Um encontro muito especial



NA MANSÃO MALFOY
Draco terminou de jantar com o filho, o loiro chegou do hospital pensativo e silencioso. Ele foi monossilábico ao responder as perguntas costumeiras de Ryan. Até que o menino perde a paciência – Pai... Acorda!

Ahn? (Ele sai de seu torpor e balbucia olhando para Ryan) o que foi?

Ryan - Você ta esquisito, pai. Não ouviu nada do que eu falei! E olha que eu já falei três vezes!

Draco – Desculpa filho... O papai trabalhou muito hoje, estou cansado. É só isso. O que você disse mesmo?

Ryan – Me leva com você amanhã? (Ele dá ao pai o seu melhor olhar pidão, perfeito pra ser usado em chantagens emocionais). Eu quero ajudar você, estou cansado de ficar aqui sozinho. Você fica um tempão no hospital!

Isso é golpe baixo! Draco pensa. Ryan sabe que eu me sinto culpado de ter que deixa-lo. E ele se aproveita porque sabe que, na maioria das vezes,eu não consigo dizer não

Antes que o loiro fale algo, Rryan continua – Por favor... Eu fico quietinho, juro que não atrapalho... Eu posso até ajudar! E depois que você terminar,a gente pode ir ao beco ver as vassouras...

Draco sorri e completa – E tomar sorvete!

Oba! - O menino fala saltitando. Sorvete é a terceira coisa que ele mais gosta, logo atrás de vassouras e ir ao trabalho com o pai.

Embora Draco tenha consciência que hospitais não são locais apropriados para uma criança, muitas vezes o loiro leva o filho com ele. Ryan tem verdadeiro fascínio pelo trabalho do pai. Ele se interessa pelas poções, pelos pacientes...

Sua vocação manifestou-se cedo, Draco pensa com uma pontinha de orgulho. E, ao contrário do pai, o pequeno loiro gosta das pessoas, seu jeitinho fascina a todos no hospital onde o menino é tratado como um pequeno mascote. Ninguém consegue entender como aquele garotinho tão simpático pode ser filho do rabugento do Malfoy com aquela perua da Pansy.

XXXXX

Mais tarde...

Draco acabou de colocar o filho para dormir. Não sem alguma dificuldade, pois o garotinho está muito animado por ir para o trabalho do pai no dia seguinte e queria a todo custo ficar acordado conversando.

O loiro se dirige para a sala senta-se em sua poltrona favorita e serve-se de wisky de fogo. Ele não quer pensar nisso, mas não consegue evitar, Hermione não lhe sai da cabeça. A despeito do desprezo que sentia pela sangue-ruim-sabe-tudo na época da escola, o loiro agora não consegue evitar uma indescritível vontade de protege-la. Uma vontade indescritível e inexplicavel

Ele reparou que as escoriações e hematomas, somados ao semblante pálido e frágil não ofuscaram a sua beleza. Sim... Ele viu que Hermione Granger é uma mulher muito bonita... O loiro se pega pensando se na época da escola ela também era assim e ele nunca notou.

Na verdade ele nunca havia pensado nela assim. Draco Malfoy nunca viu Hermione Granger como uma garota, para o loiro ela era apenas a amiga inseparável de Harry Potter, uma sabe tudo insuportável que queria estar sempre certa.

E agora... Draco não sabe ao certo o porquê, mas ele sabe que fará o impossível para trazê-la de volta...

XXXXX

NO ST MUNGUS

Ryan observa fascinado o laboratório do pai. O garotinho não consegue tirar os olhos de todas aquelas poções de diferentes cores e aromas. Ele acha maravilhoso ver o pai criando aquelas poções, ele acha maravilhoso as pessoas beberem aquilo e ficarem curadas. A vontade de tocá-las é quase indescritível, mas o menino se segura. Seu pai mandou que ele não mexesse em nada...

Draco observa o filho contendo o sorriso. Ele está louco pra mexer. Pensa. Ainda bem que ele sabe que pode ser perigoso. Esse é um dos poucos momentos em que Draco consegue ser duro com o menino, mas neste ponto ele é categórico. Se Ryan desobedecer Draco será obrigado a não trazer mais o filho ao hospital, por mais que isto magoe o garoto, a segurança do filho está em primeiro lugar. Ele olha para o menino e fala – Eu tenho que trabalhar agora, você já sabe...

Ryan interrompe e faz uma careta – Não mexa em nada... (o garotinho fala entediado e olha para o pai) eu quero te ajudar. Eu posso ir com você?

Draco – Nestes casos não, vou ver os pacientes com doenças mais graves. Daqui a pouco eu venho te buscar, aí você me ajuda.

Draco sai para atender seus pacientes deixando o filho no laboratório. Ryan permanece quieto por algum tempo, mas logo fica entediado. É muito chato ficar aqui sem o papai, pensa. Quando ele está comigo ele me deixa ajudar, mas quando ele não está aqui eu não posso tocar em nada... Ele olha para os frascos contendo a tentação. Não, não posso. O papai proibiu, se eu mexer ele vai ficar bravo. Ryan sabe muito bem como o pai fica quando está bravo. Ele ainda era muito pequeno, mas se lembra perfeitamente das discussões entre o pai e a mãe. E ele definitivamente não quer ver o pai bravo. O menino sabe que neste ponto não há argumentação. Se ele desobedecer e mexer, o pai não o trará mais ao hospital

Bem, pensa Ryan. Ele falou que eu não podia mexer nas poções, mas não falou que eu não podia dar uma volta por aí... É... Ele não falou... Um sorriso irônico muito parecido com o do pai forma-se em seus lábios

Decidido, Ryan sai do laboratório. Não vai fazer mal nenhum eu dar uma voltinha, eu volto antes do meu pai voltar... pensa

O garotinho já está bastante familiarizado com o hospital. De vez enquando ele sai sozinho a procura de algum garotinho que tenha se acidentado para conversar. Seu pai sempre o repreende, mas Ryan sabe que ele não fica bravo. Pelo menos, não de verdade.

Ele percorre os corredores cumprimentando alegremente todos que encontra, todos os medi-bruxos estão ocupados então ninguém dá muita atenção a ele. Ryan continua percorrendo os corredores sem encontrar nada interessante, ele está ficando extremamente entediado.

O menino vê uma enfermeira sair de um quarto, ela deixou a porta entreaberta e ele vê um vulto ao fundo. Ryan hesita por um momento, mas acaba entrando.

Ele entra vagarosamente, Ryan vê uma mulher sentada na cama. Ele analisa por um momento antes de se aproximar. Ela não tem nenhuma marca pensa ele. Não deve estar com nada contagioso ele conclui. O pai já lhe advertiu para não chegar perto de nenhum paciente que esteja coberto por nenhum tipo de mancha ou pústula. E se a porta está aberta ela não é perigosa... Não, ela não é perigosa, mas é tão triste...

Ryan chega mais perto, não sem nenhum receio. A mulher tem o olhar vazio por alguns segundos, mas depois ela começa a olhar pra ele fixamente. Os olhos dela se enchem de lágrimas...

XXXXX

Enquanto isso Draco se dirige ao laboratório onde deixou o filho. Só espero que ele não tenha mexido em nada pensa o loiro que sabe que embora o filho lhe obedeça na maioria das vezes o pequeno loiro sempre procura uma brecha em suas proibições e depois olha para o pai com a cara mais inocente do mundo e argumenta que Draco não havia falado nada a respeito.

Ele abre a porta chamando pelo filho, mas Ryan não está lá. Onde será que esse garoto se meteu? Ele pergunta para si mesmo enquanto vai para os corredores à procura do filho...

XXXXX

De volta ao quarto...

Hermione acabou de entrar num dos seus poucos minutos de lucidez. Pra ela esses momentos são difíceis, a morena prefere o sono tranqüilizador, o sono sem pesadelos que as poções do médico loiro lhe proporcionam. Nas vezes em que se encontra lúcida tudo lhe vem à mente. Kirk... As torturas... Simon... A dor que ela sente é indescritível e a certeza de que nunca mais irá segurar seu menino nos braços lhe faz voltar ao mundo do sono sem sonhos.

Mas desta vez ela não consegue, ao invés do médico loiro há apenas um garotinho, um menininho loiro que a fita com curiosidade. Ela sente seu coração dilacerar-se no peito ao olhar a criança. Não consegue deixar de pensar que seu Simon não está lá, ela tenta voltar ao torpor, mas estranhamente não consegue, grossas lágrimas saltam de seus olhos, ver aquele menininho dói, dói assustadoramente.

Ryan vê que a moça está chorando. Será que ela está sentindo dor? Pensa. Eu devia chamar meu pai, ele pode curar ela. Ele pensa em sair, mas não consegue desviar os olhos de Hermione então acaba se aproximando – Oi... (ele fala timidamente) está doendo muito?

Si... Simon... (Hermione fala com dificuldade e se assusta ao ouvir o som da própria voz após tanto tempo)

Meu nome não é Simon, meu nome é Ryan - o menino fala.

Sim... Hermione sabe que não é Simon, o garoto tem os cabelos loiros e olhos profundamente azuis, ao contrário dos cabelos e olhos castanhos de seu filho. É mais novo também, mas Hermione só consegue balbuciar o nome do filho.

Simon... (Ela balbucia novamente enquanto as lágrimas descem em abundância e ela soluça incontrolavelmente)

O que eu fiz? Ryan se pergunta. Meu pai vai ficar bravo comigo... – Por favor, não chore... (o garotinho fala enquanto se aproxima)

Mas a mulher continua chorando, num impulso Ryan senta-se na cama e segura a mão dela. Hermione se abraça ao garotinho com se a sua própria vida dependesse disso...

XXXXX

Draco percorreu todas as partes do hospital que Ryan costuma ir. Onde esse menino foi? Pensa. Ele não vai escapar da bronca! Como ele sai assim sem avisar? O loiro sabe que o filho não iria a nenhum dos lugares proibidos, mas sabe também que ele iria a todos os outros. Definitivamente tenho que ter uma conversa com meu filho e ampliar os locais onde ele não pode ir neste hospital

Ele está passando pelo quarto de Hermione quando ouve o soluço convulsivo. Por um minuto o medi-bruxo fala mais alto, ele esquece de Ryan e entra preocupado

Nada o preparou para a cena que ele viu ao entrar no quarto. Hermione chora e Ryan tenta consola-la. Draco fica parado observando a cena sem saber se deve ou não fazer alguma coisa. O menino tenta se explicar ao ver o pai – Eu não fiz nada! Ela já estava chorando quando eu entrei

Mas Draco não presta atenção ao filho. A única coisa que ele vê é que Hermione não está em estado letárgico. Ela acordou pensa

Acordou... Mas isso de maneira nenhuma significa que ela está bem. Seu semblante é de cortar o coração. Ela segura a mão de Ryan como se a sua própria vida dependesse disso. Ela deve estar se lembrando do filho morto

Ele se aproxima lentamente e fala – Senhora Gasparov

O loiro fala e logo se arrepende. Ao ouvir o nome Gasparov, Hermione parece ficar ainda mais angustiada

Não... (Hermione consegue balbuciar) – Gasparov não...

Hermi... Granger... (Ele se senta na cama ao lado dela) você sofreu um choque muito forte, estamos cuidando de você. Você vai se recuperar (ele vira se para o filho e sussurra) me espere lá fora

NÃO! (Hermione grita desesperada) não o leve... Simon... (ela fala antes de desmaiar)

Pai... Ela ta bem? - Draco ouve o pequeno loiro perguntar com o semblante assustado

Ela vai ficar... - É só o que ele consegue falar

XXXXX

NA MANSAO MALFOY

O dia foi longo pensa o loiro. Ryan demorou mais ainda pra dormir, ele não parava de perguntar sobre a moça triste. Meu filho ficou impressionado com ela. Draco não quer admitir nem para si mesmo, mas ver seu filho consolando Hermione o afetou profundamente. Ele perdeu a mãe... E ela perdeu o filho... O loiro pensa. É como se um precisasse do outro...

No outro dia, Draco e Ryan tomam café. O garotinho pede pra ir com o pai novamente

Hoje não filho – Ele sabe que o dia vai ser muito tumultuado. Se Hermione realmente tiver conseguido recuperar a consciência definitivamente será dado início a um tratamento longo e doloroso e o menininho só irá atrapalhar, mesmo com toda boa vontade.

Mas eu queria ajudar você a fazer a moça triste ficar boa... (Ele fala visivelmente chateado) eu... Eu gostei dela

Draco olha incrédulo para Ryan – Você gostou? (Definitivamente esse garoto não existe, pensa enquanto vê o filho balançar a cabeça afirmativamente)

Ela é bonita... Ela tava chorando, mas mesmo assim ela é bonita. (O garotinho fala como se conversasse consigo mesmo). Eu gosto dela sim. (Ele olha para o pai implorando). Eu queria ver ela de novo. Por favor...

Droga pensa Draco. Eu detesto quando ele fica assim. Esse é o tom que o filho usou pra pedir pra mãe que ficasse com ele no dia que ela morreu...

Draco respira fundo e busca forças nem ele sabe de onde. Quem diria que o frio e insensível Draco Malfoy seria controlado desse jeito por um garotinho de quatro anos – Ry... Ela ainda está muito doente e não vai poder receber visitas durante alguns dias. Você nem podia ter entrado lá... Mas eu prometo que assim que ela melhorar eu deixo você ir vê-la (que diabos estou dizendo? O loiro recrimina-se)

Mas agora é tarde Ryan o encara com os olhinhos brilhando – Jura? Você promete?

Draco não tem como negar não diante da expressão feliz do filho – Eu prometo. Assim que ela melhorar um pouco

Ryan – E quando ela vai melhorar? Amanhã?

Draco sorri é típico dele querer tudo pra ontem. Pelo menos nisso ele puxou a mim – Amanhã? (O menino repete)

Draco – Não... Amanhã não. Talvez na semana que vem ok

Ryan suspira, ele sabe que a semana que vem levara séculos para chegar. Mas o olhar que o pai lhe dá não permite que ele argumente e só cabe ao pequeno loiro concordar – Ok! Na semana que vem

Agora eu vou trabalhar – Draco fala preparando-se para aparatar

Pai... (Ryan interrompe)

Draco – O que foi?

Ryan – Que dia é a semana que vem?

Draco suspira. Sem dúvida aquela vai ser uma longa semana...


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NOTA DA AUTORA
Mais um capítulo fresquinho pra vocês. E o melhor, com a Hermione dando sinal de vida! Tá certo que foi muito rápido e ela apagou de novo, mas logo, logo ela começa a ser recuperar. Pelo menos eu espero, afinal de contas eu não mando nos personagens só faço o que eles querem (momento maluco da autora, sorry...)

Falando sério agora, mil agradecimentos a todo mundo que está lendo e principalmente a quem está deixando uma palavrinha de carinho e incentivo.


Mil beijos e comentem por favor

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