h & d (falta terminar)
Hermione segurava frouxamente as mãos de Draco, balançando- as de um lado para o outro.
- Lembra do Dentuço Nu? - perguntou ela, rindo com delicadeza.
Draco deu um risinho, ainda constrangido, mesmo depois de todos aqueles anos. O dentuço Nu era o alter ego de Draco, inventado em uma festa na sexta série, quando a maioria deles se embebedou pela primeira vez. Depois de beber seis cervejas, Draco tirou a camisa, e Hermione e Gina desenharam uma cara bobalhona e dentuça em seu peito com marcador preto. Por algum motivo a cara despertou o demônio em Draco e ele começou a fazer o jogo da bebida. Todos se sentaram em círculo e Draco ficou de pé no meio, segurando um livro de latim e gritando verbos para que os outros conjugassem. A primeira pessoa a errar tinha de beber e beijar o Dentuço Nu. É claro que todos erraram, meninos e meninas, então o Dentuço teve muito agito naquela noite. Na manhã seguinte, Draco tentou fingir que nada tinha acontecido, mas a prova estava pintada em sua pele. Levou semanas para o Dentuço sair no banho.
- E o mar Vermelho? - disse Hermione. Ela analisou a expressão de Draco. Agora nenhum dos dois estava sorrindo.
- O mar Vermelho - repetiu Draco, mergulhado no lago azul dos olhos dela. É claro que ele se lembrava. Como poderia esquecer?
Em um fim de semana quente de agosto, no verão antes da oitava série, Draco tinha ido à cidade enquanto o resto da família Malfoy ainda estava no Maine. Hermione acordou em sua casa de sampo em Ridgefield, Connecticut, tão entediada que pintou uma unha de cada cor, dos pés e das mãos. Gina estava no castelo Weasley em Gleneagles, na Escócia para o casamento da tia. Quando Draco telefonou, Hermione pulou direto num trem em New Haven para Grand Central Station.
Draco encontrou Hermione na plataforma. Ela desceu do trem usando um tomara-que-caia de seda azul-clara e sandálias de tira de borracha cor-de-rosa. Os cabelos castanhos pendiam soltos, mal tocando os ombros nus. Ela não levava bolsa, nem mesmo uma carteira ou chaves. Para Draco, parecia um anjo. Que sorte ele tinha. A vida nunca foi melhor que no momento em que Hermione desceu na plataforma de sandálias, atirou os braços em torno do pescoço dele e o beijou na face. Que beijo maravilhoso e surpreendente.
Primeiro eles tomaram uns martínis no barzinho perto da entrada do Central Park, na bilt Avenue. Depois pagaram um táxi para a Parrk Avenue, até a casa na cidade de Draco, na rua 82.
O pai dele estava recebendo alguns banqueiros estrangeiros e ia chegar em casa muito tarde, então Hermione e Draco tinham a casa só para eles. O estranho é que era a primeira vez que ficavam juntos sozinhos e eles perceberam isso.
Não levou muito tempo.
Sentaram-se no jardim, bebendo cerveja e fumando cigarros. Draco usava uma camisa pólo de mangas compridas, e fazia muito calor, então ele a tirou. Seus ombros eram cheios de sardas pequenininhas e as costas musculosas e bronzeadas de horas nas docas, construindo um veleiro com o pai no Maine.
Hermione também estava com calor, então subiu na fonte. Sentou-se no joelho da Vênus de Milo de mármore, borrifando água em si mesma até que o vestido ficasse completamente ensopado.
Não era difícil ver quem era a verdadeira deusa. Comparada a Hermione, Vênus parecia um monte de mármore encaroçado. Draco cambaleou até a fonte e se juntou a ela, e logo os dois estavam arrancando o resto das roupas um do outro. Afinal, era verão. A única forma de suportar a cidade no verão é ficando completamente nu.
Draco ficou preocupado com as câmeras de segurança ligadas na casa o tempo todo, na frente e nos fundos, então levou Anahí para o quarto dos pais no andar de cima.
O resto é história.
Os dois transaram pela primeira vez. Foi desajeitado e doloroso, excitante e divertido, e tão doce que eles se esqueceram de ficar constrangidos. Foi exatamente como você quer que seja sua primeira vez, e eles não se arrependeram.
Em seguida, ligaram a TV, sintonizada no History Channel, em um documentário sobre o Mar Vermelho. Hermione e Draco deitaram-se na cama abraçados e ficaram olhando as nuvens pela clarabóia acima deles, enquanto ouviam o narrador do programa falar de Moisés dividindo o Mar Vermelho.
Hermione achou aquilo hilário.
- Você dividiu meu Mar Vermelho! – lamentou ela, esmagando Christopher com os travesseiros.
Draco riu e se enrolou no lençol feito uma múmia.
- E agora vou deixar você como sacrifício para a Terra Santa! – disse ele com uma voz gutural de filme de terror.
E ele a deixou por algum tempo. Levantou-se e pediu um festival de comida chinesa e um vinho branco vagabundo, e eles ficaram deitados na cama, comeram e beberam e ele dividiu o Mar Vermelho de Hermione novamente antes que o céu escurecesse e as estrelas brilharam na clarabóia.
Uma semana depois, Hermione foi para o internato na Hanover Academy, enquanto Draco e Gina ficaram em Nova York. A partir daí, Hermione passou todos os feriados e as férias fora – nos Alpes austríacos do Natal, na Republica Dominicana na Páscoa, viajando pela Europa no verão. Esta era a primeira vez que ela voltava, a primeira vez que eles se viam desde a divisão do Mar Vermelho.
- Gina não sabe, né? – perguntou Hermione a Draco em voz baixa.
Quem é Gina?, pensou Draco, com um ataque momentâneo de amnésia. Ele sacudiu a cabeça.
- Não. Se você não contou a ela, então ela não sabe.
Mas Ronald sabia, o que era quase pior. Draco tinha deixado escapar a informação em uma festa duas noites antes num acesso de porre totalmente idiota.
- Não. Se você não contou a ela, então ela não sabe.
Eles tinham tomado todas e Ronald perguntou: “E ai, Draco? Qual a sua melhor foda? Se é que você já comeu alguém.” “Bem, foi com a Hermione Granger”, gabou-se Draco, como um imbecil.
E Ronald não ia guardar segredo por muito tempo. Era picante demais e útil demais. Ronald não precisava ler aquele livro, Como fazer amigos e influenciar pessoas. Ele estava cagando para quem o escreveu. Apesar de ser meio fraquinho no quesito amigos. Hermione pareceu não perceber o silêncio constrangido de Draco. Ela suspirou, inclinando a cabeça para descansar no ombro dele. Hermione não tinha mais o cheiro de Cristalle de Chanel, que costumava ter. Cheirava a mel, sândalo e lírio – sua própria mistura de óleos essenciais. Era muito Hermione, completamente irresistível, mas se outra pessoa tentasse usar, provavelmente federia a cocô de cachorro.
- Que merda. Morri de saudades, Draco – disse ela. – Queria que você visse as coisas que eu fiz. Eu fui tão má.
- Como assim? O que você fez de tão ruim? – perguntou, Draci com um misto de medo e expectativa. Por um curto segundo ele a imaginou dando orgias em seu alojamento na Hanover Academy e tendo casos com homens mais velhos em quartos de hotéis em Paris. Ele queria ter podido visitá-la na Europa neste verão. Ele sempre quis transar num hotel.
- E eu também fui uma amiga horrível – prosseguiu Hermione. – Mal falei com a Gina desde que eu fui embora. E aconteceu tanta coisa. Sei que ela está puta comigo, pois nem me cumprimentou.
- Ela não está puta. Talvez seja só timidez.
Hermione olhou rapidamente para ele.
- Ah, ta – zombou ela. – Gina tímida. Desde quando Gina é tímida?
- Bom, ela não está puta – insistiu Draco.
Hermione deu os ombros.
- Bem, de qualquer jeito, é irado estar aqui com vocês de novo. Vamos fazer tudo o que a gente costumava fazer. A Gina e eu vamos matar aula e encontrar você na escada do Met, depois vamos naquele cinema antigo no Plaza Hotel pra ver algum filme esquisito até começar happy hour. E você e Gina vão ficar juntos para sempre e eu serei a dama de honra do casamento de vocês. E vamos ser felizes para sempre, como nos filmes.
Draco franziu o cenho.
- Não faça essa cara, Draco. Não é assim tão ruim né?
Draco deu os ombros.
– Não, parece legal – disse ele, embora claramente não acreditasse nisso.
- O que parece legal? – perguntou uma voz ríspida.
Assustados, Draco e Hermione desviaram os olhos um do outro. Era Ronald, e com ele estavam Cho, Luna e, por último mas não menos importante, Gina, parecendo mesmo muito tímida. Ronald deu um tapa nas costas de Draco.
- Desculpe, Draco. Mas você não pode roubar a Granger a noite toda, sabe como é.
Hermione olhou para Gina. Ou, pelo menos, tentou olhar. Gina estava muito concentrada puxando as meias pretas, centímetro por centímetro, dos tornozelos ossudos aos joelhos ossudos, e mais para cima, em volta das coxas musculosas de jogar tênis. Então Hermione desistiu e beijou primeiro Cho, depois Luna, e por fim foi na direção de Gina.
Gina só podia passar uma quantidade limitada de tempo puxando as meias antes que ficasse ridículo. Quando Hermione estava a centímetros de distância, ela olhou para cima e fingiu surpresa.
- Oi, Gina – disse Hermione, animada. Ela colocou as mãos nos ombros da garota mais baixa e se inclinou para beijá-la no rosto. – Desculpe por não ter ligado para você antes de voltar. Eu quis. Mas as coisas foram tão doidas. Tenho tanta coisa para contar a você!
Ronald, Cho e Luna assentiram um para o outro e encararam Gina. Era óbvio que ela mentira. Ela não sabia nada sobre a volta de Hermione.
O rosto de Dulce pegou fogo.
Acabada.
Draco percebeu a tensão, mas pensou que fosse por um motivo completamente diferente. Será que Ronald já contou a Gina? Será que ele é estava acabado? Não sabia. Gina nem mesmo olhou para ele. Foi um instante meio gelado. Não o tipo de momento que você espera ter com os amigos mais íntimos e mais antigos.
Os olhos de Hermione dardejaram de um rosto a outro. É claro que tinha dito alguma coisa errada, e rapidamente tentou deduzir o que seria. Eu sou uma imbecil, resmungou Hermione consigo mesma.
- Quer dizer, desculpe por não te ligar ontem a noite. Eu literalmente estava voltando de Ridgefield. Meus pais me esconam lá até pensar no que fazer comigo. Fiquei tão entediada.
Boa saída.
Ela esperou que Gina sorrisse de gratidão por dar cobertura a ela, mas só o que Gina fez foi olhar Cho e Luna de lado para ver se elas tinham percebido o deslize. Gina estava agindo de um jeito estranho, e Hermione tentou controlar uma crise de pânico. Talvez Draco estivesse errado, talvez Gina estivesse realmente puta com ela. Hermione deixou de acompanhar muita coisa. O divórcio, por exemplo. Tadinha da Gina.
- Deve ser muito ruim sem o seu pai aqui. - tentou Hermione. - Mas sua mãe parece tão bem, e Cyrus é um doce, é só a gente acostumar com ele. - Ela deu uma risadinha.
Mas Gina ainda não estava sorrindo.
- Pode ser. Ela olhou a carrocinha de cachorro-quente pela janela. - Acho que ainda não me acostumei com ele.
Os seis ficaram em silêncio por um longo tempo, tensos. O que eles precisavam era de outro bom drinque bem forte. Draco sacudiu os cubos de gelo do copo.
- Quem vai querer outro? - ofereceu ele. - Vou pegar.
Hermione estendeu o copo.
- Obrigada, Draco. Estou com uma sede danada. Eles trancaram a porcaria do armário de bebidas em Ridgefild. Dá pra acreditar nisso?
Gina sacudiu a cabeça.
- Não, obrigada.
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