Fraterna
Mais Tarde, Casa dos Evans, Sala.
ELA VEM!
ELA VEM!
ELA VEM!
Meu pequeno coraçãozinho nem consegue acreditar que a Mary vem passar duas semanas aqui em casa! Eu sabia que ter libertado a alma da Tunia me levaria a algum lugar muito bom!
ELA VEM!
ELA VEM!
ELA VEM!
Nossa, eu preciso me controlar. Inspira, expira; inspira, expira; inspira, expira –
Pronto, agora já consigo escrever.
Logo depois que terminei o café (lembrete: fazer mais muffins), por volta das 10 e meia da manhã, eu liguei pra Mary - implorando à Deus que ela estivesse em casa.
“Alô?” - eu perguntei, nem um pouquinho feliz por alguém ter atendido.
“Lily?” - respondeu a voz dela do outro lado da linha
(momento para que eu cante “Parabéns pra você” e ela agradeça… enfim, nada muito anormal)
“Seu presente já chegou?”
“Não — Que dia você mandou?”
Então, isso.
Nós duas sabemos que para algo chegar a tempo, eu teria que ter mandado dois dias antes. No mínimo.
“Acho que coloquei dia 2 – A Muffin deve ter se perdido” Sorte que essa conversa foi por telefone; tenho absoluta certeza que as palavras “Amiga ruim” estavam escritas em vermelho berrante na minha testa.
“Também, colocar uma coruja com nome de Muffin! Ela deve ter sérios traumas psicológicos” - ela respondeu, rindo do outro lado da linha.
“Eu não teria nenhum trauma psicológico caso me chamasse Muffin. Aliás, Muffins são a minha razão de viver. Nada mais lógico.”
“Eu realmente imagino o dia que você for se casar: Seu noivo: ‘Lily, eu te amo mais que tudo nesse mundo!’ Você: ‘Eu só não te amo mais do que eu amo os muffins!’
(pausa para minha amiga se acabar de rir) / (pausa para eu fazer cara de paisagem)
“Acabou?”
“Acho que sim” - ela respondeu, apesar do fato que eu continuava a ouvindo rir.
“É muito óbvio que eu nunca vou dizer isso pra ele. Por exemplo, ele provavelmente vai amar o Quadribol/Futebol (ou os amigos) mais do que me amaria, nem por isso eu vou querer saber disso. E vice-versa.”
“Quer dizer que você não se importaria que seu marido ame o Quadribol mais do que ama você?”
“Nem um pouco. Desde que ele não me jogue isso na cara.”
“Então não vou me esquecer de falar isso pro James. Ele com toda a certeza ele vai ficar feliz de não ter que dividir o grande amor dele pelo Quadribol com você –”
(pausa para que eu xingue minha maravilhosa amiga de todos os nomes possíveis e imagináveis)
“Não sei por que você odeia ele tanto –”
“Nem eu” - respondi totalmente seca. Ok, eu não estava brava. Só acho um absurdo minhas próprias amigas insistirem nessa brincadeira idiota. Hunf.
“Ok, parei; parei! Mas que você não pode neg –“
“Se você não abandonar essa história eu não conto a surpresa que eu tenho pra gente” – Há! Nada como um pouco de curiosidade para calar a boca de uma mulher.
“Ah, Lils, você não faria isso comigo –“
“Não faria, é?” – Teste-me!
“Ok, eu paro. Agora me fala!”
“Agora sim! Então, cara Mary Rose Macdonald, meu querido pai andou pensando sobre alguns assuntos e –“
“Lily Evans! Não enrola!”
“Depois sou eu que me estresso rápido –“
“Evans!”
“Ok! Meu pai disse que, se eu quisesse, poderia convidar alguém – Adivinha quem foi a sortuda?”
“Eu?”
“É obvio que é você! Que outro motivo eu teria pra falar isso pra você?”
(pausa para que ela surte de vez)
Então ela desligou o telefone para mexer na burocracia paternal disso tudo. Eu fiquei colada ao telefone com um Feitiço Adesivo Permanente até que ela ligasse de novo e –
ELA VEM!
ELA VEM!
ELA VEM!
Aliás, ela chega por volta das duas da tarde – vai aparatar com os pais. Aliás, agora eu tenho muito o quê fazer: convencer meus pais a aumentar com magia o tamanho do meu quarto pra ficar mais espaçoso – eles realmente querem colocar duas amigas em quartos separados. Mesmo que isso signifique arrumar o quarto de visitas (leia-se: quarto de velharias)
14:05, Casa dos Evans, Hall.
Ela está demorando. Está cinco minutos atrasada.
Quer dizer, ela é uma bruxa. E é emancipada; como consegue demorar tanto assim pra fazer as malas e aparatar?
Ai meu Deus. Ela é trouxa. E se tiver acontecido alguma coisa?
Eu nunca vou conseguir me perdoar se alguma coisa acontecer pra May. Ai, eu sou terrível. Eu vou pular do Big Ban.
Eu sei que isso foi minha culpa – é bem capaz que ela nunca me perd –
Muito mais tarde, Nosso Quarto (ampliado magicamente), Casa dos Evans.
A Mary foi tomar banho. Acho que agora vou ter menos tempo pra escrever. Quer dizer, eu não posso simplesmente tirar o caderno de dentro da bolsa e começar a escrever deixando alguém totalmente sobrando.
Não é certo. Esse é o tipo de coisa que só alguém realmente má faria. Como Petunia ou Smith.
Blair Smith nasceu para tirar minha paz. Smith tem parentesco com a parcela bruxa da coroa inglesa, além de ser parente de algumas das principais famílias de sangue-puro. A garota parece pensar que é a própria Rainha da Inglaterra.
Ela e Tunia – apesar de provavelmente se odiarem – devem ter se unido pelo inimigo em comum – eu. Provavelmente o acordo é que durante o ano letivo Smith e seu bando me destroem, e Tunia conclui o trabalho durante as férias.
Eu acho que isso é realmente inevitável. Sempre, invariavelmente você terá um arquiinimigo desde a escola. Principalmente no mundo bruxo, já que é um círculo de pessoas mais fechado.
Por exemplo: Eu, Lene e Mary odiamos Smith e Doroth Willians – sua fiel escudeira. E vice-versa.
Os Marotos odeiam Snape e vice-versa.
Claro que são exemplos totalmente diferentes, já que Smith realmente infernizou cada dia da minha existência medíocre. Snape não fez isso.
Quem tem motivos pra odiar o Ranhoso é a Mary, ou até eu. Ele nos ofendeu. Ele ajudou a atacarem Mary.
Nada disso aconteceu aos Marotos. Por isso eu acho que eles estão errados. Hunf.
Ops.
A Mary chegou.
6 de julho, Casa dos Evans, Sala.
Puxa, turistas são duros na queda. Mary saiu com minha mãe pra explorar a cidade. Eu ainda estava dormindo. Devia ser quase de madrugada, umas 7 horas da manhã. É mole?
Não, nem um pouco.
Eu sinceramente acho que elas deviam ter me esperado – claro que me acordar estava fora de cogitação.
Eu até já coloquei uma assadeira de muffins para assar, já que eles acabaram ontem. E agora estou vendo tevê/escrevendo.
Opa. Alguém tocou a campainha.
Talvez elas tenham esquecido as chaves.
Mais tarde, Casa dos Evans, Banheiro.
Na verdade era só Petunia. Mary só chegou uma hora depois. Acontece que Petunia disse que tinha acabado de chegar da casa de Anne. Minha ex-amiga de infância. Eu não acredito que minha própria irmã é capaz de me afastar de uma das minhas melhores amigas.
Mas eu sei que Anne vai cair em si. Mais cedo ou mais tarde ela vai entender que é Petunia a aberração. Eu sei. Eu conheço Anne.
Agora, Tunia eu não vou perdoar. Se ela quer guerra, guerra ela terá.
Hunf. Pensa que está falando com quem?
Eu sou Lily Evans e não levo desaforo pra casa. Mas como o desaforo está na minha casa, vou ter que mostrar quem é que manda.
Petunia, aguarde-me. Lily & Mary vem com tudo aí.
Obs.: Mary adora meus muffins de baunilha. E os de chocolate também.
Eu realmente sou boa com isso, há!
De noite, Casa dos Evans, Nosso Quarto.
As férias com Mary vão ser M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.A.S.
Melhores que tudo
Adoradas para sempre
Realmente boas
Admitidas como malucas
(Verdadeiramente falando)
Inteligentemente planejadas
Lindas (nós)
Honestamente as melhores
Ouvidas serão para
SEMPRE!
Arquitetadas com astúcia
Simplesmente M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.A.S.
Ok, eu admito. Ficou terrível. Péssimo. Horrível. Mas pelo menos assim deu pra entender o recado.
Sabe o quê nós fizemos hoje? Eu produzi algumas assadeiras de Muffin, e ela saiu pra vender de porta em porta.
Eu, sinceramente, acho que nunca ri tanto em TODA minha vida. E o melhor é que amanhã nós podemos comprar ir às lojas e comprar alguma coisa legal.
Há! Pelo visto meus muffins são os melhores. Posso até ver: “Mary & Lily Muffins e Cia.”
Vou ganhar um bom dinheiro se abrir isso. Tenho certeza. Mas pelo menos, pros meus padrões, eu já tenho um bom dinheiro. Vou comprar alguma coisa pra usar na praia.
Meu muffins arrasam!
7 de julho, Sorveteria da Esquina.
Eu quero afogar minhas mágoas no sorvete. Só isso. Minha vida acabou. Tenho certeza.
Mary está me olhando diretamente. Estou sinceramente com medo. Agora ela apontou a colher do sorvete pra mim. O quê ela pensa que isso é? Uma varinha? “Lily Evans, eu já cansei do seu drama. Eu não sei se você sabe, mas a coisa mais normal do mundo é o fato que grandes pessoas sofrem preconceitos. Até Jesus foi crucificado. Você não pode estar realmente triste só porque as pessoas daqui não querem mais comprar muffins!”
Acontece que Ele era o filho de Deus. Ele tem treinamento psicológico para esse tipo de coisa.
“Por isso mesmo. Eu sou só Lily Evans e não suporto um golpe tão terrível.” Como minha ex-melhor-amiga-de-infância dizer que não gosta dos meus muffins.
Sério. Quero ver algum mortal – como eu – suportar uma maldade tão bem arquitetada como essa.
“Você não vai morrer por causa disso. Você mesma disse que essa Anne vai cair em si e perceber a pessoa incrível que ela está deixando de lado.”
“Eu disse?” Mary não se deu ao trabalho de se responder. Como se alguém fosse se dar ao trabalho de responder à pobre Lily. “Perdão; foi a Lily quem disse isso, não a Lily-totalmente-e-completamente-arrasada.”
“Você não pode estar arrasada só por causa disso.” Eu não posso, hein? Não posso estar arrasada só por causa disso? Pois eu estou. Alguém vai encarar?
Hunf.
Droga de vida.
“Claro que eu posso. Tanto posso como estou.”
“Então está bem. Quando você resolver voltar a ser a Lily, me dá um toque.” E minha amiga voltou a atacar seu sorvete em colheradas assassinas.
E isso é sério.
Tanto minha tristeza quanto as colheradas assassinas.
Eu sei que eu disse tudo aquilo sobre o fato que Anne está cega, que Petunia teve muito tempo em que eu estive fora para plantar informações falsas e tudo o mais. Só que eu acho que pelo menos o direito de estar triste (apesar de saber que ela vai voltar) eu tenho.
Ou de estar com muita raiva.
De noite, Casa da Árvore, Quintal dos Evans.
Fiz o quê tinha que fazer. O quê está feito está feito. Obviamente eu não posso voltar no tempo para não ter aplicado um bom tapa em Petunia.
De cinema, segundo o cochicho de Mary enquanto Petunia me xingava de todas as formas possíveis. E impossíveis também.
Logo depois eu saí da sala e subi pra casa da árvore. Detalhe: tirei a escada.
Hunf. Quero ver minha querida irmã subir aqui.
Eu não estou errada, e sei disso. Ela me provoca desde que entrei pra Hogwarts. Faz anos que ela me pede por isso. Implora.
Eu só atendi o pedido dela.
Levantei o meu braço (que não é de cinema, nem de longe, já que se assemelha e muito com uma ossada de braço, ao invés de um braço) e soquei minha mão de unhas feitas (pelo menos isso estava decente) na face esquerda de minha irmã.
Não é um gesto totalmente fraternal?
Mas agora eu estou aqui, presa. Ela está gritando que vai jogar tinta em todas minhas roupas se eu não descer, mas eu sei que Mary estando entrincheirada no meu quarto ela não ousaria entrar lá. Muito menos realizar um ataque direto.
Só que eu não sei como vai ser quando meus pais chegarem. Quer dizer, eles não devem compreender que Petunia estava pedindo por um bom tapa e eu, sendo totalmente generosa e altruísta, atendi ao seu pedido.
Ao que me parece meus pais amam mais Tunia do que eu. Possivelmente os pais acabam dando 100% do amor deles ao primogênito, mas depois que eu nasci o amor fica divido em 60% para o mais velho e 40% para o mais novo.
Isso se a diferença não for mais terrível. O fato é que eu não me atrevo a dizer que eles me amariam tão pouco.
Acontece que Petunia é sempre tratada como se tivesse um problema psicológico – não que eu negue o fato dela ser esquizofrênica e psicótica, mas eles não sabem disso – e ela nunca leva nenhuma punição muito dolorosa por ter um comportamento assassino em relação à minha integridade.
Mas se eu dou um tapa nela, isso se transforma em:
“Lily Evans. Crime: quase arrancar a cabeça da irmã Petunia Evans. Castigo: condenação ao Inferno”.
Entende?
Petunia rasgou um vestido. Eu quase arranquei fora a cabeça dela (não que fosse fazer muita diferença). E o pior é que Petunia ainda reclama que eu sou preferida.
Hey!
Eu também sou louca. Eu também mereço que todos culpem meu comportamento agressivo pelo fato de me faltar a quantidade de juízo normal para qualquer garota de dezessete anos.
Ai, Deus. Eles chegaram.
Eu já posso sentir que o sangue não está chegando mais até meus dedos. Ai, que horror.
Meus dedos vão murchar, e secar, e cair, antes mesmo que eu desça até o chão. E depois minhas mãos.
E tudo isso será a condenação pelo fato que eu bati na minha irmã. Eu sei que é isso que acontece quando as irmãs caçulas espancam as mais velhas. As mãos delas caem. Assim elas nunca se esquecerão do ato de extrema maldade que cometeram quando tiveram dezessete anos.
E eu nunca vou poder segurar meus filhos com minhas mãos; porque eu não terei mãos.
Isso não pode ser minha vida.
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