Capitulo 11
CAPÍTULO XI
— Ela se foi.
Sem ar e furioso, Harry caminhava aborrecido pela biblioteca. À direita, o relógio marcava três horas da manhã. O que fizera? O que havia permitido que acontecesse ali?
À sua esquerda, seu pai, sentado na poltrona.
— Não entendo sua angústia, Harry. Você já dispensou muitas mulheres.
— Desta vez não dispensei ninguém.
— O que eu quero dizer é que você sempre rompeu relacionamentos com muitas mulheres.
— Hermione é diferente.
— É...
— É sim, maldição!
Dando uma pancada na lareira, Harry machucou o pulso em seu console. As articulações bateram em pedras afiadas, mas ele mal sentia as dores. Hermione partira sem um adeus, sem dar a ele uma chance de explicação, de ouvir sua decisão. Por que havia ido ali para lembrar-lhe que tinha direito à escolha, afinal?
— Como, diabos, ela embarcou tão rápido num avião de volta para os Estados Unidos?
— Eu a ajudei.
Um som gutural e incontrolável surgiu da garganta de Harry quando seu olhar focalizou a porta.
Com um charuto ao canto da boca, Ranen Turk encolheu os ombros.
— Eu tive de ajudá-la, Alteza.
— Porquê?
— Porque me preocupo com ela.
— Eu também!
Cruzando o aposento, Ranen pôs uma das mãos no ombro de Harry.
— Ela não queria estar aqui quando seu casamento fosse anunciado.
— Meu casamento...
— Pode culpa-lá, Alteza?
— Não consigo entender,
Os olhos de Harry fixaram-se em seu pai.
— Você contou a ela?
Recostando-se em sua cadeira, o rei disse:
— Não.
— Então, de que jeito ela soube que você anunciaria meu casamento hoje à noite? Não haveria como ela ter...
Harry, gelou. Teria ela ouvido, por acaso, ele e seu pai conversando, planejando seu futuro?
— Sinto muito, Harry.
O rei soltou uma enorme baforada.
— Você sente muito?
— O que está dizendo?
— Você lamenta, pai?
— Alteza... - Ranen começou, mas foi interrompido imediatamente.
— Não é isso que deseja, senhor? — De repente, toda a raiva latente dentro de Harry aflorou. A raiva que ele sufocava desde que descobrira que seu irmão não poderia ter filhos. A raiva que se elevou a ponto de lhe roubar cada momento que ele pensou viver, uma vida com restrições, limitações e poucas escolhas pessoais. — Não é a solução perfeita? A plebeia se vai e seu filho entra nos eixos?
A raiva que tomou seu coração o impossibilitou de enfrentar seu próprio pai.
— Harry Potter, você é um adulto, porém fala como uma criança.
Harry permaneceu em pé, inexpressivo, sentindo-se como se tivesse acabado de ter as orelhas puxadas. Deixando-se cair na cadeira ao lado de seu pai, esfregou o rosto. Como se permitiu chegar a tal ponto? Esteve agindo como criança até então. O respeito não foi dado, foi recebido. E se ele quisesse exigir respeito, seria necessário agir como um homem — não como um príncipe. E decidir seu próprio futuro e seu próprio destino.
— Não me casarei com aquela mulher.
— Por quê? — perguntou o rei tranquilamente.
— Porque não a amo.
— Há alguma outra a quem você ame?
Harry chegou a abrir à boca para explicar ao pai que o que sentia por Hermione não era nada simples como o amor: necessidade, desejo, sentimento de posse, talvez.
Mas seria tudo mentira.
Com Hermione, nada foi simples. A vida com ela foi maravilhosamente complexa e intensa. Assim como seria o amor deles. Sim, ele a amava. Com cada célula de seu ser.
— Sim, pai, há uma outra a quem eu amo. — As palavras foram proferidas fortes e exatas por seus lábios.
Os olhos azuis do rei tremularam em conflito.
— Por que não me disse isso, filho?
— Você sabia que eu estava vendo a moça. Que ela ficou...
— Ver não é amar. Amor é um assunto completamente diferente.
— Até mesmo para você?
— Sim.
— Você sabe que meu país, meu povo, significam tudo para mim. — Seu tom era sério e seguro de si.
— Mas?
— Mas eu me casarei com quem eu escolher. — Articulou as palavras com firmeza e encarou seu pai. — Com quem eu amar. E já que todos, cada um a seu modo, ajudaram a mulher que amo a partir... — O olhar de Harry tremulou em direção a Ranen, em seguida de volta a seu pai. —... nós todos vamos ajudar a trazê-la de volta.
— O que você sugere? — o rei perguntou.
Ranen deu, intencionalmente, uma tremenda baforada em seu charuto.
— Mary Trost tem uma porca prenha, com expectativa para qualquer dia a partir de agora. Mione seria de grande ajuda.
— Sente-se, Ranen. — Harry comandava com um riso seco. — Vamos pensar juntos.
— É a sua escolha, meu filho?
— Ela é a minha escolha, pai.
O velho acenou com a cabeça, em concordância.
— Sua mãe queria amor para você, Harry. Como jamais o vi em busca disso, eu... — O rei fez uma pausa para descansar sua garganta, e depois disse, suavemente: — A rainha teria se sentido orgulhosa de você.
— E você também.
As linhas nos cantos dos olhos do rei se enrugaram com o riso.
— Acho que você tem razão.
— Basta de conversa fiada. Temos um plano para por em prática e eu realmente gostaria de ajuda.
Pai e filho sorriram abertamente
— Ela voltou para Los Angeles, para sua clínica. — Harry não acrescentou, “voltou para Dagwood”.
Ela não voltaria para os braços daquele veterinário sem graça. E depois de ajoelhar-se, de desculpar-se por sua insanidade, ela lhe diria que o perdoaria, que o amava também.
— Talvez eu possa ter a solução perfeita. — A exclamação do rei interrompeu os pensamentos de Harry.
— Mas você não poderá ficar fora por mais uma semana, Harry.
— Não posso esperar uma semana, pai.
— Confie em mim, Harry. — O rei sorriu. — Confie em mim, meu filho.
A primavera partiu, dando início ao verão. Los Angeles vibrava com novo calor, novos filmes, novos amores e novas famílias, especialmente caninas e felinas. Os proprietários apresentavam novas ninhadas para seus primeiros exames e doses de vacinas.
No passado, ver os jovens animaizinhos era uma alegria para Hermione. Claro que eles são umas gracinhas, mas ao mesmo tempo uma lembrança constante de Glinda, dos filhotes e de seu pequeno Sortudo.
E do príncipe.
— Então, doutora, o que há de errado com ela?
O olhar fixo de Hermione a devorava. Em pé, do outro lado da mesa de exames de metal estava Amanda Randall, uma bela ruiva que tirara a blusa no seu último filme. Aquele era o tipo de clientela a que sua clínica atendia. No ano passado a ideia pareceu-lhe um caminho real para seu sonho de abrir uma unidade de cirurgia. Agora, tudo isso parecia... tolice.
Obviamente, sua vida era a clínica, Los Angeles, os planos para a nova unidade de cirurgia.
— Srta. Randall, Chardonnay tem pulgas.
Os olhos verdes da jovem atriz encheram-se de horror.
— Impossível!
A fim de comprovar seu diagnóstico, Hermione passou um pente de dentes finos por todo o pêlo da cadela, e segurou o pente em direção à luz.
— Gostaria de ver?
— Não.
Aparentemente a sugestão a insultou. . -
Celebridades, diversão e maravilhas? Quando Hermione teria formulado tal idéia?
— Você tem dado a ela o produto de controle de pulgas que eu receitei? — Bem, não. — Ela bufou. — Isso é trabalho do Jerry.
— Jerry?
— Meu assistente pessoal.
— Claro!
A mulher meteu um cachinho perfeitamente penteado atrás da orelha e informou a Hermione:
— Eu tenho de estar em gravações externas em Miami mês que vem. Queria levar Chardonnay, mas... Bem...
Para ser justa, apareceu um casal de celebridades bem normal no consultório. Mas, infelizmente, eram poucos, e minoria. Nada mais parecia real e normal, nada exceto Llandaron.
— Então, o que devo fazer agora? — A pergunta da mulher tinha muitas respostas para ambas.
Para Hermione, a resposta era esta: fazer seu trabalho e tentar esquecer. Harry não havia tentado contatá-la. Ele provavelmente estava nos preparativos de seu casamento.
Hermione cortou um tubo de loção de controle antipulgas e aplicou no cão.
— Isto manterá o cão protegido pelo resto do mês. Mas, de uma vez por todas, se você não quiser pulgas em sua casa ou em Chardonnay, terá de fazê-lo você mesma.
— Ou conseguir um novo assistente.
— Isso também serviria.
Dennis ofereceu-lhe um amável sorriso, em seguida virou-se para Hermione:
— Que dia cheio.
Hermione acenou que sim.
— Muito!
Ao retornarem à casa, ela e Dennis imediatamente voltaram às boas, como amigos.
Ele franzia a sobrancelha enquanto a fitava.
— Está tudo bem com você, Hermi?
— Tudo bem. — Se é que viver com o coração partido é bom.
— Ouça — disse Dennis, ajudando-a a catar as toalhas de papel, as bolas de algodão e o tubo vazio do controlador de pulgas. — Você se importa se eu sair cedo?
— Tem algum encontro? — ela brincou.
— Na verdade, tenho.
Hermione se calou.
— Ah.
— Isso aborrece você?
— Não, não mesmo. Na verdade, é ótimo. Fico feliz por você.
E enciumada, porque ele teria um alguém especial e ela perdera um alguém especial. Ele sorriu para ela
— Há um último paciente; uma emergência.
— Vou resolver. Vai embora e divirta-se.
— Você também Hermi, divirta-se. — Ele lhe deu uma piscadela e saiu em direção à porta. Poucos segundos depois ela o ouviu dizer: — Deu tudo certo por lá.
Hermione riu indiferente. Ela deixou escapar um suspiro suave enquanto esperava pelo último paciente. Ao ouvir o barulho da porta, Hermione levanta a cabeça e vê-se de frente com...
— Harry?
— Doutora.
Seu olhar a hipnotizou, ele ficou parado à entrada parecendo um sonho, uma miragem, em calças pretas feitas sob medida, camisa branca e paletó preto.
— O que faz aqui?
Seu coração quase explodindo no peito. Por que ele estaria aqui?
— Teríamos vindo antes, mas alguém precisava de suas doses primeiro. — Puxou detrás das costas um filhote grande. — Alguém precisa de você, Hermione.
— Sortudo? — Ela atravessou a sala, levando o filhote adormecido em seus braços.
— Sim, eu trouxe Sortudo. Mas não é ele quem precisa de você.
— Não é ele?
— Não, não é ele. — Esticando-se, Harry acariciou seu rosto. —- Quando você deixou Llandaron, enlouqueci. Você me transformou, Hermione. De príncipe em homem — carne, sangue e ossos.
— Diga-me por que você veio aqui antes que eu enlouqueça também.
— Não posso viver sem você.
Hermione lutou para manter o equilíbrio.
— E a princesa cara-de-cavalo?
— Não há princesa. — Inclinou-se em sua direção, beijou-a delicadamente, sussurrou contra seus lábios semi-abertos: — Jamais houve alguém a não ser você.
Seu coração bateu desordenadamente...
— E seu país, seu povo...?
Ele se inclinou para trás, de leve, de modo que pudesse olhar bem fundo em seus olhos.
— Eles adoram você e querem a minha felicidade.
— E seu pai...
— Tudo o que meu pai esperava era me ouvir dizer que a amava.
As lágrimas enchiam seus olhos, e ela segurava Sortudo mais perto de seu peito, por apoio e proteção.
— Você disse que me amava? — As palavras soaram-lhe celestiais, mas poderia acreditar?
— Eu amo você, Hermione Encantada. — Ele disse as palavras com muita sinceridade. Em seu ouvido sussurrou em voz rouca: — Você se lembra do primeiro dia em que nos encontramos e conversamos sobre escolhas?
— Eu me lembro.
— Meu próprio medo me impediu de fazer a escolha certa. De ver a verdade. — Deu-lhe um beijo no alto da cabeça. — Você me fez ver a verdade.
— Ah, Harry. — Quase caiu com a doçura de suas palavras.
— Você é parte de minha alma, Hermione, como eu sou parte da sua.
— Tem certeza de que é isto o que quer, Harry? Que você me quer?
— Nunca estive tão certo de alguma coisa em minha vida.
Era tudo o que ela precisava ouvir.
— Amo muito você, Harry. Mais do que sempre pensei ser possível.
— Então venha comigo para casa, minha amada princesa.
— Para Llandaron?
— É. Você pode trabalhar lá. Há muitos animais que precisam de você, precisam de seus cuidados.
As lágrimas rolavam por seu rosto, e em seus braços o pequeno Sortudo bocejava muito contente. Agora ela sabia que contos de fadas às vezes tornam-se realidade.
— Amo você mais do que sei dizer, e irei com você para qualquer lugar que escolher.
— Case-se comigo, Hermione — ele sussurrou. — Seja minha mulher. Minha princesa.
— Sim. Ah, sim, Harry.
— Deixe-me dar filhos a você. Deixe-me dar uma família a você.
Uma felicidade envolveu seu coração enquanto ela olhava nos olhos do homem que viria a ser seu marido, o pai de seus filhos e o príncipe de seu coração para sempre.
— Isso é um conto de fadas de verdade.
— É sim. — O amor em suas palavras combinava com o brilho nos olhos. — E você sabe o que dizem no final de um conto de fadas?
— Você e suas expressões. — Sua risada preenchia o ar. — O que dizem, Alteza?
Ele puxou-a suavemente, beijou-a, depois deu-lhe um sorriso arrebatador.
— E eles viveram acreditavelmente, apaixonadamente, fortuitamente e inegavelmente felizes para sempre.
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Obs:Oiii pessoal!!!!Último capitulo postado!!!!Espero que tenham curtido a fic como eu curti ao adaptá-la!!!Aposto que muuuuuitos de vocês devem estar suspirando com esse final não é???Pois podem acreditar, eu também suspirei e muito!!!Afinal, quem não iria querer um Harry desse pra si????hehehe.... Bom, até o final de semana tem fic nova na área!!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!!
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