CAMINHOS DIFERENTES
Harry e Rony seguiram Butcher até o nível dois, no Departamento de Execuções das Leis da Magia. Evidentemente, Harry já estivera ali antes, e portanto as janelas ensolaradas, por onde se podia ver passarinhos cantarolando, não o surpreenderam, mesmo estando eles no subterrâneo. Passaram por pesadas portas de carvalho, e se encontraram num imenso compartimento dividido em cubículos.
Toda a conversa e agitação cessaram quando eles transpassaram a batente. As centenas de aurores repetiram o já recorrente gesto de boas vindas: uma audível trovoada de palmas e vivas. Os bruxos já se aproximavam sorridentes de Harry, ansiosos para conhecer o garoto de perto, quando Butcher ergueu as mãos com impaciência:
- Chega disso, parem de perder tempo. Voltem ao trabalho. – e os aurores recuaram de volta a seus cubículos, visivelmente desapontados.
Butcher guiou Harry e Rony até a sua divisória, e fechou a porta depois que eles entraram. Era maior que o espaço reservado aos outros aurores, mas ainda assim era incrivelmente apertado, tamanho o número de papéis nas mesas; recortes de jornais e documentos cobriam todas as paredes, e com tantas fotografias bruxas se movendo ao mesmo tempo, os olhos de Harry ficaram um pouco fora de foco.
- Senhores – disse Butcher, com as mãos apoiadas na escrivaninha. – Então vocês querem ser aurores. Ou estão malucos ou nasceram idiotas.
Harry, surpreendido pela ofensa, fitou o bruxo a sua frente. Rony se mantinha com a boca entreaberta. Butcher sorriu, dessa vez mais acentuadamente.
- Mas eu não esperava outra coisa. Não tinha dúvidas que o Menino-Que-Sobreviveu e seu fiel escudeiro iriam querer continuar sua luta contra as Artes das Trevas.
Ele dizia isso com visível satisfação. Olhava os garotos com uma espécie de brilho nos olhos. Harry falou:
- Sr. Butcher, sempre imaginei que para ser auror era preciso passar por uma série de testes. Eu e Rony não gostaríamos de ser excluídos dos trâmites normais, apenas porque derrotamos o Voldemort.
Os olhos cinzentos e indolentes observaram Harry. Ouvir o nome de Voldemort pareceu agrada-lo.
- Sim, sr. Potter, para ser auror é preciso passar por muitos testes e um longo treinamento. Um bruxo só é aceito entre nós quando alcança um nível em magia fora do comum. Afinal não queremos estorvos – Harry percebeu um tremelique de Rony. Butcher não pareceu notar – Mas no caso de vocês, isso tudo é supérfluo. Já demonstraram mais do que necessário que são homens prontos para combater a Magia das Trevas. Acho que não preciso lembra-lo, sr. Potter, que o senhor derrotou pessoalmente o maior bruxo que esse país já teve. Não acho que alguém me contradiria, exigindo que eu obrigasse vocês a passar pelos testes tradicionais.
Rony olhou para Harry, parecendo aliviado. Harry, porém, não havia gostado da opinião de Butcher sobre Voldemort. Não lhe parecia certo o líder dos aurores pensar daquela forma. Abriu a boca para dizer que na verdade o melhor bruxo do mundo havia sido Alvo Dumbledore, quando o auror o interrompeu:
- Porém mesmo que ninguém sugira, eu quero que vocês façam os testes e o treinamento. Só por precaução.
- O que... – Rony embasbacou-se. Harry se manteve calado.
- Não vai ser do modo tradicional, ou seja, não vou esperar o treinamento chegar ao fim para coloca-los em ação. O ministro quer que vocês nos ajudem o mais rápido possível, então é isso o que farei. Vocês serão os primeiros a serem incluídos entre os aurores sem antes passarem pelos testes. Normalmente demora três anos até ganharem alguma missão, e isso só após um rigoroso treino. Tradicionalmente cada candidato tem um instrutor, uma espécie de professor. Não temos muitos disponíveis, já que perdemos muitos dos nossos durante os últimos tempos, então eu pessoalmente me encarregarei do preparo de vocês.
Ele olhou para os garotos como se perguntasse se haviam compreendido tudo. Harry acenou que sim com a cabeça, Rony fez um som gutural.
- Ótimo – disse Butcher.
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- Bombarda!
Um estrondo de furar os tímpanos explodiu: cacos de vidro, pedaços de madeira, pedra e pó voaram pelos ares. Quando a nuvem de detritos abaixou, o homem pode ver a abertura que fizera na parede. Era grande o suficiente para entrar. Foi o que fez. Após alguns momentos lá dentro, ele saiu, guardando o objeto que viera buscar no bolso das vestes. Não fora tão difícil, afinal...
- Parado! Fique parado ou serei obrigado a mata-lo!
O bruxo ergueu a cabeça e viu que a voz vinha de alguém conhecido, que apontava a varinha diretamente para seu coração. Ele sorriu. Esses aurores sempre apareciam do nada, sempre querendo surpreender. Mas nem sempre conseguiam.
- Ah, é você de novo, Marcus. Sempre nos meus calcanhares, não é?
- Calado, Lestrange! Entregue sua varinha agora ou usaremos a Maldição da Morte! – o bruxo chamado Marcus tinha autoridade na voz, porém seu rosto transparecia nervosismo. Outros dois aurores apareceram, pela direita e pela esquerda, também apontando a varinha para o bruxo que arrombara a parede. Ele estava cercado.
- Estamos em maior número. Não seja idiota e entregue a varinha, e então será levado para Askaban...
Não terminou de falar, pois o bruxo acuado fez um rápido movimento com a varinha: um pedaço do teto desabou sobre as costas do outro, esmagando-o no chão. Os outros dois bruxos imediatamente lançaram feitiços. Lestrange, porém, foi mais rápido: parte da parede que jazia no chão ergueu-se a um aceno de sua varinha, protegendo-o dos jatos que lhe eram lançados pela sua direita; em seguida voltou-se para o bruxo à sua esquerda. Revidou os feitiços tão rapidamente, e de modo tão feroz, que o oponente logo gritava pedindo socorro.
A parede içada desabou novamente, destruída por um feitiço do auror: ele só teve tempo de ver seu companheiro voando pela janela afora, antes de ser furiosamente atacado por Lestrange.
- Isso é o que acontece quando se metem com bruxos melhores que vocês! – berrou Lestrange, enquanto lançava inúmeros jatos de sua varinha.
O auror tentava desesperadamente se proteger, se esquivando das maldições, mas quando conseguiu desviar de um jato verde, foi atingido diretamente no rosto por um feitiço azulado. Tombou no chão, segurando o rosto com as duas mãos e gritando de dor, enquanto Lestrange girou nos calcanhares.
Desceu apressado uma escadaria de pedra circular, e quando alcançou o fim, parou, surpreso: mais três aurores o aguardavam lá embaixo.
- Você não escapa dessa vez, Rodolfo Lestrange – anunciou o auror chamado Marcus.
- Mas o que... – Lestrange, atônito, piscou os olhos para o bruxo que pensara ter acabado de eliminar no andar de cima. Então sorriu, deixando a mostra seus dentes amarelados. – Mas é claro, você aparatou lá em cima, não é? Bem pensado, bem pensado...
- Chega de conversa – interrompeu-o Marcus. – Já que se recusa a se entregar, não temos outra escolha.
Os três bruxos gritaram simultaneamente “Avada Kedavra!”, e os jatos verdes voaram na direção de Lestrange. Este, porém, desapareceu com um estalo, para em seguida reaparecer no outro extremo da sala. O auror Marcus gritou aos companheiros para que lançassem feitiços anti-aparatação, mas perdeu a voz no meio da frase: Lestrange agitara a varinha, e de sua ponta voou uma longa cobra preta, que se enrolou no pescoço do auror, asfixiando-o.
Esquivando-se facilmente das maldições dos outros dois, o comensal fez os pesados móveis da sala planarem em direção dos aurores: um imenso sofá de madeira atingiu em cheio um deles. Agora só sobrara um, e Lestrange apontou a varinha para o chão à frente dele e murmurou “Visgulus Propageus”. Imediatamente um imenso pé de visgo-do-diabo surgiu abaixo do bruxo: seus longos tentáculos viscosos agarram-no, até encobri-lo totalmente, os inúmeros ramos abafando seus gritos.
Visivelmente satisfeito, Lestrange se encaminhou para a porta. De repente parou, o auror Marcus se contorcendo a seus pés. Observou as tentativas do pobre coitado de se livrar da serpente que o estrangulava, e quando as presas venenosas da criatura perfuraram o rosto do homem, Lestrange bufou, aborrecido.
- Parecia uma diversão promissora... – reclamou, saindo pela porta, e ignorando os terríveis lamentos do homem que deixava para trás.
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A cabeça de Kingsley Shackelbolt desapareceu com um leve crépito. Minerva McGonnagal se virou e voltou para a escrivaninha. Sentou-se e juntou os dedos, pensativa, o olhar distante. Mas franziu o cenho ao ouvir uma leve risadinha às suas costas.
- O que é?
- Nada, é só que você está incrivelmente parecida comigo, não sei se reparou, mas eu também junto os dedos quando medito...
- Você ouviu o que Kingsley disse, Alvo? – perguntou Minerva, propositalmente interrompendo-o.
- Sim, claro que ouvi. Eu e todos os outros... – a figura olhou de esguelha para os outros retratos nas paredes.
- E então, o que me diz? – a Profa. McGonnagal agora se virara para encarar Dumbledore. – Foram incluídos no Ministério, como já planejado, mas Granger vai para o Departamento de Criaturas Mágicas e os garotos serão aurores. Não acha que é arriscar demais, Alvo? Por que não colocar Harry em uma área onde não tenha que correr riscos...
- Você acha mesmo que Harry aceitaria isso? – indagou Dumbledore, olhando por cima dos oclinhos em meia-lua. – Ele já pensava em ser auror há tempos, Minerva, e se me lembro bem, foi você mesma quem o incentivou a seguir essa carreira.
A bruxa franziu a testa novamente.
- Tem razão, e acho que me arrependo disso. Creio que depois de tudo o que passou, ele deveria ter uma vida tranqüila, longe de bruxos das Trevas...
- Não adianta tentar controlar os passos dele, Minerva. Digo isso porque eu próprio já tentei... – a voz do bruxo se perdeu, seu olhar fora de foco, como se pensasse em coisas passadas. Retomou a voz – Diria que tive êxito, pois meu plano de vida para Harry levou-o à vitória sobre Voldemort, mas, creia-me, Minerva, eu não me atreverei mais a tentar manipular a vida dele.
- Talvez porque já esteja morto? – perguntou ela, friamente.
- Ah, não por isso – sorriu Dumbledore, divertido. – É porque Harry, digamos, pode se tornar... um tanto arisco, ás vezes.
Muitos retratos, que até então fingiam dormir, não conseguiram controlar as risadinhas. Minerva olhou severamente em volta; ainda não havia se acostumado com a falta de privacidade daquele escritório. Além disso, parecia não ter entendido a graça – ela não estava presente quando o garoto arruinara todo o aposento dois anos antes.
- De qualquer modo – retomou ela, recompondo a dignidade. – Eu não pretendo imita-lo, Alvo. Não vou interferir.
- Ótimo – retrucou o retrato, dando o assunto por encerrado. Enfiou as mãos nas vestes azul-petróleo e tirou de lá um enorme picolé de limão, que logo começou a ser atacado.
Após revirar os olhos para o teto, a bruxa passou a andar pelo aposento, parando de quando em quando para observar os estranhos objetos lançadores de fumaça, com suas engrenagens levemente barulhentas. Não se ateve a nenhum deles e estacou em frente à janela, observando os terrenos de Hogwarts.
- Deus do céu, Minerva, você está bem? – indagou o retrato de Dumbledore, observando-a preocupado por cima de um novo drops de limão.
- Para falar a verdade, não! – explodiu ela, para escândalo dos ex-diretores. – Como pode estar tão despreocupado, Alvo? Sinto que alguma coisa está por vir, alguma coisa séria. Nem todos os comensais foram capturados, e você sabe bem disso! E pior: alguns dos piores seguidores de Você-Sabe-Quem estão definitivamente agindo para não perderem o legado dele, e o Ministério está em plena recomposição, e portanto não pode agir com rapidez! Alvo, o que fará a respeito?
A diretora mirava o retrato, exasperada, quase desesperada. Este, porém, apenas suspirou.
- Infelizmente, minha cara Minerva, como você mesma lembrou, eu estou morto. – após uma breve sombra de melancolia, porém, ele sorriu. – Mas Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger ainda estão vivos, e bem vivos, eu diria.
Minerva McGonnagal apertou os olhos, intrigada, para a pintura. Então, como que a contragosto, e com certa dificuldade, moveu levemente os lábios num indisfarçável sorriso.
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Harry e Rony estavam parados no corredor, aguardando Butcher sair da sala. O auror fora abordado por um subordinado e ele os mandara esperar do lado de fora. Rony resmungara alguma coisa parecida com “ele acha que vamos ouvir?”, mas não fez objeção.
Harry se recostava na parede de pedra, pensativo. Butcher dissera que eles já podiam se considerar aurores; mais que isso, os “maiores aurores” do contingente. O garoto não sabia porquê, mas não se sentia bem em ser tratado assim, com tanta reverência. Parecia-lhe que não merecia tudo aquilo, que estava recebendo privilégios que não deveria aceitar. Harry estava tão absorto em seus próprios pensamentos que não notou que Rony o cutucava.
“Hum?”, resmungou para o amigo, para em seguida arregalar os olhos. Rony, que já aparentava um leve enjôo, agora definitivamente estava desfalecendo: o rapaz estava tão branco que suas sardas contrastavam horrivelmente com a pele.
- Rony, você tá bem? – preocupou-se Harry, segurando o amigo pelo braço.
- Harry... – o garoto apenas murmurou, a voz fraca. – Preciso... banheiro...
- Ah, ok – disse Harry, olhando nervoso em volta. Uma bruxa magricela vinha caminhando pelo corredor, e Harry intercedeu-a. – Com licença, mas onde fica o banheiro mais próximo?
- No fim desse corredor, à direita – respondeu ela, surpresa. – Hei, você é...
- Obrigado – disse Harry, praticamente carregando Rony pelo corredor. Apressou-se até o local indicado e entraram – Rony imediatamente correu para um boxe.
Harry aguardou Rony terminar. O garoto saiu e lavou o rosto: tinha recuperado um pouco de cor.
- Está melhor?
- Valeu, cara – respondeu Rony.
- Legal, então vamos voltar porque o Butcher deve estar...
- Harry – interrompeu-o Rony. Harry olhou para ele, indagativo. Ele ergueu a cabeça ruiva e encarou o amigo. – Harry, eu acho que eu... não quero ser auror.
Harry o fitou. Como assim não queria ser auror?
- Como é? Mas... você disse que queria, nós sempre conversávamos...
- Eu sei, Harry – Rony parecia estar tendo muita dificuldade para falar. Ele respirou fundo. – O negócio é que mamãe... bem, mamãe não quer mais que corramos perigo.
Ele olhou para o chão, constrangido. Harry não havia entendido, o que a sra. Weasley tinha a ver com isso?
- Como assim, sua mãe não quer...?
- É, Harry, minha mãe me proibiu de ser auror! Não sei se reparou, mas ela já perdeu um filho, e o outro foi atacado por um lobisomem e quase morreu, acho que é com isso que ela está preocupada!
Rony praticamente berrara isso tudo. Harry o olhava, meio atônito. Não sabia o que dizer, então só encarou o chão. O amigo parecia ter se arrependido de ter gritado.
- Er... desculpa, Harry – resmungou. – Mas é que... bom, eu também não estou feliz com isso. Mas mamãe me fez prometer que não me poria em perigo novamente. Você tinha que ver, Harry, ela chorou muito, praticamente implorou a todos nós que não nos metêssemos em nada perigoso. Foi logo depois da morte do Fred. Ela reuniu todos os irmãos e... bem, nos fez prometer isso.
Rony se calou. Um silêncio horrivelmente constrangedor pairou sobre eles. Harry estava completamente surpreso: contava com a presença de Rony, sempre pensara na carreira no Ministério como algo menos chato com a companhia do amigo. E ainda tinha os tais treinamentos; ele teria de passar por tudo sozinho, pelo jeito. Harry não sabia o que pensar da atitude da sra. Weasley – por um lado a compreendia perfeitamente, só queria proteger os filhos. Mas por outro...
- O que você vai fazer, então? – perguntou, frio.
Rony notou o tom dele.
- Não sei bem ainda. Acho que vou trabalhar com Jorge na loja de Gemialidades Weasley. Ela vai reabrir em algumas semanas, depois que acabar a reforma. Sabe, os comensais destruíram tudo por lá.
Ele ergueu os olhos timidamente para Harry, que mirava o espelho, calado.
- Harry – disse, e o amigo o olhou. – Tudo bem?
- Sim – retrucou o outro, inexpressivo. – Acho que devemos contar ao Butcher então, já que apenas eu serei auror. Vamos.
Saiu apressado do banheiro, sendo seguido com por um Rony cabisbaixo.
Encontraram logo Butcher, e Harry contou a ele que Rony havia pensado melhor e desistido da carreira de auror. O bruxo não demonstrou nenhuma reação, e apenas olhou languidamente para o ruivo, sem fazer nenhum comentário. Seguiram para o escritório do ministro, onde haviam combinado se encontrar com Hermione. A garota parecia realmente radiante, estava animadíssima com tudo o que vira durante o dia: aparentemente o Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas agora teria uma subdivisão especial para a Reforma Geral da Situação Élfica, sob o encargo, é óbvio, de Hermione Granger.
- Vocês nem imaginam a quantidade de coisas que há para se fazer naquele lugar – tagarelava ela, em rápida velocidade. – A cara de surpresa dos funcionários quando viram que uma garota de dezessete iria comandar uma nova subdivisão, ah, vocês deviam ter visto! Um velho chamado Mr. Tottingham veio com uma história risível sobre os elfos serem naturalmente servis, o que é um completo absurdo, e ficou indignadíssimo quando eu o contradisse com o argumento de que a lavagem cerebral histórica ininterrupta que eles têm sofrido é que os faz agirem dessa maneira...
Harry riu da animação da amiga: sem dúvida era aquilo que Hermione queria fazer, revolucionar a vida dos elfos. Rony parecia tão deprimido que nem dizia nada. Harry sentiu vontade de contar a recente decisão dele para Hermione, mas achou que seria melhor deixar ele se virar e dizer a ela. O que nem demorou muito.
- Ah, é tão surpreendente, não é? – dizia ela. – Nós três trabalhando no Ministério da Magia, quem diria uma coisa dessas há um ano atrás? Ah, ouvi dizer que o julgamento da horrenda da Umbridge vai...
- Lamento estragar tudo, mas não vou trabalhar com vocês – falou Rony, mas alto e com mais azedume do que era preciso.
- ... ser semana que vem... QUÊ? – ela arregalou os olhos para ele.
Ele disse a ela tudo o que havia dito a Harry. Surpreendentemente, ela não teve nenhuma reação bombástica. Apenas o encarou por alguns segundos.
- Bem – suspirou Hermione. – Parece que não nos veremos muito esse ano.
- Como assim? – perguntaram os dois garotos, em uníssono.
- Ora, não é óbvio? – disse, irritada. – Harry terá que fazer um árduo treinamento, você, Rony, vai trabalhar nas porcarias do seu irmão, e eu, além de trabalhar aqui no Ministério, vou ter que terminar o último ano em Hogwarts.
- O QUÊ? – os dois novamente, juntos.
- Eu já disse – Hermione começava a ficar realmente de mal-humor. – E não vou voltar atrás sobre isso.
- Mas Hermione... – Rony começou, mas logo desistindo, tamanho era o olhar que ela lhe lançou.
Harry não entendia como Hermione conseguiria fazer tudo isso ao mesmo tempo, até que um pontinho de compreensão brilhou em sua cabeça.
- Vira-tempo? – indagou.
Ela apenas acenou com a cabeça. Realmente, eles não se veriam muito nos próximos tempos. Harry se sentia deprimido, não era exatamente aquilo o que tinha planejado.
Então a porta do escritório de Kingsley abriu abruptamente e um homem entrou correndo, se encaminhando até Butcher, que conversava com o ministro.
- Que é?
- Lestrange, senhor – ofegou o bruxo. O trio se virou violentamente ao ouvir aquele nome.
- E? – Butcher permanecia impassível.
- Escapou novamente, e pior: matou todos os dois grupos enviados, incluindo Glowing.
- Marcus Glowing? – perguntou Kingsley, a testa franzida. – Isso é péssimo.
Butcher, que era incrivelmente pálido, agora tinha as bochechas coradas. Pediu licença ao ministro e saiu apressado, o bruxo que trouxera a mensagem em seus calcanhares. Kingsley cochichou alguma coisa no ouvido de uma bruxa e foi até os garotos.
- Pessoal, acho que já podem voltar para Hogwarts. Foi um dia longo e acho que vocês querem descansar.
Eles abriram a boca para fazer perguntas sobre o que ouviram, mas Kingsley saiu apressado da sala, seguindo os passos de Butcher. Harry, Rony e Hermione se entreolharam, apreensivos. Tinham certeza que ouviram o nome “Lestrange”, um nome que trazia de volta lembranças desagradáveis. Rony, especialmente, parecia ter voltado a empalidecer.
Comentários (1)
Bom espero que pelo menos o Harry e a Mione não se afastem muito e ca entre nós a Hermione é uma mula de teimosa não?Mas oq o Lastrange roubou?
2011-04-27