Capitulo 10
CAPÍTULO X
Hermione sentia a grama fresca sob suas pernas. Aquele seria um dia quente. Com a primavera se aproximando, a temperatura logo aumentava.
A seu lado, sob uma imensa árvore de flores brancas, os filhotes brincavam num cercadinho que Charlie montara para eles. Cresciam como ervas daninhas, tinham apetite voraz e muita disposição.
Especialmente seu Sortudo. Ao sorrir para ele, Hermione perguntava-se se o rei realmente manteria sua promessa de mandar-lhe o filhote quando já fosse bem crescido.
Ao ser surpreendida por uma daquelas brisas, Hermione voltou sua atenção para Ranen Turk e a adorável princesa Fará. Sob o pretexto de ver os filhotes e considerando as instruções de Hermione sobre os cuidados que deveria ter com eles após a partida dela, Ranen foi ao estábulo. Assim que avistou Fará, do lado de fora, porém, jogando croque no gramado, dirigiu-se para lá. Não era preciso ser nenhum vidente para ver que Ranen era louco por aquela mulher. Estava de fato sorrindo. Fran sorria também, enquanto observava o casal. Enquanto uma vestia uma camisola lilás caríssima, o outro usava calças manchadas de grama e uma camisa velha, mas, afinal, os opostos se atraem, não é? Hermione refletia. Era só observar ela e o príncipe.
Harry.
Sentia sua falta. Chamado para um negócio urgente, partira para Londres naquela manhã e não estaria de volta até à noite. Ela também partiria. O desespero a invadiu. Mas ela o afastou. Afinal, não precisa acostumar-se com a ideia de perdê-lo?
— Sua Alteza me derrotou mais uma vez. — O olhar fixo de Hermione moveu-se para ver Ranen e Fará andando em sua direção.
— Não permita que ele a engane, Mione. — Um tom de brincadeira transpareceu na voz de Fará em seus olhos violetas. — Ele, cavalheiro, me permitiu vencer.
O senhor deixou-se cair ao lado de Hermione.
— Não sou cavalheiro.
Fará riu.
— Claro que é.
— Mulheres.
— Sugiro que vocês dois determinem o empate. É o que Harry e eu... - Repetiu o que acabara de dizer. Harry e eu! Harry e eu! O quão vermelho estaria seu rosto? Usar uma frase tão pessoal e familiar... Poderia pendurar logo uma faixa no pescoço com os dizeres "Eu amo o príncipe Harry".
Fará sorriu para ela
— O que estava dizendo, minha querida?
Hermione retribuiu o sorriso gracioso e delicado da mulher.
— Apenas que é melhor vencer, para ambas as partes, é só.
— A garota está certa, Ranen.
— A garota é romântica.
— O que há de errado nisso? — Alisando a saia, Fará acrescentou: — Se bem me lembro, você já foi muito romântico em uma certa época.
— Isso foi muito tempo atrás — resmungou Ranen bem-humorado.
— Ah, é assim? Bem, então, imagino que não deva pedir que me acompanhe ao baile amanhã à noite.
— Ah, tolice. Sabe que me sentiria honrado em acompanhá-la Fará.
— E por falar em baile, o que planeja vestir, minha querida?
— Vestir? — Hermione não pensara nisso. Era óbvio que queria estar deslumbrante quando ele a visse... — Tenho um pretinho básico para coquetel.
— Não, não, minha querida. — A senhora esticou a mão, afagando seu ombro. — Não vai servir, de jeito nenhum.
— Mas eu não tenho coisa alguma...
— Eu tenho. Podemos ir aos meus aposentos experimentar alguns trajes?
Usar um traje real, muita seda ou cetim, laços... Seu pulso acelerou.
— Adoraria ir com você, mas não devo deixar os filhotes...
— Cuidarei dos filhotes, garota — declarou Ranen, lançando um sorriso para ambas. — Afinal de contas, tratarei deles quando você partir para os Estados Unidos.
— Obrigada, Ranen — disse Hermione, pondo-se de pé.
— Vai me buscar às sete e meia?
— Irei, sem dúvida, Alteza.
Enquanto Hermione e Fará se retiravam e subiam as escadas do palácio, a princesa conversava entusiasmada.
— Tenho em mente o vestido perfeito, minha querida. Branco, tomara que caia, justinho à cintura e com metros de saia. Vai ficar lindo em você, com os cabelos presos e seus olhos brilhando. Também vou emprestar-lhe uma de minhas tiaras.
— Oh, não posso aceitar isso.
— Pode, e vai fazê-lo. Na noite em que usei esse vestido, o nevoeiro caiu tão denso como uma cortina de veludo, e permaneceu até bem depois das sete. Sabe, quando o nevoeiro se dissipa mais cedo ou mais tarde, a magia fica no ar. Eu me recordo do comentário de minha criada, de que algo grandioso estava por vir. E ela estava certa. Meu pai estava oferecendo um jantar naquela noite. Quando adentrei a sala de jantar, imediatamente notei um homem de cabelos escuros, com olhos ainda mais escuros. Um francês. Advogado. Logo me senti atraída por ele.
— Parece emocionante. — E familiar, Hermione pensava, enquanto seguiam pelo corredor.
— Permanecemos juntos por toda a noite. Ele me olhava de um modo como nenhum outro. E quando ele partiu, não consegui pensar em mais nada.
— O que aconteceu?
— Mandou-me muitas cartas, pedindo que eu fosse com ele.
— E você foi?
— Não, eu não fui.
— Por que não?
— Acho que sabe porque, minha querida. Não era problema só meu. — A princesa fez uma pausa à porta de seu quarto, e virou-se para Hermione. — Mas, apesar de ter sido fiel ao meu país, à minha condição de vida, jamais me casei. Não poderia.
Hermione engoliu em seco. Por que a mulher estava contando isso a ela? Qual era a moral da história? Convencer Harry a abandonar seu senso de dever? Ou ir embora com entendimento e aceitação?
— Então, o que aconteceu, Alteza? — Hermione ouviu o desespero em sua voz, mas não pôde abafar o som. — Alguma vez você o viu novamente?
— Apenas em meus sonhos. — Fará colocou sua mão morna sobre a mão fria de Hermione. — Talvez Harry seja mais corajoso que sua tia. — Com um suspiro pesado, abriu a porta que dava para o seu quarto. — Para o bem de todos, sinceramente é o que espero.
A neblina desaparecia vagarosamente quando Harry subiu para a porta do farol. Notou a bolsa de Hermione pendurada no lugar habitual. A paz o invadiu.
— Que diabos está se passando em minha casa? — berrou, bem-humorado.
— Estou aqui, Alteza.
Ah, aquela voz rouca e melosa.
Colocando as malas no saguão, ele precipitou-se escada acima e parou na porta da cozinha. O olhar dele se fixou nela.
Hermione estava em frente ao fogão, preparando um grande pedaço de carne. Tinha os cabelos presos, usava um simples vestidinho de algodão, estampado de azul, e estava descalça. Seu peito se contraiu ante aquela visão doméstica. Ela parecia já fazer parte da casa.
Ela também o fitou e sorriu.
— Boa noite, milady. — Não pôde evitar a reação. Especialmente depois daquele sorriso que ela lhe deu, com as bochechas coradas pelo calor do fogão.
— Teve um bom dia? — perguntou, enquanto ele caminhava em sua direção, deu-lhe uma beijo na bochecha e parou atrás dela.
— Não foi ruim. — Envolvendo sua cintura com os braços, ele sussurrou em seu ouvido: — Melhor agora. Não precisava fazer tudo isso, Hermione. Eu poderia ter...
— Eu quis. — Ela, pressionou as costas contra o peito dele. — A propósito, seu segurança me deixou entrar. — Obviamente, algum membro real mimado e persistente teve uma conversa com ele para permitir as idas e vindas de uma certa Dra. Encantada.
— Imagine quem foi.
— Ah, isso é muito difícil. — Ela sorriu e voltou-se para o fogão. Pousando o queixo no ombro dela, ele perguntou:
— O que você esta fazendo?
— Seu prato favorito. — Apontou para a carne defumada, com um longo talher de prata. — Presunto assado no uísque e batatas.
As memórias inundaram seus sentidos. Muito tempo antes, quando sua mãe ainda vivia, ela insistira para que o cozinheiro do palácio fizesse presunto assado no uísque para ele todos os domingos à noite. Naquele momento, sentiu seu coração contrair-se; ninguém jamais dera muita importância a este detalhe.
— Obrigado. — Beijou-a suavemente no pescoço, segurou-a próxima de si. — Como você sabia...
— Sua tia me contou.
— Você falou com Fará?
— Ela me deu muitas informações. Tivemos uma longa conversa a respeito de sua infância.
Ele riu.
— Meu Deus!
Olhando para trás, ela levantou uma sobrancelha, bem-humorada.
— O que o levou a amarrar sua irmã em uma árvore e deixá-la lá?
— Estávamos brincando. Cathy era uma britânica e eu, um escocês. Deixei-a lá só por uma hora, mais ou menos, para pegar uma limonada.
— Não acredito. — Com uma gargalhada, voltou-se para o fogão. — E daí, o que aconteceu? Foi surpreendido por alguém?
— É, exatamente. — Será que Hermione sabia que seu vestidinho de verão avolumava cada curva sua? Se alguém entrasse e os visse naquele momento, o que pensaria?
— Quem ou o que o surpreendeu? — perguntou ela pressionando as costas contra seu peito, o traseiro contra a virilha dele.
— A filha de uma arrumadeira. — Por baixo do vestido de verão, as mãos de Harry encontraram as pernas incrivelmente macias de Hermione.
Ela deixou escapar um leve gemido. Harry deslizou suas mãos para cima, sentindo cada centímetro de suas coxas. Queria fazê-la feliz, fazê-la perder-se nele, o maior tempo possível.
Deixando cair o acessório de cozinha, ela pendeu a cabeça para trás, nos ombros dele.
— As mulheres são seu passatempo, Alteza. — Sentia-se sem ar, enquanto ele lhe acariciava o ventre, cintura abaixo.
— Somente uma mulher — ele ronronou, escorregando os dedos por dentro de sua calcinha, tocando delicadamente seu sexo. E queria dizer isso, em todos os sentidos. Ele não poderia mais ficar sem ela..
— Aqui? Na cozinha?
— Exatamente aqui.
— E a comida?
— Mais tarde. — O raciocínio o abandonou quando a umidade do corpo dela, de seu toque, encontrou os dedos dele.
A princesa e sua dama de companhia bateram palmas e suspiraram.
— Harry, junto com muitos outros, não será capaz de tirar os olhos de você hoje à noite, Mione.
Num espelho de corpo inteiro, uma mulher que Hermione jamais havia visto antes a encarava. Seus cabelos castanhos cintilantes estavam arrumados no alto de sua cabeça e seus cachos cercavam a tiara de diamantes que Fará lhe emprestara. Sua maquiagem estava impecável, e seus olhos refletiam um brilho que só a excitação e a esperança poderiam lhe dar. Luvas brancas na altura de seu cotovelo cobriam suas mãos e seus pulsos, enquanto o vestido de seus sonhos acentuava as curvas de seu corpo, todo em cetim branco e tule.
Se não a conhecesse bem, Hermione teria jurado que a mulher que vira no espelho era uma princesa.
— Está pronta, querida? — Fará olhou-a pelo espelho, e ajeitou sua própria tiara de diamantes cravejada com safiras.
Hermione sorriu para a bela senhora em seu elegante longo azul de seda.
— Mais que pronta, Alteza.
— Você está perfeita.
— Obrigada. E não digo isso só pelo vestido. — Hermione encarou a mulher. — Agradeço por tudo.
A princesa tocou-lhe as bochechas e disse:
— Foi um prazer, minha querida. — Em seguida pegou sua mão e guiou-a pelo corredor.
Minutos mais tarde, elas surgiram em meio ao som de vozes jubilantes e música de orquestra.
— Aqui estamos — disse Fará ao chegarem ao platô da enorme escadaria, a mesma que as guiaria direto ao salão de baile.
Nesse momento, a ansiedade e a apreensão aumentavam dentro de Hermione. A criadagem percorria o glorioso salão dourado servindo champanhe e caviar. Mulheres em vestidos magníficos juntavam-se a homens de smokings.
Hermione olhou para o alto. A pintura do teto imitava um céu de crepúsculo, repleto de estrelas e com uma lua crescente. Nas paredes, havia enormes retratos da família real pendurados. Reconheceu imediatamente Harry, e seu coração disparou como se fosse uma adolescente.
A cena era totalmente surreal para uma veterinária de Los Angeles. Mas ela estava adorando. Uma gargalhada surgiu em sua garganta, enquanto seguia Fará escada abaixo, onde Ranen a aguardava, vestindo um terno marrom-escuro e com um sorriso amplo.
No lado oposto do salão de baile, o príncipe Harry James Potter aguardava a chegada de Hermione. Ele a observou descendo as escadas com a graça de uma gazela, percebeu seu sorriso confiante e foi invadido por um desejo que jamais seria saciado.
A seu lado duas mulheres tentavam obrigá-lo a voltar à conversa anterior. Seu olhar, porém, permanecia fixo na mulher mais linda do mundo. Desculpando-se, Harry se dirigiu a ela. Chegou atrasado, no entanto. Quando alcançou as escadas, ela já estava acompanhada do marquês de Petrenburg, e foi conduzida à pista de dança. Harry rangeu os dentes. Os homens da corte fariam fila para serem apresentados. Obviamente, ele teria de mostrar a todos a quem Hermione pertencia.
Logo que a música terminou, vários desses homens correram como puro-sangues na largada para convidá-la para dançar. Harry, porém, chegou primeiro.
— Posso ter o prazer desta dança, doutora? — Ela se virou. Seus olhos brilharam com felicidade quando o viu.
— Está lindo hoje, Harry.
— E você maravilhosa.
Ela sorriu.
— Obrigada.
Ele a tomou em seus braços quando a música começou.
— Pensei que não conseguiria dançar com você.
— O que quer dizer?
— Você faz sucesso com estes admiradores.
Ela se inclinou para a frente, e sussurrou:
— Mas faço sucesso com você?
Seu peito se apertava. Ela o enlouquecia. Caso a beijasse exatamente ali, diante da alta sociedade de Llandaron, das cortes britânica e escocesa, o que aconteceria? E ele se importaria?
— Eu sei que há muitas outras mulheres esperando para dançar com Sua Alteza. — Ela inclinou seu queixo. — Talvez devêssemos dar-lhes uma chance.
— Não. — Ele não dava a mínima para nenhuma outra mulher. — Só você esta noite, Hermione. Somente você. — Antes que ela pudesse responder, a música terminou e um mordomo tocou os ombros de Harry.
— O rei deseja vê-lo, Alteza. Imediatamente, na biblioteca.
Harry sabia exatamente o que seu pai queria com ele. Apertou as mãos de Hermione e disse:
— Eu voltarei.
— Vá rápido. — Ela deu-lhe uma piscadela. — Só temos até meia-noite.
— O quê?
— Estou brincando. Cinderela, o príncipe, meia-noite...
— Certo.
Cinco segundos depois de Harry ter saído, Charles Crawford, o playboy com meio cérebro e um ego enorme, dirigiu-se até Hermione. Com mãos cerradas, Harry deixou o salão, em passos largos, direto para a biblioteca.
O rei estava sentado em sua cadeira preferida, com um conhaque na mão.
— Falei com o duque de Ernhart. Ele ofereceu sua filha em casamento.
— Ah, é? Que generoso!
— Não há lugar para ironias em questões de Estado. Muito menos em questões do coração. Harry, dei-lhe diversas oportunidades de encontrar, você mesmo, uma noiva aceitável. Llandaron precisa da família real — continuou o rei. — Não há o que discutir.
— Não, não há.
— Você é a esperança deles agora, Harry.
— Meu irmão....
— Seu irmão não tem herdeiros. Sabe Deus se um dia chegará a tê-los. Nós não podemos esperar.
Harry esvaziou seu copo. Pelo que estava lutando aqui? Seu próprio controle ou o de seu pai? Seu desejo contra o dever para com o seu país? Por mais cruel que fosse a realidade, não havia como escapar. Sua escolha era o dever, tinha de ser! Se pelo menos Hermione fosse.. .
Mas ele a queria. Não queria ninguém além dela.
— Anunciarei seu noivado à meia-noite.
— Por que esperar? Se eu vou dedicar minha vida ao meu país, pode fazê-lo agora.
Precisava encontrar-se com Hermione primeiro. Precisava segurá-la em seus braços e explicar-lhe o que ela jamais lhe permitira explicar.
Encostada à porta da biblioteca, Hermione tinha o coração, a alma, os membros entorpecidos, já que cada pedacinho de esperança que havia juntado por vários dias morrera. Harry se casaria. Não com ela, mas com uma mulher que ele nem mesmo conhecia. As lágrimas rolavam em seu belo rosto. Ele fez sua escolha. Escolheu seu país. Saindo da porta da biblioteca, ela tropeçou e caiu no corredor. O lindo vestido que há apenas trinta minutos a fez sentir-se como uma princesa, agora a sufocava, fazia com que relembrasse que contos de fada são apenas histórias para crianças, com os corações cheios de inocência.
Seu tempo em Llandaron chegara ao fim. Após um rápido adeus a Glinda e aos filhotes, partiria.
Ao chegar a seu aposento, tirou o vestido e colocou-o sobre a cama. Escreveria um bilhete a Fará, agradecendo a generosidade...
Hermione sabia que também omitiria o fato de que ela, também, jamais amaria outro, nunca se casaria e jamais esqueceria o único homem que a fez acreditar que o amor verdadeiro existia.
Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado!!!!Espero que tenham curtido!!!!Próxima atualização na quinta, pois tenho que estudar para duas provas (terça e quarta) da faculdade!!!Bjux!!!Adoro vocês!!!
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