Remember
- O Sr. Potter a espera na sala, Sra. Weasley.
- Obrigada.
Adentrou através das portas duplas do grande salão com piso de mármore, o chão reluzia com os escassos reflexos de raios solares que entravam através das grandes janelas que circundavam o salão, a escadaria imponente estava bem a sua frente como se a desafiasse.
Retirou as luvas e o casaco, que foram imediatamente recolhidos pelo mordomo, o ambiente interno estava aquecido e não mais sentia o frio insuportável que era típico no inverno. Logo a neve começaria a cair, as lareiras acender-se-iam e todos se reuniriam em volta delas para tomar chocolate quente. Era a época do ano que mais agradava Hermione quando criança.
- Por aqui Sra. Weasley. – O mordomo a tirou de seus pensamentos fazendo um gesto para que ela o seguisse, começaram a caminhar e Hermione notou quão aquele ambiente lhe parecia familiar. Olhou ao redor mais uma vez e fechou os olhos, havia sonhado com aquela casa uma vez.
Estava no salão comunal da Grifinória lendo um livro sentada em um sofá, em frente à lareira que reluzia suas chamas iluminando o local. Todos estavam em seus dormitórios, provavelmente tendo sonhos melhores do que os dela.
Desviou sua atenção do livro que lia para tomar um gole da caneca de chocolate quente que permanecia intocada ao seu lado. Levou o chocolate a boca e mirou a neve que caia pela janela. Sempre adorara aquela época do ano e não se cansava de admirar aqueles flocos brancos caindo do céu.
Tentou se concentrar no livro novamente para evitar pensar em certos assuntos, mas não conseguiu. Sorriu ironicamente ao pensar no quanto mudara desde que o havia conhecido. Suspirou ao pensar que ele era o maior de seus problemas e ao mesmo tempo a solução de todos eles, havia construído toda uma vida voltada às necessidades e as preocupações dele e por mais que quisesse e estivesse cansada de tudo não conseguia se desvincular, com um sorriso ele conseguia tudo o que queria. O que ela poderia fazer? Ela o amava.
Assustou-se quando ouviu passos na escada que dava acesso ao dormitório masculino. Sorriu ao vê-lo sorrindo e sentando ao seu lado.
- Sabia que estaria aqui. Não tem conseguido dormir muito ultimamente, Mione.
- Você também não.
- Estou preocupado com você.
- Não precisa. Tem outras coisas mais importantes que eu para você se preocupar.
- Nada é mais importante do que você.
- Harry...
- Me desculpa por hoje. Não tive a intenção de gritar com você daquela maneira.
- Eu entendo. Você esta sob pressão. É compreensível.
- Você é perfeita. – Ele a olhou sorrindo e ela desviou o olhar rapidamente.
- Não sou tão perfeita assim. Se fosse, não teria falado tudo o que lhe falei.
- Você estava certa. Eu estou me consumido tanto com essa guerra que esqueço das pessoas ao meu redor.
- Você não tem culpa. O mundo está sob você.
- Mesmo assim. Eu deveria deixar de ser tão pessimista e egoísta e olhar para os meus amigos. Você, por exemplo.
- Eu? O que?
- Está triste e abatia há muito tempo. O que houve?
- Eu só estou preocupada com você.
- Não é apenas isso. Você sabe Mione, mas se não quer me contar tudo bem.
- Não fique chateado, Harry. Eu vou te contar, mas não estou preparada para isso.
- Tudo bem. – Ele suspirou e pegou uma pena e pergaminho que estavam sobre a mesa. – Que acha de fazer planos para o futuro. – Olhou diretamente nos olhos de Hermione que sorriu.
- Harry, eu estava com raiva quando disse isso. Você está preocupado com a guerra, é normal não pensar em coisas como profissão, casa e família.
- Depois que você falou, fiquei frustrado por um momento. Como você poderia não entender? Depois, conclui que você compreendeu melhor do que eu. Se tiver planos para o futuro, terei uma razão para lutar e sobreviver.
- Você vai sobreviver.
- Não tenha tanta certeza, Mi. – Eles ficam calados por alguns segundos. – Acho que esses planos serão mais uma vantagem que terei ao enfrentar Voldemort.
- Como você pretende fazer? Uma lista de prioridades?
- Não exatamente. Não sei como fazer isso.
- Como enxerga sua vida pós Voldemort? – Hermione deixou seu livro de lado e se sentou mais próxima a ele encolhendo os pés no sofá.
- Em que sentido?
- Profissionalmente.
- Essa é fácil. Vou ser auror.- Ele sorriu.
- Escreva. – Ela o observou escrever no topo do pergaminho.
- E você?
- Eu? – Não entendeu onde ele queria chegar.
- Profissão.
- Essa é uma lista dos seus planos não dos meus Harry.
- Por isso, você está incluída nos meus planos.
- Estou? Onde exatamente?
- É com você que vou me casar e ter filhos. – Hermione arregalou os olhos e ele sorriu.
- Harry...
- Eu sei que você pediu um tempo para pensar no que te disse, mas não posso evitar não imaginar um futuro sem você.
- Está sendo apressado.
- Não estou. Nós gostamos um do outro. Você me confessou isso.
- Não estava em sã consciência.
- Não minta. Eu sei que tem algo que te impede, só não sei o que é. Não deixe que isso te prive de ser feliz, Mi. – Ele entrelaça uma de suas mãos na dela. – Eu sinto que nossas vidas estão entrelaçadas.
- O que exatamente isso significa? – Ela pergunta reparando no encaixe perfeito entre seus dedos.
- Significa que eu estou fazendo planos para o futuro. Nós estamos.
Silêncio.
- O primeiro passo é pensar em como será a nossa casa.
Ela sorri ao que ele corresponde.
- Mãos a obra. Como você quer que seja nossa casa, Mi?
E assim eles planejaram a casa dos sonhos a noite toda. Janelas amplas para ver a neve durante o inverno, jardins magníficos para que as folhas caíssem no outono e as flores desabrochassem na primavera, uma biblioteca magnífica, campo de quadribol aos fundos, sem elfos domésticos.
Ali estava ela, pisando na casa de seus sonhos. Cada cômodo e os móveis lhe relembravam aquela noite. Impacientou-se ao pensar que todas as lembranças que havia lutado anos para esquecer estavam reaparecendo em um ritmo frenético, fazendo-a sentir-se fraca e vulnerável diante de Harry.
Estava parada no umbral da porta que dava acesso a sala. Sorriu agradecendo ao mordomo que se retirou. Harry parecia não ter notado sua presença, pois estava parado diante de uma enorme janela observando os flocos de neve caírem lentamente, com as mãos nos bolsos da calça. A lareira estava acesa, o que deixava o ambiente aconchegante.
- É só uma casa que construí há muito tempo, já que eu estou só de passagem não vi o motivo de ficar num hotel ou alugar outra casa, sendo que tenho esta.
Assustou ao ouvir a voz de Harry e vê-lo se virar e se encaminhar ao sofá.
- Não...
- É só para que não pense que sua lembrança ainda está presente na minha vida, pois não está. – Falou de forma fria se servindo de alguma bebida.
- Não estava pensando nisso. – Ela falou de forma altiva.
- Por favor, sente-se Hermione. – Indicou uma poltrona próxima à lareira. - Tenho certeza de que deve estar com frio.
- Prometo que serei breve. – Ela se aproximou da janela, observando por algum momento a neve e se sentou na poltrona indicada deixando sua bolsa repousar em seu colo como se fosse um escudo.
- Deseja beber algo?
- Não se incomode comigo. Estou bem.
- Então. O que deseja? – Senta-se mais relaxado no sofá, a observando enquanto toma um gole de sua bebida.
- Oliver Sexton? Diz algo para você?- Hermione indagou.
Harry apenas ergueu a sobrancelha intrigado e bebeu mais um gole de sua bebida a encarando.
- Pelo seu silêncio posso supor que sim. – Hermione diz se irritando pela conversa unilateral.
- Não ponha palavras na minha boca. Responda-me você. Deveria significar algo?
- Não me responda com outra pergunta. – Ela se levantou deixando sua bolsa na poltrona, o barulho de seus saltos ecoando no assoalho de madeira em seu percurso até a grande janela, evitava encara-lo. – A neve é mais branca aqui.
- Talvez seja porque estamos afastados de Londres. – Ele diz encarando as costas dela com os cotovelos apoiados nos joelhos. – Essa roupa não se parece com você. – Ele observou a sofisticada saia abaixo do joelho plissada preta, blusa branca de manga e gola enviesada com botas pretas até o joelho.
- Você não me conhece. – Ela se virou o encarando como se o desafiasse.
- Você não conhece a pessoa na qual se transformou.
- Eu sou a mesma. Só estou mais feliz.
- Você precisa enganar os outros ou enganar a si mesma dizendo essas coisas? – Ele levantou se aproximando.
- Eu ainda estou esperando sua resposta. – Ela fala vacilante com a aproximação.
- E eu estou esperando a sua. – Ele murmura bem próximo a ela.
Hermione de repente sente toda a sua dor de cabeça voltar. Da alguns passos para trás, mas pára ao ser posta entre a janela e ele que havia andado em sua direção.
- O que foi Sra. Weasley? Tem medo de não resistir? – Ele levanta as mãos para segurar-lhe a cintura ao que ela as afasta.
- Não se aproxime. – Ela murmura transparecendo raiva.
- O que foi? – Ele sorri levantando uma das mãos e acariciando-a no rosto. – Seus olhos ainda demonstram quem você realmente é.
- Está muito enganado se pensa que sabe tudo sobre mim. – Hermione encara aqueles olhos verdes e luta para não ficar presa no passado. De repente se sentiu tonta.
- Eu sei tudo sobre você. – Ele murmura se aproximando mais e sua outra mão vai até a cintura dela. – Sei, por exemplo, que você está louca para me beijar nesse exato momento. – Ela abre a boca para falar algo, mas é calada com um beijo. Tentou livrar-se daqueles braços, mas os lábios dele lhe beijando faziam com que todas as lembranças voltassem a sua mente de uma vez só. Tudo o que sentia quando o beijava e nunca conseguiu sentir com Ron voltou a arrebatando de uma maneira que se sentiu fora de si por um instante.
- O que está acontecendo aqui Hermione? – Ouviu a voz de Ron e tudo o que viu foram pequenos borrões de Ron e Oliver Sexton parados na porta antes de ficar inconsciente.
TO BE CONTINUED...
I PROMISE.
Xoxo
P.s. (July Evans): Eu havia feito uma nota de autora ENORMEEEEE e a Nat fecha o word e não salva a minha nota! =X
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