BÔNUS



eyes - open

BÔNUS


Harry encarou sem piscar a lâmpada cinza desligada pendurada no meio do teto, sentindo-se imobilizado e superestimulado ao mesmo tempo. Os quadris dos dois se tocavam sob o fino lençol vinho e parecia que uma corrente elétrica passava entre eles, zunindo nos dedos dos pés, nos joelhos, no umbigo, nos cotovelos e terminando no cabelo dele.

–Indescritível- disse ele finalmente, porque não havia palavras para descrever como se sentira. Ele nunca imaginara sexo poderia ser assim, já que sempre se usavam os clichês metafóricos tediosos como fogos de artifício explodindo para descrevê-lo. Até isso era totalmente impreciso.

Não descreviam a verdadeira sensação, ou como o sexo era todo esse processo de descoberta durante o qual tudo que era com um se tornava absolutamente maravilhoso. Tudo o que podia pensar para descrever o que era o sexo soava como uma propaganda idiota de um novo cereal ou coisa parecida. Havia algo mais...

–Eu te amo, Hermione. - suspirou ele, todo o corpo zunindo de prazer e desejo.

Mione tombou no peito de Harry e fechou bem os olhos.

–Eu também te amo - sussurrou ela em resposta.

Para Harry, parecia que todo o corpo estava sorrindo. Quem diria que essa segunda-feira comum de fevereiro seria tão...ótima?

*

–Hermione, você precisa saber! – sibilou Rony, puxando o seu braço, enquanto ela avançava para frente.
–Mas eu não quero saber! – sibilou ela de volta, os olhos faiscando.
–Por que? Tem medo?
–Eu já fiz minha escolha! Há muito tempo!
–Hermione, você pensa que sabe das coisas, mas você não tem idéia...
–Eu sei o suficiente pra afirmar que eu amo o Harry. Por favor, Rony, pare com isso.

*

–Eu nunca vou te deixar! Você sabe, né? – ele fez biquinho. –E você também nunca vai me deixar?

Hermione riu, o beijando.

–Eu não te deixei até agora. Por que deixaria depois?
–Eu sei que você não me deixaria. – ele riu. – Estava só confirmando.

Hermione riu, batendo nele.

*

–Amor! – ele saudou, abrindo os braços para cobri-la em um grande abraço. – Tenho uma novidade pra você. – sussurrou ele, no ouvido da mulher.

Ela o fitou com os olhos brilhando.

–O que foi, querido?
–Eu comprei nossa casa...

*

–Espero que você e a Mione venham amanhã. – dizia Gina no telefone. – Mamãe não vai perdoar se vocês faltarem.

Harry ficou sem jeito.

–Na verdade, eu não sei se eu estou mais junto da Mione.
–O que? Por que?
–Nós brigamos hoje de tarde...
–Ah, vocês sempre brigam e ficam bem. Não se preocupe. Espero vocês dois aqui nA’Toca hoje à noite.

Ele colocou o telefone no gancho e suspirou. O aparelho voltou a tocar.

–Alô? – disse, com a voz mal-humorada.
–Oi, querido? – era Hermione. – Como você está?
–Estou em carne viva. – respondeu, sinceramente. De certa forma, sentia-se extremamente feliz por estar escutando a voz dela.

*

–Por que? – ele berrou, apontando o dedo na direção dela – POR QUE?

Hermione soltou um soluço alto, puxando o lençol para mais perto. Talvez quisesse esconder as lágrimas.

–Harry, eu n-não...
–CALA A BOCA! CALA A BOCA! EU NÃO QUERO OUVIR!
–Mas você tem que me ouvir...
–NÃO! VOCÊ TEM QUE SE RETIRAR DAQUI, AGORA! SAIA!
–Vá se foder! – desse o outro homem.

Harry urrou, e, sem dar tempo de defesa, socou o nariz do outro, fazendo-o cair no chão. Houve um grito feminino, mas não foi o de Hermione...

*

–Harry, por favor...
–Me deixe em paz, Ginevra.
–Mas você precisa...
–EU NÃO PRECISO DE NADA! – berrou Harry, mal conseguindo conter a raiva – A ÚNICA COISA QUE EU PRECISO É QUE VOCÊ SAIA DAQUI!
–Pare de agir como se fosse um menino mimado! – berrou Gina, o rosto vermelho de raiva.
–Pare de agir como se fosse uma viborazinha da Sonserina!

*

–Não o defenda. – disse Harry, antes que a mulher pudesse sequer abrir a boca.
–Não vou o defender. – ela disse, com a voz áspera. – Talvez você devesse parar de se fazer de vítima. Não é só você quem está sofrendo com isso. Não sei quando e nem porque você se tornou tão egoísta, Harry Potter. Esse não é você.

*

Luna tocou carinhosamente a barriga de Hermione.

–Você não quer mesmo vir comigo? – ela perguntou.

Hermione fez que não com a cabeça. Ainda havia rastros de choro e sofrimento na face de Luna, e isso fez Hermione supor que a sua estaria pior. Bem pior.

–Hermione vai ser melhor pra você. Pra nós. – Luna disse, o nariz fungando. – Ficar longe daqui...sair de Londres, viver uma nova vida, respirar um novo ar...

Hermione sorriu, infeliz.

–Eu não esqueceria o que passou nem se eu fosse pra Marte, minha amada amiga. – ela abraçou a loira, sentindo os olhos denunciarem a dor sentida. – A única que restou.
–Não quero te deixar sozinha, Mione. – Luna disse, firme.
–Mas eu não estou sozinha.

Ainda viu o avião de Luna partir rumo à Paris, antes de voltar ao trabalho.

*

...ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida.
H.J

*

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