Capitulo 16
CAPÍTULO XVI
O lugar estava vazio. Estranho, aquilo, num dia de junho, em pleno verão. Não havia ninguém na fila, esperando para entrar, e Hermione só viu Bud quando chegou bem perto do grande portão perolado.
O anjo-chefe encontrava-se sentado numa cadeira branca junto ao portão, ainda com sua auréola luminosa flutuando acima da cabeça grisalha e com o mesmo olhar de que Hermione se lembrava. Mas o que poderia ter mudado em onze dias, que fora o tempo que ela estivera lá embaixo, no mundo? No entanto, nesse período tão curto, sua vida transformara-se completamente.
Bud sorriu ao vê-la.
— Olá, Hermione.
Ela também sorriu, feliz ao ouvir a voz suave e carinhosa.
— Oi, Bud — respondeu, sentando-se numa outra cadeira. — Acho que já ficou sabendo que fracassei.
— Fracassou?
— Completamente. Não fui capaz de ajudar Harry Potter. Ele ainda xinga e agora também mente, porque diz que ama uma pessoa, quando não sente nada por ela. Só compliquei a vida dele, Bud. Acho que Harry ficou pior do que antes.
— Por que acha isso?
Ela olhou para os pés, observando a bruma enrodilhar-se nos tornozelos.
— Porque ele perdeu o emprego e a noiva. Porque ficou infeliz e cheio de raiva.
O anjo-chefe continuou a olhá-la com carinho.
— Harry precisava aprender a amar, Hermione, e você o ensinou.
Ela meneou a cabeça.
— Não. Ele não se apaixonou por Cecília.
— Não era para ele apaixonar-se por aquela moça. Harry estava esperando para apaixonar-se por você.
— Por mim?!
— Por você.
— Mas Harry não me ama, Bud — ela murmurou, desolada. — Não acreditou em mim, embora eu também não tenha confiado nele. Não disse que o amava. Achava que, se ignorasse meus sentimentos, não poderia sair magoada. Além disso, não contei que era sobrinha de Herbert Granger. Oh, que anjo imprestável eu sou.
— Lá embaixo você era humana, Hermione. Assim como Harry é humano. Nem todos, no mundo, sabem reconhecer que receberam um presente precioso, quando sentem amor. Ou, se reconhecem, não têm coragem de ir em frente, com medo de sofrer.
— Mas...
— Você fez um excelente trabalho, Hermione, e passou no teste.
Ela arregalou os olhos, espantada.
— Era um teste?
— Era. Está pronta para entrar no céu?
Hermione hesitou. Claro que ela queria entrar no céu. Queria sentir-se segura e amada. Contudo, não experimentava a mesma alegria da outra vez, quando mal podia esperar para passar por aquele maravilhoso portão. Alguma coisa a estava segurando. Prendendo seu coração, pegando-a pela mão.
Ela fechou os olhos, tentando concentrar-se. De repente, percebeu que estava chovendo. Sentia gotas mornas pingando na palma da mão esquerda. Esquisito. Nunca imaginara que no céu chovesse.
Abriu os olhos, fixando-os no teto branco acima dela. Olhou em volta, notando as paredes verdes. Então, tomou consciência de que se encontrava num quarto de hospital. Virou a cabeça no travesseiro e viu Harry sentado ao lado da cama, fitando-a com ar preocupado.
— Hermione? — ele chamou baixinho, apertando-lhe a mão. —- Está me ouvindo, querida?
Lentamente, ela assentiu.
Os olhos de Harry estavam molhados. Ele enterrou o rosto na palma da mão dela, umedecendo-a. Então, ergueu a cabeça e fitou-a com um leve sorriso.
— Graças a Deus -— murmurou. — Oh, Hermione, você desapareceu diante de meus olhos e não consegui mais encontrá-la. Procurei-a no prédio da firma, em toda a cidade, em nossa casa. Por fim, pensei em vir aqui. As enfermeiras me disseram que havia uma srta. Granger na lista de pacientes, mas que ela se encontrava em coma há onze dias. Deixaram-me entrar no quarto. Era você.
— Em coma? — ela perguntou, confusa. — Não me lembro de nada.
Ele apertou a mão dela com mais força.
— Mas lembra-se de mim, não é?
Ela observou as faces sombreadas pela barba, os olhos verdes e profundos, a boca máscula.
— Como poderia esquecê-lo, Harry?
Ele tomou-a nos braços, beijando o cabelo castanho.
— Quero passar minha vida com você, Hermione. Vamos formar um lar e ter todos os filhos que pudermos. Me perdoa por todas as coisas que disse? Não sou anjo, tenho um monte de defeitos e sei que não te mereço, mas te amo. E sempre vou amar.
— Oh, Harry... — ela murmurou, emocionada. — Você me merece, sim. Não sou mais anjo e não fui um anjo muito bom. Eu devia ter contado sobre tio Herb, devia ter confiado em você. Mas eu também te amo, Harry, com todo o meu coração.
— Meu bem... — ele sussurrou, beijando-a com suavidade. A ternura foi se transformando em paixão e os dois abraçaram-se com fúria, deliciando-se com aquele momento de puro encanto.
Quando o beijo finalmente acabou, olharam-se maravilhados por um longo tempo.
— Harry, seu emprego...
— Tenho novidades. O secretário do governador telefonou-me esta manhã para me oferecer uma vaga de juiz municipal. O que eu gostaria de saber é se você, ou seu amigo lá em cima, têm alguma coisa a ver com essa oferta que eu já desistira de esperar.
Ela meneou a cabeça, sorrindo.
— De jeito nenhum. É tudo mérito seu e estou muito orgulhosa de você.
— E eu estou orgulhoso de você, anjo.
— Gostei disso — ela declarou, acariciando o rosto dele. — Preciso dizer-lhe uma coisa, Harry.
— O quê?
— Tio Herb não está interessado no dinheiro de Helen, tenho certeza.
— Eu sei. Acho que já sabia, mesmo antes de ela me telefonar para dizer que legara todo seu dinheiro para uma obra de caridade.
— Ela fez isso?
— Fez.
— Então, você já sabia, quando eu fui ao escritório.
— Não. Por acaso, ela ligou um pouco depois de você desaparecer, quando eu a estava procurando como louco por todos os cantos do prédio.
— Que obra de caridade ela escolheu?
— Uma fundação para os sem-teto. As filhas ficaram furiosas, mas Herbert entrou em êxtase. Ele disse que isso prova quanto Helen o ama. Os dois vão partir para uma viagem, assim que você se recuperar completamente.
— Tenho certeza de que serão felizes — comentou Hermione com um sorriso.
— Quase tão felizes quanto nós — ele observou, apertando-a contra o peito, antes de cochichar-lhe ao ouvido: — Gostaria que este não fosse um quarto de hospital e que você já estivesse boa.
— Estou ótima — ela garantiu, corando ao ver o desejo estampado nos olhos dele. Olhou para a camisola hospitalar o fez uma careta de desgosto. — Pensei que por algum tempo não usaria mais nada branco.
— Vã esperança — ele declarou. — Você vai vestir-se de branco para o nosso casamento.
— De branco? Só se estiver disposto a esperar.
— Esperarei, embora já imagine quanto isso vai me custar — ele prometeu, tornando a beijá-la. — Esperei por coisas muito menos importantes, em minha vida. Mas o casamento será o mais rápido possível. Assim que você receber alta.
— Vou perturbar o médico, então, para me liberar depressa.
Harry curvou-se e encostou os lábios nos dela.
— Promete que não terá vontade de voar para o céu e me deixar?
— Prometo. Você terá de me aturar por muitos e muitos anos.
— Graças a Deus — ele murmurou, colhendo os lábios dela num novo beijo profundo.
FIM
Obs:Oiiii pessoal!!!!Eu peço que me desculpem por ter demorado tanto para postar mas, além da faculdade, eu estou com problemas no meu pc.Espero que tenham curtido a fic como eu curti em adaptá-la.Logo logo tem fic nova na área!!!!Bjux!!!!Adoro muuuuuito todos vcs!!!!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!