Incrível Dom



Capítulo Um - Incrível dom

A noite era traiçoeira. A chuva caia finamente iludindo os olhos distraídos que mal a percebiam. O vento brincava com as janelas criando um cenário completo de filme de terror. A luz por vezes cessava assustando aos moradores locais. As noticias informavam que a queda era devido a uma enchente ao norte de Londres, mas um garoto de incríveis olhos verdes, cabelos bagunçados e uma fascinante cicatriz na testa sabia exatamente o motivo dos lapsos elétricos.
As manchetes eram cada vez mais absurdas e o mundo trouxa sabia que algo errado estava acontecendo. Eram dezenas de mortos por um vírus raro, outras dezenas por incêndios criminosos, pontes novas que cediam por leves pancadas de chuvas e mais, e mais destruições e mortes.

Se dependesse do profeta diário o garoto - já quase um adulto – estaria totalmente desinformado. A gazeta se preocupava apenas em mostrar coisas banais e através de tal ato estava perdendo credibilidade. Por vez também quase nenhum jornal noticiava os atos terroristas dos comensais da morte. Entretanto uma exceção nascerá durante a guerra, a principio era apenas uma folha quinzenal, quase escrita a mão com custo de um níquel. Mas com o tempo a folha, por sinal, proibida, tornara-se um jornaleco diário e era realmente o único a trazer notícias cruas e nuas. A distribuição era horrível, o Ministério da Magia tentava detê-lo a todo custo, assim por vezes ficavam dias sem recebê-los.
Ministério da Magia era também outro alvo de intensos boicotes, sua administração era altamente criticada, e suas atitudes eram totalmente reprováveis. Tentavam abafar cada notícia relacionada à Voldemort, e um por um estava investigando todos os bruxos do Reino Unido, por seis vezes já haviam ido à casa dos Dusley investigar o jovem bruxo residente. Nas duas primeiras vezes foram mal recebidos, mas nas seguintes foram expulsos sem nem mesmo serem recebidos, único ponto onde Valter Dusley e Harry Potter concordaram.

Harry Potter, o menino que sobreviveu - se me perdoem ainda não ter citado seu nome – agora ganhava novo apelido popular: o escolhido.
Não sabia de fato de onde vinha e porque vinha justo esse apelido, mas imaginava que algo sobre a profecia havia vazado.
A Profecia... Tal bola ainda o fazia ter noites mal dormidas e criava ainda obsessão maior por terminar com a guerra. Passava noites em claro elaborando planos complexos e juntando toda informação que pudera lhe ser útil. Havia criado mapas e nos últimos dias conseguiria fazer realmente coisas bem geniosas.
Como o mapa do próximo – realmente ele não tinha um bom nome – não se assemelhava ao mapa do maroto mostrando toda Hogwarts e redondezas, além das pessoas nessas áreas. Mas o mapa do próximo era capaz de mostrar todas as pessoas numa área de um quilometro da pessoa que o segurava. Entretanto paredes, portas e qualquer coisa que não fosse humana não eram mostradas. Criara também uns óculos, esse sim era útil, pois podia ser ver através das paredes com ele, além de outros pequenos empecilhos, tudo através de poções, pois qualquer mínimo feitiço lhe daria problemas, e tudo retirado de um livro de logros do qual alugara na biblioteca e ainda não devolvera. Sabia como seria xingado por Madame Pince depois, mas era para um bem maior.

Sim! Harry voltaria para Hogwarts, através de seus estudos percebera que duas horcruxes poderiam estar localizadas no colégio. Era arriscado, suicida e até mesmo um erro caso o castelo não guardasse realmente pelo menos um horcrux, mas era um ato que se deveria cometer.
Por que um ato suicida?
Através de minuciosos estudos sobre o mapa do maroto e de informações vinda de jornais pudera ver que o castelo tinha recebido dezenas de novos funcionários que a principio vinham do ministério. Via também a informação de que uma liga, como um comitê que seria criado para presidir tudo relacionado à Hogwarts, como um conselho que teria forças maiores do que McGonagall. Assim a transformando apenas numa diretora de fachada enquanto as verdadeiras decisões seriam tomadas por eles.
Yaxley, o comensal seria o presidente do comitê, o que mostrava que Voldemort tinha um dedo, ou até mesmo uma mão inteira em Hogwarts, além de que o ministério mostrava certo apoio ao bruxo maligno.
Harry também pensava em voltar só para estar ali debaixo do nariz de Yaxey e ver todas as decisões que tomaria, não deixaria que o colégio virasse um criador de novos comensais. Também tido recebido por carta – a única durante as férias, o que o fazia xingar Hermione e Rony todos os dias – informações de que McGonagall havia imposto e colocado alguns professores da Ordem da Fênix no corpo docente. Assim estaria sendo protegido também. A carta fora extremamente importante para Harry decidir voltar a estudar em seu último ano. Fora isso não sabia de nada do mundo bruxo.

E por hora estar longe do mundo bruxo dava-lhe certa paz.
31 de julho estava por vir, e o garoto no quarto debaixo da escada - com seu exemplar de “Quadribol através dos séculos” – estava tranqüilo com sua vida, relia pela milésima vez a história do Magpies Montrose. Poderia recitar a informação a qual lia, mas ainda sim era muito mágico ler sobre sua diversão favorita.

- Abra agora Harry! – obrigou certo primo socando a porta. O garoto havia realmente emagrecido após o regime de Petúnia, mas o boxe lhe fizera ganhar músculos, até demais. – Sei que está ai!

- Não vou abrir! – disse seco e irritando enquanto fechava o livro, com toda mágica indo embora.

- ABRE AGORA! – ordenou com soco ainda maior na porta.

- Por que abriria? – perguntou Harry calmamente enquanto se recostava na parede, ato tolo, pois em segundos pode sentir a densa camada de teias de arranha que se uniu ao seu casaco.

- Porque eu quero! – disse autoritário.

- Hahahaha! – riu em deboche - Se eu não abrir vai fazer o quê? – perguntou Harry o desafiando.

- Arrombar! Sabe que posso! – ameaçou Duda.

- Arrombe se quiser.

Então por um instante Duda parou. Era como se já não estivesse ali, talvez tenha ido pegar impulso.

- Quer que eu fique violento, né? – perguntou enfim usando o cérebro.

- Pode ser!

- Não vou brigar! Posso fazer pior!

- O que, por exemplo? – poderia ser um medo idiota, mas algo na voz de Duda o fez afrouxar as pernas.

- Queimar suas cartas!

-Que cartas? – perguntou Harry assustado num salto.

- As de tal de Gin, ou Giny, sei lá.

Harry levantou furioso, abriu o trinco da porta e se deparou trancado por fora.

- Como conseguiu as cartas de Gina? – perguntou Harry pela primeira vez com raiva.

- Quando você ia conversas com a velha Figg. E não sei como você gosta. – disse se perguntando mentalmente, de fato Harry realmente estava visitando-a com freqüência para conversar sobre a Ordem e o mundo bruxo. - sabe, era difícil arrancar as cartas daquele passarinho, mas peguei todas.

- Me dê as cartas agora! – ordenou Harry, sendo ele que agora socava a porta. Poderia não estar tão forte quanto o primo, mas o quadribol lhe fora muito útil.

- Não! – respondeu Duda superior. – Queria ficar ai dentro, agora fica.

- ABRE!

- NÃO!

- ABRE! –gritou mais uma vez Harry, entretanto agora sacando a varinha.

- NÃO. – gritou debochando.

- Bombarda – gritou sem paciência lançando a porta sobre o primo num estouro, que logo se tratou de levantar.

- Você não pode fazer isso. – dizia Duda mesclando medo com excitação.

- E quem vai me impedir? – gritou Harry pondo a varinha na jugular de seu primo.

- Você não faria isso! – perguntou agora ameaçando, mas ainda amedrontado. Duda estava muito pouco amedrontado na opinião de Harry.

- Duvida? – perguntou em ameaça.

- Se você for hom... – então com um estalo as luzes da casa começaram a piscar freneticamente. – Para com isso Harry. – pediu Duda assustado, sabia que o primo não lhe faria mal apesar de tudo, mas estava ficando assustado com as luzes.

- Não sou eu. – sussurrou enquanto mudava o rumo da varinha do primo à porta. Houve mais um estalo e após um estouro todas as lâmpadas foram quebradas, não só as da casa como de toda a vizinhança, incluindo as da rua. Harry virou-se para Duda que estava cada vez mais pálido.

- A-Aquele frio-io de novo. – gaguejando e tremendo Duda tentou dizer. Harry se lembrava muito bem daquele frio que tantas vezes sentiu. Seu terceiro ano fora vivido ao lado dele. Aquele frio que vinha com uma angustia.

Calmamente foi até a porta, tinha a varinha em punho, abriu-a devagar e como se estivessem à espera de algo, dezenas de dementadores mantinham-se em posto afora do jardim.

- De novo não. De novo não! – gritava Duda aterrorizado. – Eu num-não consi...

- Calma sei como evitá-los. – disse tentando passar confiança, mas estava apavorado por dentro.

- Você não entende, eles vieram me-me prende. Eu fiz. Ma-mas eu não eu queria. Eu não queria, eu não queria. – dizia fora de si.

- Do que quê você ta falando? – perguntou Harry confuso enquanto se posicionava a frente da porta. Agora sabia o que eles estavam esperando. Esperavam o badalar indicando a meia noite e não faltava muito para tal.

- Eu tava com raiva, mas eu não queria. Eu sei que é proibido. EU não queria, eu não queria.

- Duda, eu não to entendendo.

- Foi por causa dos livros. Eu não devia. Nem sei como fiz. Eu não devia, não queria. – disse espantado enquanto olhava para a porta.

- Acalme-se. – pediu Harry, desistindo de entender o que seu primo dizia.

- Tenho que fugir. – disse Duda subindo as escadas com o máximo que sua velocidade permitia.

- Calma. Venha cá! – disse Harry correndo atrás do primo que sumiu no outro andar. – Cadê você? –perguntou enquanto entrava no quarto de seu primo, mas não o encontrou. – Cadê você?

Harry já havia saído do quarto, quando se lembrou de suas cartas. Não era a hora, mas ainda sim voltou e abriu o armário de Duda. Procurou na ultima gaveta e encontrou lá, um bolo de cartas preso por um elástico. Uma burrice tremenda, Duda nunca guardava em outro lugar qualquer coisa, a começar por seus doces bizarros. Harry as pegou, e guardou como pode no bolso de sua calça.

“Cadê o Duda?”
Perguntou-se enquanto voltava a procurá-lo.

- Duda! Achei... – Harry passava correndo para o quarto dos dias quando se deparou com a porta de seu quarto aberto e dentro dele seu primo montando sobre a sua firebolt. – O que quê você ta fazendo? – perguntou o fuzilando com cada palavra.

- Tenho que fugir. Tenho que fugir. Como ela liga? FALA! – ordenou enquanto desastrosamente subia sobre a vassoura e buscava botão ou chave para acioná-la.

- Ela não é brinquedo. – disse Harry a segurando pela ponta do cabo.

Quando num impulso desastroso de Duda ela disparou pela janela. Voaram por poucos segundos, Harry que mal se segurava caiu dentro do jardim à altura de três metros. O primo ainda seguiu por metros parando somente no outro lado da rua quase no jardim vizinho.

- Harry eles estão vindo acorda! Acorda! – gritava Duda do outro lado da rua.

Harry não se sentia muito bem, passando a mão na cabeça pode sentir sangue escorrer, mas não era hora para isso. Levantou cambaleando, pegou sua varinha que havia caído a pouco menos de um metro, ergueu-a e vociferou o feitiço:

-“Expecto Patronum”! – mas não houve efeito. (“Pensamentos Felizes”) pensou consigo mesmo. – “EXPECTO PATRONUM”! – houve uma fraca luz, que durou somente um segundo.

-“Expeto Patrono”. Vem “Expecto Patrono”! –gritava Duda do outro lado da rua.

-“Expecto patronum”! – e nada acontecia. Harry começava a se preocupar, os dementadores não se aproximavam muito, mas podia sentir que Duda sofria mais que ele. – Duda me ajuda! – pediu irritado. E instantaneamente Duda veio a seu encontro.

-HARRY SOCORRO! – gritava assustado.

- Não estou conseguindo. – disse Harry tonto, precisava de uns minutos, não conseguia enxergar nada e somente via vultos a cercá-los.

- Então me dá! – disse tomando a varinha de Harry. Logo sendo fuzilado pelo verdadeiro bruxo, em condições normais Duda ganharia orelhas de porco para combinar com o antigo rabo.

- O que você pensa que ta fazendo? – perguntava em pura raiva.

- EXPECTO PATRONUM! – gritou Duda enquanto os dementadores se aproximavam.

- Ta louco? Dê-me LOGO! – Ordenava aos gritos

- EXPECTRO PATRONUM! – agora estavam a três metros deles. Só faltava soar meia-noite para as criaturas poderem adentrar a casa.

- Dê-me agora. – ordenou Harry sem sucesso, com as criaturas logo ali. E ao fundo na Igreja Anglicana ao fim da rua pode se ouvir o soar dos sinos. Meia-noite.

- EXPECTO PATRONUM! – e magicamente uma bola oval se formou a frente de Duda. Não era um patrono, era como uma lâmpada mágica. E com um estouro ela se expandiu uma luz que poderia cegar qualquer um, e tal luz ao expandir carregou os dementadores para longe da rua dos alfeneiros. (-Duda conseguira fazer um feitiço?).

- Como você fe... Conseguiu? – perguntou Harry incrédulo. Era muita informação para a sua pobre cabeça.

- Eu não se... Sei! – respondeu ainda muito amedrontado.

- Eu não sabia que um troux... –Duda o interrompeu apontando para o céu.

– O que é aquilo? – Harry buscou o ponto exato que o primo apontou e pode ver algo vermelho vivo, como um pássaro, ou um encanto.

-É... É... É uma Fênix?

A luz seguiu como um trem veloz e adentrou a cabeça de Harry. E magicamente um conforto apossou o garoto, além de uma paz interior que não tinha há anos, ou provavelmente nunca tivera. Ele pôs a mão em seu corte na cabeça e nada havia.

- Está bem? – perguntou Duda assustado, assustado deveria estar Harry ao ver que seu primo estava se importando com ele.

- Melhor que nunca! – disse mais para si mesmo ao sentir o conforto tranqüilizante, ele realmente estava melhor do que nunca.

- E agora?

Harry olhou para todos os lados, o que poderia fazer? Logo os dementadores estariam de volta, tinha que pensar rápido. E como um estalo uma idéia não muito boa surgiu.
O bruxo seguiu até sua vassoura para recolhê-la, agora já fora do jardim. Tinha Duda em seu encalço assim como o plano.

- Segura o meu braço o mais forte que puder. – imediatamente Duda o segurou com uma força tão grande, que parecia que queria quebrá-lo. –Ta, não tão forte. – mas não surgiu efeito.

O grifinório fechou os olhos, se concentrou ao máximo, como nunca tinha feito e como se fossem sugados pelo umbigo estavam em outro lugar. Um lugar que Harry conhecera muito bem: “A Toca”.
Não estavam muito perto, estavam até mesmo bastante afastados dos terrenos dos Weasley, mas era devido à segurança. Como não sabia como os amigos estavam se defendendo era melhor não arriscar muito.

- Vamos entrar nessa...

- Melhor nem terminar a frase. – pediu Harry. –Oi! Tem alguém AI? – gritava ao máximo para chamar a atenção de alguém. Era uma idéia louca ficar chamando do lado de fora do quintal e provavelmente ninguém acreditaria que ele era o verdadeiro Harry Potter, mas tinha que arriscar.

- Já vai. –disse uma voz que Harry parecia conhecer. Após alguns segundos a porta parecia se movimentar.

- Calma! Temos que ter certeza. – ou seu ouvido estava bom, ou a pessoa gritava para ele ouvir.

- Ah! Tinha até esquecido. – concordou outra garota.

- Quem é? – perguntou a segunda antes de abrir a porta.

- Harry!

- Harry? – repetiu a segunda. – Vamos logo!

- Calma Luna! – disse a garota pacificamente. Uma zona parecia se formar na casa. - Se você é o Harry pode responder: Com quem o Rony namorou ano passado?

- Lilá Brown! – então a porta abriu e estava ali Luna, Senhor e Sra. Weasley, Gui, Fleur, Carlinhos e Gina!

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