Seis



Hermione pegou Sophie no colo e tornou a seguir para o carro. As duas lamentaram juntas por Harry ter que ir dormir em seu apartamento hoje e Hermione explicou minuciosamente o porque Harry estava tão ocupado. Explicou sobre a carreira médica bruxa e depois que as duas chegaram ao shopping aproveitaram o dia fazendo comprar, rindo e vendo filmes trouxas.

Hermione nunca sentiu tanta vontade de ouvir um “mãe” sair da boca de alguém para ela como naquela tarde.

_****_

A calmaria avolumava-se na deserta sala de estar da espaçosa e confortável casa de Hermione. Através das cortinas mal fechadas podia se ver o forte vento do lado de fora arrastar as folhas da rua para um lugar distante ao qual somente Deus poderia saber.

Entretanto, o silêncio não chegou a durar muito assim que a porta da sala foi aberta fazendo o alento que a sala poderia passar naquele momento transformar-se num ar agitado e divertindo quando os risos de Hermione e Sophie a preencheram.

- Você viu? – indagou Sophie jogando-se no sofá largando a sacola no chão. – Foi tão idiota! Por que ela simplesmente não pegou uma varinha?

Hermione riu tirando as sandálias e deixando-as do ao lado da porta. Catou a sacola no chão e deixou-a em cima de uma poltrona. Jogou-se ao lado de Sophie no sofá e passou um braço em torno de seus ombros puxando-a para um abraço.

- Eles são trouxas! – disse Hermione.

- Coitados... – comentou Sophie e Hermione riu de seu comentário.

- Trouxas são tão inteligente quanto nós. O fato terem criado tudo aquilo de tecnologia para poderem viver sem magia. É incrível! – exclamou Hermione enquanto via Sophie soltar um bocejo.

- Nós compramos muita coisa. – tornou a comentar Sophie.

- Muita coisa – concordou Hermione. Ela ajeitou Sophie sobre seu colo e disse – Escute. Que tal nós arrumarmos isso tudo no armário, eu te ajudo com o banho, podemos jantar e depois eu te ponho para dormir. O que acha?

Sophie pareceu pensar.

- É uma boa. – disse. – Mas por que não podemos pular logo para parte em que você me põe para dormir.

Hermione sorriu e estalou um beijo na bochecha da menina.

- Por que você precisa jantar e tomar um banho antes disso! – disse levantando-se e pondo a menina no chão que tratou de pegar algumas sacolas na poltrona.

Ambas seguiram o cronograma proposto por Hermione. Arrumaram as roupas novas de Sophie em seu armário enquanto lamentavam sobre Harry não poder estar com elas. Hermione ajudou Sophie no banho e quando foi preparar o jantar a noite já havia caído exibindo seu céu escuro. A chuva começava a cair aos poucos, num chuvisco quase imperceptível.

Hermione vez ou outra verificava a lição da creche que Sophie fazia na mesa da cozinha enquanto Hermione deixava a sopa na panela de pressão. A ajudava com certas coisas e ela parecia estar indo bem no inicio do processo de alfabetização que a creche estava dando.

Comeram a sopa e logo Hermione levou Sophie para o quarto. Contou-lhe uma história qualquer, mas não precisou chegar ao fim. A menina estava cansada e dormira rápido.

Hermione ajeitou a coberta sobre a menina e lhe deu um demorado beijo na testa. Passou a mão por seus cabelos loiros e deixou somente que a luz baixa do abajur iluminasse o quarto. Recostou a porta sem fechá-la e rumou para seu quarto.

Tomou um relaxante e demorado banho. Era incrível como voltar a estar sozinha daquele quarto, apesar de não terem ficado muito tempo juntos, passava a ser estranho, afinal, Harry sempre lhe fizera falta.

Pos seu confortável pijama e seguiu para a sala com um livro na mão. Tratou de dar uma bisbilhotada através da fresta da porta do quarto de Sophie e a viu dormir tranqüila. Esperava que ela não aparecesse essa noite em seu quarto. Mas se aparecesse, ela estaria lá.

Bocejou ao entrar na sala, e sobressaltou-se ao ver no sofá Harry com os cotovelos apoiados nos joelhos lendo um livro. Havia uma pilha de livros sobre o chão e sobre a mesa de centro.

- Céus! – exclamou e Harry se virou. – Chegou a me assustar por um instante.

Harry voltou-se para o seu livro sem fazer nenhum comentário. Ele estava sério. Hermione não entendia, mas ele chegava a ficar assim pelo menos uma vez por mês e isso a deixava com calafrios. Ele chegava a ser um Harry que ela não conhecia.

Ela aproximou-se e passou por cima da pilha de livros. Ambos os lados de Harry estavam ocupados por livros abertos esparramados sobre o sofá.

- Achei que não fosse justo deixar você só com Sophie. – disse Harry repentinamente.

Hermione sorriu.

- Estou feliz que esteja aqui. – ela disse. – O que está lendo?

Harry ergueu a capa preta do livro de modo que sua leitura não fosse interrompida e ela pode ler em letras prateadas ”Alquimia avançada. Dos trouxas aos bruxos.”

- Eu achei que não fosse justo deixar você só com Sophie. – ele falou tornando a recostas os cotovelos nos joelhos, seu tom sério e casual ao mesmo tempo pareceu ecoar pela sala.

Apenas o observar por alguns segundos trouxe a Hermione a compreensão de que Harry estava tentando reprimir alguma raiva provocada por algo que ela sabia que já acontecia, entretanto Harry se limitava a abrir-se com ela desde que essas tais raivas começaram a aparecer. E isso fazia muito tempo.

- Onde esteve durante a tarde? – perguntou. – Pensei que seu plantão acabasse as duas.

- E acabou. – ele disse. Seus dedos gelaram, a saliva faltou em sua boca e ele sentiu as palavras travarem em sua garganta, porém respirou, concentrou-se e mentiu. – Estive em meu apartamento.

Mentir para Hermione sempre fora seu desafio maior. Era sempre a mesma sensação, e logo depois, ele sentia a culpa assolá-lo. Sabia que Hermione hesitava em acreditar, tinha plena certeza disso, mas ela não lhe fazia perguntas, e, enquanto não lhe fizesse ou enquanto sequer lhe protestasse contra ele continuaria a mentir.

Ela soltou um suspiro. Ambos os lados de Harry estavam repletos de livros amontoados, abertos, fechados, espalhados, marcados... Hermione percebeu como a veia de sua têmpora saltava toda fez que ele contraia o queixo contra o maxilar distraidamente.

Num ato um tanto ousado, ela subiu no sofá, passou uma perna por cima de Harry e sentou-se no encosto do sofá. Arqueou-se para gente, pousou suas mãos sobre os ombros do homem e passou a massageá-lo sentindo os nós de seus músculos.

- Por Deus! – ela exclamou. – Você está muito tenso. O que houve?

Ele relaxou e agradeceu mentalmente por Hermione estar fazendo aquilo.

- Só estou cansado. – ele murmurou sentindo os dedos dela percorrerem seus ombros tirando-lhe a tensão.

Por um instante sequer ele esqueceu de Voldemort e do encontro que tivera com ele essa tarde. Esqueceu-se do mundo. De seu trabalho. Dos estudos que deveria estar sempre fazendo devido ao trabalho. Esqueceu-se de Hermione, da culpa de Rony. Mas somente por um instante sequer, nada mais que isso. Nunca mais que isso.

- Eu acho que deveria dar um tempo com isso agora. – ela disse ainda lhe fazendo a massagem. – Você parece realmente acabado.

Ele fechou os olhos e passou as mãos por eles. Recostou as costas no encosto do sofá e descansou a cabeça sobre a barriga da mulher. Ela, naturalmente, moveu suas mãos dos ombros de Harry e postou seus dedos um de cada lado da cabeça sobre as têmporas do homem. Passou a fazer círculos no sentido horário e anti-horário. Ele parecia relaxar mais a cada segundo e ela sorriu por saber que estava dispensando a raiva que havia nele.

- E realmente gostaria. Mas um estômago deformado não pode esperar meu cansaço passar. – ele resmungou.

- Sinto muito Harry. – ela disse pesarosa. – Sinto não poder fazer nada por você.

Ele abriu os olhos, e sorriu.

- Você já está fazendo muita coisa! Pode ter certeza. – disse ele referindo-se a massagem. Ela sorriu e o viu afastar alguns livros dando espaço para ela ao seu lado. Ela não hesitou em ocupá-lo escorregando pelo encosto.

Harry passou um braço em volta dos ombros de Hermione e puxou-a para si. Por outro instante ele lembrou-se de Voldemort. ”É só uma noite de prazer, Potter. Isso vai lhe fazer bem. Você sabe que precisa somente de uma noite e, depois é só ter um curto bate-boca então está livre do problema. Só esperar!” Sentiu-se imundo.

Ela encostou sua cabeça sobre o ombro do homem pode sentir de perto o perfume que ele exalava. Adorava aquilo, adorava estar com ele, adorava estar tão próximo a ele. Mas agora isso vinha acompanhado de uma novidade que a intrigava e a fazia corar. Era terrível e ao mesmo tempo maravilhoso.

- Sophie e eu tivemos uma ótima tarde. Ela sentiu sua falta e queria que você estivesse aqui para lhe dar um beijo de boa noite. – comentou Hermione.

- Acredito que tenha preferido estudar aqui do que em meu apartamento somente pela fato de ter me acostumado tão rápido a estar com vocês que senti falta.

Hermione sorriu.

- Engraçado como o seu cheiro já se espalhou por aqui. Cada canto. Há o seu e o de Sophie.

Ele a olhou e ela ergueu a cabeça fazendo mesmo. Sentiu suas pernas tremerem e agradeceu por estar sentada. Ele a olhava com aqueles olhos que ela começara a distinguir como o olhar que vinha seguido de novidades. Ela só na conseguia julgar ainda se o que se seguia era bom ou ruim.

- Gosta do meu cheiro? – ele indagou.

Ela sorriu fracamente.

- É claro! – exclamou. – Me faz sentir confortável. – disse. – Protegida. – acrescentou.

Os dentes dele apareceram quando ele abriu um belo sorriso. Aquele ao qual as revistas se referiam.

- Adoro o seu cheiro. – ele disse casualmente. – É natural e é realmente bom. Gosto de saber que posso senti-lo a hora que bem desejar.

Hermione o viu sorrir e sentiu-se aliviada por saber que ali não havia mais raiva, sua expressão estava terna, e ele tinha aquele olhar tão misterioso que ela chegara entender aquele elogio como diferente dos diversos que ele já lhe fizera. Tinha algo diferente, ela só não sabia o que.

- Harry... – ela disse repentinamente com sua mente em um grande conflito interno. – Você não terminou de me dizer o que houve realmente ontem pela manhã.

Um silêncio brotou e Hermione viu um brilho estranho perpassar pelos olhos de Harry. Ele ergueu a sobrancelha e sorriu torto.

- Tem certeza que quer que eu lhe conte? – indagou.

Hermione, por um segundo sequer, imagino que o beijo que certamente achava que surgira de uma fértil imaginação houvesse mesmo acontecido. Ela não soube. Mas isso pareceu lhe trazer medo.

- Eu... – ela hesitou. – Não sei se tenho mesmo certeza.

Ele tocou seu rosto e ela reparou que não era um simples toque, como os que ele costumava fazer. Segurar seu rosto era natural de um simples beijo na testa. Mas ela já estava começando a descartar essa idéia.

- Então eu não preciso exatamente lhe contar. – ele disse.

Ela arqueou as sobrancelhas.

- Exatamente? – indagou intrigada.

Ele não respondeu. E ela desejou ardentemente que ele respondesse algo quando repentinamente ele curvou para frente. Os seus incríveis olhos verdes focavam seus lábios e ela não entendeu porque sua mão suaram frio logo que ela sentiu a respiração dele bater contra sua face. Estavam a centímetros. Ela queria reagir, dizer algo, afastar. Mas na verdade, o que sentia mesmo, era a sede daqueles lábios que pareciam tão macios no que ela já começava a pensar que, não, de fato, não foi uma mera ilusão.

- Já que receia que eu lhe conte, tem outra forma de saber o que houve naquela manhã sem que eu precise falar. – a voz dele saiu rouca e profunda. Ela já não sabia mais se estava em sã consciência ou se havia processado as palavras dele, mas desejava, mais do que tudo naquele momento, que ele não falasse e simplesmente a beijasse.

Fora rápido o tempo que ele esperou para que ela pudesse se manifestar diante de suas palavra, mas pra ela durara uma eternidade. Como um silêncio incerto, como um paradigma infinito que foi quebrado logo quando ela sentiu os lábios dele cobrir os seus.

Os dela eram quentes e os dele eram frios. Hermione teve a sensação de que existia somente sua cabeça perdida em um vácuo com Harry. Aquilo era bom e assustador, mas ela preferiu deixar seus pensamentos lhe martirizarem depois. Afinal, ela mal conseguia saber se estava em condições de pensar.

Quando os lábios dele se entreabriram e ambos partiram para algo bem mais profundo do que um simples selo de lábios nada, simplesmente, nada realmente importou mais que aquilo. Como senti-lo era bom...

Os dedos dele escorregaram até sua cintura e ela pode sentir como se eles fumegassem por um desejo que a fez arrepiar-se. De medo.

Pode quase entrar em desespero quando percebeu que ele se afastava. Ela queria senti-lo por mais tempo, por muito mais tempo. Desejou senti-lo sempre que quisesse.

Ambos passaram um certo tempo que não souberam se fora rápido ou se durara a centímetros. Hermione podia somente sentir a respiração dele e tinha plena certeza de que ele sentia a sua, no entanto, ainda tinha esperança de que quando abrisse os olhos ele estivesse a olhando daquela maneira que a olhou na manhã do dia anterior.

Harry abriu os olhos lentamente passando a focar os dela que ainda continuavam fechados. Ele ainda podia sentir o gosto dela em sua boca. Ele queria a beijar novamente, mas sabia que isso era errado. Seu dever ali já estava cumprido, só não sabia porque queria mais. Seu coração apertou quando lembrou-se de Voldemort e da conversa que tivera com ele essa tarde.



A quantidade exorbitante de fumaça que saia da boca e do cachimbo de Voldemort alastrava-se por todo o seu quarto fazendo os olhos de Harry lacrimejarem.

As poltronas verde esmeralda próximo a lareira, incrustada de serpentes prateadas que a enfeitavam, eram ocupadas por Harry e por Voldemort.

- Vou passar cerca de três semanas no Crownlaxe. - falou Voldemort acomodando-se em sua poltrona e dando uma bela tragada em seu cachimbo.

- Onde ele está ancorado? – indagou Harry casualmente.

- Norte do Atlântico. – disse Voldemort e tomou um gole de seu whisky de fogo.

- Está havendo algum problema? – tornou a perguntar.

Voldemort engoliu o que havia em sua boca, apreciou por um segundo o sabor e disse em sua voz rouca e casual:

- Um grande problema! Este país está muito quente.

- Estamos no inverno. – falou Harry esperando que Voldemort lhe dissesse o real motivo pelo qual ele passaria três semanas no navio de Crownlaxe.

- Droga! – exclamou ele, porém, sua expressão continuava calma, sem aborrecimento nenhum. – Você me pegou novamente, Potter! – falsamente irritado. – Acredito que estar longe da Inglaterra nesse momento seja conveniente. Não vou ficar lhe ajudando todo dia para conseguir entrar em um relacionamento intimo com a sua amiguinha. Isso é patético!

Harry suspirou olhando para o seu intocado copo de whisky de fogo sobre uma pequena mesa que ficava entre sua poltrona e a de Voldemort.

- Vou acompanhá-la na festa dos editores, como pediu. – comentou.

Voldemort abriu um sorriso e fez um gesto com a mão que segurava seu copo fazendo o som do tilintar do gelo misturar-se com o seu riso fraco.

- Ora! – exclamou. – Pode ser essa sua noite, Potter. Sabe que precisa somente de uma. Use o feitiço que eu lhe disse! A garantia é completa!

Harry arqueou para frente pousando os cotovelos nos joelhos e pondo os dedos entre os rebeldes fios pretos de cabelo. Focou o chão.

- É cedo demais. – disse ele num tom que tivera certeza que saíra mais baixo do que esperava.

Voldemort soltou um muxoxo e o som dos gelos se batendo dentro do copo tornou a soar quando ele movimentou a mão num ar aborrecido.

- É somente uma noite. – resmungou ele. Deu mais uma tragada em seu cachimbo e prosseguiu – Faça o que tem que fazer, tenha um bate-boca com ela e depois vá embora de casa.

Harry processou todas as palavras do homem enquanto a fumaça pairava pelo ar. Franziu o cenho e ergueu o olhar.

- De que diabos esta falando? – indagou.

Voldemort tomou um gole de seu whisky, apreciou o sabor e disse:

- Ora, Potter! Pense comigo. Não precisa aprofundar-se num relacionamento com ela.

Harry imaginou-se ao lado de Hermione. Ela era boa, a conhecia melhor do que qualquer pessoa e não hesitava em dar sua vida por ela. Era linda. Tocá-la era como tocar uma irmã, no entanto, não conseguia mais negar para si que olhá-la com interesse despertara nele o rancor de tê-la olhado somente como uma fiel amiga durante anos. Esse pensamento lhe fazia sentir-se imundo.

- Ela é como uma irmã para mim. – Disse como se quisesse convencer a si mesmo de suas palavras.

Voldemort riu e fumou seu cachimbo. Soltou a fumaça pela boca ainda sorrindo e disse:

- Bela tentativa, Potter! – exclamou. – Leve-a para a cama e diga o mesmo a mim depois.

Harry fez uma careta e focou seu whisky por um longo intervalo de tempo, onde somente o silêncio reinou. Enquanto focava seu copo, sua mente passava a reconsiderar que, aprofundar-se em um relacionamento com Hermione talvez não fosse conveniente.

- Beije-a hoje. – dissera Voldemort de repente.

Harry não respondeu imediatamente. Estava perdido por algo estranho que parecia incrustado em um dos gelos de seu copo. Pode perceber uma discreta e quase imperceptível linha verde a borda do liquido. Pegou o copo, pela primeira vez desde quando Voldemort tinha o posto em sua frente educadamente, e percebeu o olhar dele cair sobre si apreensivamente.

Harry olhou para o copo esperando alguma reação da parte de Voldemort enquanto o silêncio avolumava-se entre eles. Com um certo tempo Harry pode perceber que Voldemort esperava ansiosamente pela hora que ele fosse levar o copo a boca e tomar seu whisky de fogo.

Porém, ao contrario do que ele imaginava, Harry se levantou, caminhou pelo espaçoso quarto e parou próximo a um vaso de planta ao lado da janela.

Harry focou Voldemort e o viu tomar um gole de seu whisky enquanto o focava tentando transparecer nenhum interesse na situação. Harry apenas o observou por algum tempo sentindo a raiva crescer dentro de si. Olhou para a planta e despejou todo o liquido de seu copo sobre ela.

O whisky escorreu para terra que o absorveu. Bastou somente alguns segundos para que a planta pudesse murchar-se por completo enquanto Harry visualizava em sua mente a raiz da planta sugando o veneno do liquido.

Harry moveu seus olhos da planta morta para Voldemort. Caminhou calmamente para próximo dele enquanto controlava sua raiva.

- O que foi? Colocou veneno em minha bebida enquanto eu abaixava a cabeça para você? – indagou Harry irritado. – Por que não se levanta agora e aponta sua varinha para mim e me mata? Talvez goste de me fazer de idiota enquanto eu procuro conseguir sua confiança, não é?

Voldemort o focou por um instante e então voltou a se acomodar melhor em sua poltrona. Deu uma tragada em seu cachimbo e soltou calmamente pela boca. Tomou um gole de seu whisky e Harry desejou ardentemente que ele tivesse um choque térmico com o cachimbo quente e o gelo do whisky.

- Vou partir para o Crownlexa amanhã pela manhã. – disse casualmente ignorando as palavras de Harry. – Diga a Midge que quero que você fique na direção do castelo enquanto eu não estiver aqui.

Harry franziu o cenho. Aquele castelo era a tão protegida fortaleza de Voldemort Ele nunca confiara seu castelo a ninguém, nem mesmo quando ficara seis meses no Crownlexa no ano passado.

Por um longo minuto Harry ponderou. Passou a acreditar que seu plano estava tomando um bom caminho. Não soube exatamente o que fazer, afinal, por momento algum havia se passado pela sua cabeça que iria conquistar sua confiança a Voldemort tão cedo.

Limitou-se a dar as costas enquanto começava a entender que o veneno em seu copo de whisky de fogo era um teste para que Voldemort pudesse saber se ele agiria de forma inteligente ou não. Era quase uma diversão para Voldemort fazer esse tipo de teste.

Caminhou até a porta e lembrou-se de Hermione, sentiu raiva de si, do quanto era sujo pelo que passara a fazer desde a noite que Voldemort gravara nele a marca negra. Pegou na maçaneta de cobra e abriu a imponente porta que sequer rangeu.

- Vou beijá-la hoje. – disse tentando controlar novamente que sentia de si mesmo.

Bateu a porta com força, mas não antes de ver um fino sorriso esboça-se na face de Voldemort.



A mão de Hermione suava frio sobre sua nuca, porém, ele teve quase certeza de que ela ao menos fazia idéia de que sua mão estava ali quando seus olhos castanhos vieram a aparecer lentamente num ar confuso.

Eles se focaram por um instante infinito ao qual ambos somente tentavam decifrar um o olhar do outro.

Hermione percebeu que sua mão estava sobre a nuca de Harry e se perguntou como ela havia chegado ali. A recolheu receosa e desviou o olhar passando a se sentar corretamente no sofá olhando fixamente para a pilha de livros a sua frente.

Escutou um suspiro cansado vindo de Harry enquanto ele passava a mão pelo rosto e puxava os cabelos olhando para ela por um tempo curto. Lembrou-se de como a mão dele deslizara pelo seu corpo sua cintura. Fora tão simples, mas os dedos dele pareciam fumegar. Céus! Por que ele tinha que ser seu melhor amigo?

Harry tinha um peso de culpa, no entanto ele já aprendera a lhe dar com esse peso a muito tempo. Soltou seus cabelos, desviou o olhar de Hermione e levantou-se. Os livros espalhados pelo chão e pelo sofá começaram a se empilhar juntando-se com a que estava bem a frente de Hermione.

- Talvez seja melhor eu ir para o meu apartamento. – ele disse.

Hermione levou um certo tempo para pegar as palavras no ar. A pilha, já grade, de livros a sua frente ergueu-se alguns centímetros do chão e passou a se distanciar. Tal feito fez com que ela acordasse de seus devaneios.

- Não. – viu-se dizendo. Assustou-se com suas próprias palavras e ergueu o olhar. Harry estava parado de costas com a mão na maçaneta. A capa, que antes estava em um pedestal ao lado da porta, já estava em seu corpo. – Não precisa ir embora.

Harry fechou os olhos ainda de costas e lutou contra um suspiro de alívio que fora reprimido. As palavras dela não podiam querer dizer que gostara, mas também não davam sinal de que não. Virou-se e a focou.

Ela já estava de pé com os braços cruzados sobre a barriga. Ele logo reconheceu aquele olhar. Era exatamente o mesmo que ela lhe lançava quando ele tinha certeza de que o beijo que lhe dera frente e porta principal do Profeta Diário estava se passando dentro da mente dela. No entanto, dessa vez ele não podia simplesmente deixar que ela acreditasse que aquele beijo, ali e agora, não havia acontecido. Voldemort queria que fosse sábado, então tinha que ser sábado, não por que era realmente devoto ao Lord, mas porque ele precisava conquistar a confiança de Voldemort.

- Quer discutir sobre isso agora? – indagou receoso, porém a intenção de sua pergunta não fora certamente a de escutar sua resposta e sim de vê-la.

Sentiu finalmente que seu dever estava cumprido quando os olhos dela brilharam o focaram diretamente num ar ao qual ele jamais imaginara receber de Hermione Granger, sua melhor amiga, sua devoção.

Ele apreciou aquele olhar por um bom tempo enquanto ele tinha certeza de que ela lutava contra ele. Tirou a capa ainda fitando aquele olhar e somente desviou o seu do dela para pendurar a peça novamente no pedestal.

Aproximou-se e percebeu que ela queria recuar a medida que ele chegava mais perto, entretanto, ela mantinha-se estática.

Hermione conseguiu manear a cabeça negativamente de uma forma frenética sabendo que precisava responder a pergunta de Harry. Mas na verdade, ela não sabia era exatamente o que queria ali e naquele momento.

- Não. – disse. Sua voz oscilou, porém, saiu. – Eu não, - sua voz falhou obrigando-a a pigarrear para que pudesse continuar. – quero discutir sobre isso agora. – concluiu.

Harry parou de se aproximar. Ela sentiu-se aliviada por isso, mas uma parte de si pedia para que ele a tocasse com aqueles dedos fumegantes novamente. Esse pensamento lhe fazia sentir-se pecaminosa. Limitou-se a lhe lançar um sorriso que ela sabia que saíra amarelo. Fingir que nada havia acontecido, como da ultima vez, era a única coisa que conseguia pensar no momento, apesar de estúpida.

- Bom estudo. – disse ela afastando-se. – Vou dormir.

Harry a viu dar as costas e entrar no corredor que daria ao quarto dos dois bem ao fim. Jogou-se no sofá e sorriu. Ele acreditava que ela estaria reagindo bem pelo olhar que recebera há alguns segundos atrás e isso lhe fazia sentir feliz, mas não por estar cumprindo o seu nova tarefa, mas sim porque ele nunca imaginara que fosse se sentir tão bem ao lado de Hermione.

_****_



O barulho dos papeis sendo jogados em cima da mesa pareceu ecoar na mente de Harry. Sentia-se desconfortável, mesmo que a cadeira do escritório no ministério de Rony fosse incrivelmente ótima.

Os passos do ruivo a sua frente pareciam carregados de ódio e Harry não ousava olhar diretamente em seus olhos. A mesa entre ele era a única coisa que fazia Harry acreditar que impediria Rony de voar em seu pescoço.

- Mentiu... – Rony sussurrou andando de um lado para o outro. – Todos esses anos. Você MENTIU! - gritou fazendo Harry encolher-se na cadeira. Rony soltou um uivo de raiva e bateu com os punhos na mesa focando Harry que insistia em manter os olhos nos papéis em cima da mesa. – VOCÊ MENTIU PARA NÓS TODOS ESSES ANOS! – berrou cheio de raiva. – MENTIU! Colocou minha vida em risco, a vida de Hermione, a vida de todos nós dizendo que estava tudo bem, que não havia mais o que temer, que ele estava MORTO! EU O VI! EU FALEI COM ELE! ELE FALOU COMIGO! ELE ME CONTOU SOBRE VOCÊ!

- Tudo que eu fiz foi pensando em vocês. – A voz de Harry soou baixa, séria e profunda.

- MENTIRA! – Rony berrou. – MENTIRA! VOCÊ NÃO MENTIU SÓ PARA NÓS, VOCÊ MENTIU PARA O MUNDO! FEZ HERMIONE ACREDITAR EM SUAS MENTIRAS!

- EU SALVEI A VIDA DELA! – gritou Harry se levantando e dando as costas ainda lutando em encará-lo.

- E ACABOU COM A SUA! – retrucou o ruivo no mesmo tom.

Harry virou-se indignado.

- QUE DIABOS QUERIA QUE EU FIZESSE? – a raiva passou a aflorar em Harry. – Queria que eu a deixasse morrer pra que eu pudesse ter a oportunidade de duelar com Voldemort? Eu jogaria a vida dela ao lixo por uma oportunidade incerta de vitória? Rony, eu nunca pensei na minha vida primeiro que a dela, primeiro que a sua, eu faria tudo de novo e não me arrependeria assim como não me arrependo agora.

- NÃO SE ARREPENDE? VOCÊ É UM COMENSAL!

- MAS EU A TENHO AO MEU LADO! – retrucou Harry quase que imediatamente.

Rony não contradisse nada. Deu as costas e encarou a parede. Harry viu que ele arfava de raiva e tentava controlar-se. O silêncio avolumou-se.

- Pensou em você mesmo. – disse Rony calmo e sério, ainda de costas para Harry. – Pensou em você, no que seria de você sem ela e está sacrificando a vida de outras pessoas para tê-la junto conosco!

- Eu sacrifiquei a minha vida! – exclamou Harry em contragosto – A minha liberdade! Olha para mim. – o silêncio veio e Rony não se virou. – Olhe para mim! – insistiu, porém Rony continuava a relutar. – OLHE PARA MIM, DROGA! – gritou.

O ruivo pareceu assustar-se com o tom do outro e virou-se hesitante.

Harry ergueu o braço e puxou a manga de seu casaco mostrando a marca negra para Rony que logo fez uma careta ao vê-la. Harry sabia que os olhares surpresos de Rony e Hermione nunca acabariam diante daquela marca em seu pulso.

- Acredita mesmo que eu queria isso em meu pulso? Acredita que eu me uniria ao homem que me tirou os pais? Acredita que eu realmente sou um comensal devoto a Voldemort? – indagou. Rony ficou mudo. – Se realmente acredita, não me conhece. Nunca me conheceu.

- Eu te conhecia até o momento em que descobri que todo o meu mundo de tranqüilidade era uma farsa, por causa de uma mentira sua! – rosnou Rony.

- Então me prenda. – disse Harry calmamente. – É o seu dever, não é? Me prenda, me mande para Azkaban, revele ao mundo a verdade e acabe com a vida de Hermione! – Rony não retrucou. – Foi um trato, Rony. Ela iria dar a vida dela por mim, pela minha vitória, pelo bem do mundo e ela ao menos sabia se seu sacrifício teria sucesso. Eu podia deixar deixá-la morrer. Podia acabar com o resto das horcruxes e então mataria Voldemort, mas eu não podia ser tão cruel!

- Mas por que mentiu para nós? – indagou o ruivo. – Por que não nos contou a verdade depois? Por que teve que esconder isso de nós. Dane-se o mundo, nós estávamos com você nessa, era mais do que justo que tivesse dito que tudo fora uma farsa!

Harry riu incrédulo, como se não esperasse uma pergunta tão idiota da parte do amigo.

- Vocês estavam e estão sobre ameaça constante. É eu sair do trilho de Voldemort por um segundo e ele me aponta o alvo da próxima morte.

- Pensei que o trato fosse sobre deixar as pessoas que ama em paz. – contradisse Rony.

Harry suspirou cansado e passou as mãos sobre o rosto sabendo que aquilo já não se resolveria tão cedo.

- Seria vantagem demais para mim, Rony. Acredita fielmente que Voldemort realmente me deixaria em paz? Deixaria todos que eu amasse em paz? Isso era somente para me atrair para a armadilha. Era como colocar o queijo na ratoeira. Eu certamente interesso demais a Voldemort. Me ter nas mãos dele como uma marionete altamente e facilmente manipulável é como dominar o mundo. – explicou Harry calmamente.

O silêncio novamente veio. Harry não negava o fato de estar com medo dos malefícios que essa verdade revelada poderia lhe causar.

- Não consigo acreditar em suas palavras agora. – disse Rony. Em sua voz havia o terrível tom de decepção.

Harry tornou a suspirar derrotado. Teria perdido seu melhor amigo?

- Por favor, não conte a Hermione. – pediu em um tom baixo e receoso.

O silêncio que se estendeu a partir do pedido de Harry pareceu infinito. Rony parecia somente ponderar. Seu olhar nunca se dirigia diretamente a Harry.

- Vou esperar que ela descubra o monstro em que se transformou. – Rony quebrou o silêncio.

- Céus, Rony! Por favor, não seja tão incompreensível! – exclamou.

- Eu vou embora. – retrucou Rony friamente enquanto juntava seus papéis sobre sua mesa de trabalho em seu gabinete de auror no ministério. – Vou para casa. Sophie está para nascer e não posso deixar Luna só.

Harry sentiu o ódio de si mesmo crescer dentro de seu peito. Suas unhas cravaram na palma de sua mão enquanto via Rony se dirigir a porta de sua sala.

Rony abriu a porta e parou de costas com a mão na maçaneta. Harry viu o dedinho do amigo batendo freneticamente contra a matéria da maçaneta e soube que ele estava em uma tremenda guerra mental.

- Hermione vai se casar. – as palavras de Rony escoaram pela sala até que ele finalmente saiu fazendo com que o som da batida da porta da sala acabasse com as ondas das ultimas palavras de Rony.

- Eu sei. – sussurrou Harry com os dentes cerrados antes de urrar de raiva e jogar a boca de cristal que estava sobre a mesa de Rony contra a parede.



_****_

- Talvez esse? – sugeriu Hermione apontando para um quadro colorido que se destacava em meio a folha amarela do imenso catalogo empoeirado sobre a mesa rústica do consultório de Harry no St. Mungos. – Harry?

Harry ergueu os olhos de sua pasta e a fitou. Hermione prendeu a respiração e desviou o olhar rapidamente. Incrível como olhar os verdes olhos de Harry após a noite de ontem lhe trazia uma sensação de que estava prestes a vomitar seu coração.

- Diga. – disse ele e Hermione se perguntou porque sua voz conseguia ser tão profunda ao ponto de fazê-la arrepiar-se.

- Ah... – por um segundo ela se esqueceu sobre o que estava falando, mas logo seu cérebro ágil. – A babá. Encontrei uma boa aqui.

Harry estendeu a mão e Hermione lhe empurrou pesado catalogo. Ele foi capaz de erguê-lo facilmente com uma mão só e passou a analisar o tal quadro colorido que Hermione lhe apontara.

- Ela não tem pontos negativos. – comentou ele ainda com os olhos no catalogo.

- O que pensa sobre chamá-la? – perguntou ela.

Harry deu de ombros e devolveu o catalogo a Hermione.

- É uma boa. – respondeu Harry. – Comentou com Sophie sobre ela ter que ficar com uma babá?

Hermione assentiu.

- Ela não parece ter gostado muito da idéia. Luna e Rony nunca a deixaram com uma babá. Geralmente ela ficava aos cuidados da Sra. Weasley.

- Sim, eu sei. – Harry falou abaixando as vistas novamente para sua pasta.

Hermione o olhou e viu o quão concentrado ele se encontrava em sua pasta e se perguntou porque ele teria escolhido logo o momento em que estaria ocupado para que ela fosse ao seu consultório escolher, o que teriam que fazer juntos, uma pessoa que pudesse ficar com Sophie.

- Harry, se quiser eu posso ir embora. – ela disse receosa.

- Em momento algum demonstrei que quisesse que fosse. – ele disse sem olhá-la.

- Então por que não interage comigo? – indagou ela e logo se arrependeu de sua indagação quando a voz de Harry tornou a suar.

- Porque você não quer interagir. – disse ele como se tudo fosse tão simples que fez Hermione sentir medo de onde os comentários daquela conversa poderiam levá-los.

- Pensei que fossemos escolher juntos com quem Sophie iria ficar. – disse Hermione arrependendo-se novamente de ter dito algo.

Harry ergueu o olhar e a focou. Ela logo desviou o seu.

- O motivo pelo qual eu me nego a querer interagir com você é que sei que não consegue me olhar nos olhos desde a noite de ontem. – ele disse casualmente.

Hermione percebeu que a cor fugira de seu rosto.

- Harry. – sua voz saiu fraca e ela se negou a olhá-lo. – Por favor, eu estou realmente lutando para não pensar sobre isso agora.

Harry suspirou.

- Mione, sei que não quer falar sobre isso agora, mas eu só quero que mantenha a idéia de que, sim, eu te beijei.

Hermione assustou-se com o tom casual que ele usava. Franziu o cenho e pela primeira vez, o olhou. Sua boca se abriu hesitante e ela pensou cinco vezes antes de pronunciar cada uma.

- Harry, o que está querendo com tudo isso? – indagou estreitando os olhos.

Ela pode vez os olhos dele escurecerem de uma forma que ela conhecia e ao mesmo tempo não conhecia. Era típico de Harry desde a noite em que destruíra com a vida de Voldemort, de inicio ela até imaginava que era pelo fato dele ainda estar em choque, mas o modo como os olhos dele passaram a escurecer no decorrer dos anos trouxe a Hermione uma sensação de medo, pavor e receio que ela reprimia febrilmente dentro de si.

Murchou os ombros e suspirou derrotada quando a porta do consultório foi escancarada. Perguntava-se por que aquele hospital nunca criara o respeito de pelo menos bater na porta.

Um bruxo alto, moreno, e de postura desengonçada entrou na sala seguido de Gina num ar agitado.

- Emergência no segundo andar, Harry! – disse o bruxo desengonçado num tom alto.

- Aquele seu paciente que chegou antes de ontem! – Gina completou.

- Droga! – exclamou Harry sem levantado rapidamente quase fazendo com que sua cadeira virasse para trás.

Hermione o viu cruzar o consultório agilmente passando por ela como se fosse nada amais do que alguém sem importância sentado em sua mesa e saiu quase correndo pelos corredores seguido do bruxo.

Ela levantou-se ajeitando seu vestido e fechando o catálogo deixando-o sobre a mesa. Puxou um papel amarelo e pegou a pena q Harry estava usando para marcar “x” em sua pasta e rabiscou um ”Fui para casa.”. Espreguiçou-se e assustou-se quando, ao se virar, deu de cara com Gina a observando.

- Pensei que fosse ver a tal emergência. – disse intrigada.

- O caso é de Harry, não meu. – respondeu Gina friamente.

Ambas somente se fitaram por um momento e Hermione receou pela expressão que ela tinha. Céus! Como ela odiava aquilo.

- Por que me olha assim? – perguntou Hermione.

Gina cruzou os braços e aproximou-se da outra que já imaginava sobre o que se passava na mente da ruiva de jaleco.

- Rony e Luna nunca deixaram Sophie com outra pessoa que não fosse a mamãe. – disse Gina seriamente. – Você se acha muito inteligente, não é Hermione? Acontece que cuidar de uma criança não é como estudar um livro. Sophie só não morreu porque Harry está ajudando você! Escreva o que eu vou te dizer. Vou ficar com ela no fim de semana, eu vou conseguir!

- Eu realmente espero. – disse Hermione esperando que aquilo não tomasse o rumo que a ruiva queria que tomasse. Gina certamente nunca conseguiria uma autorização do ministério tão cedo.

Gina sorriu cinicamente e gozou:

- Bela família! Oh, sim, claro! Uma linda, maravilhosa e esplendida família. – fechou suas feições e torceu o nariz. – Não use Sophie para grudar Harry ainda mais em você, Hermione.

Hermione sentiu o sangue ferver em sua cabeça. Como ela odiava aquilo. Como ela realmente odiava aquilo! Seus dentes cerraram e quando se deu conta sua mão havia batido com toda força no lado do rosto de Gina.

A ruiva recuou instantaneamente levando a mão ao lado que ficara marcado pelos dedos de Hermione.

- Estúpida! – rosnou Gina furiosa.

Hermione pegou sua bolsa, em sua face havia o ar de indignação.

- Você não vai mudar, Gina. Nunca vai mudar! – e passou pela ruiva que bufou assim que o som da porta se batendo soara mais alto do que imaginava que fosse soar.

Não a suportava e seus argumentos para isso eram plausíveis somente para ela mesmo, por isso limitava a deixar a guerra entre as duas somente restrita a elas e a mais ninguém, apesar de saber que a castanha jamais conseguira esconder isso de Harry.

Olhou o bilhete em cima do catalogo. O pegou e leu. Sorriu e o amassou sem dó, como se aquele papel fosse o pescoço de Hermione. O jogou no lixo antes de deixar o consultório de Harry completamente vazio.

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