único
Cachos
Sabe, sempre fui fascinado por cachos. Minha tia Bella tinha os cabelos cacheados quando eu era pequeno, e usava-os para brincar comigo. Eu adorava mexer naqueles grandes caracóis negros dela, que tinham um delicioso aroma de flores, o mesmo provindo dos xampus caríssimos que ela usava.
Então ela se casou com aquele Rodolfo e alisou os cabelos. Também nunca mais brincou comigo, mesmo eu sendo apenas uma criança.
Entrei em Hogwarts achando que essa moda de cabelos lisos ia mesmo tomar conta de todas as cabeças femininas da escola, mas estava enganado. Três garotas mantinham as madeixas encaracoladas. Mas uma delas chamava mais a minha atenção que as amigas: Ginevra Weasley.
A Granger e a Lovegood, para mim, não eram nem uma pálida imitação daquela Weasley. O cabelo dela não era laranja como o dos irmãos. Era um tom mais avermelhado, “quase Borgonha”, como diria Pan(sy), cor que contrastava perfeitamente com a pele alva dela.
Logo não eram mais somente os cabelos dela que possuíam minha atenção. A pele dela era alva e sedosa, realmente parecia pêssego. Os lábios volumosos e avermelhados, o corpo pequeno e delicado, cheio de curvas fartas. Simplesmente perfeito. Três palavras definiam o que eu sentia: maluco por ela.
Comecei a segui-la e anotava todos os seus horários, hábitos, etc. Não sei se por pura rotina, mas ela fazia a mesma coisa todo o dia. Mas o último feito de todo dia dela me intrigava: Ela ia todo o dia para a beira do lago, sentava-se embaixo da mesma árvore e assistia o pôr-do-sol, sozinha. Se estivesse quente o suficiente, depois disso, ela até tomava um banho no lago.
Foi em um desses dias em que a seguia em suas saídas para o lago que ela me surpreendeu.
-Saia daí, Malfoy – Ela não olhava para o arbusto onde eu estava escondido, nem mesmo para alguma área próxima dali. Ela encarava o céu alaranjado, calmamente, como se tivesse plena ciência de quem eu era o onde eu estava.
Silencioso. Foi assim que eu fiquei até que ela se levantou e veio até mim, afastando o arbusto á minha frente e olhando-me de modo que me repreendia só com os olhos, após estender a mão para me ajudar.
-Vou ter que ficar aqui o resto do dia? Levante-se logo, Malfoy – Ela me disse e eu finalmente saí do transe e aceitei a mão que ela me oferecia, levantando-me e ficando um pouco mais alto que ela, o que me fez querer protegê-la, mesmo sabendo que ela não precisava de proteção.
-Por que anda me seguindo? Ela não parecia disposta a sair de perto de mim, e, se quer saber, nossos corpos estavam quase se tocando.
Isso quer dizer que eu não estava raciocinando bem.
-P-porque... err... – Eu abaixei o olhar e ela voltou a sentar-se em baixo daquela árvore, fazendo-me sentar junto dela.
Fiquei olhando os cabelos dela por um tempo, e logo ela olhou para mim, incomodada.
-Por que me olha tanto? – A voz dela tão de perto, assim baixinho, fez-me lembrar das fantasias que sem querer (mesmo) eu tinha com ela. E me arrependi de todas elas, apesar de não serem culpa minha. Arrependi-me no momento em que meus olhos encontraram os dela, não sabendo como pude ser abjeto a ponto de ter fantasias com uma garota tão... Doce. Ela merecia todo o amor do mundo, e não as fantasias de um garoto qualquer.
-Você é linda – Soltei sem querer, antes de pensar. Ela deu um sorriso como se não quisesse dá-lo a mim, para não mostrar sentimentos. Notei que ela corou um pouco, mas não comentei nada.
-Você acha mesmo? – O sorriso dela se tornou triste. Entristeci-me junto.
-Eu tenho certeza – Disse firmemente, pegando o queixo dela com uma mãe delicadamente e trazendo-a para mim. Encarei os olhos verdes, que possuíam um brilho triste, e já deixavam escorrer algumas lágrimas as quais sequei.
Então ela não lutou mais contra as lágrimas, escondendo o rosto em meu peito e fazendo-me abraçá-la, acariciando os caracóis que tanto queria tocar. Sabia que alguém a rejeitava, alguém que ela gostava muito, talvez até fosse apaixonada. Por isso estava insegura sobre si mesma e seu poder, por isso estava tão triste.
E o cara não era eu.
Duas semanas depois fiquei sabendo que ela estava namorando o Potter. E vi que ela havia alisado os cabelos, mas curiosamente ela não perdera o brilho para mim. E curiosamente ela não me parecia tão feliz quanto deveria estar.
-Senhor Malfoy? Venha comigo – O
-Por que me trouxe aqui? – Eu perguntei sem entender nada. Ele somente sorriu enigmaticamente e me indicou com a cabeça algo que só identifiquei após uma boa olhada. Voltei-me para ele, mas ele não estava mais lá. Então me encaminhei até a árvore onde a garota ruiva que me cativara sem nem mesmo saber disso, chorava copiosamente.
Sentei-me ao lado dela, foi quando ela notou minha presença.
-O que faz aqui? – Ela me perguntou secando as lágrimas rapidamente. Sorri. Abracei-a firmemente e ela voltou a chorar. Enquanto passava as mãos pelos cabelos dela notei que chovia, e que os cachos voltavam, surgindo sob meus dedos.
Afastei-me dela e ela olhou nos meus olhos, chorando.
-Ele não te ama, nem te merece – Eu disse com o rosto colado ao dela, nariz com nariz. Ela beijou-me levemente e se afastou, voltando correndo ao castelo. Fiquei ali observando a chuva cair até que escureceu, então voltei ao castelo.
Dois dias depois fiquei sabendo que ela tinha terminado com o Potter e reassumido os cachos que eu tanto adorava. No dia seguinte ela me procurou e me levou até o lago, bem de noite. Tirou as roupas e revelou um biquíni, mergulhando no lago.
Sentei-me e fiquei a apreciá-la brincar na água. Ela saiu dali, tirou meus sapatos e meias, minha gravata, abriu alguns botões da minha camisa e me beijou, sendo imediatamente correspondida. Quando eu vi ela já estava embaixo de mim, sorrindo, parecendo uma ninfa de tão linda.
Peguei um dos cachos por entre os dedos e o observei, aproximando-me dela e cheirando sei cabelo, beijando-lhe o pescoço.
-Por que eu? – Ela perguntou em tom suave, fazendo carinho em meus cabelos. Sorri levemente, observando-a por inteiro.
-Por que é perfeita para mim – Disse e beijei-a rapidamente – Mas te notei porque você é diferente, linda, mas também é espontânea, e não finge ser o que não é. – Completei.
-E como sabe de tudo isso? – Ela perguntou sorrindo lindamente.
-Seus cabelos – Peguei um cacho nas mãos – Você os manteve cacheados como são, sem aderir á essa modinha de cabelos lisos. Não mudou para agradar ninguém. Bem, talvez o Potter, mas ele não importa mais – Sorrimos.
-E soube disso só por meus cabelos? – Ela sorria, mas parecia incrédula.
-Imagina o que eu não descobri com seus beijos – Sorri maliciosamente e ela me beijou.
-Eu quero você, Malfoy. Seus beijos, sua fascinação por cachos, suas manias, seus defeitos, sua paciência, seu apoio, sua amizade, suas caras e ciúmes – Ela parou e me beijou, talvez sem saber que meu coração estava aos saltos dentro do peito – E, se me quiser também, acho realmente que poderíamos dar certo – Em um rompante de felicidade beijei-a avidamente.
-Você é tudo o que eu mais quero Virgínia Weasley – Eu disse e ela sorriu.
-Assim seja, Malfoy – Beijei-lhe os cachos – Assim seja.
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Mais uma short XD. Totalmente dedicada á Evelyn Black, dessa vez :D
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