Overdose
O diretor Alvo Dumbledore correu os olhos pelo
estádio,murmurou um “já volto” para a professora McGonagall e caminhou em
direção ao côncavo do estádio, onde havia alguns lugares vazios.Aproximou-se de
uma cadeira vazia em particular,sorriu para alguns alunos que estavam nas
fileiras de cima e curvou-se dizendo:
- Gostaria que viesse a minha sala depois do jogo. – em
seguida se afastou sob os olhares perplexos dos alunos que o observavam.
Lindsay e Patrick Green-Garden da Lufa-Lufa,os locutores
“quase oficiais” como eles gostavam de se definir, apenas esperavam o sinal de
Madame Hooch para começarem a irradiar a partida.Madame Hooch ergueu o polegar
em sinal positivo para os irmãos locutores começarem quando os dois times já
estavam em campo.
- Bem vindos ao inicio da copa intercasas de Hogwarts,
bruxos e bruxinhas! – disse Lindsay, com a sua voz ecoando pelo estádio.
- E nesse lindo dia nublado,frio e ventoso, Corvinal e
Grifinoria se enfrentam para chegar ao primeiro degrau rumo a taça! – disse
Patrick, também se fazendo ouvir pelo estádio – Agora, vamos dar as boas vindas
para o time da Corvinal; Douglas,Venable,Throod,Gregory,Risdhofer,Partino,Nakao
e Silvester!!!
Os jogadores da Corvinal acenavam em direção a sua torcida
que estava muito otimista e animada.
- E os queridinhos de Hogwarts,os garotos da Grifinória!Ah
sim,tem a menina prodígio do time!- disse Lindsay – Digam olá para
Montgomery,Peterson,Rooster,K. Weasley,M. Weasley,Schneider e o grande trunfo da
Grifinória!Kevin Potter!!!
Se a Corvinal estava animada, não se comparava a ovação que
a Grifinória recebeu, na verdade não o time todo, a simples menção do nome
Potter foi o suficiente para todas as casas aplaudirem de pé.Toda essa
manifestação deixou Kevin ainda pior, se é que isso era possível.E o seu
desespero aumentou quando Madame Hooch deu sinal para que os capitães dos times,
Michael Montgomery e Sean Douglas, apertassem as mãos para dar inicio a
partida.Os jogadores montavam em suas respectivas vassouras,Marcel se aproximou
de Kevin e disse em voz baixa:
- Não perde nenhum movimento do Venable, ele é um apanhador
e tanto não erra nunca,ou quase.Sempre que ele mudar de direção você vai atrás,
ou seja, gruda nele.Kim e eu vamos te dar cobertura, não vamos deixar nenhum
balaço te derrubar, vê se fica calmo.Boa sorte!- deu um tapa amigável no ombro
de Kevin, montou em sua vassoura e partiu.Kim assoprou um beijo para o amigo e
seguiu Marcel.Kevin foi o ultimo a deixar o solo e voou hesitante atrás dos
amigos.
- Há!Foi apertado o botão de start – disse Patrick –
A Grifinória começa bem,Peterson tem a posse da goles aumentando a chance de um
gol.Passa para Montgomery que atravessa o campo como um míssil!Ah não, ele não
vai?Ele vai...ele vai...ele foi!Gooooool da Grifinória!
Enquanto o resto do time comemorava, Kevin se mantinha
ocupado em seguir Martin Venable, o apanhador da Corvinal.Ele parecia estar
bastante tranqüilo enquanto voava pelo campo, ao contrário de Sean Douglas que
berrava indignado para o goleiro Clarck Risdhofer por ter se distraído
observando Kim e acabar deixando Montgomery marcar um gol.
- Um gol em menos de dois minutos de jogo!Isso é que é
velocidade! – disse Lindsay,admirada – vamos ver se os apanhadores estão com o
mesmo ritmo de Montgomery.Nem sinal do pomo, Lindsay. Potter e Venable ainda não
estão se digladiando lá em cima.
Kevin que não estava acostumado a jogar quadribol,
freqüentemente era alvo de balaços certeiros que iam à sua direção.Kim e Marcel
receptavam os balaços acertando outros jogadores sempre dando cobertura a ele
mas esquecendo dos demais companheiros do seu time.Os times da Grifinoria e
Corvinal sempre se deram bem, mas à medida que o tempo de jogo passava, a
partida ia ficando tensa.A Grifinória já tinha marcado setenta pontos, ao passo
que Corvinal estava apenas com vinte.Robert Schneider se preparava para marcar o
octogésimo gol da Grifinória, quando algo o distraiu;Martin Venable deu uma
guinada de trezentos e sessenta graus e foi para a direção oposta do campo a
toda.Kevin se assustou com essa brusca mudança de direção e ficou desnorteado
por alguns segundos até perceber que Venable tinha achado o pomo.
- Segurem seus chapéus galera, os apanhadores acharam o
pomo!- gritou Patrick, ensurdecendo os espectadores.
- Agora sim, é a hora de vermos o herdeiro de Harry Potter
em ação!- disse Lindsay – Ele sai em disparada atrás de Venable, cuidado
Corvinal!
Kevin tentava por tudo alcançar Venable, sentia os seus
dedos insensíveis pelo esforço de segurar-se na vassoura, seus cabelos
fustigavam o seu rosto e atrapalhavam sua visão.Quando deu por si já estava ao
lado de Venable, por um segundo chegou a achar que tudo daria certo, pode ver o
rosto do seu adversário escancaradamente surpreso pela velocidade com que o
alcançara.Kevin já podia sentir o gosto da vitória, as asas do pomo dourado
batendo nas suas mãos.Então se lançou às cegas para pegá-lo,caindo da vassoura,
despencando de cabeça cerca de quinze metros até o chão.
Tudo aconteceu numa sucessão de flashes: O grito
agudo de Kim, a expressão chocada no rosto de Marcel,Venable mergulhando
inutilmente na tentativa de salvá-lo, os espectadores cobrindo os olhos para não
verem o destino de Kevin.E lá embaixo, na curva do estádio, aquela cadeira vazia
a quem Dumbledore se referira antes já não estava mais vazia.Aquela cadeira foi
instantaneamente ocupada por um homem de vestes negras que saltou do seu lugar e
correu em direção ao campo com a varinha em punho.Ele era alto, forte, com uns
fio grisalhos mesclados a basta cabeleira negra, óculos de aros redondos e a
cicatriz em forma de raio, já quase apagada, meio oculta sob a franja que caia
sobre os olhos.Ele estava oculto sob a capa de invisibilidade e assim que ele
pôs os pés no gramado, todos o reconheceram e observavam fascinados Harry Potter
executar o feitiço que fez Kevin flutuar em segurança até o solo.
Os dois times aterrisaram mudos de espanto.Até Patrick e
Lindsay esqueceram a narração e se inclinavam para ver melhor o Grande Harry
Potter que havia salvado a vida do seu filho.
- Kevin, você está bem?- perguntou Harry, ajoelhando-se ao
lado de Kevin, ignorando o murmúrio repentino que sacudiu o estádio.
- P-pai?O que...o que você tá fazendo aqui?- Kevin
perguntou debilmente, sua visão estava embaçada e sentia-se um pouco tonto.
Harry sorriu compreensivo e se levantou estendendo a mão
para Kevin.
- Levanta daí filhão, tem muita gente querendo falar com
você!
Kim correu para abraçá-lo, os jogadores da Corvinal
pareciam genuinamente preocupados com ele e Montgomery tinha sentimentos
confusos entre enforcar Kevin e cumprimentar Harry.
- Ah...ah é...vitória da Corvinal – disse Patrick
distraidamente – fim de jogo.
Depois voltou-se para a irmã:
- Vamos descer pra ver o Harry Potter?Ah, diz que sim!
- E o estamos esperando?- disse Lindsay.Os dois só então
perceberam que ainda estavam sob o efeito do feitiço Sonorus. Depois de
desfeito o feitiço, os dois correram para o campo.
Todos queriam cumprimentar Harry e dizer o quanto eram seus
fãs.Kevin observava de longe Harry ser abordado por vários alunos ansiosos em
falar com ele:
- Sr. Potter eu li o seu artigo sobre a reintegração social
dos lobisomens!Parabéns!
- Sr. Potter gostaria que visitasse o nosso clube de
admiradores Potterianos, se não estiver muito ocupado é claro!
- Sr. Potter poderia tirar uma foto comigo, quero provar
pra todo mundo que vi o senhor de perto!
Toda essa demonstração de admiração era desconcertante para
Kevin.Nem ao menos deram importância ao resultado do jogo!O que num ponto era
bom, mas ainda assim alarmante.O que diriam depois que a euforia pela presença
do seu pai passasse? “Harry Potter irrompeu heroicamente pelo campo para salvar
a vida do seu filho perdedor que nem sabe capturar um minúsculo pomo...
francamente, porque não fizeram um teste genético para saber se esse bastardo
incompetente é mesmo filho dele?”.Kevin entrava em desespero só de pensar nessa
previsão negra.Como se lesse seus pensamentos, Kim pôs a mão em seu ombro e
sorriu gentilmente:
- Ele é demais não é?Ninguém está preocupado se a
Grifinória perdeu ou não.Só o que se pode fazer agora é aproveitar que Tio
Potter te salvou duas vezes e treinar mais para o próximo jogo você
roubar a cena.
- Pensando por esse lado...- ele respondeu vagamente ainda
observando o pai.Harry se despediu dos alunos e foi falar com Kevin.
- Tudo bem com você então?
- É, eu acho que sim – Kevin respondeu envergonhado –
obrigado pai, se você não estivesse ali eu teria virado panqueca no meio do
campo.
- Não fiz mais do que a minha obrigação, não é Kim? – ela
balançou a cabeça positivamente – você voa muito bem Kev.
- Vôo tão bem quanto um peixe.Ah é, peixes não voam.- disse
Kevin, numa espécie de histeria sarcástica.
Harry sorriu.
- Você herdou esse lado irônico da Katreena, com
certeza.Nos vemos depois crianças, agora tenho que dar uma palavrinha com
Dumbledore.
- É, vamos pra sala comunal ver os efeitos do “jogaço” de
hoje.- disse Kevin, desanimado.
- Você não se importa que eu bata nele não é, tio? – disse
Kim, um tanto irritada.
Harry tomou o caminho para a sala de Dumbledore rindo.Mas
parou de rir imediatamente quando chegou diante das gárgulas da sala do diretor
e se lembrou de que precisava de senha para entrar.
- Vocês me conhecem a um bom tempo, poderiam deixar eu
entrar sem senha. – disse ele, esperançoso.
As gárgulas gargalharam muito.
- Sem senha, sem entrada, filho.- disse uma das
gárgulas.Harry se encostou à parede a espera da Prof. McGonagall ou de qualquer
professor que passasse.Só não contava com a aparição de Snape.
- Problemas com a senha, Potter? – disse ele com uma nota
de riso na voz.- Eu acho que por mais privilegiado que você seja, essa área
ainda é restrita a você.
- Snape, é muito bom ver você também.- disse Harry,
denunciando o contrário.
- Imagino que saiba o que Dumbledore quer falar com você.
- Não faço idéia.
- Procure uma boa poção que te dê um pouco de
responsabilidade, vai precisar muito.Você fica se enfiando em aventuras absurdas
ao invés de se firmar como um homem correto, mas agora você vai ver o que é ter
um cargo de prestigio,só não se acostume,desde já posso ver que será um
desastre.Dumbledore e essa confiança cega em você é enojante.
- Desculpe, mas não entendi.
- Trate de se endireitar Potter, ou vai jogar no lixo toda
essa sua reputação de herói.
- Se eu fosse você, e ainda bem que não sou, cuidaria minha
própria vida seu velho rabugento.Agora, poderia fazer o favor de me dar à senha
ao invés de ficar ai resmungando coisas sem sentido?
Snape olhava Harry com um sentimento de puro desprezo.
- Aurora Boreal. – disse antes de se afastar corredor
afora.Com um sorriso de desdém nos lábios, Harry voltou-se para as gárgulas.
- Aurora Boreal.Satisfeitas agora?
Uma das gárgulas mostrou a língua para Harry antes de abrir
passagem.Ele havia se esquecido de como ficava tonto quando era levado à sala do
diretor, e um pouco enjoado bateu na porta.Harry entrou na sala um tanto
hesitante.Tinha passado muito tempo desde a ultima vez em que estivera lá.
- Desculpe a demora Dumbledore – disse ele – Estava tendo
uma conversa agradável com Snape.
- Imagino que sim – disse Dumbledore sorrindo – Sente-se.
Harry se acomodou na confortável poltrona em frente à mesa
de Dumbledore, olhando ao longo da sala.Os quadros de todos os antigos diretores
de Hogwarts acenaram alegremente para ele.
- Fiz questão de assistir ao jogo de Kevin e ver como ele
se saia, afinal ele nunca se interessou por quadribol e agora é o novo apanhador
do time.Não acha isso interessante, Harry?
- Acho, mas sempre deixei claro que ele podia escolher o
caminho que quisesse que eu sempre o apoiaria.
Dumbledore inspirou profundamente antes de prosseguir.
- Mas não é o que está se passando com Kevin.Ele está se
sentindo pressionado em seguir os seus passos, tanto pelos outros como por
você.Com o medo de te decepcionar ele acaba deixando de ser ele mesmo e tenta te
usar como molde para tudo o que faz.
Harry encarou Dumbledore perplexo.
- Mas eu nunca o pressionei em nada!
Dumbledore ergueu a mão em protesto.
- Não estou te acusando disso Harry, apenas mostrando como
o seu filho se sente.Talvez você não perceba isso porque passa tempo demais
longe dele.Mas você deveria saber disso, por experiência própria.
- Eu sempre achei que Kevin fosse um garoto feliz.Ele
cresceu com todo o amor que eu não tive, sempre deixei ele transitar livremente
entre o mundo trouxa e bruxo, ele tem muitos amigos e uma irmã que o ama.Nunca
passou pela minha cabeça de que ele pensasse assim.
- Mas você não teve um pai que a toda semana era manchete
do Profeta Diário como um grande herói de feitos maravilhosos.Não estou lhe
reprovando, veja bem, apenas advertindo.Seja como for, não foi apenas por isso
que eu te chamei aqui, Harry.
Harry descontraiu um pouco; aquele assunto o deixava
tenso.Kevin era um garoto feliz e ele sempre cumprira muito bem com o seu papel
de pai.Se Kevin tivesse algum problema, com certeza saberia!Harry sempre foi um
pai exemplar, não importa o que os outros digam, pelo menos era o que ele
achava.
- Creio que você já soube o que houve com Madame Kruschenka
Lavoyska – disse Dumbledore.
- Sei, um acidente no laboratório de perfumaria dela,
parece que houve uma explosão.- observou Harry – Com o devido respeito, eu
odiava os perfumes dela, sempre que Katreena aparecia com um vidro desses lá em
casa, eu quebrava e dizia que foi a Lilith.
Dumbledore riu com aquele seu jeito calmo.
- Certamente nossa querida Madame Kruschenka no ramo de
perfumaria é uma excelente professora.Muito bem, sem mais rodeios. Temos um
cargo vago de professor e gostaria que você o ocupasse.Só até Madame Kruschenka
voltar, é claro.
Harry ajeitou os óculos, novamente tenso.
- Mas eu entendo pouquíssimo de poções, talvez Hermione
pudesse...
- Não é para Poções – interrompeu Dumbledore – E sim Defesa
contra as artes das trevas.
- E Snape?
- Severo tem uma habilidade excepcional em Poções, portando
ele voltara ao seu antigo cargo e você o substituiria.
Harry arqueou uma das sobrancelhas.
- E ele aceitou assim, de bom grado?
- Digamos que sim...- disse Dumbledore mirando
sonhadoramente o teto.
Na noite anterior, Snape estava em pé na sala do diretor
com os olhos faiscando de pura raiva.
- O senhor não pode fazer isso!
- Claro que posso, sou o diretor não? – disse Dumbledore,
suavemente.
- O senhor vai acabar se arrependendo!Harry Potter é um
irresponsável, não tem aptidão para nada além de se meter em encrencas!
- Harry Potter é um auror respeitado que zela pela
segurança de toda a bruxidade tanto aqui quanto em varias partes do mundo, e
desculpe a minha franqueza, ele é mais habilitado para esse cargo do que
qualquer outra pessoa.
- Ele, a esposa e os Weasleys não passam de um bando de
aventureiros!Como pode esperar que ele cumpra com a responsabilidade de dirigir
aulas? – Snape cuspia as palavras indignado – O senhor vai ver, ele vai colocar
idéias subversivas nas cabeças dos alunos, vai promover um motim!
- Por favor Severo! – disse Dumbledore, ligeiramente
exasperado - Pensei que seria mais compreensivo.É temporário, apenas até Madame
Kruschenka voltar.E essa sua idéia de motim é ridícula, Harry Potter é tão digno
de confiança quanto eu!
- Muito bem, espero que eu esteja errado Prof. Dumbledore –
disse Snape, vencido - Mas se Potter fizer alguma besteira, não será eu quem vai
consertar.
- Snape compreendeu perfeitamente que você será uma
excelente experiência para os nossos alunos. – continuou Dumbledore.
- Não sei...Temos muitas coisas para resolver lá no
ministério – disse Harry, hesitante – e depois, ser professor, mesmo que por
pouco tempo, é uma grande responsabilidade.
- Ora Harry, Katreena e os Weasleys podem cuidar de tudo
enquanto você estiver fora – Dumbledore sorriu – e quanto à responsabilidade de
ser professor, não será a primeira vez, você tinha a idade de Kevin quando criou
a Armada de Dumbledore.
Harry suspirou, nostálgico.
- Bons tempos aqueles...gostaria que Kevin vivesse pelo
menos um pouco daquela emoção, ele iria se divertir muito.
Dumbledore encarou Harry com um inconfundível ar de “Está
vendo como estou certo?”.Harry tratou de mudar de assunto.
- E quando eu começaria com as aulas?
- Nessa terça.Com as turmas do quinto ano da Grifinória e
Sonserina.
- Ou seja, a classe do Kevin.Bom, não tenho nada a perder
mesmo e seria uma boa oportunidade de passar mais tempo com o meu filho.
Dumbledore sorriu satisfeito.
- Seja bem vindo Professor Potter!
- Ah, puxa vida!Que ótimo pai!Estou muito, muito feliz! –
disse Kevin com o sorriso parafusado no rosto, sem emoção alguma.Ele, Kim e
Marcel estavam todos de pijama, tarde da noite em frente à lareira.Harry tinha
voltado para casa sem avisar a ninguém, não querendo provocar outro tumulto em
Hogwarts. Agora, horas depois, resolvera dar a noticia a Kevin.
- Vou ignorar essa sua alegria fingida,Kevin – disse Harry
sem demonstrar o seu ressentimento contra a atitude do filho – Então, começo na
terça.Katreena está me ajudando a arrumar as coisas agora, parto amanhã cedo
para Hogwarts.
- Você deve estar bem nervoso tio, só tem um dia para
organizar tudo. – disse Kim.
- Na verdade, o pouco tempo não é o que me preocupa, o
problema maior se chama Snape.Ele vai ficar rosnando no meu pé como um buldogue
velho.
- Ele não deve estar muito satisfeito, soube que o sonho da
vida dele era ser professor de Defesa contra as artes das trevas e sendo você um
inimigo de longa data...- observou Marcel - sei lá, você não poderá dar um
espirro sem que ele perceba.
Harry encolheu os ombros.
- Isso será como voltar aos tempos de colégio, ele não me
deixava em paz por mais que eu me esforçasse para ser invisível.
- Eu não deixo o Snape me humilhar – disse Kevin – sempre
que ele tenta, respondo a altura.
- E o resultado disso é: detenção à dúzia por uma libra -
disse Kim - Kevin não aprende, vive hostilizando o Morcegão.
Harry ergueu uma sobrancelha com um ar divertido.
- Morcegão? No tempo do meu pai ele era Seboso...Muito bem
crianças, tenho muita coisa pra arrumar ainda.Nos vemos amanhã cedo.
- Tchau! – disseram os três em uníssono, enquanto Harry
desaparecia entre as chamas verde esmeralda.
- Mal posso esperar para ter uma aula com o Tio Potter! –
disse Kim – Os outros alunos vão morrer de inveja por termos um professor que é
nosso parente!
- Diga por si própria, se antes eu tinha que ser bom, agora
terei que ser perfeito. – disse Kevin.
- Pronto, vai começar a ladainha. – disse Kim, impaciente –
Já estamos ficando cheios de ouvir você chorando pelos cantos “vou ser comparado
ao meu pai, não sou bom o bastante, oh vida, oh céus!”.Se você calasse essa boca
e tentasse fazer alguma coisa certa pra variar, a sua única preocupação seria em
mudar esse seu corte de cabelo estilo “cantor de boys band”.
- Eu sei que você é apaixonada por mim Kim, não precisa
mostrar isso tão abertamente, está me deixando constrangido.- disse Kevin com
ceticismo.
Marcel balançou a cabeça negativamente e deixou os dois
discutindo e foi dormir.Quando Kevin e Kim começavam a brigar, qualquer
tentativa de interrupção era inútil.
O clima do dia seguinte estava mais ameno, mas ainda assim
frio.Um sol pálido iluminava o salão principal quando os alunos desceram para o
café da manhã.De alguma forma, todos, ou quase todos os alunos sabiam que seria
o novo professor de Hogwarts e essa novidade fez com que o resultado do jogo de
domingo fosse esquecido.Somente Montgomery parecia não ter esquecido, porque
abordou Kevin enquanto ele e Kim saiam para a aula de Poções.
- E aqui está o nosso campeão. – disse ele com um sorriso
gélido – Cento e setenta a setenta.Belo resultado, não?
- Montgomery, sei que meu desempenho não foi muito bom,
mas...- Kevin começou a explicar.
- Seu desempenho não foi só não muito bom, foi péssimo. –
Montgomery o interrompeu -Se isso se repetir, podemos dar tchau a taça meu caro.
- E se substituirmos Kevin por outro apanhador? – perguntou
Kim.
- E porque faríamos isso?Kevin tem potencial, pelo menos eu
acho, ele tem a obrigação de ser bom em quadribol.
- Porque? – perguntou Kevin, perplexo – você já me viu
jogando pelo menos uma vez?
- Kevin, acorda!Você deve ter aprendido alguma coisa com o
seu pai, o que você andou fazendo todos esses anos, jogando xadrez? – disse
Montgomery, rispidamente.
- É, jogando xadrez, participando do clube de duelos e
coisas do gênero.
- Então Kevin Potter, filho do famoso Harry Potter é uma
farsa?Kevin Potter é só um nome?
Kevin precisou recorrer a toda a sua força de vontade para
não derrubar Montgomery a socos.
- Se é isso o que você acha, então estou me despedindo do
time!- vociferou Kevin - arrume outro apanhador capitão Michael Montgomery! –
voltou-se para Kim – Vamos Kim, ou chegaremos atrasados.
- Ei, espere! – disse Montgomery ao vê-lo se afastando – Me
desculpe Kevin.Não queria ter dito aquilo.
- Mas disse, é o que você pensa, é o que todos pensam.-
respondeu Kevin, resignado.
- Está enganado, todo mundo pensa que de uma hora pra outra
você vai aparecer no campo de quadribol driblando dragões,vai tomar Azkaban de
assalto e acabar com todos os dementadores de uma vez , que você vai irromper
pelo saguão principal arrastando um basilisco pela cauda e coisas assim.Eu acho
que capturar um simples pomo para quem conviveu com alguém capaz de fazer tudo
isso não deva ser uma tarefa difícil.
Kevin encolheu os ombros, incapaz de falar.
- Então – continuou Montgomery – Esperamos você no campo
depois das aulas, na sexta.
Kim esperou Montgomery sair para falar.
- Era de se esperar que isso acontecesse, não fique
assim.Gosto de você do jeito que é, não importa a opinião dos outros.
Kevin sorriu e a puxou contra si, dando um beijo em seu
rosto.
- Não sei o que eu faria sem você, minha ruivinha.
- Ah, eu sei, vestiria as roupas pelo avesso, esqueceria
que a sexta-feira vem depois da quinta, tomaria sorvete pela orelha, pentearia
os dentes e escovaria os cabelos e etc.
Harry foi invadido por uma onda de nostalgia ao entrar em
Hogwarts com seu malão numa mão e a gaiola de Heitor na outra.Sua companheira
Edwiges antes de morrer havia deixado uma ninhada de filhotes para continuar
acompanhando-no e aos seus filhos.Agora, sem ela, entrava novamente e Hogwarts
para passar uma boa temporada. Dumbledore foi pessoalmente recebê-lo no salão
principal.
- Seja bem vindo, Harry! – disse o diretor calorosamente –
Você ocupará a sala de Madame Kruschenka.É bastante confortável, mas tem um
pequeno problema...
- Paredes cor-de-rosa, tudo bem, janelas em forma de
coração, eu até relevo – disse Harry, olhando para a sala – Mas uma estante
cheia de vidrinhos com esses perfumes horríveis, não dá!
- Eu devia ter mandado Filch ajeitar a sala, mas foi tudo
tão rápido – disse Dumbledore – O pobre Filch nem tem estado em condições de
fazer esforços.Eu estou pensando seriamente em contratar outro zelador, alguém
para ajudá-lo.
- É, Filch tem uma longa estrada em Hogwarts – disse Harry
enquanto trocava a cor das paredes com a varinha – Ele vem aterrorizando os
alunos há bastante tempo.
- Depois do almoço Severo vai passar para você o programa
de conteúdo dos alunos e o horários das aulas.Espero que se adapte bem, Harry.
- Também espero.Passei a noite em claro pensando no que
dizer aos alunos.
Dumbledore se acomodou em uma poltrona ao fundo da sala.
- Basta ensinar a eles tudo o que sabe, tenho certeza de
que não é pouca coisa.
Harry balançou a cabeça e se concentrou em mudar o formato
das janelas.
- Fico preocupado com Kevin, ele parece bem perturbado com
a minha presença.Receio trazer mais problemas pra ele.
- Quer dizer, a imprensa?
- Com certeza você já ouviu falar de Rubi Marlowe.
- A nova discípula de Rita Skeeter – disse
Dumbledore, pensativo – a bela jovem que assina a coluna de mexericos do Profeta
Diário.
- Exatamente, é desse problema que eu falo.Rubi tem me
perseguido há bom tempo e publicando noticias exageradas e absurdas ao meu
respeito.Se eu espirro; “Harry Potter está convalescendo em St. Mungus após
crise de Tuberculose Malaquiana”, se viajo sem Katreena a negócios: “Harry
Potter e Katreena Prescott enfrentam crise no casamento e assinam pedido de
divorcio”. Não sei se ela tenta me destruir ou me ajudar.
- E essa jovem não vai medir esforços para conseguir
noticias do seu andamento em Hogwarts – disse Dumbledore – Mas ela não pode
entrar aqui, então a segurança de Kevin está garantida.
- Não posso ter certeza disso, não sei como ela conseguiu
publicar uma biografia minha com as coisas mais intimas possível.
Dumbledore levantou da poltrona e mudou as janelas que
Harry não teve êxito em trocar.
- Tenho algumas coisas para resolver no Ministério e volto
antes do jantar, se precisar de algo a Prof. McGonagall terá prazer em ajudá-lo.
- E o que eu faço com os perfumes da Madame Kruschenka?
Dumbledore pensou por um instante antes de responder:
- Embrulhe-os e mande para Katreena, Kruschenka não vai se
importar.
- Mas eu vou! – disse Harry, fazendo uma careta de nojo.
Kevin, Kim, Marcel e Joshua engoliram o almoço rapidamente
e correram para a nova sala de Harry.Ele ainda arrumava alguns livros na estante
quando os garotos entraram abruptamente na sala e Kim pulou nas suas costas.
- O tio Potter chegoou! – disse ela ainda pendurada em
Harry.
- Kim, não tenho mais idade pra isso querida, sai das
minhas costas por favor! – riu Harry.
- Olá professor Potter! – disse Joshua.
- Como vai Joshua? – disse Harry – Vai passar as férias
conosco esse ano?
- Se os meus pais deixarem...Meu pai me inscreveu no
acampamento militar esse ano.
Harry balançou a cabeça negativamente.
- Esses trouxas, sempre querendo que os seus filhos
aprendam coisas inúteis.
- Com quem vai ser a sua primeira aula? – perguntou Marcel.
- O quinto ano da Grifinória – disse Harry, sorrindo –
espero que não seja uma turma muito difícil.
- Não, somos todos uns anjinhos.Assim que bate o sino,
ateamos fogos nas carteiras e executamos a dança Genghiscana de Timbuctu, depois
interrompemos o ritual para bater com uma clava na cabeça do professor. – disse
Kevin.
- Que interessante filho.- Harry nem havia terminado a
frase quando Snape entrou na sala com toda a sua imponência, esvoaçando a capa
negra.
- Aqui está o programa das aulas – disse Snape, estendendo
uma pasta para Harry com desprezo – não sei porque me dou ao trabalho, sei que
não seguirá qualquer plano de aula meu ou de qualquer outra pessoa.
- Hum...- Harry apanhou a pasta sem muito interesse – estão
incluídas as revisões para os N.O.Ms?
- Certamente ou acha que todo mundo é displicente como
você? – Snape ergueu a cabeça com superioridade fazendo o rabo-de-cavalo
grisalho escorrer pelas costas.
Harry revirou os olhos com impaciência.
- Snape, cale esse focinho – disse ele, ignorando os
risinhos abafados dos garotos – e não meta o seu nariz exageradamente grande no
que não é da sua conta.
- Sem originalidade nem para insultar, tão medíocre quanto
o pai. – respondeu Snape caminhando para a porta – Não se esqueça Potter,
estarei de olho em você.
- Sei que estará, conde Snácrula.
Kim foi até a porta para se certificar que Snape tinha
sumido e voltou rindo.
- Ele não ficou muito feliz, tio!
- Faz tempo que Snape não mete mais medo em mim.- disse
Harry – não me esqueço do quanto ele me humilhava nas aulas, sempre favorecendo
a Sonserina.
- Ele não pode fazer nada agora – disse Joshua.
- Com o Grande Harry Potter nada. – disse Kevin – mas o
Pequeno Kevin que se cuide.
- Não sei porque você está tão preocupado, sempre arruma um
jeito de pegar detenção mesmo – disse Kim – Não vi você almoçando tio, quer que
eu traga alguma coisa?
- Obrigado Kim, mas depois eu vou até a cozinha.Tenho que
cumprimentar Dobby mesmo.
Kevin passou o resto do dia ocupado com as aulas e a noite
com os deveres.A carga dos exames já começava a pesar sobre os alunos do quinto
ano, a sala comunal e a biblioteca viviam cheias e os jardins, cada vez mais
vazios.O jantar foi uma experiência um tanto desagradável para Kevin.Quando
Harry entrou no salão principal para se juntar aos outros professores, todos
ficaram subitamente quietos como que em uma reverência a ele.Depois que ele se
sentou ao lado do Prof. Longbotton, os alunos começaram a cochichar entre si e
depois olharam para Kevin.Ele teve que passar o jantar inteiro sentindo os
olhares pousarem sobre si e em seguida correrem para seu pai.Por fim, Kevin
perdeu a fome e sem aviso saiu do salão deixando Kim e Joshua perplexos.
- Devo ter sido um serial killer na minha vida passada pra
ter que aturar isso! – disse Kevin para si mesmo entrando na sala comunal e
dando um susto em Marcel e Wanessa que estavam aos beijos no canto da sala.
- O que foi? – perguntou Marcel.
- Nada Marcel, não enche. – respondeu Kevin, subindo
correndo para o dormitório.
- O que deu nele? – perguntou Wanessa.
Marcel encolheu os ombros e avançou em Wanessa sorrindo
maliciosamente.
Harry acordou com uma sensação estranha no estômago, sem
saber a causa.Depois se lembrou o porquê; iria enfrentar classes cheias de
alunos e teria que ensinar algo a eles.De repente pareceu a Harry que os
feiticeiros de Yokohama não eram tão ameaçadores assim em comparação ao que
viria.Mas apesar de todo o nervosismo, sentia-se feliz e ansioso em voltar às
aulas.
Logo depois do café, os alunos tanto da Grifinória como da
Sonserina, já estavam na sala em seus lugares e anormalmente quietos.Kevin não
trocou o seu lugar no fundo da sala pela primeira carteira como todo esperavam
que ele fizesse, como em qualquer outra aula ele preferiu ficar longe dos olhos
do professor para que pudesse conversar a vontade com Kim e Joshua.Mesmo que
ficasse longe de Eve, que ficava numa das primeiras carteiras.
Harry entrou na sala, disse “Bom dia” aos alunos e ficou
observando a classe por um momento, escolhendo bem as palavras.
- Ahn...eu sou o professor Potter e vou substituir Madame
Kruschenka por um tempo.Como sabem, ela sofreu um grave acidente e seria muito
cruel da parte de Dumbledore se ele deixasse vocês terem duas disciplinas com
Snape.
Os alunos riram, Harry se sentiu mais confiante.
- Bom, vocês já passaram pela parte da teoria e...Alguma
duvida?- Hazel Dilworth estava com o braço erguido.
- Sim – disse ela timidamente – o senhor poderia contar a
nós como que você derrotou mais de cem dementadores de uma vez quando estava no
terceiro ano?
- Sinto muito, mas isso não faz parte do programa de aula –
disse Harry, desconcertado – No entanto...executei um patrono, feitiço que vocês
já devem ter visto.
Richard Creevey levantou o braço.
- O professor Snape só passou a teoria, nunca nos deixou
praticar um feitiço desses em sala.
Harry balançou a cabeça.
- É muito importante que vocês aprendam os feitiços básico
de defesa.Prometo que até o fim do ano ensinarei uns feitiços diferentes.Vamos
começar com o Delirium.Alguém sabe a função desse feitiço?
Harry, jogou o programa de aulas de Snape distraidamente
sobre a mesa e começou a caminhar pela sala.
- Faz as pessoas delirarem?- arriscou Joshua.
- Mais ou menos.Delirium é usado para confundir as pessoas.
Eve acenou charmosamente para Harry.
- Professor, basta usar a azaração de confundir,não?
- Para confundir uma só pessoa sim.- disse Harry – Mas e se
você estivesse em uma situação de perigo e essa azaração não fosse o
suficiente?Vamos imaginar que um lobisomem esteja perseguindo você, é noite de
lua cheia e não há nada nem ninguém que possa te salvar.
Toda a classe ouvia com a respiração suspensa.
- E a única chance é que uma pesada nuvem pouse sobre a lua
fazendo com que o lobisomem volte ao normal.- Harry fazia uma voz misteriosa,
aumentando o suspense – Qualquer feitiço comum que você use não dará certo.
Então é ai que usamos o Delirium.Ele faz com que a situação a sua volta mude
temporariamente.E única e exclusivamente a sua volta. Alguém que esteja a
mais de cinco metros de distancia de você não verá qualquer mudança.Ao contrário
do Patrono, você tem que estar muito desesperado para o feitiço dar certo.
Houve um “Hã?!” coletivo.
- O Delirium age como um alucinógeno para quem o recebe,
tornando o que você tem mais medo real.- disse Harry - É o feitiço usado pelo
bicho-papão, que foi descoberto e ampliado para que fosse usado em situações
maiores.O Delirium ainda não foi classificado como um feitiço imperdoável, mas
só pode ser usado por aurores registrados e maiores de idade.
Andrew Finnigan ergueu o braço.
- O senhor poderia mostrar pra nós como é esse feitiço?- Os
outros alunos pareciam animados com a idéia.Harry pensou por um momento antes de
responder.
- Alguém sabe onde pirraça está?- perguntou ele.
- Se eu não me engano ele está no andar de cima queimando
as cortinas velhas da sala de Trasfiguração. – disse Amanda Carter.
- Temos dois tempos hoje...- disse Harry consultando o
relógio – Poderia chamá-lo, por favor?
Amanda como toda monitora eficiente faria,se levantou e
correu para fora da sala.
Kevin mantinha-se quieto, a fim de não chamar atenção,
geralmente estaria conversando com Kim ou faria alguma pergunta inteligente que
faria o professor sentir-se embaraçado.Detestava admitir, mas estava muito
orgulhoso de ver como seu pai lecionava como se tivesse feito aquilo a vida
toda.Sem duvida, Harry Potter era o máximo e Kevin se sentia muito envergonhado
de não corresponder as suas expectativas.
- Enquanto Amanda não chega, alguém poderia me responder
porque feitiços como Delirium são tão complexos? – perguntou Harry.
A sala inteira permaneceu quieta.Depois os alunos, um a um
olharam para a direção de Kevin que suspirou desanimado e murmurou “tava
demorando...”.Contra a vontade ele ergueu o braço, fuzilando seus colegas com os
olhos.
- Delirium, assim como Imperius e o Patrono exigem mais do
que simples técnica e ciência da palavra.Exige um esforço pessoal de quem o
executa, tal como um pensamento feliz,uma vontade muito grande de dominar alguém
ou se livrar de uma situação particularmente difícil.Delirium é complexo porque
é muito difícil alguém se concentrar em algo desesperador quando a pessoa já
está ferrada, quer dizer, em perigo.
- Correto. – disse Harry, com uma indiferença fingida.Em
seu tempo como aluno, só Hermione seria capaz de responder dessa maneira.Tentou
por tudo não sorrir.
Kevin ouviu alguns alunos, especificamente Sonserinos
dizerem “claro que ele sabia a resposta, é filho do professor!” E sentiu
raiva.Se respondesse errado diriam “filho do professor e burro assim?”.Danem-se
todos, pensou.
Harry começou a dizer algo quando ouviu gritos vindos do
corredor.Era inconfundivelmente a voz de Amanda e as risadas agudas de Pirraça.A
menina entrou na sala coberta de fuligem apontando para o Poltergueist que vinha
flutuando atrás dela com um vasinho transbordando de cinzas na mão.
- Pirraça, seu cretino! – gritava ela – Você me paga!- foi
para a sua carteira bufando de raiva, tentando ignorar os risos dos colegas,
enquanto tentava tirar a fuligem dos seus cachos impecáveis.
- Chamou o Pirraça fessorzinho? – disse o
Poltergueist com a voz carregada de cinismo.
- Chamei, preciso de um favorzinho seu. – disse Harry,
sorrindo afavelmente.
- E o que eu ganho com isso? – perguntou Pirraça,
arreganhando os dentes para os alunos que riam.
- Ora, vai ser muito divertido! – Harry voltou-se para os
alunos – Observem bem para depois tomarem nota.
Harry ergueu a varinha para Pirraça e gritou Deliurim!Imediatamente
a sala escureceu como se anoitecesse e uma brisa fria a invadiu.Sem aviso, o
Barão Sangrento se materializou na sala, muito maior que o normal, brandindo um
garrote venenoso.Os olhos de Pirraça se arregalaram incrédulos, como se ele
estivesse vivendo o seu pior pesadelo.Sem querer ver mais nada, Pirraça
atravessou a parede sumindo das vistas de todos.A imagem do Barão Sangrento
sumiu e a sala voltou ao seu clima normal, com pálidos raios de sol entrando
pela janela.
- E então? – perguntou Harry, sorrindo.
Os alunos começaram a falar ao mesmo tempo, surpresos por
terem visto um verdadeiro auror em ação.
- Muito bem, comentários e perguntas no fim da aula – disse
ele – Agora, quero que façam um relatório sobre o Delirium e citem outros
feitiços da mesma classe.
Os alunos estavam excitados demais para se concentrarem em
uma pesquisa e toda hora paravam a tarefa para conversar, coisa que Snape jamais
teria permitido.
Eve passou o resto da aula tentando chamar a atenção de
Kevin.Jogava os longos cabelos loiros de um lado para outro.Fazia o simples ato
de ajeitar a meia sobre os joelhos parecer um verdadeiro ballet, volta e
meia olhava para trás e jogava beijinhos disfarçados para ele.Kevin não sabia se
toda essa atenção era para ele mesmo ou se ela estava fazendo isso para que
Harry percebesse que havia algo entre eles.Qualquer que fosse o motivo, Kevin a
observava fascinado e escrevia sem querer para fora do
pergaminho.Invariavelmente levava violentas cotoveladas de Kim.
O sinal do fim da aula tocou acompanhado de um “Ah, que
pena!” dos alunos.Todos recolheram seus materiais e saíram da sala, não sem
antes cumprimentar Harry e dizerem o quanto gostaram da aula.Kevin, Kim e Joshua
ficaram por ultimo para poder conversar com Harry tranqüilamente.
- Essa aula foi a mais legal do ano! – disse Kim animada.
- Sempre exagerada essa minha sobrinha! – disse Harry,
sorrindo – essa é a primeira ainda!
- É e esperamos ansiosos pelas próximas! – disse Joshua.
Kevin, no entanto não parecia muito preocupado em elogiar
Harry.
- Em que situação desesperadora você pensou para executar o
Delirium? – perguntou ele.
- Pensei em você se atrasando para a aula de Transfiguração
e levando uma reguada da Prof. McGonagall – respondeu Harry, empurrando os três
para fora da sala – anda molecada, pra sala!
Depois de se despedirem de Harry, eles ainda encontraram um
grupo de garotas da Sonserina que davam risadinhas e diziam algo como “Ai, ele é
tão lindo!” e “Se ele tivesse uns vinte anos a menos...”.
- Porque elas estão assim?Quer dizer, é só um professor! –
perguntou Kevin, a Kim.
- É, até parece que nunca viram um professor. – disse
Joshua.
- Alô, tem alguém ai? – disse ela, rindo - não é todo dia
que um professor alto, olhos verdes e atraente dá aulas em Hogwarts!
Kevin sorriu condescendente.
- Mas eu também sou alto, tenho olhos verdes e sou atraente
e nem por isso vejo as garotas desse jeito por mim!
Joshua riu e deu soco de brincadeira no ombro dele.Kim
balançou a cabeça negativamente.
- Você às vezes é tão infantil...- disse ela.”Se
Kevin soubesse quantas vezes Mabel tentou tingir o cabelo de loiro, escondida
dos pais para chamar a atenção dele...”
*.*A autora teve uma recente briga com as tags de quebra de linha e paragrafo.Ela perdeu a briga e hoje ela e as tags não se falam mais.Obrigado.*.*
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