceira vez, e seu coração não o enganara, nascera uma linda garotinha, sua garotinha. Ela parecia muito com Gina, não só pelos cabelos ruivos, mas também pelos traços marcantes, como o nariz e a boca. Os olhos dela estavam fechados deixando a sua expressão ainda mais serena. Harry não tirava os olhos um só instante da filha e então começou a cantar uma musica para embalar seu sono como muitas vezes vira Gina cantar para James e Alvo.

Durma pequenina, durma.
Seu sono será tranqüilo
Sonhe com os mais belos unicórnios
Descanse seus olhinhos
Amanha o dia será lindo
Os pássaros vão cantarolar sua felicidade
O sol brilhará enquanto você brinca no jardim de begônias
Durma pequenina, durma.
Seu sono será tranqüilo
Sonhe com papai
Sonhe com mamãe.
Amanha não será mais escuro
O sol voltará a brilhar...

Harry parou de cantar e colocou a filha de novo no berço sem ao menos tirar os olhos dela por um segundo.

- Harry, eu cantava essa canção para Gina sempre antes dela dormir até o dia em que ela foi para Hogwarts pela primeira vez. Depois, ela nunca mais quis ouvir. – disse a Sra. Weasley derramando uma lagrima.

- Parece que ela realmente gostava da canção Sra. Weasley. Ela sempre a canta para os meninos, e agora cantará pra ela. – disse harry indicando a ruivinha que descansava ternamente no bercinho. – Gina só não queria que a senhora pensasse que ela ainda era uma criança. A senhora sabe melhor que ninguém o quão ela gosta de esconder sua fragilidade.

- Tem razão, Harry. Eu sou uma boba. – ela riu um pouco constrangida e começou a cantar a canção para a neta e Harry a acompanhou.


Durma pequenina, durma.
Seu sono será tranqüilo
Sonhe com os mais belos unicórnios
Descanse seus olhinhos
Amanha o dia será lindo
Os pássaros vão cantarolar sua felicidade
O sol brilhará enquanto você brinca no jardim de begônias
Durma pequenina, durma.
Seu sono será tranqüilo
Sonhe com papai
Sonhe com mamãe.
Amanha não será mais escuro
O sol voltará a brilhar...






****************************************************************






Os dias que se seguiram foram alegres e ensolarados. A paz voltara àquele lar, mas ainda não estava completa, pois Gina ainda não acordara. A casa de Harry estava sempre lotada de bruxos querendo cumprimentá-lo pelo nascimento de outra Potter, a maioria deles trabalhava no Ministério e vestiam-se formalmente com vestes longas e escuras farfalhando nos tornozelos. Até o Ministro Kingsley Shacklebolt aparecera lá numa tarde de sábado, trazendo votos e presentes à filha de Harry. James enfim voltara para casa e pôde ver a irmãzinha com a qual ficara muito encabulado. Teddy e a Sra. Tonks foram passar o resto do verão na casa de Harry até que Teddy enfim fosse para o seu primeiro ano em Hogwarts. Todos estavam sempre sorrindo e ocupados com o novo bebezinho, mas sempre iam frequentemente fazer uma visitinha ao quarto para ver se Gina acordara.

Era uma tarde de domingo, o último dia de agosto e como todos os dias deste verão, este estava ensolarado. A família e os amigos reuniram-se no jardim da casa de Harry para fazer um almoço comemorativo ao nascimento da mais nova Potter e também para despedirem-se de um animado Teddy, que logo na manha seguinte embarcaria na grande locomotiva vermelha rumo a Hogwarts. Estavam todos sentados em cadeiras diante de uma enorme mesa posta sob um frondoso carvalho. Todos estavam ainda escolhendo o que preferia comer, já que eram muitas opções, mas Ron estava com uma coxa de frango em uma mão e um garfo com uma enorme batata-doce espetada na ponta em outra mão.

- Ron, tenha modos. – disse Hermione pisando no pé do marido sob a mesa.

- Ai! Não sei como fui me casar com uma mulher tão delicada.

- É? E eu não sei como fui me casar com um homem tão sem educação, e grosso! Ah! E esqueci o principal... E que tem a mentalidade dessa batata doce!!

- É. Ainda bem que você ama comer batata doce. Por isso disse SIM diante do bruxo de paz. E fez dois filhos com esse batatão aqui!

- Ron! Tem crianças aqui!

- Fiu-fiu! – assoviou George. – Parece que os genes Weasley afloraram no Roniquinho da mamãe!

- Ah, cale a boca, George! – disse hermione corando – E você viu o que você fez? – Hermione tornou pisar no pé de Ron que não soltou nenhuma exclamação de dor, apenas agarrou a mulher e beijou-a mesmo estando com a boca cheia de batata doce.

Quando Ron soltou Hermione todos olhavam para eles. Hermione parecia uma pimenta malagueta, já Ron agia como se nada tivesse acontecido, então eles começaram a discutir, DE NOVO, tudo porque Ron virara para ela e falara: “Tem um pedaço de batata doce no seu queixo”.

O almoço transcorreu animadamente, e após a barriga de todos estarem pesada o bastante para não conseguirem se levantar a Sra. Weasley veio da cozinha com travessas das mais diversas sobremesas flutuando acima de sua cabeça até pousá-las na mesa.

- Alguém está servido?

Antes mesmo de ela terminar a frase todos estavam atacando os sorvetes, pudins, tortas, bolos e geléias.

- Não sei se no meu estômago tem espaço nem para mais uma colher de sorvete. – disse Teddy afastando sua taça pela metade. – Amanhã eu não vou andar pelo expresso de Hogwarts, eu vou rolar. E nenhuma garota gosta de garotos que rolam.






**********************************************************************





Gina abriu seus olhos e viu que se encontrava sozinha em seu quarto. As janelas estavam todas abertas, o sol e o cheiro fresco da grama lá fora entravam por elas. Ela sorriu ao ouvir vozes e risadas vindo do jardim. Levantou-se e olhou pelo parapeito onde viu Harry, Ron e George brincando com James, Fred e Teddy na grama. Harry tentava ensinar o filho a montar uma pequena vassourinha que não flutuava mais de um metro, quando finalmente o filho conseguira o jardim inundou-se de vivas e aplausos e James não parava de rir encabulado com a situação. Na sombra de uma frondosa árvore Hermione, Fleur e Charlotte estavam conversando entretidamente e brincando com as crianças menores - Victorie, Alvo e Rose, enquanto o Sr. Weasley e Gui tinham uma conversa amistosa sobre duendes e a Sra. Weasley e a Sra. Tonks ninavam nos braços os bebezinhos Hugo e uma ruivinha.

Ao ver a menininha tão pequena nos braços da mãe, Gina tinha certeza que era a sua filha. Ela rapidamente vestiu o robe por cima da camisola, calçou um par de chinelos e desceu as escadas rapidamente em direção ao jardim.

Quando Harry viu Gina chegar ao jardim ele correu em sua direção e abraçou-a calorosamente.

- Eu já estava ficando preocupado, Bela Adormecida.

- Que? – Gina olhou para o marido, confusa, como se ele tivesse falado grego, já que fora criada nos costumes totalmente bruxos, sem acesso aos contos de fadas trouxas.

- Ah, depois eu te explico. O que importa é que a minha ruivinha esta aqui, saudável e linda como sempre.

- Quanto tempo eu dormi, hein?

- Não muito, só cinco dias.

- Nossa. Depois dessa eu não vou dormir por um ano.

- Como se eu fosse deixar você dormir.

- Hmm... Que bom ouvir isso. – disse Gina beijando Harry.

- Finalmente! Já não era sem tempo hein, dona Gina? A cama já estava precisando de um descanso. – George disse isso indo em direção a Gina e abraçando-lhe.
Todos estavam muito alegres por Gina ter despertado mais alegre do que nunca. Ela abraçou a todos e viu-se rodeada de chamegos e cuidados, mas insistia que estava bem e poderia fazer tudo sozinha como antes.

- Gente! Eu já estou bem, ok? Agora eu ainda não pude nem ao menos ver o meu bebe!

- Oh Gina, desculpe-nos. – disse Sra. Weasley colocando a ruivinha no colo de Gina.
Gina pegou a filha nos braços e olhou nos seus olhinhos verdes.

- Ela não é linda? Parece tanto com você. – disse Harry olhando para as ruivas que mais amava.

- Você acha? É... Um pouco. Mas os olhos dela são verdes, como os do pai.

- Gina, eu estive pensando em um nome para ela...

- Como assim? Ela ainda não tem nome?

- Não... Eu achei melhor decidir-mos juntos.

- Ah, Harry! – Gina deu um beijo no marido. – De qual nome você gosta?

- Bem, eu estive pensando no nome da minha mãe... Você se importa?

- Mas é claro que não, meu amor! Lily... Um lindo nome!

- Que bom que você gostou, querida!

O dia decorreu feliz, principalmente pela recuperação total de Gina. O sol já tocava a linha o horizonte e as primeiras estrelas começavam a brilhar no céu. Um a um, os visitantes foram para suas respectivas casas, exceto Teddy e sua avó, que na manhã seguinte seriam levados por Harry até a estação King’s Cross, em Londres.

___________________________________________________________________________________

N/A: Ta aí o Primeiro capitulo gente!
Comentem bastante plis??
Aí daki uns dias eu posto o cap 2, ok?

Espero que tenham gostado!!

beijuus!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.