uma hora de sexo queima



...360 calorias!

– Do que vocês dois estão falando? – perguntou a mãe de Gina, esgueirando-se ao lado de Draco e apertando a mão de Cyrus.
– De sexo. – Cyrus deu-lhe um beijo molhado na orelha
Eca.
– Oh! – guinchou Molly Weasley, ajeitando uma mecha ruiva que tinha escapado.
A mãe de Gina usava o tubinho de cashmere grafite que Blair tinha ajudado a comprar na Armani e mules de veludo pretas. Um ano antes ela não caberia no vestido, mas tinha perdido dez quilos desde que conhecera Cyrus. Estava ótima. Todo mundo achava isso.
– Ela parece mais magra. – Gina ouviu a sra. Bass cochichar com a sra. Chang. – Mas aposto que tem uma marca no queixo.
– Você deve ter razão. Ela deixou o cabelo crescer... isso é um sinal patente. Odeio as cicatrizes – cochichou a sra. Chang em resposta.
A sala zunia de fragmentos de fofoca sobre a mãe de Gina e Cyrus Rose. Do que Gina pôde ouvir, os amigos da mãe achavam exatamente a mesma coisa que ela, embora não usassem palavras como irritante, gordo ou mané.
– Senti cheiro de Old Spice – cochichou a sra. Lovegoog com a sra. Malfoy. – Você acha que ele está mesmo usando Old Spice?
Isso seria o equivalente masculino de usar desodorante corporal Impulse, que todo mundo sabe que é o equivalente feminino de asqueroso.
– Não tenho certeza – respondeu a sra. Malfoy aos cochichos. – Mas é bem possível. – Ela arrebatou um rolinho primavera de bacalhau e alcaparras da bandeja de Esther, colocou-o na boca e mastigou vigorosamente, recusando-se a dizer mais alguma coisa. Não suportaria que Molly Weasley as ouvisse por acaso. As fofocas e o palavrório eram divertidos, mas não à custa dos sentimentos de uma velha amiga.

Que besteira!, teria dito Gina se pudesse ouvir os pensamentos da sra. Malfoy. Hipócrita! Todas essas pessoas eram fofoqueiras terríveis. E já que vai fofocar, por que não aproveitar um pouco?

Do outro lado da sala, Cyrus agarrou Molly e a beijou na boca na frente de todos.
Gina se encolheu à visão revoltante de sua mãe e Cyrus agindo como adolescentes chatinhos com paixonite aguda e se virou para olhar a Quinta Avenida e o Central Park da janela da cobertura. A folhagem de outono estava em fogo. Um ciclista solitário pedalava pela entrada do parque na rua 72 e parou num carrinho de cachorro-quente na esquina para comprar uma garrafa de água. Gina nunca tinha percebido o carrinho de cachorro-quente antes, e se perguntou se sempre ficava parado ali ou se era novo. Engraçado o quanto a gente pode deixar de ver nas coisas que vê todo dia.

De repente, Gina ficou faminta, e ela sabia que só queria uma coisa: um cachorro-quente. Ela queria um agora – um cachorro-quente fumegante, com mostarda, ketchup, cebola e chucrute – e ela ia comer esse cachorro-quente em três dentadas e depois arrotar na cara da mãe. Se Cyrus podia enfiar a língua pela garganta da mãe diante de todos os amigos de Gina, então ela podia comer uma droga de cachorro-quente.

- Eu já volto – disse Gina a Luna e Cho.

Ela girou o corpo e começou a atravessar a sala, em direção ao hall da frente. Ia colocar o casaco, sair, pegar um cachorro-quente no carrinho, comer em três dentadas, voltar, arrotar na cara da mãe, tomar outro drinque e depois transar com Draco.

– Aonde você vai? – gritou Luna por trás dela. Mas Gina não parou; seguiu direto para a porta.

Draco viu Gina saindo e conseguiu se livrar de Cyrus e da mãe de Gina a tempo.

– Gina? – disse ele. – Que foi?

Gina parou e olhou nos olhos verdes e sensuais de Draco. Eram como as esmeraldas das abotoaduras que seu pai usava com o smoking quando ia à ópera. Ele está usando seu coração na manga, lembrou para si mesmo, esquecendo completamente o cachorro-quente. No filme de sua vida, Draco a pegava, carregava para o quarto e a violava.

Mas infelizmente esta era a vida real.

– Tenho de falar com você. – Gina ergueu o copo. – Enche pra mim primeiro?

Draco pegou o copo e Gina o levou para o bar com tampo de mármore pelas portas duplas que se abriam para a sala de jantar. Draco encheu um copo de uísque para cada um e depois seguiu Gina pela sala de estar mais uma vez.

– Ei, estão indo para onde, hein? – perguntou Ronald Bass quando eles passaram. Ele ergueu as sobrancelhas, olhando sugestivamente de banda.

Gina revirou os olhos para Ronald e continuou, bebendo quanto andava. Draco a seguia, ignorando Ronald completamente.

Ronald Bass, filho mais velho de Misty e Bartholomew Bass, era bonito, de uma beleza de comercial de barba. Na verdade, ele tinha feito uma propaganda do drakkar noir britânico, para consternação pública e orgulho secreto dos pais. Ronald também era o garoto mais galinha do grupo de amigos de Gina e Draco. Uma vez, em uma festa da sétima série, Draco tinha se escondido no armário do quarto de hóspedes por duas horas, esperando se enfiar na cama com Luna Lovegood, que estava tão bêbada que vomitou dormindo. Ronald não deu a mínima. Simplesmente foi para a cama com ela. Era totalmente inabalável quando se tratava de garotas.

A única forma de lidar com um garoto como Ronald era rir na cara dele, e é exatamente isso que faziam todas as garotas que o conheciam. Em outros círculos, Ronald podia ter sido banido como lixo da pior espécie, mas estas família eram amigas há gerações. Ronald era um Bass, e portanto estavam presos a ele. Eles se acostumaram com seu anel cor-de-rosa com monograma em ouro, o cachecol de cashmere com monograma azul-marinho e as cópias da foto de sua cara que se alastravam pelos muitos apartamento e casas de seus pais e cuspiam ara fora de seu armário na Riverside Preparatory School for Boys.

– Não se esqueçam da camisinha – gritou Ronald, erguendo o copo para Gina e Draco quando eles se viraram para o longo corredor atapetado em vermelho em direção ao quarto de Gina.

Gina pegou a maçaneta de vidro da porta e girou, surpreendendo Kitty Minky, sua gata Russian Blue, que estava enroscada na colcha de seda vermelha da cama. Gina parou na soleira da porta e se inclinou para Draco, apertando seu corpo junto ao dele.

Ela estendeu o braço para pegar a mão de Draco. Naquele momento, as esperanças dele se reanimaram. Gina estava agindo de um jeito sexy e apaixonado e será... que alguma coisa estava prestes a acontecer?

Gina apertou a mão de Draco e o puxou para dentro do quarto. Tropeçaram um no outro, caindo na cama, e entornaram a bebida no tapete de pêlo de cabra. Gina riu; o uísque que ela derrubou tinha ido direto para a sua cabeça.

Estou quase transando com o Draco, pensou Gina. E depois os dois iam se formar em junho e iriam para Yale no outono, e teriam uma cerimônia de casamento enorme quatro anos depois e encontrariam um belo apartamento na Park Avenue e o decorariam todo com veludo, seda e peles e transariam um dia em cada cômodo.

De repente a voz da mãe de Gina soou, alta e clara, pelo corredor.

- Hermione Granger! Que surpresa agradável!

Draco largou a mão de Gina e se pôs de pé como um soldado que levou uma bronca. Gina se sentou dura na ponta da cama, colocou o copo no chão e agarrou a colcha com força, os nós dos dedos esbranquiçados. Ela olhou para Draco.
Mas Draco já estava se virando para sair, andando a passos largos pelo corredor para ver se aquilo podia ser verdade. Será que Hermione Granger tinha realmente voltado?

O filme da vida de Gina a uma guinada súbita e trágica. Gina apertou a barriga, faminta novamente.

No fim das contas, ela devia ter ido comer o cachorro-quente.

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