Certo para ser errado










Nova pagina 1





Kevin foi acordado por uma trovoada.O dormitório estava
escuro, mas o relógio sobre o criado-mudo dizia já ser de manhã.Ele se levantou
surpreso por ver a cama de Joshua vazia, já que ele sempre acordava atrasado.Só
então se deu conta de que ele levantara cedo para não o encontrar.Então as
lembranças do dia anterior caíram sobre Kevin como uma avalanche.Como gostaria
de fingir uma doença e ficar na cama o dia inteiro, mas com Harry por perto,
qualquer tentativa sua de matar aula erra impossível.Harry, Harry, Harry!Sempre
o fantástico Harry Potter a atrapalhar a sua vida!Kevin se sentiu culpado
no instante em que pensara nisso. Meu pai não tem culpa das idiotices que eu
faço, pensou ele.


Após se arrumar, Kevin desceu para o café sentindo-se o
ultimo dos bruxos.Incontáveis pares de olhos se voltaram à sua passagem, já que
ele não foi visto após a briga.Ignorando os comentários propositalmente altos,
Kevin se sentou à mesa da Grifinória, tentando decidir o que comer.Já estava
quase se acostumando aos murmúrios e cochichos dos colegas a respeito das suas
atitudes.Afinal, era sempre Kevin Potter isso, Kevin Potter aquilo,
ele achou melhor deixar tudo como estava se quisesse manter a sanidade.


Sempre carrancudo, Kevin afogou os sucrilhos no leite e
ficou olhando para a tigela sem a mínima vontade de comer.Levou um susto quando
Marcel se sentou a sua frente e o ficou encarando.


- Não pode me bater aqui, tem professor por toda à parte –
disse Kevin, monotonamente.


Marcel continuou o encarando sem uma palavra.


- Sei o que está pensando, se não quiser mais falar comigo
eu entendo.


Marcel continuava a fitá-lo em silencio.


- Tá legal!Você quer uma confissão, não quer? – disse
Kevin, em tom desesperado – Eu estava com raiva naquela hora, não sei o que me
deu, descontei todo o meu ódio em Joshua, sem bem que ele é um imbecil e merece
um soco mesmo.Na hora nem vi quem estava na minha frente, saí estapeando todo
mundo.Desculpa então!


 Marcel sorriu.


- Assim está melhor! – disse ele.


- Não está chateado comigo? – perguntou Kevin, hesitante.


- Não. Mas se me der outra cotovelada, juro que arranho os
seus dentes no quadro negro até você desmaiar.


Kevin riu, aliviado.Podia até abraçá-lo naquele
momento.Marcel era o seu melhor amigo, sempre tranqüilo e bem humorado, Kevin
não saberia o que fazer sem sua amizade.


- Qual foi a sentença? – perguntou Marcel empilhando
torradas dentro do prato.


- Detenção e treinamento disciplinar diário com o meu pai.
– disse Kevin, um pouco mais animado, decidindo comer afinal.


- Bem feito. – disse Marcel.Ele olhou concentrado para a
pilha de torradas, disse um “Iááá!” e tentou parti-las com um golpe de
caratê com a mão.Tudo o que conseguiu foi umas torradas quebradas e espalhar
farelo sobre as vestes.


- Muito bem, não tenho vocação pra ninja – disse ele – Você
não vai se desculpar com Joshua?


- Não mesmo! – disse Kevin, enfático.


Marcel ergueu a sobrancelha.


- Ele só estava defendendo Kim de você, tecnicamente você é
o culpado na história.


Kevin abriu a boca para responder, mas percebeu que Marcel
tinha razão.Foi salvo por Wanessa que se aproximava deles com um jornal na
mão.Ela beijou Marcel e se voltou para Kevin.


- Como vai o nosso pugilista preferido? – perguntou ela com
um sorriso zombeteiro no rosto.


- Ele vai bem, obrigado. – respondeu Kevin.


- Olha só – ela estendeu o jornal para Kevin – Você está
umas estrofes mais famoso essa manhã.


- Porquê? – perguntou Kevin desdobrando o jornal.Sua boca
se abriu num esgar de surpresa – O que é isso?


Havia uma foto dele e de Joshua trocando socos e a manchete
dizia “ Kevin Potter; adolescente rebelde ou filho incompreendido?”.


- C-como isso foi parar aqui? – perguntou assustado olhando
de Wanessa para Marcel.


- Termina de ler – disse Wanessa.


Kevin leu aturdido a noticia:


“Kevin Potter, herdeiro primogênito de Harry Potter deu
mostras do seu comportamento arredio neste domingo dia vinte e dois de outubro
ao atacar seu colega de classe Joshua Doherty nos jardins de Hogwarts por
motivos pessoais. Dizem alguns colegas seus que Kevin vem se comportando de
maneira selvagem desde que seu pai assumiu o cargo de professor de Defesa Contra
as Artes das Trevas. Todos sabem que Harry Potter é um pai ausente, que vive em
arriscadas missões e que dedica pouquíssimo tempo ao filho. O que pode até
justificar toda essa rebeldia que afeta até os seus melhores amigos Kimberly e
Marcel Weasley, os quais sofreram agressões por parte do garoto. Poucos conhecem
a verdadeira face de Kevin Potter que aparenta ser um garoto brilhante em todas
as disciplinas do colégio, porém em seu interior há um garotinho que precisa da
atenção do pai omisso.Toda essa fúria reprimida do garoto é uma tentativa
desesperada de chamar a atenção de Harry Potter que parece estar mais ocupado
com o seu cargo de herói do que com os sentimentos do filho.Isso nos leva a uma
questão inevitável: se Harry Potter não é capaz de controlar o próprio filho,
poderá ele dirigir aulas a alunos numa idade particularmente difícil com
êxito?“.


Kevin continuou a ler noticia, derrapando em palavras como
“garoto emocionalmente instável”, “pai negligente” e “ego inflado”. E no fim a
assinatura “Por Rubi Marlowe”.


- Eu acho que vou vomitar! – gemeu Kevin estendendo o
jornal para Marcel.


- Emocionalmente instável? – disse Wanessa, rindo – pra mim
isso é falta de beijo.


- Marcel, manda a sua namorada ficar quieta? – disse Kevin,
rispidamente – agora entendi porque todo mundo me olhou como se eu fosse um
alienígena quando entrei.Quer dizer, não que não fizessem isso sempre, só que
hoje foi diferente.Do jeito que ela pôs as coisas, parece que eu sou um doente
mental e o meu pai um carrasco nazista!


Marcel terminou de ler a noticia e suspirou.


- Não é hora pra se indignar Kevin, temos que descobrir
como essa jornalista soube da sua briga com o Joshua, caso contrário ela vai
fazer da sua vida um escândalo publico. – disse ele – já ouvi a tia Katreena
falando sobre essa Rubi Marlowe, o tio Harry e tudo o que se relaciona a ele
sempre foi uma obsessão pra ela.E isso inclui você.


- Mas vocês não vão bancar os detetives agora – disse
Wanessa pondo a mochila nas costas - a aula já vai começar.


- Eu sabia que não deveria ter saído da cama...- suspirou
Kevin tristemente.


 


Kevin sempre detestara as segundas, mas esta provou ser a
mais terrível até agora. As aulas se assemelhavam muito com torturas. Kevin
estava travando uma verdadeira batalha contra o fogo sob o seu caldeirão que
teimava em apagar na aula de Poções. Depois que atingiu o próprio dedo com
fagulhas saídas da varinha, Kevin soltou um palavrão e atirou a varinha no chão
chamando a atenção de Snape, coisa que estava tentando evitar a todo o custo.


- O garoto Maravilha está tendo problemas com o fogo? –
perguntou Snape desdenhoso – seu pai está na sala acima porque não o chama e
pede a ele que acenda o fogo para você?


Kevin se abaixou para pegar a varinha, rangendo os dentes
de raiva.


- Sabe Potter, andei lendo o jornal esta manhã – disse
Snape sorrindo maldosamente – A imprensa pode ser cruel às vezes, mas é muito
verdadeira.Você é um delinqüente a procura de atenção, só a mente obtusa do seu
pai é que não percebe isso.


Kevin encarou Snape, pronto para revidar, mas então se
lembrou de que mais uma detenção só pioraria as coisas.Snape o olhava com um
sorriso desdenhoso no canto dos lábios a espera da resposta do garoto, pronto
para aplicar-lhe uma detenção.Kevin saciou a sua raiva imaginando Snape de
vestido vermelho dançando Can-can em meio ao salão principal na hora do
jantar.Sorriu para o professor e voltou a se concentrar no caldeirão. Snape
fuzilou Kevin com os olhos e se afastou decepcionado.


A aula de Herbologia tampouco foi melhor.Os alunos ainda
comentavam o artigo de Rubi Marlowe e não escondiam o olhar de pena quando
miravam Kevin. Com exceção de Kim que nem ao menos olhava para ele. Hazel
Dilworth se aproximou de Kevin e disse com um ar pesaroso:


- Kevin, está tudo bem com você? – ela não esperou ele
responder – olha, eu não fazia idéia de que você se sentia assim em relação ao
seu pai, sabe, você parecia ser tão feliz!


Kevin abriu a boca para responder, mas ela o interrompeu:


- Se você se sente sozinho, pode conversar comigo, sou sua
amiga tanto nas horas boas ou ruins. – o tom dela era maternal e compreensivo e
isso deixou Kevin exasperado.


- É aquele maldito artigo de novo! – disse ele cuspindo
fogo – Não sou um desequilibrado mental como parece, tá escrito doente na
minha testa por acaso?


- Kevin, sabemos como filho de celebridade sofre e toda
essa sua ferocidade que você vem apresentando ultimamente se deve a isso, não
tente negar. – ela falava pacientemente como se fosse uma psicóloga.


Kevin revirou os olhos com absoluta impaciência.


- Hazel, agradeço a sua preocupação mas está tudo bem, se
algum dia eu ficar doido pode ter certeza de que vou te chamar pra me curar,
agora tchau! – e voltou a se concentrar na sua planta.


A única coisa boa desse artigo foi a atenção redobrada que
Kevin recebeu de Eve.No intervalo entre as aulas, ela o procurava e o enchia de
beijos dizendo que preencheria qualquer vazio que ele tivesse.Kevin não teve
coragem
de desmentir e fazendo com uma expressão de coitadinho disse
que precisava mesmo de carinho. Eve lhe deu um excitante e demorado beijo,
deixando para trás um avoado Kevin caminhando trôpego para a aula.


Depois das aulas, Kevin estava na sala comunal com Marcel e
Tristtan quando Harry entrou segurando uma grande caixa de madeira.


- Tenho uma boa noticia, Kevin – disse Harry.


- Você desistiu dessa idéia ridícula de treinamento
militar? – ele arriscou esperançoso.


- Não, a professora McGonagall dispensou você da sua
detenção – Kevin sorriu aliviado – Porém ela me deu a sugestão de estipular o
horário de uma hora por treino.


- Isso é o que eu chamo de boa noticia – disse Kevin,
sarcástico.Ele se levantou da poltrona e acenou para os amigos – Tchau pessoal,
foi bom conhecer vocês.


 


A boa noticia era que não estava chovendo, o céu estava com
algumas nuvens e o tempo estava meio frio, mas nada muito grave.A má era que
tinha um bom grupo de alunos muito animados em ver Kevin cumprindo o seu castigo
publicamente. Kevin se arrastou até o campo de quadribol pensando numa
infinidade de coisas que poderiam acontecer com ele.


- Muito bem – disse Harry depositando a caixa de madeira no
gramado do campo – Você odeia jogar quadribol porque odeia seguir regras, e é
isso o que falta em você, disciplina...


Kevin ergueu a mão o interrompendo.


- Um sermão por semana é o meu limite pai, podemos acabar
logo com isso ou você vai querer me torturar por mais tempo?


- Depende do tempo que você vai demorar para aprender...-
disse Harry.


- Eu estou mais controlado, juro! – disse Kevin
ansiosamente – hoje eu resisti às provocações do Snape e não respondi, não
peguei uma detenção, olha só como estou mudado!


- Não respondeu?Quero que seja disciplinado não um
molenga.Ganhou mais uma hora de treino por isso. – rosnou Harry.Kevin olhou para
o pai, perplexo.


- Vai entender...- Kevin murmurou encolhendo os ombros.


- Chega de papo – disse Harry – Primeira lição; você
precisa de condicionamento físico para ser um bom jogador de quadribol,
portanto, quero que dê uma volta em torno do campo.


Kevin obedeceu sem dizer uma palavra.Correu em volta do
campo sentindo os olhares sobre si e ouvindo uma ou outra risada.Ao terminar a
volta se juntou a Harry, ofegante.


- Pronto...o...que...vem...agora? – inspirou profundamente
para tomar fôlego.


- Alguns polichinelos para alongar os músculos. – disse
Harry distraidamente conferindo alguns balaços dentro da caixa.


- O quê? Pai, você pirou? – bradou Kevin – Pra quê todo
esse exercício se eu vou passar o jogo todo no ar, montado numa vassoura?


- Não me questione, obedeça. – disse Harry,
enfático.


- Eu não preciso de exercícios!Você era um pirralhinho
magricela quando começou a jogar quadribol e não precisou de alongamentos para
se tornar o melhor jogador do século.


- E você, alto e forte não enxerga um pomo na frente do
nariz – disse Harry – anda, pulando.


Kevin chutou a sua vassoura que jazia abandonada no chão e
começou o exercício, absolutamente cônscio das risadas dos colegas, o rosto
ardendo em humilhação.


Harry enfeitiçou três balaços e os atirou contra Kevin para
que ele se desviasse.Fizeram isso durante todo treino e Kevin sempre colidia com
a bola.


Cansado e com uma raiva mortal do pai, Kevin se encaminhou
para a biblioteca aonde teria que terminar um extenso trabalho de Poções.Com a
cabeça latejando pelas pancadas dos balaços ele entrou na biblioteca e foi
diretamente à estante à procura do livro Minerais Místicos e Você.Enquanto
esquadrinhava a estante, ele ouviu um murmúrio de conversas abafadas na estante
da frente.Ele olhou pela fresta entre os livros e viu alguns alunos dos quais
reconheceu apenas Jonatan Smith da Lufa-lufa e Takeshi Nakao da Corvinal.Os
outros três estavam de costas e ele não pode identificar.


- Eles estavam lá embaixo até agora a pouco – disse Jonatan
– depois não vimos mais nada, mas temos certeza de que é uma tática diferente da
Grifinória.


- Diferente e desleal – disse um garoto – todos os outros
times treinam sozinhos e a Grifinória tem Harry Potter como técnico!


- Ouvi dizer que era detenção extra pela confusão de ontem
– disse Takeshi.


- Que nada!Isso é só fachada.- disse o outro garoto –
Potter pediu ajuda ao papaizinho, ele não é capaz de enfrentar os outros times e
agora tem treino extra.Sempre achei aquele garoto um babaca.


Kevin ouvia a conversa aborrecido, esquecera completamente
do livro que procurava.


- Claro que ele é um babaca, sempre com essa pose de “eu
sou melhor que todo mundo” – disse o garoto que Kevin reconheceu ser Clarck
Risdhofer – ele sempre aparece nos jornais e vive em festas, grande coisa!


- Me contaram que o ministro sempre janta com a família
dele e que tem uma piscina cheia de Galeões na casa dele.- disse Takeshi.


- Importante ou não, esse Kevin Potter tem saber que não
beijamos o chão que ele pisa – disse Jonatan – ele tem que saber que não fazemos
parte do fã-clube dele, nós temos que por um fim nessa trapaça dele treinar com
o pai.


Houve murmúrios de concordância.Kevin saiu de trás da
estante com uma expressão sombria.


- Porque não começam a me contar agora? – disse ele
friamente.


- Potter, você estava aí? – disse Jonatan, surpreso.


- Não, estou voando ali fora, não está me vendo na
vassoura? – disse ele cinicamente – Porque vocês não me dizem logo o que pensam
de mim ao invés de ficarem ai, cochichando como um bando de garotas?


Os garotos se entreolharam incomodados.Jonatan engoliu em
seco e disse hesitante:


- Sabe Potter, não queremos arranjar confusão, seu pai é
professor e...


- Tá, não preciso ouvir mais nada – interrompeu Kevin,
secamente – já ouvi o suficiente, boa noite colegas.- arrancou com
violência o livro que procurava na estante e saiu empurrando quem estivesse na
frente.


 


Na manhã seguinte, Kevin teve outra surpresa
desagradável.Na hora do café, varias corujas voaram em direção a Harry e
despejaram punhados de cartas sobre ele.Hagrid e Longbottom o ajudaram a
abri-las e todas pareciam dizer a mesma coisa: Harry Potter era um pai
desnaturado e já não merecia mais tanta afeição assim por parte das várias fãs
que tinha.Kevin até que achou divertido ver o pai com problemas depois da
humilhação da noite anterior.Ele e Marcel apontavam para Harry e passavam o dedo
indicador pelo pescoço como se estivessem passando uma faca e riam
silenciosamente da careta insatisfeita que Harry fazia.Então, uma coruja
estranha pousou na mesa em frente a Kevin, trazendo um envelope no bico.


- O que será isso?Uma carta de uma fã sua dizendo que vai
arrancar todos os pôsteres seus que tem no quarto? – perguntou Marcel, rindo-se.
Kevin pegou o envelope e arregalou os olhos.


- Antes fosse! – disse ele com a voz cheia de terror –
Mamãe mandou um berrador!


Ao ouvirem a palavra berrador, os alunos da mesa da
Grifinória voltaram os olhares para Kevin.


- Abre logo! – disse Marcel, sério – vai ser pior se
explodir.


Kevin abriu o envelope com a ponta dos dedos e
imediatamente tampou os ouvidos. A voz de Katreena soou com um estrondo pelo
salão fazendo as louças tilintarem:


“KEVIN HARRYSON POTTER! QUE COMPORTAMENTO É ESSE
RAPAZINHO? EU ABRO O JORNAL DE MANHÃ PARA LER O MEU HORÓSCOPO E O QUE EU VEJO?
KEVIN POTTER ESTÁ SE TORNANDO UM DELINQUENTE QUE AGRIDE OS AMIGOS SEM MOTIVO
ALGUM! É ESSE O COMPORTAMENTO QUE EU ESPERO DE VOCÊ HARRYSON? É TUDO CULPA DO
SEU PAI QUE FAZ TODAS AS SUAS VONTADES E O RESULTADO DISSO FOI UM GAROTINHO
MIMADO E DESREGRADO! FALANDO EM HARRY, ONDE É QUE ESSE PALERMA ESTAVA QUE NÃO
VIU VOCÊ ESPANCANDO O SEU AMIGO? QUE ESPÉCIE DE IMBECIS SÃO VOCÊS DOIS? UM
APRONTA E O OUTRO ENCOBERTA! AH, MAS VOCÊS SE METERAM EM SERIOS APUROS, MAL
POSSO ESPERAR AS FÉRIAS DE NATAL PARA ACERTAR AS CONTAS COM VOCÊS HARRY E
HARRYSON! MAS EU DIGO UMA COISA, SE EU TIVER QUE FAZER UMA PLASTICA PARA
ENCOBRIR AS RUGAS DE PREOCUPAÇÃO QUE VOCÊS ME FAZEM TER, VOCÊS PAGARÃO BEM CARO,
NO SENTIDO FIGURADO E LITERAL!”.


A carta se auto destruiu diante dos olhos de Kevin que
estava pálido e depois seu rosto assumiu uma intensa cor vermelha.O mesmo
aconteceu com Harry que estava paralisado olhando para o filho.O silencio após o
berrador foi quebrado por murmúrios repentinos e risadinhas aqui e ali.Snape
olhava para Harry sorrindo maldosamente e fazendo “tsk,tsk”.


 Harry e Kevin se entreolharam e passaram a mão pelos
cabelos ao mesmo tempo em um gesto inconsciente e preocupado.Quem os observava
não podia deixar de notar a exata semelhança entre os dois.


 


O dia das bruxas se aproximava e esse era tema de todas as
conversas entre alunos e professores.Todo o ano a professora Trelawney
organizava o baile de Halloween a fantasia, talvez fosse essa a sua única obra
importante em Hogwarts e Dumbledore deixava tudo aos seus cuidados.Então ela
infernizava os monitores andando de um lado a outro com um ar atarantado pondo
defeito em tudo o que eles faziam.No dia anterior ao baile, Eve chamara Kevin
para ajudá-la na decoração do salão, mesmo não sendo monitora ela fazia parte do
comitê de organização.As tradicionais abóboras gigantes de Hagrid estavam
espalhadas pelo salão e vários alunos trabalhavam nelas.Eve jogava purpurina nos
castiçais de mesa com a varinha e Kevin a ajudava.


- Foi muita gentileza sua me ajudar com isso meu amor,
tenho um monte de castiçais pra enfeitar e não estou nem no começo ainda. –
disse Eve, purpurinando uma vela.


- De nada – disse Kevin encaixando uma vela no suporte de
metal – essa foi uma excelente maneira de fugir do treino com o meu pai.Ele está
me matando!Ontem ele quase quebrou o meu pescoço com a goles!


- Não seja tão dramático Kev, ele só quer que você seja o
melhor.


- Fala isso porque é fã dele – ele grunhiu – falando em
quadribol, pra quando está marcado o seu jogo?


- Dia vinte – disse ela, distraidamente – vamos derrotar a
Corvinal antes das férias.


- Parece confiante. – disse Kevin, sorrindo.


Eve encolheu os ombros, indiferente.


- Venable é um idiota, só mesmo um verdadeiro pateta para
perder dele – disse ela. Kevin fez uma cara de desagrado – Oh meu amor, me
desculpe!Não estava falando de você, sabemos que aquilo foi um acidente. Com
certeza dará o troco no próximo jogo, você é o máximo!


- Então vou tentar ser o mínimo, porque o máximo não está
funcionando – disse Kevin infeliz.


 


Kim recusara todos os convites de acompanhantes para o
baile.Na verdade nem estava pensando em ir, porém Mabel e Amanda insistiram
tanto que ela acabou cedendo.Por fim, aceitou ir com Montgomery que lhe convidou
sutilmente ao contrário dos outros garotos. Sua fantasia estava guardada no
malão, esperando pela festa.Todo ano ela e Kevin combinavam as fantasias; no
primeiro ano foram de lobo mau e chapeuzinho vermelho, no segundo de hippies,
no terceiro de Power Rangers e no quarto de elfos domésticos. Mas
este ano ela não estava nem um pouco animada, não tinha vontade de fazer nada.Harry
notara como ela estava abatida e a mandou procurar Madame Pomfrey.Kim ignorou o
tio e achou melhor deixar como estava; se chegasse aos ouvidos da mãe que estava
doente estaria metida numa baita encrenca. Hermione tinha uma mania quase
hipocondríaca de mandar os filhos ao médico e sabia ser bem neurótica às vezes.


Kim evitava Kevin o máximo possível, tanto nas aulas quanto
nos treinos.Já não trocavam provocações como antes, apenas não se olhavam.E isso
era totalmente estranho para os seus colegas que eram acostumados a vê-los todos
os dias rindo muito durante as aulas e fazendo brincadeiras fora delas.Parecia
que a briga afetara a todos, não podiam dizer o nome de Kim na frente de Kevin e
vice-e-versa porque senão o clima ficava tenso.Mas era evidente que os dois se
completavam e que a falta de um afetava intensamente o outro.


 


Os alunos foram dispensados mais cedo das aulas para que
pudessem se arrumar. Mesmo porque ninguém exceto Snape conseguiria dirigir aula
alguma tamanha era a empolgação dos alunos.


- O general Potter dispensa o cabo Kevin do treinamento
hoje? – perguntou Kevin para Harry. Ele tinha passado na sala do pai depois das
aulas para ver do que Harry iria fantasiado – Anda pai...se eu tiver que treinar
vou estar cansado demais para o baile, aí você vai ter que agüentar a
choradeira da Eve.


- Certo Kevin, pare de resmungar. – disse Harry – Falando
em Eve, como vai o seu namoro com ela?


- Às vezes acho que vou ser estuprado por ela...- disse
Kevin distraído esquadrinhando a sala por os olhos.Harry ergueu a sobrancelha.


- E isso é bom ou ruim?


- Acho que não, assim passo rápido do ranking dos virgens
desesperados para pervertido convicto...- Ele focalizou um terno sobre a
poltrona – Vai vestido de trouxa?


- É. – disse Harry, sério. Kevin deu uma risadinha.


- Tá brincando?


- Não, aliás Kevin, tenho que alertar você sobre uma coisa.
– disse Harry – Você sabe quem é Rubi Marlowe, aquela jornalista que escreveu
sobre você.


- Sei. – disse Kevin – ela falou comigo sábado passado.


- Falou?


- É, ela me cumprimentou e depois falou com Eve sobre
alguma coisa.


- Tome cuidado com ela Kevin, aquele artigo foi inocente
perto do que ela pode escrever.Ainda não descobrimos como ela soube da sua briga
com Joshua e se foi por algum meio ilegal.


- Nossa, ela é tão perigosa assim? – perguntou Kevin,
incrédulo.


- Ela já tirou muitos empregos de pessoas no ministério com
boatos não esclarecidos.Rubi está tentando provocar a minha queda e procura por
qualquer coisa que seja noticia.Portanto, não deixe cartas a mostra, cuide do
seu comportamento e nunca dê o endereço da nossa casa para estranhos.


- Ahan...vai mesmo de trouxa?Credo pai, que falta de
criatividade!


Harry não prestou atenção, parecia ter se lembrado de algo
subitamente.


- Você disse que ela conversou com Eve? – perguntou Harry.


- É...- Kevin balançou a cabeça negativamente – Sem chance
pai, o máximo que poderia ter acontecido era Eve escrever a Srta. Marlowe
contando da briga, e não daria tempo para passar pro jornal.E a foto?A tal
jornalista tinha que estar ali para tirar a foto.


Harry, no entanto não parecia estar convencido.


- Kevin, tome cuidado, você está cego por essa
garota.


- Até você?Pai, não estou cego por Eve, gosto dela.


Harry encarou o filho zombeteiro.


- Gosta mesmo? Eve ou seu Playstation?


- Eve ou Playstation, Eve ou Playstation...- murmurou
Kevin, pensativo.Harry deu um sorriso triunfante.


- Ah, que pergunta idiota!Dá licença, vou me arrumar.-
Kevin saiu da sala correndo.


- Adolescentes...- disse Harry, balançando a cabeça.


 


A festa teria inicio às oito horas, mas as alunas estavam
se arrumando desde cedo.Mabel vestida de Alice no País das Maravilhas
brigava com a varinha na tentativa de cachear as pontas do cabelo e por fim
desistira quando o cabelo ficou completamente em pé, Hazel estava com a
respiração presa tentando desesperadamente fechar a sua fantasia de
Mulher-gato
, porém esta parecia apertada demais.Kim continuava deitada cama
observando as suas amigas se arrumarem. Amanda se aproximou dela com uma intensa
expressão reprovadora.


- Porque você ainda não se arrumou?Vai dizer que
ainda está com essa idéia absurda de não ir ao baile? – perguntou ela com as
mãos na cintura.


- Você está sensacional, Amanda.- disse Kim apática, em
resposta.Amanda estava mesmo muito bonita num vestido verde oliva de donzela
medieval.


- Francamente! – bradou Amanda. Ela foi até o malão
de Kim e o vasculhou até encontrar a fantasia dela e a atirou com violência
sobre a amiga.


- Você não vai ficar deitada ai chorando, só porque aquele
trasgo não vai com você ao baile – disse ela, furiosa – Vocês não nasceram
grudados como dois gêmeos siameses, pode muito bem sobreviver sem ele.Agora
levanta daí e muda de roupa, se me desobedecer juro que te estuporo, sou
monitora e tenho permissão pra isso! – Kim e as outras garotas observavam Amanda
assustadas. – Vou sair pra ver se Tristtan já está pronto e quando voltar quero
ver a senhorita arrumada, estamos entendidas?


Kim balançou a cabeça positivamente, assustada.


- Ótimo. – Amanda vociferou e saiu do quarto.Hazel encostou
o dedo indicador na cabeça e o rodou como quem diz “ela é louca”.


- Para ter acesso à mais um chilique de Amanda Carter, por
favor, consulte a programação...- disse Mabel usando a entonação de voz como uma
aeromoça.


 


Kevin com uma longa capa negra numa fantasia de Dementador
estava esperando Eve no pé da escada como ela pedira. Ele se sentia meio idiota
ali parado vendo os outros alunos irem para o salão principal, mas não queria
contrariar a namorada.Não porque não queria vê-la chateada, mas porque ela
provavelmente passaria a festa inteira emburrada e falando como ele era
deselegante.E isso era o que Kevin mais detestava nela.


Marcel e Wanessa desceram as escadas vestidos de
Vickings
, acenaram para Kevin e foram em direção ao salão. Só então Kevin se
lembrou que tinha combinado com Kim de nesse ano irem com fantasias opostas no
baile, ele de Dementador e ela de fada. Pareciam até que estavam adivinhando que
iriam ao baile separados, mesmo quando Kevin e Amanda eram namorados, eles
combinavam as fantasias.Mas tudo isso parecia fazer parte de um passado muito
distante em que eles eram amigos e compartilhavam tudo.Só então Kevin se deu
conta da falta que sentia de Kim, de como eles se divertiam juntos, de como ela
era importante. Ele especulou se ela também sentia a sua falta, mas logo afastou
o pensamento da sua mente. Kim parecia ocupada demais com os novos amigos para
sentir a sua falta.A voz de Eve no alto da escada fez Kevin voltar à realidade.


- Reverencie Eve Blackwell, a rainha das trevas! – Disse
ela em tom solene. Kevin prendeu a respiração ao observar Eve descendo
majestosamente a escadaria. Ela usava um corpete preto e vermelho sem alças e
uma saia preta esvoaçante, maquiagem negra sobre os olhos e caninos postiços de
vampiro.No pescoço pendia um colar de diamante negro e ela usava sobre os ombros
um casaco escuro de vison. Kevin segurou a sua mão quando ela estava no
ultimo degrau, a beijou e depois fez uma reverência.


- Você está linda vossa alteza!


- Ai Kevin, tira esse capuz desse jeito ninguém vai ver seu
rosto! – disse ela, puxando o capuz da fantasia dele.Kevin rangeu os dentes
“Grrr!Ela tem que estragar o momento!”.


- Já viu algum Dementador sem capuz? – perguntou ele
exasperado, puxando o capuz de volta.


- Que bobagem, nunca vi um Dementador – disse Eve,
segurando o braço dele – Vamos logo, estou louca para ver o resultado da
decoração!


E Kevin se deixou conduzir por Eve para o salão principal.
O salão de Hogwarts que já era bonito estava espetacular na noite de Halloween.
Abóboras com velas dentro flutuavam deixando o salão com uma tênue luz laranja,
as mesas das quatro casas haviam sido retiradas e foram postas várias mesinhas
de café parisiense de ferro em torno do salão deixando um grande espaço no meio
para a pista de dança.Numa extremidade do salão estava armado o palco onde a
banda de Hogwarts formada pelos alunos tocaria e ao canto a mesa dos
professores, ao contrário do resto do castelo, o salão estava bem aquecido e
perfumado. Richard Creevey, Madison Clearweather da Sonserina, Aléxis Desforges
da Lufa-lufa e Lindsay Green-Garden subiram ao palco e tomaram seus lugares
diante dos instrumentos. Uma musica agitada ecoou pelo salão e vários pares se
dirigiram para a pista de dança. Os pratos sobre as mesas começaram a encher de
vários tipos de comida a medida que os alunos tomavam os seus lugares.Kevin
ficou boquiaberto ao entrar no salão, não tanto pela decoração, mas pela
quantidade de alunos do primeiro ano usando vestes negras com o brasão do
Ministério da Magia, óculos de aros redondos com cicatriz feita a lápis na
testa, enfim, estavam vestidos de Harry Potter.


- Só pode ser brincadeira! – disse Kevin olhando para um
primeiranista vestido como Harry que corria pelo salão gritando “gostosuras ou
travessuras”.


- Eles não umas gracinhas? – perguntou Eve, rindo.


- Totalmente – disse Kevin, sarcástico.


- Vamos, as minhas amigas estão me esperando – disse ela,
puxando Kevin pelo braço.


- Não mesmo, sinto muito mas não vou passar a noite ao lado
de um bando de gralhas da Sonserina. – disse Kevin, se desvencilhando de Eve.


- Eu sou da Sonserina se você se esqueceu e elas são as
minhas
amigas e quero ficar perto delas! – disse Eve,visivelmente
contrariada.


- Então vá ficar perto delas! – disse Kevin imitando
a voz de Eve – Não consigo suportar mais do que cinco minutos da conversa de
vocês.


- Kevin Potter, que raio de namorado é você? – ela gritou
chamando a atenção dos que estavam próximos a eles.Kevin fez um gesto em direção
a mesa das amigas de Eve.


- Muito bem, se quer tanto conversar com elas, pode ir.


Eve fez uma cara entre susto e choro, era evidente que não
era acostumada a ser contrariada.


- Kev...eu...eu me produzi toda só pra você – disse ela com
voz chorosa – eu planejei como nós iríamos no divertir hoje...


- Engraçado, parece que os seus planos não coincidem com os
meus – disse ele – eu queria comer, dançar e me divertir com os meus amigos, não
ouvir falatório sobre roupas e sapatos.


O queixo dela tremeu como se ela fosse cair no choro.


- Es-está bem, se você quer assim...


- Ótimo, Marcel e Wanessa estão perto do palco – e Eve o
seguiu em silêncio.Wanessa fez uma cara de educada surpresa quando viu Eve e
Kevin se aproximando e cutucou Marcel discretamente.


- Ora, um casal sombrio! Miss Vampira e senhor Dementador!
– disse Marcel, alegremente.


Kevin riu.


- Oi “K”, não vai me apresentar a sua encantadora namorada?
– perguntou Wanessa, com uma quase imperceptível nota de ironia na voz.


- Ah sim, Eve essa é Wanessa Joan da Lufa-Lufa – disse
Kevin.


- Ahn...você não faz parte do clube de eventos não é? Quero
dizer, nunca te vi por lá e é onde as garotas populares se reúnem. – perguntou
Eve condescendente.


- Não – respondeu Wanessa educadamente – Eu acho que as
meninas de lá costumam pensar mais com o cartão de crédito do que com a cabeça,
por isso achei melhor ficar no clube de duelos onde a inteligência vale mais do
que o que você veste.


Eve tinha ficado tão vermelha que Kevin teve a impressão de
que ela havia se engasgado com uma jawbreaker. Marcel abafou uma
risadinha com a mão e olhou reprovador para Wanessa que tomou calmamente um gole
de cerveja amanteigada, indiferente.


- Ahn...princesa, ainda quer falar com as suas amigas? –
perguntou Kevin, tenso.


- Preciso! – respondeu ela furiosa e se afastou.
Kevin sinalizou um “já volto” e a seguiu apressadamente.


- Agora posso morrer feliz – disse Wanessa, sorrindo –
desmoralizei Eve Blackwell, A Rainha do gelo!


- É por isso que eu te amo! – disse Marcel a abraçando
exageradamente.


 


Kevin teve que passar uma boa parte da festa ouvindo Eve e
as amigas rindo e fofocando sobre os colegas.Não teve nem mesmo animo de ouvir a
conversa intragável dos pares delas.Ele comia em silencio, apenas observando a
festa, quando Eve lhe deu uma cutucada violenta.


- Kev, eu quero dançar! – disse ela.”Não é ‘Kevin quer
dançar?’ e sim, ‘quero dançar’.Porque me sinto como um marionete?”.


- Vamos – Kevin estava grato por se livrar daquela
companhia chata dos alunos da Sonserina.A banda tocava uma musica agitada e a
pista estava cheia, era muito engraçado ver Hagrid com todo aquele tamanho se
chacoalhando desajeitadamente no meio dos alunos.Até mesmo a professora
McGonagall vestida de Ás de baralho acompanhada do espantalho professor
Longbottom dançava e ria como se fosse outra pessoa, não aquela rígida
professora. Enquanto abria caminho para o centro da pista com Eve, Kevin viu de
relance Kim passar com Montgomery, mas ela logo sumiu de vista.Tentando por tudo
se concentrar em Eve que já havia reclamado de que ele estava muito distante,
Kevin dançou até sentir cãibra nas pernas.


- Pode voltar pra mesa se quiser – sugeriu Eve – Você não
se importa que eu dance com Allan, não é?


- Não, não! – disse apressadamente – Se me procurar estarei
com Marcel tá?


- Sei, com Marcel e aquela coisa obtusa da namorada
dele. – esse ela com mau humor, em seguida deu as costas a Kevin e chamou Allan
Summer com o dedo.Kevin encolheu os ombros indiferente e se afastou. Até
atravessar a pista e chegar a mesa onde Marcel estava, Kevin levou pisões,
empurrões, cotovelas alem de derramarem ponche na sua capa.Decididamente este
era o pior baile de Halloween da sua vida e queria que acabasse o mais rápido
possível, mas para o seu azar a festa parecia que iria durar até tarde.


A mesa se encontrava vazia, Marcel e Wanessa dançavam e
pareciam estar se divertindo muito.”Ao contrário de mim”, pensou Kevin.Ele se
largou sobre a cadeira e suspirou desanimado.Harry estava na mesa dos
professores de terno e gravata como um trouxa e parecia estar contando uma
história para três aluninhos impressionáveis do primeiro ano. Kevin sorriu,” não
falta muito e meu pai terá que distribuir autógrafos” pensou ele. Então ele
olhou para o outro lado da pista e viu Kim sentada com uma expressão de absoluto
tédio.Ela estava vestida como uma fada de fábula, com um vestido lilás, longo
com mangas boca-de-sino e um vertiginoso decote nas costas. Ela brincava
distraidamente com uma varinha prateada com uma estrela na ponta, e estava
virada para o palco, mas com certeza não estava prestando atenção na banda.Tinha
o olhar perdido de quem estava com os pensamentos a quilômetros de
distancia.Kevin ficou em pé com pulo, o coração batendo loucamente.Uma voz na
sua cabeça dizia “tire-a para dançar!” e a outra “Não seja ridículo, senta aí e
sossega moleque!”.Ele ficou imóvel, sem saber como agir. Mas então começou a
tocar aquele tipo de musica romântica que costuma mexer com a cabeça dos
confusos:


 


Eu conquistei o direito de ser errado


meus erros me farão forte


estou avançando no grande desconhecido


estou sentindo asas embora eu nunca tenha
voado


eu tenho me importado mais comigo mesmo


eu sou de carne e sangue ao osso


eu não sou feito de pedra


 


As suas pernas o impeliram a andar como se tivessem vida
própria e ele entrou na pista de dança apinhada onde vários casais dançavam.
Tinha o olhar fixo em Kim como se estivesse hipnotizado.Ela estava tão...tão
mudada!Era como se fosse outra garota.E isso nada tinha a ver com a fantasia ou
o baile, já a vira até muito mais bonita do que estava naquela noite.Mas ela
tinha algo diferente, algo que não tinha no ano passado, nem no anterior, e
antes, e antes...foi como se algum dos seus colegas a apresentasse pela primeira
vez “Kevin, essa é a minha amiga nova que acabou de se mudar pra cá, Kimberly
Weasley!”. Ela tinha traços novos, ou nunca tinha notado?Ela exibia um olhar
novo, ou será que já tinha antes?Kevin não sabia responder, era como se só agora
tivesse reparado em Kim. Talvez fosse porque fazia tempo que não a observasse
tão atentamente.Mas havia outra coisa de estranha...


Ele continuava a andar como se estivesse entorpecido em um
pesadelo em câmera lenta.A voz melodiosa de Lindsay Green-Garden ao fundo:


 


Sendo assim, só me deixe sozinho


Eu conquistei o direito de ser errado


eu estive abaixado por muito tempo


Então eu finalmente respirei


Eu conquistei o direito de errar


Cantar minhas próprias canções


Eu pude cantar fora do ritmo


mas certo, é bom pra mim


 


Porque sentia a garganta ressequida e as pernas tremerem?O
que havia de errado seu idiota?Aquela garota sentada ali olhando para o nada era a
Kim, a sua Kim que fazia guerras com bola de neve no verão e nadava na piscina
com você no inverno!Era insano, estava tudo trocado, tudo confuso! Porque se
sentia tão nervoso, afinal de contas era Kevin Potter e podia ter qualquer
garota que quisesse!Mas, queria Kim assim como quisera Amanda e Eve?Que absurdo,
Kim é só sua amiga e nada mais!Ou será que...


Ela continuava ali, sem nem notar ele se aproximando, ainda
virada para o palco sem ter idéia da batalha interna que Kevin enfrentava:


 


Direito de errar


apenas me deixe sozinho


Você está intitulado a sua opinião


mas é realmente minha decisão


que eu não posso retornar na minha missão


se você se importa não borre ou desafie
minha visão


me deixe ser tudo o que posso ser


não me desmotive com negatividade


Qualquer coisa lá fora que está esperando
por mim


e eu estou indo disposto a enfrentar


 


Parecia que os poucos metros da pista de dança haviam se
transformado em quilômetros. A verdade era que Kevin estava com medo de falar
com Kim, não bem com a Kim e sim com a estranha que estava ali.E mais o medo de
alguma coisa que ele não conseguia explicar.Kevin queria pedir a Lindsay que
parasse com aquela maldita musica.


 


estou avançando no grande desconhecido


estou sentindo asas embora eu nunca tenha
voado


eu tenho me importado mais comigo mesmo


eu sou de carne sangue e osso


eu não sou feito de pedra


Sendo assim, só me deixe sozinho


 


 


Kevin parou diante de Kim, trêmulo.Desejava
desesperadamente ter tomado um gole de uísque de fogo para tirar um pouco
daquela droga de tremedeira.


- Q-quer dançar? – perguntou ele, hesitante e se sentindo
um completo babaca, a musica já estava pela metade.


Kim ergueu os olhos, no inicio parecia um pouco espantada,
mas logo o susto deu lugar à perplexidade.


- Puxa Kevin, onde está Eve A Perfeita?Se eu não me engano
você tem namorada não é? – perguntou ela, a voz e o olhar carregados de
ressentimento.Kevin foi incapaz de responder.


- Bom Potter, acho melhor você procurar a sua Cinderela
antes que ela vire abóbora, já é quase meia-noite. – disse ela secamente.


Kevin engoliu em seco.


- Eu acho que mereço isso – disse ele, mortificado,
enrubescendo bruscamente.


- Que bom que reconhece. – Kim tornou a se voltar para o
palco e sorriu para Montgomery que se aproximava.


Kevin ficou ali parado por momento, vendo Montgomery e Kim
irem de mãos dadas para a pista.Ele puxou o capuz para que ninguém visse o seu
semblante sombrio e seguiu para a saída do salão. Ele ainda espiou por cima do
ombro e viu Kim e Montgomery dançando abraçados, ele acariciava as costas nuas
dela e a apertava demais.Kevin já estava saindo do salão quando soava os
últimos acordes da musica:


 


Eu conquistei o direito de ser errado


eu estive abaixado por muito tempo


Então eu finalmente respirei


Eu conquistei o direito de errar


Cantar minhas próprias canções


Eu pude cantar fora do ritmo


mas certo, é bom pra mim


Direito de errar


apenas me deixe sozinho...


 


Com a cabeça apoiada no ombro de Montgomery, Kim observava
Kevin sair do salão.Não queria que fosse assim, queria estar dançando com
ele, abraçada com ele, aquele tinha que ser mais um dos bailes
inesquecíveis que iria com ele.Mas não havia jeito, parecia que estava
perdendo o seu melhor amigo e não podia fazer nada quanto a isso.Ela virou o
rosto para o outro lado para que Montgomery não a visse chorando.


Kevin subia as escadas sem dar atenção às exclamações dos
quadros.Estava com muita raiva, não de Kim, mas de si mesmo.Como podia estar
agindo de forma tão passional, justo ele o cínico Kevin Potter que não se
importava com nada?Não conseguia entender porque estava se sentindo tão
esquisito.Não saberia dizer o que havia de errado, Kim era a sua amiga, mais do
que isso até. E era esse mais que o preocupava. Kevin nem havia percebido
que já estava na sala comunal.Tudo o que queria agora era dormir e esquecer
tudo.A sua vida andava cada vez mais complicada, as comparações entre ele e seu
pai, o comportamento agressivo, sua vida virando artigo em jornal e agora
isso.Crescer estava parecendo a Kevin uma brincadeira de mau gosto pregada por
uma criança mimada com um péssimo senso de humor.


***


*.*Esse capitulo quase virou uma songfic (>_<) a musica cantada
pela Lindsay Green-Garden na verdade é a tradução da musica Right to be wrong
da Joss Stone. Era pra ser Don't Speak do No Doubt, mas a
outra tinha mais a ver com o que eu queria passar.Kevin conquistou o direito de
ser errado,mesmo sendo o filho de um herói ele erra e erra e não está nem aí. só
que ele sempre paga por esse direito de errar, ele está crescendo e percebendo
que do jeito dele as coisas não dão muito certo.E finalmente ele está percebendo
que gosta da Kim, sentindo as asas embora nunca tenha voado, nunca tenha
percebido o que é gostar de alguém de verdade ( Eca tô romântica demais!Para me
ver melosa desse jeito de novo por favor consulte a programação).Bom, aqui
termina o tutorial de "Como entender as coisas nada a ver que a autora
coloca na fic". A propósito Maya, sua vida não deve depender de capitulos novos,
lembre-se, ninguém pode morrer antes do lançamento de HP e o Principe Mestiço e
do filme do Calice de Fogo, depois disso dá até pra pensar...^^Bjinhus*.*






Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.