Capitulo 5



CAPITULO V

Imobilizado pelo espanto, Harry ficou sem ação durante vários segundos. Então, numa reação automática, sacudiu a cabeça, espirrando água por todos os lados.
Estava ensopado. O cabelo, o rosto, o paletó do terno, tudo molhado. Aquela bruxinha louca! Só podia ter sido ela! Fumegando de raiva, ele voltou a entrar e nem esperou pelo elevador, correndo escada acima.
Abriu a porta do apartamento com violência. Hermione, sentada à mesa com um pote de azeitonas nas mãos, arregalou os olhos, espantada, quando notou seu estado.
— Choveu!
— Pode apostar que não! — ele retrucou, tirando o paletó e jogando-o no chão.
Depois, indo até a cozinha, pegou um pano de enxugar louça e secou o rosto. Hermione viu que até a camisa ficara molhada, esculpindo os músculos das costas largas e do peito.
— Você jogou água em mim — ele acusou, atirando o pano no balcão.
— Não joguei, não! — ela negou.
Lançando-lhe um olhar impaciente, Harry foi até uma das janelas e Hermione seguiu-o. A vidraça estava fechada e ele tentou abri-la, sem conseguir. Então, ajoelhou-se no peitoril largo, próprio de casa antiga, e tentou torcer a argola do ferrolho. As ferragens estavam emperradas. Por fim, usando mais força, conseguiu abrir a vidraça.
Sem mais comentários, passou para a outra janela, já no lado onde ficava a sala. Teve também de fazer bastante esforço para abri-la. Nem acreditava que fazia tanto tempo que não deixava o ar puro circular pelo apartamento. Mas o fato era que ele não parava em casa, sempre ocupado com seus clientes, sempre correndo como um louco.
Aquelas duas janelas eram as únicas de onde Hermione poderia ter-lhe atirado água, porque as duas do quarto e a do escritório ficavam do outro lado. E era óbvio que ela não as abrira.
— Alguém jogou água em mim — ele insistiu. — Se não foi você, deve ter sido brincadeira de mau gosto dos garotos do andar de baixo.
— Eles já fizeram isso alguma vez?
— Não, mas...
— "Mas" coisa nenhuma — ela ralhou. — Choveu e você sabe muito bem disso.
— Não sei de nada. A aposta está cancelada —- ele decidiu, prepotente.
Hermione plantou as mãos na cintura, furiosa.
— Eu devia imaginar que você não cumpriria sua palavra! - gritou.
Andando em passo de marcha, mal contendo a irritação, foi até o armário da cozinha e tirou da gaveta o papel assinado por ambos.
— "Chuva é água em quantidade visível, caindo do céu" — leu em voz alta. Voltou para perto de Harry, pisando duro, e quase esfregou-lhe o papel no nariz. — Você assinou essa declaração. Caiu água do céu, não caiu?
— Caiu água, mas não do céu — ele argumentou. Ela bufou e ergueu os olhos para o teto.
— "Céu", todo mundo sabe, é sinônimo de "cima". Caiu água de cima e pronto. E mesmo que tenha sido arte dos garotos, não é espantoso que tenham escolhido exatamente esse momento? Foi um milagre, não foi?
— Foi uma coincidência — ele teimou.
— O que é coincidência para uma pessoa, é milagre para outra. Você foi atingido por água caindo do céu. Para mim foi milagre. Ganhei a aposta e vou ficar aqui para dar um jeito na sua vida.
Ele cerrou os lábios, incrédulo e irritado;
— Minha vida vai muito bem, obrigado, e nenhuma maluca metida a anjo vai bagunçar meu espaço!
— Mas o contrato que assinamos! — ela persistiu. — Você prometeu!
— Sinto muito, Hermione, mas...
Ele não completou o que ia dizer, porque naquele instante a campainha tocou.
Hermione deixou-se cair no sofá, satisfeita com a interrupção. Teria mais tempo para imaginar argumentos destinados a vencer a resistência de Harry.
— Não pense que isso vai ficar assim — ele declarou, olhando-a com ar zangado.
Então, foi até a porta, abriu-a e ficou olhando para a mulher parada a sua frente. Seu primeiro impulso foi o de bater a porta, mas depois achou que a presença de Cecília, uma pessoa sempre tão calma e ponderada, seria um alívio, depois do tumulto emocional que Hermione criara.
— Oi, Cecília — saudou-a com um sorriso.
Movida pela curiosidade, Hermione inclinou-se no sofá para ver a mulher, mas as costas largas de Harry tapavam-lhe a visão.
— Oi, Harry — respondeu Cecília com voz gentil. — Esperei por você durante mais de meia hora e pensei que pudesse haver algum problema. Assim... Meu Deus! Você está todo molhado! O que aconteceu?
— Um pequeno acidente. Entre — Harry convidou, abrindo mais a porta.
Hermione viu uma loira platinada entrar e estacar ao vê-la, mas recobrar-se imediatamente da surpresa com autocontrole invejável.
— Oi — Cecília cumprimentou-a com delicadeza. — Desculpe, Harry, não imaginei que estivesse com visita.
— Hermione, essa é Cecília Putman. Cecília, essa é Hermione Granger — ele apresentou.
— Muito prazer — murmurou Hermione, levantando-se para apertar a mão da recém-chegada.
— O prazer foi meu — respondeu Cecília, logo soltando a mão e desviando o olhar para Harry. — Queria falar com você sobre os Adamson.
— Querem que eu saia? — perguntou Hermione. Cecília não respondeu e Harry deu de ombros.
— Não há necessidade.
Contente com a oportunidade de observar os dois juntos, Hermione voltou a sentar-se. Harry sentou-se no braço no sofá, perto dela, como se fosse um guarda, e Cecília ocupou uma das poltronas.
Os futuros noivos começaram a falar dos problemas de uma mulher chamada Helen Adamson, aparentemente amiga de Cecília, que praticamente implorava para Harry aceitar o caso. Hermione notou que, embora ouvisse com atenção, Harry evitava assumir o compromisso.
Era surpreendente que ele conseguisse resistir à mulher que ia ser sua noiva. Cecília fora uma completa surpresa para Hermione, que não a imaginara tão... tão perfeita. Não havia nada desalinhado naquelas roupas elegantíssimas e no cabelo platinado preso num coque frouxo na nuca, que acentuava o perfil de traços clássicos.
Hermione era capaz de apostar que nem mesmo a roupa de baixo de Cecília mostrava um fio puxado ou um elástico ligeiramente gasto, como acontecia com as calcinhas e sutiãs das simples mortais.
Até os dentes eram perfeitos, brancos e perfeitamente alinhados.
— Por enquanto ficamos assim, Cecília — disse Harry por fim, preludiando o fim da discussão. — Na segunda-feira falarei com Helen Adamson e decidirei se ela precisa mesmo de um advogado.
-— Mas é evidente que precisa! — afirmou Cecília. — Clara e Lisa Ann dizem que aquele homem fez uma lavagem cerebral na mãe delas. E você sabe como Helen é influenciável. Cabe a você, Harry, dar-lhe orientação.
— Vou decidir — ele replicou.
Cecília levantou-se, pela primeira vez; fitando Hermione diretamente nos olhos.
— Bom, vou indo. Foi um prazer te conhecer, Hermione. Não é daqui de Los Angeles, é?
— Não. Eu vim...
— Ela veio de Denver — Harry apressou-se em dizer. — Está aqui por causa de um trabalho especial, que não deve comentar com ninguém.
Cecília fez um ar de admiração.
— Nossa! Parece coisa muito importante — comentou.
— E é — declarou Hermione. — Não posso falhar.
— Muito interessante. Sempre fez esse tipo de trabalho, digamos, secreto? — perguntou Cecília.
— Oh, não. Já fui garçonete, secretária...
— Garçonete? — repetiu Cecília com ar de desgosto. — Este seu novo emprego parece muito mais lucrativo, embora eu não saiba do que se trata.
— É com certeza muito mais desafiador — replicou Hermione.
— Bem, boa sorte. Por falar em sorte, Harry, tem jogado golfe? — perguntou Cecília, olhando para o taco largado no chão da cozinha.
— Oh, adoro golfe! — exclamou Hermione. — Posso ir com você, quando for jogar, Harry?
Cecília começara a andar para a porta, mas parou e virou-se com uma risadinha.
— Se eu não confiasse totalmente em Harry, ficaria com ciúme — observou.
— Podemos ir nós três — sugeriu Hermione, evitando olhar para Harry, que já lhe lançara um olhar atravessado.
— Boa idéia! — aplaudiu Cecília. — Um jogo de golfe seria ótimo para descontrair. E por falar em idéias, também tive uma. Não quer ficar no meu apartamento, Hermione? É muito mais espaçoso do que o de Harry.
— Obrigada, mas eu detestaria dar trabalho e...
— Não diga bobagens —- ralhou Cecília com seu sorriso perfeito. — Uma amiga de Harry é minha amiga também.
Analisando o convite, Hermione achou-o conveniente. Ficar com Cecília não estivera em seus planos, mas talvez não fosse má idéia. Veria o caso do ponto de vista daquela mulher sofisticada e trabalharia para fazer com que ela e Harry se apaixonassem.
— Eu adoraria — respondeu.
— É muita gentileza sua, Cecília, mas isso não será necessário — intrometeu-se Harry. — Hermione ficará comigo.



Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado como prometido!!!!Espero que tenham curtido!!!!Desejo a todos um ótimo feriado e uma Feliz Páscoa!!!Espero que ganhem muuuuuuuuito chocolate!!!!!hehehehe....Na semana que vem tem mais atualização!!!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!!!

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