Capitulo 7
CAPITULO VII
Hermione balançava um taco de golfe distraidamente, observando Harry e Cecília. Os dois discutiam um lance do jogo com aquele ar de gente rica e autoconfiante que os tornava tão diferentes das pessoas comuns. E como eram frios um com o outro!
Não ia ser fácil fazer com que se apaixonassem. Eles nem acreditavam em amor! No entanto, Cecília dera sinais de sentir ciúme. E Harry, a despeito de tudo o que dissera, devia sentir alguma coisa pela bela loira platinada.
Hermione suspeitava que o problema maior residia no fato de Harry dedicar-se demais ao trabalho. Os futuros noivos precisavam passar mais tempo juntos e se ela conseguisse obrigá-los a sair e divertir-se, estaria dando ao amor a chance de florescer. Afinal, os dois tinham um anjo protetor preocupado com sua felicidade.
Enquanto esperava sua vez de jogar, Hermione arrumou o chapéu branco, puxando-o mais para a testa. Sorriu, refletindo que logo cumpriria sua missão e voltaria para o céu, onde trocaria o chapéu por uma auréola luminosa.
— Prepare-se para a derrota, Harry — avisou Cecília. — Tenho treinado bastante.
— Nunca estou preparado para a derrota, porque não acredito nela — ele replicou.
Cecília riu.
— Você pode ser imbatível no tribunal, mas no golfe a história é diferente.
Harry não respondeu e Hermione observou-lhe a expressão fechada. Ele balançou o taco várias vezes, parecendo muito concentrado, e por fim bateu na bola, mandando-a longe. Mas não fora tão longe quanto a de Cecília, que sorria, satisfeita.
— Viu como estou em forma? —- ela provocou. Hermione preparou-se para jogar. Olhou para a bola branca perto de seus pés. Não devia ser muito difícil balançar o taco e bater na pequena esfera rígida. Só precisava de um pouco de fé.
Ignorando Harry e Cecília, que a observavam atentamente, ergueu o taco, imitando o gesto que os dois tinham usado para mandar a bola voando através do campo verde. Então, desceu-o, desenhando um arco no ar, e olhou para a distância, protegendo os olhos com uma das mãos, tentando acompanhar o trajeto da bolinha.
— Hermione, você não tirou a bola do chão — Harry avisou em tom prestativo.
Ela olhou para baixo, desgostosa.
— Não disse que adorava jogar golfe? — perguntou Cecília com um sorrisinho irritante.
— Adoro, mas quase não jogo — confessou Hermione.
— Com franqueza, querida, você não tem a mínima chance, jogando com dois cobras como nós — declarou a loira platinada. — Nem rezando.
— Rezar, eu rezo sempre, mas jogar, que é bom... — murmurou Hermione.
— Mas você está jogando — interferiu Harry. — Só precisa aprender os movimentos certos.
Para surpresa de Hermione, ele colocou-se atrás dela, passou-lhe os braços ao redor da cintura e pôs as mãos em cima das suas, no taco.
— O que está fazendo? — ela protestou.
— Ponha a mão direita mais embaixo e a outra por cima. Isso lhe dará firmeza para acertar a bola e mandá-la longe.
Hermione tentou concentrar-se nas instruções e esquecer o calor que emanava do corpo dele, tão perto do seu. Harry deu-lhe um pequeno empurrão com o peito.
— Relaxe e dobre mais os joelhos — ordenou. — Tente acertar a parte mais baixa da bola.
Ainda segurando as mãos dela, movimentou o taco o bateu na bola, que subiu no ar e foi aterrissar gentilmente na grama, antes de rolar na direção de uma das bandeirinhas coloridas.
— Consegui! — gritou Hermione.
Rindo, deliciada, olhou por cima do ombro e fitou Harry nos olhos. Ele devolveu o olhar, muito sério, e a pressão que exerceu, puxando-a para mais perto do corpo musculoso, foi quase imperceptível, mas inegável.
— Espantoso! — exclamou Cecília. — Vamos em frente.
Hermione engoliu em seco e afastou-se de Harry. Pegou o saco de tacos, jogou-o no carrinho e embarcou. Excitada, seguiu com Cecília, indo atrás do carro de Harry até o próximo buraco. Por um instante, esquecera a outra mulher, dominada por um desejo que nada tinha de angelical. Como podia um homem tão teimoso e irritante despertar nela uma emoção intensa e quase irresistível?
— É tão divertido! — declarou, olhando para o rosto impecável de Cecília. — Você e Harry deviam jogar juntos mais vezes.
— Somos muito ocupados — respondeu a companheira. — Além disso, acreditamos no ditado que diz que "a distância aumenta o amor".
Hermione franziu a testa, aborrecida.
— Não se esqueça do outro ditado: "Longe dos olhos, longe do coração."
— Isso é bobagem. Talvez aconteça, mas apenas com gente imatura. Estou curiosa a respeito de uma coisa, Hermione.
— A respeito de quê?
— Como foi que você e Harry se conheceram?
— Fizemos juntos um curso sobre avaliação de filmes, na universidade — explicou Hermione. — E nos encontramos por acaso, uma noite dessas. Começamos a conversar e ele não estava se sentindo muito bem, de modo que levei-o para casa.
— E acabou passando a noite — completou Cecília em tom frio.
Hermione empertigou-se, incomodada com a insinuação.
— Eu não tinha feito reserva num hotel e Harry me deixou dormir no quarto de hóspedes. Minha bagagem foi roubada no aeroporto o ele me emprestou uma de suas camisas.
Parecia uma desculpa esfarrapada, o que realmente era.
— Que história triste — comentou Cecília em tom levemente irônico, no momento em que freava o carrinho ao lado do de Harry.
O jogo prosseguiu e a conversa cessou. Hermione recusou-se a aceitar mais ajuda e suas tacadas hesitantes arrancavam sorrisos de superioridade de Cecília. Harry jogava carrancudo, sem trocar palavras com a futura noiva. O jogo, apesar da presença de Hermione, era apenas entre eles dois e parecia mais um combate do que uma diversão.
Essa atitude alarmou Hermione, mas ela continuou a rir e sorrir como se não houvesse nada de errado. No quarto buraco, Harry e Cecília começaram a olhar-se com antagonismo. No sexto, puseram-se a trocar palavras ásperas.
Hermione meneava a cabeça, perplexa. Aqueles dois não percebiam que era uma competição esportiva e não uma disputa por algo sério? Ela precisava fazer alguma coisa, e rápido, antes que se engalfinhassem, mas a situação parecia insolúvel. Se Cecília ganhasse o jogo, o ego de Harry ficaria ferido. Se Harry vencesse, seria vítima da raiva da futura noiva.
— Você está apenas vinte buracos atrás de nós, Hermione – zombou Cecília. — Se jogar com perfeição daqui para a frente, ou se Harry e eu perdermos todas as tacadas, talvez você vença.
Riu, como se tivesse contado uma piada hilariante, mas Hermione apenas ficou olhando para ela, imóvel, atingida por uma idéia salvadora. Se 'ela' vencesse, seria o alvo da animosidade dos dois, evitando uma briga.
Animada, correu para juntar-se a eles no próximo buraco. Cecília armou a tacada com admirável calma e bateu, mas franziu a testa, agastada, quando a bola rolou para fora da rota sem motivo aparente.
- Praga! — resmungou.
Em seguida, um inesperado pé-de-vento soltou algumas mechas do cabelo loiro e jogou-as em seu rosto, fazendo-a largar o taco e arrumar o penteado com gestos quase frenéticos.
Com um sorrisinho perverso, Hermione preparou-se para jogar. Ergueu o taco. Bateu. Como de costume, a bola rolou para longe do buraco, mas de modo fantástico, impulsionada pelo vento, fez uma curva e entrou.
— Vocês viram isso?— ela gritou, excitada. — Entrou direitinho!
Cecília olhou-a com desdém mal disfarçado.
— Nossa, que espetáculo! — exclamou em tom condescendente, enxotando uma abelha que ousara pousar na manga de sua imaculada blusa de seda.
Contudo, sua atitude começou a mudar, à medida que Hermione acertava uma jogada atrás da outra.
— Ou é sorte de principiante, ou você tem jogado bastante, ao contrário do que quer fazer acreditar:— comentou.
— Não tenho jogado, não — respondeu Hermione, ignorando o ar de descrença da outra mulher.
O vento tornou-se mais forte e quente, levantando folhas e terra.
— Que vento chato! — reclamou Cecília. — Parece um Santa Ana.
— Santa Ana? — repetiu Hermione, estranhando.
Harry assentiu, sorrindo.
— E como os nativos chamam esse vento. Há também quem o chame de "vento do diabo".
— Neste caso não é do diabo — observou Hermione com ar malicioso.
Harry lançou-lhe um olhar de advertência.
— Não acham melhor pararmos de jogar? — ele sugeriu.
— Não -— respondeu Cecília. — Eu nunca desisto.
Nesse instante, viu-se envolvida por uma nuvem de folhas secas erguidas por um golpe forte de vento e uma delas emaranhou-se no cabelo já em desalinho. Com um gritinho de raiva, ela arrancou-a, mas o gesto brusco desmanchou o coque e o cabelo derramou-se em volta de seu rosto.
— Hermione... — Harry começou, mas calou-se abruptamente.
— O quê?
— Nada.
— Ia me pedir para fazer o vento parar, não ia, Harry?
Ele olhou para Cecília, como se receasse que ela tivesse ouvido.
— Não ia, não — respondeu.
— Ia, sim — ela insistiu.
Harry viu os olhos castanhos iluminarem-se de malícia, antes de ela virar-se e seguir Cecília, que começara a andar na direção do carrinho. O vento sacudia e assanhava o lindo cabelo castanho. E o jeito como ela ergueu os braços, como se o vento a divertisse, tinha algo de tão sensual que ele sentiu uma onda de desejo.
O jogo continuou e no próximo buraco a bola de Harry perdeu-se no mato e a de Cecília caiu no lago. A de Hermione tomou o rumo de um grupo de árvores, mas o vento carregou-a de volta para o gramado.
Harry meneou a cabeça, incrédulo.
— E óbvio que ela sabe jogar, e bem — comentou Cecília num cochicho.
— Ela disse que não sabe — ele replicou.
— Se você é tolo o bastante para acreditar nisso, acreditará em qualquer coisa.
Foram em frente e o Santa Ana parecia soprar com mais fúria a cada buraco. Harry não pôde deixar de notar o efeito que as rajadas quentes provocavam em cada uma das mulheres. Praguejando baixinho, Cecília lutava contra o vento, tentando afastar do rosto o cabelo esvoaçante e tirando o pó das roupas. Hermione quase dançava no gramado, movimentando-se com rapidez e entusiasmo.
No último buraco, gravetos, poeira e folhas rodopiavam em volta deles. Cecília e Harry tinham acabado de jogar e somado os pontos.
— Se errar essa jogada, Hermione, nós três empataremos -— anunciou Harry. — Se acertar, será a vencedora.
Hermione sorriu e preparou-se para a tacada final. Era engraçado como as coisas se resolviam facilmente sob a influência de um anjo. Um empate seria ótimo. Ninguém ganharia, ninguém perderia, ninguém teria pretexto para brigar.
Girou o taco entre as mãos, enquanto a loira platinada dava mostras de impaciência. Começou a balançar o taco.
— Espere! — gritou Cecília. — Você pegou o taco errado!
— O quê? — perguntou Hermione, parando o movimento, confusa.
— Pegou o taco errado —repetiu a outra mulher. — Para essa jogada, precisa de um putter e pegou um five iron.
Hermione olhou para Harry, que se mostrou impassível.
— Está tudo bem — disse por fim. — Este aqui está ótimo.
— Desculpe, eu só queria ajudar — replicou Cecília em tom frio.
Hermione ergueu o taco, dobrou os joelhos e bateu. Nesse momento o vento parou. A bola rolou lentamente para a frente. Caiu no buraco. Hermione prendeu o fôlego, sem poder acreditar. Acertara!
— Parabéns — Cecília cumprimentou-a num resmungo, e virou-se, começando a andar na direção da sede do clube.
Hermione sentiu-se desapontada. Sua vitória não ajudara, em nada o caso de amor complicado. Ou, melhor, o caso de falta de amor. Ergueu os olhos para Harry, dominada pelo sentimento de culpa. Ele não olhava para Cecília, mas para ela. E estava sorrindo!
— Você venceu, Hermione. Você e esse vento do diabo.
Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado!!!!Espero que tenham curtido!!!!Semana que vem tem mais atualização e fic nova!!!!Bjux!!!!!Adoro vocês!!!!!
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