OS DOIS PAREM AGORA
Helena e Lupin correram pra fora da cabana.
Sirius estava em cima de um outro homem, aparentemente cobrindo-o de socos.
- Sirius pare agora! – Helena furiosa ordenou que Sirius saísse de cima do homem.
- Helena... Tentei explicar pra esse cara mas ele não - e o homem tinha alguma dificuldade pra falar. Estava todo enlameado, com o canto da boca sangrando.
- Você... você... conhece esse sujeito? – Sirius fuzilou Helena com os olhos.
- Conheço. – ela disse secamente – Zack veio comigo. – Helena então deu a mão para ajudar Zack a se levantar enquanto Lupin tentou ajudar Sirius. Mas ele, extremamente bravo, negou ajuda e com dificuldade, levantou sozinho.
- Eu devia ter imaginado... – Sirius disse com raiva e amargura. E Lupin, ao pressentir que uma terrível discussão estava por vir, levou Sirius de volta para a cabana.
- Que amigo insano Helena... – Zack agora tentava limpar suas roupas.
- Ele é assim mesmo Zack, me desculpe.
- Você não tem que se desculpar por ele Helena! – e Zack iria começar mais um discurso inflamado que Helena conhecia muito bem. Parecia que ela só se rodeava de amigos com um temperamento um tanto quanto, forte.
- Zack, me escute. Os dois aí dentro tem uma importância astronômica na minha vida. Você sabe disso. E ainda não conversamos, nem um pouco. Eu te peço... Volte pro Hotel, limpe esse... ou... esses machucados e descanse. Eu vou ficar bem.
- Tem certeza? Por que eu posso ficar aqui e...
- Zack... eu sei me cuidar. Eu encontro você ok? – E os dois se despediram com um beijo no rosto. Zack seguiu seu caminho andando bem devagar, como que esperasse uma mudança de idéia por parte de Helena. Mas isso não aconteceu, ela se virou e entrou na cabana novamente.
Sirius e Lupin estavam quietos lá dentro. A presença de Helena ali fez com que os dois virasse a cabeça pra porta. E pela primeira vez podiam vê-la por inteiro, iluminada por uma luz conjurada nos quatro cantos da cabana. E acabou acontecendo um período de observação por alguns instantes.
“Helena cresceu” pensou Lupin, com saudades de um tempo em que tudo era alegria. E ela realmente havia crescido, não só nas formas de mulher, que se avolumaram e se arredondaram mas ela trazia consigo um ar de maturidade que para Lupin, em outros tempo, seria possível de ter acontecido.
Ela havia jogado então a capa pra trás do corpo. Usava botas de cano alto, um couro preto, bico fino e salto agulha. As famosas botas que Sirius sabia como ela amava usar. Estava vestindo um short preto também, dois palmos acima do joelho, preso por um cinto com um símbolo estranho. Usava uma espécie de espartilho roxo e preto que acentuava suas formas de mulher e constrastava com o branco claro de sua pele. Seus cabelos, mais negros, compridos e suavemente encaracolados apesar de estarem soltos, davam ao seu rosto um ar sombrio.
Sirius engoliu seco e ele parecia respirar com dificuldade. Travava dentro de si uma cruel batalha entre sentir raiva dela, por aquele cara (“ele pode ser uma traidor! Pode ter escutado Dumbledore! E ela ainda o defende?”) ou chegar mais perto, o que estava sendo muito difícil.
- Me desculpe pelo Zack... – ela tentou quebrar um silêncio que já durava mais de bons minutos.
- A sorte dele é que a varinha de Sirius está confiscada – Lupin sorriu e não demorou mais um minuto. Foi até a amiga e os dois se abraçaram fortemente. – Você não sabe como é bom te ver!
- Eu sempre tive muita saudade Remo – ela continuava nos braços do amigo. Quando foram se soltando, Helena virou para Sirius e aquilo tornou-se difícil pra ela também.
- Como é que você tem tanta certeza de que aquele cara é seu amigo? Ele podia estar espionando! – E Sirius desandou a falar de uma vez, como há muito tempo não fazia – E se ele ouviu o que Dumbledore disse? Ele deve estar correndo atrás de Voldemort agora...
- Sirius chega! – Helena aumentou a voz pra ver se tentava impedi-lo de falar. – Zack é meu amigo e tem me ajudado há muito tempo...
- Eu imagino o tipo de ajuda que ele deve ter te dado... – E Sirius disse isso sem encará-la. Helena estava preste a ter um ataque e falar como uma louca, como Sirius fizera antes, mas Lupin interveio:
- Os dois parem agora. Eu não vou ficar aqui escutando vocês se machucarem e discutirem a relação de vocês. Não é hora pra isso. – e com a varinha, Lupin conjurou uma mesa, três cadeiras e apagou algumas velas – Precisamos conversar como amigos que somos, por que estamos em tempos difíceis. E Voldemort não conta com essa arma que temos: nossa amizade. Portanto, Almofadinhas, controle-se. E Helena, não provoque. – E Lupin fez um gesto apontando para a mesa.
Os três então se sentaram. Helena de um lado da mesa, de frente para Remo Sirius.
- Me digam, como é o Harry? – Helena encarou os dois depois de algum tempo.
- Tem a cara de Thiago – respondeu Lupin.
- Com olhos da Lílian – disse Sirius. E pela primeira vez Sirius e Helena se encararam sem gritarias ou brigas. Sentindo que algo muito forte havia atravessado anos de espera, dor e separação. E que estariam unidos agora, queriam eles ou não, para cuidar do filho de seus melhores amigos.
- Eu tenho medo... – ela voltou a dizer, quando ficou desconcertada com o olhar direto de Sirius – De que ele não me perdoe. Tenho vivido com isso há muito tempo.
- Ele vai gostar de você. – Sirius disse. E Lupin sorriu, sem encará-los.
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