Livres.
Havia um zunido fortíssimo em seu ouvido. A cabeça doía como se estivesse de ressaca. Ela já estava acostumada, por isso, não foi surpresa para Lucas quando viu sua amiga virando o rosto na sua direção com os olhos praticamente fechados ainda, resmungar, adivinhando:
- Desmaiei de novo, não foi?
A risadinha dele foi quase histérica, desfazendo-se dois segundos depois juntamente com as curtas lágrimas que ele disfarçou.
- Desmaiou. Mas dessa vez ficou desacordada por pouco tempo. Ainda não foi seu recorde, Sarah.
- Ah... Tudo bem eu não ligo. Minha garganta está ardendo... Pode me arranjar um copo d’água?
Lucas fez o que ela pediu. Depois de beber, Sarah finalmente conseguiu abrir os olhos direito e pôde reparar a ausência dos familiares e amigos ao redor de sua cama como normalmente ficavam.
- Cadê todo mundo?
- Ah... Bem, Sarah... Você ficou desacordada por menos de três horas. Lá fora tá um caos... Uma bagunça mesmo, você nem imagina.
Ao ouvir a palavra “caos” Sarah sentiu uma pontada na cabeça, um rápido flash da explosão que tentara evitar inutilmente. Os olhos transmitiam desespero quando se voltaram para Lucas.
Que sorriu.
- Sarah… Você não se lembra, não é? Não se lembra do que fez?
Confusa, Sarah negou. Lembrava-se perfeitamente bem agora que seus pensamentos clareavam. Seu pai e ela estavam fora do alcance da explosão, mas ela ainda estava internada, então… Os que estavam bem no meio estariam bem? Provavelmente não. Droga... Gina... Ela estava atrás de Collin, ela e Clark... Como eles estariam? Sobreviveram? Seria por isso que Sírius não estava com ela? Ai, Merlin, será que acontecera uma tragédia?
Mas o olhar de Lucas dizia o contrário. Era um olhar carinhoso, orgulhoso. Terno.
- Lucas... Afinal... O que aconteceu? Onde estão Gina e os outros? Porque Sírius não está aqui? Por favor, não enrole pra me responder, eu estou tão nervosa, tão anciosa...
- Sarah. – Lucas se aproximou o suficiente para lhe dar um beijo estralado na bochecha. – Tenho quatro boas notícias para lhe dar. Primeira: Todos estão bem. Gina, Clark e Harry não sofreram um único arranhão. Segunda: tudo isso é graças a você. Ouvi Harry Potter falando que quando você viu a explosão, de certa forma, o medo que você sentiu do fogo machucar os que você amava fez com que uma proteção imediata os poupasse e os deixassem intactos. Você os salvou, Sarah, por isso está aqui. Você esgotou até a última gota de sua magia para protegê-los.
Tanta simpatia e orgulho transmitido com um único olhar, Sarah não agüentou sustentá-lo e o desviou. Será que merecia tudo isso? Claro que queria que seus amigos saíssem de lá e ficassem bem, mas sua magia agiu por impulso, poderia ela se considerar responsável?
- A terceira? – tentou distraí-lo.
- Ah, sim. Você não faz idéia do quanto estamos orgulhosos de você, Sarah. Seu pai então, veio aqui várias vezes dar uma olhada em você e só faltava sair saltitando de felicidade. Além da notícia de que você ficaria totalmente curada em breve, Harry falou que depois dessa prova que você passou, sua magia se estabilizaria rapidamente. Ou seja, você pode se considerar uma bruxa excelente com todos os seus excelentes poderes sobre controle.
O sorriso que ele abriu foi contagioso, só de assisti-lo, Sarah abriu um em troca. Quando deram por si, já estavam rindo até o ar acabar. Era bom rir, depois de tudo o que passaram. Era bom poder sentir o ar que entrava em seus pulmões e saber que agora era um ar quase puro. Quase livre.
Quase.
- O que aconteceu com Creevey? – Pronunciar o primeiro nome era um sacrifício que ela não daria conta de fazer. – Ele não fugiu, fugiu?
Lucas parou de rir. Pigarreou. Desviou os olhos. Algo estava errado.
- Lucas?
O olhar duro de Sarah não bastou para que ele abrisse a boca.
- Sr. Lucas, você vai ou não me dizer o que aconteceu?
- Bem... Sarah... Acontece que... Bem... Você deve saber que Harry tentou proteger a todos com um feitiço também, não sabe? O feitiço não era muito eficaz, mas era bom... Então... O seu feitiço, ele protegia só as pessoas que você temia mesmo perder... Collin Creevey não… entrou… nessa proteção.
- O quê?
Que tipo de pessoa ela era? Como assim não protegeu Collin? Se protegera até mesmo Clark que não era nada dela porque diabos Collin ficara fora?
- Ele… Ele… Não morreu… morreu? Por minha culpa?
- Não, Sarah. Ele não morreu. O feitiço de Harry o protegeu, mas… Bem, ele tem queimaduras muito graves e…vai precisar de muito tempo pra se livrar de todas elas...
Lucas achou melhor não dizer que as cicatrizes não iriam embora. O incêndio foi provocado por magia negra, e estas deixavam seus rastros.
Ele observou ela engolir em seco e voltar a normalizar a respiração, se controlando. Desviou os olhos para dar a privacidade que ela poderia desejar, e então, foi o seu coração que acelerou novamente e fez com que ele abrisse um sorriso iluminado.
- Sarah… Essa era a quarta boa notícia que eu tinha pra você.
Curiosa principalmente pela expressão deslumbrada, Sarah acompanhou a direção do seu olhar. Não havia mais quase. Eles estavam livres. O brilho das chuchuinhas vermelhas e o sorriso branco que ela tanto sentira falta fez com que a alegria jorrasse de dentro pra fora do seu coração e provasse essa teoria.
- Maggie!
A ruiva só entendeu a voz estrangulada porque os traços de felicidade no rosto da loira eram claros demais. Sem paciência nenhuma, ela correu até a cama da amiga e se atirou nos braços dela.
- Que… saudade… Maggie…
- Saudades? Eu que digo! Nós duas não temos sorte não é? Você se interna na enfermaria no dia que eu saio! Louca pra te dar um abraço e agradecer…
- Agradecer?
Sarah franziu o cenho, confusa, o que fez Maggie olhar para Lucas com uma pergunta muda.
- Não contei – ele respondeu, adivinhando. – Ainda não tive tempo, ela acabou de acordar.
- Ora, então conte logo!
- Me contar o que?
- Se você quiser, pode contar você…
- Não. Conta você...
- Geeente? Alguém quer logo me contar o que quer que seja que vocês estejam precisando contar, por favor?
- Tá legal! Eu conto a minha parte, mas depois você conta a sua! – Lucas se fingiu de bravo, o que fez Maggie rir e se aproximar dele. O queixo de Sarah caiu quando a garota o abraçou pelos ombros e lhe lascou um beijo na boca.
- O quê? – ela exclamou, rindo. – Tem mais alguma coisa que eu preciso saber depois disso?
- Na verdade tem, Sarah – Lucas disse, uma leve coloração vermelha nas bochechas, mas ao invés de se desfazer do abraço, ainda entrelaçou seus dedos e sorriu. – Algo um pouco mais sério.
- Bom, então vamos lá, acho que estou preparada, pode começar.
Sarah se ajeitou confortavelmente na cama, cruzou os braços e ficou esperando. Isso fez o sorriso de Lucas aumentar, então ele respirou fundo, e começou a contar.
- Eu estava tão frustrado porque todo mundo tava me deixando lá sozinho, não querendo me deixar ir atrás de você junto com Sírius e todos os outros, que quando voltei pra dentro não estava afim de encarar ninguém. Pensei, pensei, mas não vi como poderia ajudar de outra forma. Então eu resolvi fazer uma nova visita para a Maggie e ficar com ela aqui até precisassem de mim em algum lugar. Cumprimentei Madame Ponfrey que estava logo na porta atendendo um primeiranista reclamão, passei direto pelas camas e quando cheguei... Ah, mas você não sabe ainda, é melhor eu te explicar o que estava acontecendo antes de chegarmos… quer dizer, chegarem até você... Ninguém te contou que seus poderes estavam fazendo com que cada um daqueles que você estava pensando no momento sentisse o que você estava sentindo, não é? Então, acontece que em um certo momento você estava…
- Pera aí... Explica isso aí direito! Como assim? Sentir o que eu estava sentindo?
- É… É bem esquisito mesmo... A pessoa em quem você está pensando naquele momento pode sentir suas emoções. Dependendo, até ver o que você está vendo... Foi assim que te achamos...Draco Malfoy falou que isso já aconteceu uma vez com vocês dois...
- Sim… Eu me lembro. Mas eu não sabia que isso podia acontecer com qualquer um…
- Nem nós. Foi Sírius quem mais sentiu. O tempo todo. Foi graças a ele que conseguimos saber onde você estava… Mas teve um momento, não sei o que houve, isso passou de pessoa em pessoa, rapidamente... Até eu senti! Bem… Não sei se foi isso, mas só pode ter sido... Você se lembra de ter pensado em todos nós num determinado momento, Sarah?
- Eu pensei em todos vocês o tempo todo, é claro. Eu achei que morreria, o medo de não voltar a ver nenhum de vocês era terrível.
- Você pensou em mim? – Maggie sussurrou numa voz tranqüila.
- É claro! Eu tinha muito medo de não voltar a vê-la, Maggie. Depois de tudo, com você naquela cama…
Maggie sorriu.
- Pois é… Agora entra a minha parte. No tempo todo em que estive naquela cama, foi como se estivesse num sono profundo, praticamente congelada, não sentia, não ouvia, não pensava… Mas tinha alguns momentos de consciência em que eu percebia que alguma coisa estava errada, sabe? Parecia ouvir as vozes de vocês lá no fundo... Como se eu estivesse dentro de um poço e vocês, na superfície… Quando percebia, eu tentava responder, tentava alcançar as vozes, e quando parecia que eu estava conseguindo... Eu perdia as forças e caia novamente no fundo. Esses momentos eram raros apesar de tudo, na maioria das vezes, é como se eu estivesse desligada de tudo e de todos, nada fazia diferença.
“Porém, hoje, eu escutei sua voz outra vez, e ela vinha com um desespero tão grande, uma medo tão intenso que eu senti que você precisava mesmo de mim. Que eu precisava voltar. Não interessava onde estava e se era possível ou não, eu tinha que voltar! Tinha que encontrar você, tinha que ir atrás de você, tinha que te responder!”
- E foi assim que eu a encontrei – Lucas concluiu. – Quando abri a cortina, lá estava ela, sentada, de olhos arregalados, chamando por você. Não imagina o susto que eu levei. Quando ela me viu, estático, parado ali feito um pedestal, simplesmente se virou pra mim e perguntou: O que aconteceu com Sarah?
Os dois riram nervosamente, apertando mais as mãos ainda entrelaçadas. Mesmo se achando incapaz de digerir tudo aquilo de uma vez, Sarah riu com eles.
- Então mais ninguém se curou ainda, certo? Só você, Maggie?
- Só eu – a ruiva concordou. – Mas parece que o tio Draco já conseguiu uma maneira de fazê-los voltar, com a sua ajuda, claro. Quando a confusão lá fora diminuir, ele virá até aqui.
- Certo – Sarah concordou, então ela pensou um pouco e voltou ao assunto. – Mas o que você fez, Lucas? – perguntou. – Aliás, como isso aconteceu? – Ela apontou para as mãos unidas, fazendo Lucas corar novamente e Maggie rir ainda mais, radiante.
- É porque você não sabe. A resposta que ele deu para a minha pergunta foi cair em cima de mim e me beijar como se o mundo fosse acabar. Confesso que dessa vez fui eu quem ficou mais confusa. Apesar de que, é claro, eu não ousei reclamar…
Sarah assistiu mais um beijo acontecer depois do comentário, então, sentiu um sentimento estranho dentro de si que a fez imediatamente entender que estava com inveja.
Por que afinal, onde estava Sírius que ainda não viera visitá-la?
Ele trocou de pé, passando o peso do corpo para o esquerdo e aliviando o direito que já estava dormente. Impaciente, limpou o suor que escorria da testa pela milésima vez.
- E agora? – Ai, aquela mulher rabugenta de novo, será que ela não ia calar a boca? Poxa vida, todos já deveriam estar satisfeitos com tantas respostas e já estariam indo para suas casas aliviados se aquela velha não parasse de pôr lenha na fogueira! – Agora nós vamos para nossas casas e esperamos que vocês cumpram com sua palavra até outra criança ser seqüestrada? E nossos filhos naquela cama? Como você quer que os deixemos aí e encostamos nossa cabeça no travesseiro para dormirmos tranqüilos?
Se fosse ele, Sírius já teria mandado aquela senhora ir caçar algo que fazer para não atrapalhar o trabalho deles, que quanto mais ela os atrasava ali, menos diferença eles fariam. Qual não foi sua surpresa ao ouvir a voz de Draco atrás de si, surgindo do nada, falando exatamente isso.
- Senhora – Todos olharam para ele. Como Sírius, ninguém havia notado que ele se aproximara. – Dormir tranqüila é uma coisa que enquanto você não estiver com sua filha nos braços, você não fará, e nenhum de nós pode te pedir isso. A única coisa que queremos é que vocês voltem para suas casas porque estamos fazendo tudo que podemos, e isso é mais do que aparentemente acreditam. A presença de cada um aqui não ajudará em nada, ao contrário, só nos atrasará, porque cada segundo que perdemos aqui é um segundo que poderíamos estar trabalhando na cura de nossas crianças, e um segundo de vida que eles estão perdendo.
A mulher franziu ainda mais aquela expressão ranzinza. Sírius olhou no relógio, mudando de pé outra vez.
- E você quem é? – ela perguntou.
- Draco Malfoy. E minha filha foi a vítima do seqüestro em questão, cujo depoimento de todos os envolvidos, imagino eu que já tenham escutado. – Houve um minuto de silêncio em que até Sírius tirou os olhos do relógio para mirar o que acontecia. O olhar de Draco e da mulher era tão intenso que deixava a todos sem fala. – Fui informado que ela acordou há algum tempo, porém eu não pude vê-la, ocupado demais em providenciar a cura daquelas crianças na enfermaria. É isso que eu deveria estar fazendo agora, tendo que deixar isso um pouco de lado para dar uma satisfação a vocês. Agora por favor, eu sei o que todos vocês estão sentindo, eu senti o mesmo, e é como pai que eu venho assegurar a todos que voltem para suas casas enquanto providenciamos o necessário para trazer aquelas crianças de volta.
Sírius assistiu o inusitado. A senhora rabugenta desviou os olhos – úmidos – e algo na sua expressão pareceu mudar. Ou foi ele que a viu com outros olhos? Agora ela parecia apenas uma mãe preocupada com a vida de seu bem mais precioso.
- Por favor – todos a ouviram falar. – Só me deixem saber o que está acontecendo. Minha filha é tudo o que eu tenho.
E depois de horas sendo impedido de se retirar, obrigado a responder às mais diversas perguntas, Sírius finalmente ouviu da boca de seu pai que ele estava livre, graças as últimas palavras daquela mulher rabugenta que agora passara a ser um anjo caído do céu para Sírius. Graças a ela ele estava livre para sair daquela reunião enfadonha! Graças a ela a reunião se acabara!
Graças a ela ele estava livre para ver Sarah. Finalmente!
Mais alguém lá em cima parecia contra ele, não era possível. Ele estava para chegar à enfermaria quando um soluço vindo de dentro de uma porta entreaberta chamou a sua atenção. Não... Ele não podia continuar seguindo… Maldita curiosidade!
Ah… Mas não era uma boa idéia entrar. Havia três pessoas naquela sala. Uma delas era sua irmã, outra o seu primo, Robert. E se a pessoa fosse bem observadora, como Sírius, notaria que a roupa dos dois estava totalmente amassada, isso sem contar na pequena mancha roxa visível demais no pescoço de Lily e no botão aberto da calça do rapaz.
Opa.
Mas Sírius não era o único observador. Aparentemente a ex namorada do garoto (que Sírius não sabia dizer realmente se ela já sabia ser uma ex) também notara a mesma coisa quando entrara na sala atrás do... namorado. Pelo menos isso talvez explicasse a cara de choro da garota.
- Sírius – Lily falou com raiva ao vê-lo. – Já tem gente demais nessa droga de sala. Vaza.
Em outras circustâncias ele teria ficado para assistir ao barraco, mas…
Sarah estava acordada.
Ele deu meia volta, não sem antes lançar um sorrisinho para provocar a irmã, que ficou ainda mais irritada. Um novo soluço o seguiu enquanto ele saía. Lá de fora ainda pôde ouvir a voz um pouco alterada de Robert perguntando alguma coisa pra garota.
Barraco dos brabos. E Sírius perderia. Que merda.
Quando abriu a porta da enfermaria, ainda distraído, ficou um momento parado, depois sacudiu a cabeça e bufou.
- Vocês parecem dois coelhos – reclamou, um aperto no peito ao ver o sorriso que Sarah abriu para ele. Será que todos se entenderiam menos os dois?
Lucas corou mais uma vez, Maggie, por sua vez, estava ocupada demais com a sua própria felicidade para dar bola ao que os outros falavam de seu comportamento apaixonado.
- A confusão lá fora acabou ou você apenas fugiu dela?
- Se não tivesse acabado, pode ter certeza que não teriam me deixado sair. As duas vezes que tentei fugir fui barrado. Depois da segunda em que meu pai me lançou um petrificus sutilmente, eu não fui tão besta de tentar de novo.
O casal riu, mas Sírius não estava prestando atenção neles. A única coisa que ele conseguia ver era o brilho acinzentado dos olhos que ele tanto temeu perder.
- Nós já voltamos – Maggie sussurrou, se ela percebera que estava sendo ignorada, isso não importava pra nenhum dos outros dois ali presentes. – Vamos Lucas, deixar os pombinhos se entenderem.
- Ok – a voz risonha de Lucas concordou. Em seguida, escutaram o barulho da porta se fechando.
Sarah sorriu para ele.
- Você estava preso lá embaixo então? Era por isso que ainda não tinha aparecido?
Ele se aproximou até sentar na sua cama, próximo demais…
- Sim. Tinha uma confusão dos diabos lá embaixo. Horrível. E eu fui obrigado a permanecer, já que estive envolvido em todos os momentos do seu… Hum… resgate.
Sarah sorriu. Sírius também, mas o sorriso dele se desmanchou depressa.
- Você está bem? Ele não te machucou lá, machucou? Não fez… nada com você, fez?
Sarah entendeu onde ele queria chegar. A única reação que teve foi se emocionar com a preocupação dele. Nada de se impacientar, ou irritar como faria antigamente.
- Eu fiquei bem. – Assegurou. – Só não totalmente porque morri de medo. Você deve saber. Me disseram que você sentiu tudo que eu senti.
- Quase tudo – ele corrigiu, concordando com a cabeça. – Você é corajosa. Eu não teria agüentado tudo aquilo.
- Eu só agüentei porque fiquei pensando em você.
Dissera mesmo aquilo? Ai, que droga. Escapou.
Sírius corou. Ela também. Ficaram se olhando por um longo momento, até que Sírius fez o que tivera vontade desde o começo e a abraçou bem forte. Sarah retribuiu, sentindo algo dentro de si se aquietar e enviar paz para o seu coração. Seus olhos se umedeceram.
- Fiquei com medo – Sírius confessou. – Muito medo. De perder você. A gente tinha conversado… Eu achei… Que tudo ia ficar bem depois daquilo…
- Eu também. Mas eu não quis ir com ele, Sírius… Ele me enganou, ele…
- Xiii. Eu sei.
Sírius acariciou os cabelos platinados, apertando o abraço.
- Eu sei. – repetiu baixinho.
Ficaram daquele jeito ainda por muito tempo. Incontáveis minutos. A paz que Sarah sentira quando os braços de Sírius a rodearam agora foi trocada por um outro sentimento que ela já conhecia. Uma necessidade feroz, que corroia tudo com sua urgência. Sírius parecia sentir o mesmo, a julgar pelo tom tremido que sua voz soou depois de todo esse tempo.
- Sarah…
Ela engoliu em seco.
- Oi.
- Eu quero… Não, eu preciso beijar você…
Sarah apertou suas mãos, fincando as unhas nas suas costas. Ela respirou fundo…
- Eu também.
E os dois se moveram tão rápido, desfazendo o abraço apenas o suficiente para que as cabeças ficassem frente a frente e os lábios se tocassem, mais uma vez, como se os gestos fosse combinados novamente, como se eles fossem apenas um e não dois, e o coração grande e único passou a bater novamente acelerado como eles tanto sentiram falta, e os braços de Sarah foram parar no pescoço de Sírius enquanto ele a abraçava tão forte pela cintura que quase a levantava da cama… E eles então sentiram… Que agora tudo estava certo. Mais do que certo. Estava absolutamente perfeito.
E isso bastava.
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