Não amo mais você



Capítulo 8 – Não amo mais você (Primeiro ato)

Harry tomava seu café da manhã calmamente conversando com Rony e Hermione, enquanto Gina estava a sua frente, com um sorrisinho malicioso na face.

Ele sentiu seus pés frios em sua perna, por de baixo da calça do uniforme e corou, sentindo os pezinhos de Gina lhe acariciarem de um jeito provocante e sensual.

- Cara, você está bem? – Rony perguntou vendo o amigo corado, do nada.
- E-estou... – Ele gaguejou e Gina sorriu docemente colocando as mãos em sua face, como se não estivesse com os pés subindo lentamente por sua perna.
- Será que você não está doente, querido? – Ela questionou, enquanto passava as pontinhas dos dedos sobre seu rosto.
- Claro que não! – Ele respondeu e se engasgou com o suco, quando Gina subiu mais seu pé.
- Harry! – Hermione falou preocupada. – Será que não é melhor você para a enfermaria? A Gina pode te razão...
- Eu estou bem... – Ele balbuciou e lançou um olhar perigoso a Gina que sorriu discretamente.

Então ele deixou que seu garfo caísse de baixo da mesa e se abaixou, vendo os pequenos pés nus de Gina e suas alpargatas, abandonadas no chão. Sorrindo malicioso ele aproximou os lábios dos pés dela e deu uma pequena mordida provocante antes de votar a se sentar a mesa.

- Eu preciso conversar com Dumbledore agora. – Harry anunciou e se levantou, dando um selinho em Gina. Então, se encaminhou para fora do salão principal sentindo seu coração se apertar.
- O que está acontecendo? – Gina perguntou assim que Harry saiu. – Porque todos vocês estão me tratando como se eu fosse de cristal?
- Não viaja, maninha... – Rony respondeu tentando parecer descontraído. – Ninguém está fazendo nada disso!
- Aham! E o Harry também não tem uma cicatriz! – Ela falou sarcástica enquanto encarava Hermione. – Eu tentei não tocar nesse assunto... Mas eu simplesmente não sou burra!
- Gina... Está tudo bem, ok? – Hermione respondeu com calma. – Se você está achando que alguma coisa vai acontecer com você, está muito enganada!
- Eu estou doente! – Ela sibilou nervosa. – Eu não sou tão ignorante a ponto de não perceber isso! E eu tenho quase certeza de que todos vocês, inclusive o HARRY, estão me escondendo alguma coisa!
- Gina! – Rony bufou. – Pare com essa paranóia!
- Paranóia? Rony... – Ela suspirou – Eu sinto que eu estou morrendo! Isso é paranóia?
- Você não vai morrer! Pare com isso! – O ruivo respondeu nervoso. Ele sabia que nesse exato momento Harry deveria estar falando com Dumbledore sobre a cura. Harry havia dito a ele que havia uma cura, apesar de não ter entrado em detalhes. Havia uma esperança, no final das contas.
- Você fala assim porque não é com você! Eu amo o Harry, Rony... E eu tento, a todo instante, aceitar que ele está escondendo algo de mim... Mas eu cansei! Cansei de ignorar a dor... As crises... Ao desmaio! Está tudo errado!
- Você acha que o Harry não te ama? – Hermione perguntou confusa.
- Não... Eu acho que ele me ama sim... Mas por quê ele não confia em mim? Por que diabos, ele não me diz a verdade?
- Não há nenhuma verdade! – Rony gritou atraindo vários olhares.
- Claro que há! – Os olhos de Gina focaram molhados, mas ela não derramou nenhuma lágrima. – Eu vou morrer, Rony. Você sabe disso. O Harry também sabe. Todos sabem... Apenas eu me deixei cegar por tanto tempo... Eu devia ter percebido antes... Mas eu fui burra... Eu... Eu queria aproveitar o meu tempo ao lado do Harry...
- Que droga! Me escute, Gina! – Rony falou segurando o rosto da irmã entre suas mãos. – Você não vai morrer, me entendeu? Juro pra você... Que vai ficar tudo bem. Apenas viva. Só isso, entendeu?
- Não dá mais Rony... – Uma lágrima finalmente escorreu pelo rosto pálido da ruiva. – Eu cansei.

Então ela se levantou como um raio e deixou o salão principal.

- Ai, Rony... – Hermione murmurou fechando os olhos. – Nós devíamos saber que ela não ia ficar parada... Ela é muito esperta.
- Mas o Harry disse que há uma cura!
- O único problema... É que ele não quis dizer pra gente qual é! Tem alguma coisa errada por trás dessa história...
- Mas é o único jeito de salvar minha irmã. – Rony suspirou. – Vamos esperar... E torcer para que tudo dê certo.



***
- Você vai precisar do sangue dela... – Dumbledore falou – Muito sangue.
- Eu não posso fazer isso! – Harry disse emburrado. – Ela vai ficar fraca. Não tem outro jeito?
- Harry... – Dumbledore suspirou. – É para salva-la...
- Mas eu não quero que ela sinta dor!
- Então faça de um modo com que ela não sinta.
- Oh meu Merlim... – Harry suspirou. Só de pensar na possibilidade de vê-la machucada ou fraca já o fazia ter medo. – Eu consigo o sangue então. E depois?
- Você vai ter que dividir o sangue. Um pouco você vai ter que tomar. A outra parte eu misturarei com uma poção de purificação e com o seu sangue, e ela tomará. Mas é preciso que você tome o sangue dela. A essência da poção que Gina beberá vai ser um pouco do seu sangue contaminado.
- Mas então ela se contaminará de novo?
- Não. O seu sangue será como um remédio, que misturado com a poção limpará o resto da maldição.
- Ok, ok... Vou tentar arranjar o sangue. – Harry suspirou, mas deu um pequeno sorriso. – Quanto mais rápido acabarmos com isso, Dumbledore, melhor.
- Você não acha que está sendo precipitado em fazer a Srta Weasley odiá-lo?
- Não... – O moreno fixou seus olhos num ponto qualquer da mesa do diretor. – Se Gina se fosse... Eu... Morreria. E eu sei que ela me ama tanto quanto eu a amo. Não consigo pensar nela sofrendo por minha culpa... Eu preciso... Magoa-la para salva-la. Não há outro jeito.
- E você acha que ela nunca vai descobrir? Acha que ela não desconfiará?
- Não se depender de mim. – Harry falou firme se levantando. – Ela vai precisar seguir a vida dela, quando tudo isso acabar.
- E se você não tiver forças pra derrotar Voldemort?
- Eu vou derrotá-lo. E se eu não conseguir... Outra pessoa vai. O destino pode mudar. Minha vida mesmo mudou muito desde que Gina adoeceu. Não me importo mais. Apenas uma hora ele vai cair. Isso é a vida. A gente nasce, cresce e morre. Não vai ser diferente com Voldemort. Por mais que ele tente... Nunca será invencível.- Harry suspirou - Eu preciso ir agora, Dumbledore.
- Tudo bem. Então vá. – O diretor assentiu com um pequeno sorriso na face. Era impressionante o quanto Harry tinha amadurecido nesses últimos meses.

***

Gina entrou em uma sala de aula vazia sem se importar em estar matando sua aula de Herbologia. Ela estava nervosa e sua cabeça latejava fraquinho, mas de um jeito incômodo.

Não agüentava mais o fato de Harry estar escondendo alguma coisa dela. Eles estavam vivendo num conto de fadas nesses últimos dias, mas agora... Agora ela voltara a realidade. Conseguia sentir que estava morrendo. E Harry não queria contar o que havia com ela! Ele estava omitindo a verdade e isso a estava machucando profundamente.

Ela já não era mais um bebê! Tinha dezesseis anos! Já era uma mulher. Que amava e era amada. Com certeza conseguiria lidar com todos os problemas de frente. Já havia superado obstáculos e não ia se render perante a outro. Só precisava saber a verdade!

A ruiva se dirigiu a uma cadeira vazia e sentou-se apoiando os cotovelos na mesa, enquanto fechava os olhos e respirava profundamente. Viver sonhando era bom. Mas não era a realidade. E ela precisava saber de tudo. Era o direito dela!

Abriu os olhos lentamente e se assustou ao se deparar com um par de olhos cinza a fitando intensamente.

- AHHHH!!!! – Gina gritou pulando na cadeira. – O que diabos, você está fazendo aqui, Malfoy?!
- Não precisa gritar, sua histérica! – Ele falou dando um sorrisinho sexy. – Só estava passando e quando te vi aqui...
- Resolveu parar para me encher o saco? – Ela falou ficando com o rosto corado de raiva. – Mas sinto lhe informar que não vai adiantar! E pelo amor de Merlim! SAIA DAQUI!
- O que foi, Weasley? – Ele perguntou sarcástico enquanto se sentava em uma carteira ao lado dela. – O Potter brochou bem naquela hora?
- Eu acho melhor você ficar com a boca calada se não quiser sair daqui sem seu objeto de honra. – A ruiva sibilou enquanto sua dor de cabeça aumentava consideravelmente. – E não que isso te interesse, mas eu tenho certeza que o Harry é muito melhor na cama do que você, seu loiro oxigenado!
- Quer provar pra ter certeza? – Ele perguntou aproximando o rosto do dela. – Eu não me importo em te levar pro meu quarto agora. E aposto que você não vai querer sair de lá tão cedo, coração.
- CRETINO! – Gina gritou se levantando. Sua cabeça começou a girar e sua visão a se embaçar. Mas ela parou não de gritar. – SAIA DAQUI AGORA! SEU RETARDADO IDIOTA!
- Ei... Calma aí, docinho. Não precisa estourar meus tímpanos.

Mas Gina não conseguiu responder. Seu tórax parecia que ia explodir de uma hora para outra, sua cabeça estava quase rachando de dor e sua visão ficou completamente vermelha. A tontura veio depois junto com a ânsia de vômito.

- Você está bem? – O loiro perguntou confuso enquanto ela cambaleava vacilante até a porta.

Mas ela novamente não respondeu. Apenas encostou a cabeça na parede e suspirou tentando conter a bílis que ameaçava sair por sua boca. Respirou profundamente deixando as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto e soluçou baixinho se amaldiçoando por estar naquela sala justo com o Malfoy.

Mas então, como por milagre Harry apareceu na porta e olhou para aquela cena estupefato.

- O que você fez com ela, seu idiota!? – Harry perguntou sibilando enquanto corria até Gina que estava quase desmaiando.
- Potter, eu...
- CALE A BOCA! – Ele gritou nervoso enquanto enlaçava a cintura de Gina delicadamente. – Querida? – Ele sussurrou. – Quer que eu te pegue no colo?
- Aham... – ela respondeu com a voz tão fraca que ele quase não ouviu.

E antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa ela já havia desmaiado em seus braços.

Ele lançou um olhar cortante a Malfoy, antes de correr para a enfermaria. Aquela hora seria perfeita para tirar o sangue dela. E quando acabasse com isso... Bem... Iria tudo terminar. E tudo seguiria com forme ele havia previsto... Isso era essencial. Deixar Gina fora de perigo.

***

Horas depois...

Harry olhou para Dumbledore apreensivo enquanto pegava o copo que continha uma quantidade média de sangue. Sangue de Gina. Da pessoa que mais amava no mundo inteiro.

Ele tinha pouco tempo... Oito minutos estourando até o sangue coagular... Mas era... Estranho o fato de ter que literalmente tomar o sangue dela. Ele era grosso, e parecia brilhar de tão vermelho. Mas o cheiro... O cheiro de ferro o atraía estranhamente e ele já não mais se sentia enjoado quando pensava que teria que tomar aquilo.

Era só engolir... Como água ou suco de abóbora.

Então Harry fechou os olhos e aproximou o copo de cristal de sua boca. O cheiro ficou mais forte e estranhamente mais apetitivo... E quando o líquido quente tocou sua boca e penetrou por sua garganta foi como se ouro liquido o estivesse atravessando. A sensação era mágica! O sabor de Gina, ou do sangue dela, era como um beijo... Tão doce e tão saboroso que... De repente ele queria mais... O pequeno gole que dera já não era suficiente para satisfazer sua sede. E ele tomou mais. Sorveu o líquido quente como se sua vida dependesse disso.

E então acabou. O copo de cristal estava manchado de vermelho e ele deduziu que sua boca também. Mas já não importava. Não quando uma sensação de puro prazer atravessou seu corpo. Era incrível a sensação de bem-estar que aquilo lhe proporcionara. E o melhor... Quando seu sangue fosse retirado e misturado com a poção já pronta de Dumbledore... Gina estaria a salvo! Não correria mais perigo e... Não sofreria mais. Não havia mais dores, nem febres pra ela. E aquilo, o acalmou incrivelmente.

Então Dumbledore se aproximou com uma seringa e espetou o braço de Harry, de um modo trouxa. O sangue do braço dele jorrou para o tubo da seringa e ele se surpreendeu com seu sangue tão escuro... E com a dor que não veio. Ele simplesmente não sentiu nem a picada da injeção e isso não o incomodou nem um pouco... Ele estava se sentindo terrivelmente bem porque dali a alguns minutos, Gina estaria curada.

Então Dumbledore pegou o restava do sangue de Gina e misturou com o de Harry, formando uma combinação incrivelmente brilhante. Mas ainda não estava pronto. Por isso Dumbledore pingou pequenas gotinhas de uma poção transparente no sangue que, instantaneamente, ficou azul. E entregou o conteúdo ao moreno.

Gina ainda não havia acordado, e Harry agradeceu por isso, enquanto se debruçava sobre ela e abria sua boca, jogando aos poucos a poção em sua garganta. E quando a última gota foi derramada, toda a sensação de bem-estar e poder que Harry sentia, se esvaiu de seu corpo de um modo brusco e intenso.

E então, o frio. Ele sentia tanto frio, que não conseguia entender como ainda estava de pé. Conseguia sentir sua pele, antes quente e macia, se enrijecer aos poucos se tornando áspera, quase dura, e se tornando tão fria quanto gelo.

Mas ele não sentia dor e a sensação de frio logo passou, dando a ele apenas a consciência de que estava gelado e duro. Sua pele parecia mármore e ele se perguntou o por quê de não ter notado antes o quando Gina também estava ficando gelada.

E então ela abriu os olhos lentamente. Sua face estava subitamente corada e Harry sentiu um espasmo de prazer, por ver a cor voltar tão rapidamente àquele rosto perfeito, que parecia ter sido moldado por Deus.
Os olhos dela, castanhos como o mais puro topázio, estavam brilhando mais do que normalmente e Harry deu um suspiro aliviado enquanto se aproximava dela. A consciência de que esses eram seus últimos momentos juntos fez um buraco se abrir em seu coração, mas vê-la bem, e curada era uma das melhores sensações que ele já sentira em toda a vida. E valera a pena. Tudo o fizera. E mesmo sabendo de tudo o que ia passar, e que seria praticamente impossível derrotar Voldemort, ele ainda se sentia pateticamente feliz.

- Harry? – Gina o chamou baixinho enquanto se espreguiçava, sentia como se um peso tivesse saído de suas costas. – Tudo bem? – Ela perguntou vendo como ele estava pálido.
- Claro, querida. – Ele respondeu enquanto encostava os lábios nos cabelos dela delicadamente. – Tudo está bem agora.

Dumbledore estava sorrindo em um canto, e saiu sutilmente da enfermaria dando privacidade ao casal.

- Eu estou curada? – Ela perguntou sussurrando enquanto sentia seus olhos se enxerem de lágrimas. – Estou não é? Porque eu sei que eu estava doente.
- Isso mesmo. – Ele sorriu e segurou uma mão dela. – Você está curada.
- Por que sua mão está tão gelada e áspera? – A ruiva perguntou sentindo um arrepio percorrer sua espinha. – Você está bem?
- Claro que sim. – Harry respondeu e rapidamente se afastou dela. – Estou feliz por você. – Sua voz agora era fria também, como uma geleira.
- E eu posso saber o que eu tinha agora? Ou você vai continuar com esse suspense bobo?
- Você vai descobrir um dia, Gina. – Ele disse indiferente enquanto sentia seu tórax se apertar, mas não era pela doença que recentemente impregnava seu corpo e sim pelo que estava prestes a fazer. – Agora acho melhor você descansar.
- Você vai ficar aqui?
- Não. – Ele foi curto. – Tenho coisas a fazer, mas se você quiser eu volto mais tarde.
- Você sabe que eu quero que você volte. – Ela lhe lançou um olhar magoado. – O que está acontecendo com você?
- Eu tenho que ir. – Ele disse e se debruçou sobre a cama ficando com o rosto muito próximo ao da ruiva. O cheiro dela era tão tentador pra ele, quanto seu sangue fora minutos atrás. E aquele, ele sabia, seria o último beijo. E seria um beijo que ele guardaria pra sempre na memória.

Harry tocou seus lábios no dela delicadamente e sentiu quando ela estremeceu embaixo de si. Uma corrente elétrica fortíssima percorreu os dois e Gina sentiu seus olhos se encherem de lágrimas quando ele aprofundou o beijo, num roçar de línguas puramente amoroso. E quando Harry tocou com suas mãos duras e frias a pele dela e se virou rapidamente para ir embora, os dois estavam chorando.

Gina por pressentir uma coisa horrível... E por começar a desconfiar do que levara Harry a se aproximar dela.

E Harry por saber que aquele seria o último beijo que dariam... E que ele em breve partiria, sem nem ter a garantia de que conseguiria levar Voldemort consigo. E única esperança que ainda restava pra ele, era que doença demorasse um pouco para afetar seu sistema imunológico, como Dumbledore disse que podia acontecer, e ele não sofresse tantas conseqüências físicas como Gina havia sofrido. Só assim, ele teria uma chance de sair vencedor... De salvar aqueles que amava.

***

Draco Malfoy entrou na enfermaria de Hogwarts pronto pra atuar. Seu visual casual e descontraído ajudaria quando fosse a hora de enganar a Weasley gostosinha. E ele era bom em enganar as pessoas... Fingir ser algo que não era.

Sempre fora assim, afinal de contas. Ele enganava a todos. Ou melhor, se adaptava a todos. Era de um jeito diferente para cada pessoa que conhecia, então tecnicamente ele não estava realmente enganando. Apenas... Se adaptando de um jeito que se enquadrasse no perfil de sua presa. Era simples assim. E para a Weasley ele seria o sonserino arrependido. Não devia ser tão difícil, se encaixar nesse papel. Tudo o que bastava era uma fungada profunda e olhos azuis bonzinhos. Ele podia fazer os dois.

Por isso, se dirigiu lentamente até a cama da Weasley e abaixou os olhos estrategicamente enquanto se aproximava dela. Mas ela estava dormindo.

Seu rosto angelical parecia estar bem corado, e sua respiração era estável e regular. A camisola branca e simples que usava estava um pouco levantada deixando um pedaço de sua coxa tentadora, a vista. Um de seus braços estava sobre sua barriga, enquanto o outro estava jogado sobre a cama. Ela parecia um anjo, diabolicamente lindo.

E Draco preferiu não acorda-la. Não quando pontadas súbitas de desejo lhe percorriam o corpo freneticamente. Ainda era cedo pra isso. Primeiro, a Weasley deveria estar na suas mãos, depois ele poderia abusar o quanto quisesse dela, antes de entrega-la ao mestre. Era só uma questão de tempo até ele conseguir por as mãos naquela coxa... E mais pra cima também, depois.

Sorrindo malicioso, nem um pouco frustrado por ela não estar acordada, ele se aproximou e escorregou sua mão pela perna dela. Foi um toque macio, e ela não acordaria. Mas serviu pra ele ver, o quanto a pele dela era sedosa, e o quanto seria bom estar dentro dela depois.

***

- Ela está curada. – Harry anunciou frio para Rony e Hermione enquanto se sentava.
- Então por que ela ainda está na enfermaria? – Perguntou o ruivo franzindo o cenho.
- Tivemos que tirar muito sangue dela. – Harry sentia-se enjoado, agora. Mas a sensação era tão fraca que quase não o incomodava. Quase.
- E então acabou? – Hermione questionou inclinando levemente a cabeça. – Tudo vai ficar bem agora?
- Nada acontecerá com vocês. – E dizendo isso ele se levantou e saiu, seguindo lentamente até seu dormitório. Ele precisava urgentemente deitar e cochilar por uns vinte minutos. Antes de ver Gina e depois, quando ela já o odiasse, falar com Dumbledore. Pedir um tempo a ele. Por menor que fosse.

***

- É inevitável sofrer. – A voz macia e melodiosa falou.
- Você de novo? – Gina perguntou enquanto olhava fixamente para a face perfeita de Morrígan. – O que quer agora?
- Sofrer faz parte da longa jornada que vocês têm pela frente.
- Vocês quem?
- Vocês. – Ela sorriu mostrando os dentes brancos e perfeitamente alinhados. – E você vai sofrer.
- Vou? Como assim eu vou sofrer? – A ruiva perguntou confusa. – Eu estou bem agora! Tudo vai voltar ao normal!
- Não é uma coisa que se pode escolher... – Ela deu um sorriso que tinha um clarão de bondade. – Mas vai doer. Doer tanto que seguir em frente vai parecer impossível.
- Por Merlim! Do que você está falando?
- De dor. E sofrimento. E acima de tudo... Eu estou falando de amor. Mas tome cuidado com seu coração, Ginevra. Se você o fechar de mais, pode ser que ele não se abra mais, quando você precisar dele.
- Morrígan... Eu...

Mas ela já havia se transformado em um corvo. Suas penas pretas contrastavam a com o lugar branco em que estavam. E ela se foi. Voou para bem longe no horizonte, como se conseguisse ir além do grande branco em que estavam... Como se houvesse alguma coisa, mais profunda naquela paisagem. Mas o que aquilo queria dizer? O que o sofrimento tinha haver com ela nesse momento? Ela estava feliz com Harry. Estupidamente feliz. E não seria um sonho, porque Gina sabia que estava sonhando, que iria destruir todas as suas esperanças e alegrias.


***

Harry se debruçou sobre Gina e acariciou lentamente os cabelos ruivos dela. Estava consciente de suas mãos gélidas e duras, mas não pôde evitar sentir aquela textura macia e cheirosa em suas mãos novamente. Seria a última vez...

Ultima vez. E depois disso, o fim. E incrivelmente ele não estava com medo de morrer. Essa certeza não o deixava com medo do que encontraria do lado de lá. A única coisa que ele sentia quanto a isso era dor. Uma dor profunda e cortante, que poderia destruí-lo se ele se deixasse vencer. Mas antes disso, ele tinha que vencer primeiro. Vencer Voldemort. Para ir em paz.

Harry se afastou de Gina levemente e sacudiu seus ombros. Os olhos amendoados dela se abriram ao poucos, de um modo sonolento e manhoso, mas ela logo se pôs em alerta quando viu a expressão fria de Harry.

- Aconteceu alguma coisa, querido? – Sua voz era suave, percebeu ele, como a mais linda pétala de rosa.
- Aconteceu. – Respondeu Harry se afastando das mãos dela que tentavam lhe acariciar a face. – Você está bem.
- E isso é uma coisa ruim?
- Não. Mas... – Foi como se uma faca tivesse sido cravada em seu coração quando ele continuou. – Eu preciso te contar uma coisa.
- Pode falar... – A voz de Gina começou a ficar embargada pelo desespero. Um desespero cruel e dolorido.
- Eu só comecei a namorar você porque seus pais pediram... Eles sabiam que você estava doente e que era apaixonada por mim... Então, como você ia morrer mesmo, eu aceitei.

A voz de Harry era tão fria e tão cruel, que Gina seria capaz de se matar ali, naquele instante. Ela não podia estar ouvindo aquilo...

Não depois de tudo o que eles havia passado juntos... Depois que lhe entregara seu corpo... E pior: Seu coração.

Gina lhe dera tudo o que tinha! Dera sua vida à ele... E... Ele a estava magoando profundamente falando isso... Não podia ser verdade... Não depois de tudo!

- Pare de brincar com isso! Não tem graça nenhuma, sabia!?
- Eu não estou brincando, Gina. – A voz dele ficou um pouco mais suave, mas a frieza ainda estava lá. A distância súbita entre eles.
- V-Você... Não me quer mais? – Ela perguntou enquanto sua visão se embaçava.
- Não. Eu não quero mais você. – Foi como se tivessem lhe arrancado o coração com as mãos quando ele continuou. – Você está bem agora. E eu só fiz o que eu fiz, bem... Por gratidão. Você sabe, aos seus pais... E então veio o clima e nós acabamos dormindo juntos... Mas não significou nada, simplesmente porque eu já deitei com outras mulheres... E elas eram bem mais experientes que você.
- M-mas... Você me disse que... Que tinha sido sua primeira vez também!
- E foi! – Ele deu um sorriso tão cortante quanto uma navalha. – Eu nunca havia transado com uma virgem antes!
- Transado!? – Ela perguntou atônita. – Eu... Pensei que... Nós fazíamos amor... E não... Transávamos! – ela praticamente cuspiu as palavras enquanto as lágrimas escorriam livremente por seu rosto. – Por que você fez isso? Por que!?
- Gina olha... Me desculpa, mas... Você não me faz bem. Nunca me fez... Eu tinha que viver cada dia, sendo cuidadoso pra você não desconfiar de nada... Eu precisava fazer você ter seus últimos dias de vida... Er... Felizes, me entende?
- Eu não acredito! Você está mentindo! – Ela gritou, sua voz enfraquecida pelas lágrimas.
- Não, Gina. Eu simplesmente... Não te amo! Eu nunca te amei! E não vou te amar, nunca! Isso é um fato. E agora, bem, você está curada. Não precisa mais de mim!

A cabeça dela girava lentamente. Ele estava sério. Harry estava dizendo aquelas coisas de verdade! Ele... Não a amava! Havia mentido, quando dissera que a amava. Esse tempo todo... O romance... Os momentos juntos... Tudo havia sido uma farsa. Tudo!

- Eu... Preciso ir... – Ele murmurou, mas se deteve um instante. A imagem dela com Draco Malfoy se instalou em sua mente – Olha... Você precisa tomar cuidado, ta legal? Do jeito que você é desengonçada e acredita em tudo, precisa tomar cuidado! E eu não quero ser responsável se alguma coisa acontecer com você!

Pronto, pensou ele. O fim do primeiro ato da peça. Agora Gina acreditava que ele a odiava e que tudo o que fizera fora por gratidão.
E no inicio, admitiu, realmente fora. Mas agora, ele a amava. E amava tanto que precisava faze-la odiá-lo... Ela precisava ficar bem pra quando ele morresse... E isso, certamente, não demoraria a acontecer.

Ele se levantou e saiu da enfermaria logo em seguida. Começou a chorar feito um bebê quando saiu de perto de Gina e ela não podia mais vê-lo nem ouvi-lo.

Mas tudo isso era preciso. Era preciso justamente por ela. Porque ela era a vida dele. Gina era tudo o que mais amava e prezava em toda sua existência. E por isso, a faria sofrer... Mas sofreria o dobro por ela.

***

Dumbledore olhou pesaroso para Harry, que estava esparramado no sofá de sua sala. Ele estava mortalmente pálido e parecia precisar dormir um bocado. Mas de acordo com ele... Ele tinha assuntos importantes a tratar consigo.

- Eu preciso sair daqui. – O garoto anunciou olhando seriamente para o diretor. – Se eu continuar em Hogwarts eu... Não vou conseguir encara-la. Nunca vou conseguir, mentir... Se... Eu a tiver perto de mim todos os dias...
- Você não precisa fazer isso, Harry. Você sabe que não precisa.
- Preciso sim! – Ele respondeu. – Um mês... Ou dois... Tanto faz! Mas eu preciso de um tempo para, me acostumar em não tê-la mais... Perto de mim.
- Você sabe que isso é contra as regras não é?
- Sei. – Ele revirou os olhos. – Mas eu preciso sair daqui.
- E sua doença? Você viu como Gina tinha crises! Você pode tê-las também!
- Eu já falei com Remo, Dumbledore. Ele disse que me acompanha... E Madame Pomfrey tem poções de sobra!
- E pra onde você vai?
- Eu? – Harry deu um pequeno sorriso. – Vou provocar Voldemort. Eu quero que ele fique muito puto da vida... E quando ele tentar me pegar... Eu vou ser pego todo prazer. Mas eu vou acabar com ele!
- Você tem certeza disso? Que quer ficar longe de Hogwarts?
- Tenho. – Ele revirou os olhos. – Absoluta.
- Então eu vou te dar dois meses! Haverá um baile daqui a dois meses e, se não der certo o seu estúpido plano suicida... Bem, se não der certo, você volta e vai dançar no baile! E voltará a estudar, entendido?
- Sim. – Harry suspirou. – Mas veja pelo lado bom... O meu estúpido plano suicida é tão estúpido e suicida que... Pode dar certo!
- E é só por isso que eu estou de deixando ir, Harry. Agora, como você vai partir?
- Eu vou encontrar com Remo, em Hogsmeade. Vou de vassoura.
- Eu espero que você fique bem, garoto. – Dumbledore suspirou. – E se você precisar de qualquer coisa... Sabe que Hogwarts sempre estará aqui com você...
- Eu sei. – Harry fechou os olhos por um momento. – Eu e o professor Lupin vamos nos cuidar, mas... Por favor, fique de olho em Gina! Não deixe ela se meter em confusão!
- Vou ficar com um olho nela. – O diretor deu uma piscadela. – Mas agora é melhor você ir. De acordo com o que você me disse, tem muito que fazer... E pouco tempo.
- Estou indo. – Ele se levantou – E se por acaso, nós... Não nos vermos mais... E eu não conseguir derrotar Voldemort... Saiba que Hogwarts sempre foi meu verdadeiro lar.

E dizendo isso, Harry saiu.

A pontada de ressentimento e dor que ele sentiu, foi como uma facada, mas... Era a coisa certa a se fazer. Ir com Remo embora de Hogwarts. Ficar longe de Gina, porque ficar perto só iria machuca-la mais. E ele não agüentaria isso. Não mais.

Era hora de mudanças. Hora de lutar. E vencer.

***

N/A: Oiee pessoal! Tudo bem com vocês? Bem, eu finalmente consegui postar o capitulo!
Sei que demorou, mas eu fiquei meio enrolada com a escola e agora minha mãe ainda inventou de me botar na natação, então... MIL DESCULPAS PELA DEMORA!!!! E pelo tamanho do capítulo também! =D

Quanto a esse capítulo... Bem, eu não gostei muito dele. Acho que eu conseguiria fazer alguma coisa mais profunda no rompimento do Harry com a Gina, mas eu só consegui fazer isso. Então se vocês não gostarem, desculpem novamente.

E as coisas vão mudar daqui pra frente.

Bem, não tenho muito tempo pra responder aos comentários hoje, então novamente, sorry. Só quero agradecer a todos que comentaram e aos que não comentaram também! ;-D


BeijO & Até o Próximo CapítulO

By: Bruna Star.


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