Um treino diferente de quadrib

Um treino diferente de quadrib



Alvo Severo estava ansioso demais para acreditar na sua convocação. Sentado na cama do dormitório masculino do primeiro ano, pensando em todas as táticas que o pai lhe ensinara em casa, seu nervosismo só aumentava mais.
Ele tinha um pouco mais de peso que o irmão Tiago, que já estava no time. O boato era que dali um ano, quando Lílian entrasse para Hogwarts também seria convocada. Finalmente ele entendia a expressão do irmão, quando ia passar os feriados em casa: “É o peso do sobrenome Potter.” Alvo achava engraçado, e sempre ria. Mas agora, porém, as coisas pareciam muito mais sérias, ele só tinha onze anos, e já carregava esse ‘peso Potter’.
Nos corredores era comum garotos da Sonserina dando encontrões. Tiago, às vezes, quando estava por perto, o defendia. Em pensar que ele teve medo de ir parar na casa da sonserina, agora simplesmente tinha ódio e pavor dos sonserinos, principalmente do garoto Malfoy. Bem que Rose falara que o tal de Scorpio era um metido nojento. Agradeceu pelo chapéu seletor colocá-lo na Grifinória.
Com as mãos suadas, ele pegou sua Firebolt Futura, o último lançamento da linha de vassouras Firebolt.
-É agora ou nunca!
Saiu do dormitório, desceu a escada até a sala comum da Grifinória, viu alguns alunos mais velhos olharem para ele com curiosidade, e passou pelo retrato da mulher gorda, que ficou a cantarolar suas besteiras de sempre. Desceu todas as escadas, até chegar ao pátio. Caminhava a passos largos, ainda sentindo-se nervoso, mas com a vassoura firme na mão, quando tropeçou em um objeto.
-Mas que droga! Eu quase me machuquei... – blasfemando contra o objeto, ele se agachou e juntou o que parecia um lembrol, só que havia uma abertura. – Ah... Vou ver o que é!
‘Clik!’
Dentro da pequena esfera prateada, havia um cordão preso a um pingente muito esquisito...
-Parece uma moeda presa num círculo. Que coisa estranha, não pesa quase nada, e é feita de bronze.
-Ei! Alvo Potter! Já aqui!
Era o treinador do time. Um tal de Matheus Wood, diziam que era filho de um treinador famoso de quadribol, um tal de Olívio Wood.
Alvo se apressou a guardar o pingente dentro da esfera, e a esfera dentro de suas vestes. E correu até o técnico.
-Está quase atrasado. Seu irmão disse que você precisa entrar em forma, começa voando um pouquinho. Vai lá e mostra o que sabe fazer com essa vassoura.
Alvo então voou, e todo seu nervosismo se dissipou. O que melhor ele sabia fazer , era, sem duvida alguma, voar.


Alvo Severo Potter treinou em todas as posições no treino de quadribol: artilheiro, goleiro, apanhador, rebatedor... Mas ele sabia que o cargo de apanhador já estava com Tiago, seu irmão. Não via necessidade de todos aqueles testes.
-Tiago e Alvo, venham aqui! Preciso falar com vocês. – Chamou o treinador.
Tiago fez uma cara feia, e olhou de esguelha para o irmão mais novo. Talvez, no fundo, ele já soubesse o que estava para vim.
-Observei sua postura Alvo, gostei muito dela na posição de artilheiro, mas confesso que vi em você uma habilidade incrível com o pomo.
Tiago olhou de canto para o irmão.
-Eu sei Tiago, que você está nessa posição há um ano, enfim, nós tivemos que tirar o Caetano, ele era bom, mas nada comparado com você. Mas vejo em Alvo um brilho que nunca vi em ninguém, uma vontade de jogar, uma garra...
-Você está querendo dizer que vai me tirar do time? – perguntou Tiago, encarando Matheus Wood.
-Não, claro que não, eu não seria louco! Você joga muito bem! Quero que você seja artilheiro. Ano passado observei você como artilheiro, naquela substituição da Ana, quando o idiota do Carlão da sonserina arremessou aquele balaço nela... foi horrível...
-Não estamos aqui falando da Ana, não é mesmo? – perguntou Tiago, brabo.
-Claro que não, Ana é encantadora, mas não, estamos falando dos irmãos Potter...
-Sei... – resmungou Tiago.
-O que você acha Alvo? Que tal? Assumir o cargo de apanhador será visto pelo pessoal, como a grande tática do ano. Você em talento, apesar de precisar perder alguns quilinhos.
Tiago riu. Alvo ficou irritado com a gargalhada do irmão mais velho.
-Eu não sou gordo!
-Claro que não, apenas dois quilos acima do peso, eu diria. Mas no quadribol, com treinos constantes, logo você perde.
Matheus abriu um sorriso simpático, e Alvo resolveu deixar o comentário para lá.
-Bem, o que me diz?
-Eu não quero – respondeu Tiago.
-Mas eu estava perguntando ao seu ir...
-Mas eu continuarei sendo o apanhador, e ele que fique com o lugar de artilheiro do Mario.
-Eu sou o treinador, e eu decido.
-Então vamos decidir em um novo treino, um novo teste. Largue o pomo, e veremos qual de nós dois, meu irmão gordinho ou eu, pega esse pomo primeiro.
Tiago parecia muito convincente. Alvo porém achou que não seria páreo duro para o irmão, que já tinha um ano de jogos oficiais de quadribol nas costas.
-Ok! É justo – concordou Matheus com Tiago.
O treinador foi até o meio do campo, abriu a caixa das bolas de quadribol e retirou apenas o pomo. A pequena bolinha dourada reluzente, com suas asinhas pequenas e velozes, se mexia freneticamente em sua mão direita. Ele sabia que Tiago tinha vantagem, era mais apto ao jogo, porque já tinha jogado pela Grifinória no ano anterior, e fizera o time ganhar da Lufa-Lufa numa disputa acirrada. Esse ano Sonserina parecia vir com tudo. Até porque um descendente dos Malfoy poderia entrar para o time ainda no primeiro ano. Mais do que nunca o time precisava de jogadores como Alvo Potter, com aparência fragilizada, mas com grande potencial como apanhador.
-Atenção! Montem nas suas vassouras, quando eu disser já...
Tiago e Alvo já estavam no meio do campo, quando Matheus deu o primeiro aviso. Eles , então, quase que ao mesmo tempo, montaram suas respectivas vassouras: duas Firebolt Futuro.
-Um, dois, três... JÁ!
Matheus então largou o pomo, pedindo a Merlim, que Alvo levasse a melhor.


As Firebolt Futuro tinham uma técnica chamada VeliciMaror, que se conectava diretamente com os pensamentos de seu usuário em prol da sua vitória, tendo vantagem muita alta perto de vassouras sem essa técnica. Era o que facilitava o andamento de Tiago em relação a Alvo, segundo o capitão Matheus.
A habilidade de Tiago no jogo era surpreendente. Sua técnica de vôo superava qualquer uma, ele diria até mesmo a do próprio Harry Potter, e até mesmo de Vítor Krum, um dos maiores apanhadores de todos os tempos. Só que era mais a alto confiança dele, digamos até a arrogância, que o fazia melhor. Devido, claro, a VeliciMaror.
Logo, não era de se admirar, que nem seu irmão, que provavelmente tinha o mesmo perfil genético, estivesse se saindo pior no treino em conjunto. Estava na cara que sua alta estima era pequena perto a do irmão, e que seus pensamentos não estavam voltados apenas no pomo, mas numa preocupação maior de ser igual ao irmão mais velho.
De repente a vassoura de Alvo deu uma guinada para frente, e ele quase caiu chão abaixo. Era um lado ruim da VeliciMaror, ela podia, também, mostrar seu medo em campo. O que era péssimo para Alvo Potter.
Depois dessa guinada, ele se restabeleceu, e pareceu ganhar domínio sobre a vassoura.
Era agora ou nunca. Lá estava o pomo, muito perto de Alvo Severo Potter.


Finalmente ele avistara o pomo, estava muito perto dele, e Tiago ainda não o vira. Era sua chance, de se tornar o apanhador do time.
-Desculpa irmãozinho, mas esse pomo é meu... – sussurrou Alvo, segundos antes de estender a mão. Mas foi pego de surpresa, porque o pomo tomou impulso e saiu da sua frente indo parar nas costas de Tiago. O que ele ia fazer? O que?
Foi quando lhe surgiu a idéia. E se ele distraísse seu irmão com a esfera parecida com um lembrol?
Tirou do bolso interno das vestes a esfera prateada, lançou um feitiço que a deixou dourada, e em seguida a jogou no ar...
-Ops! Quase esqueci...
Tirou das vestes a varinha, e a tempo, conseguiu dizer:
-Vingardium Leviosa!
A bolinha ficou flutuando no ar. Mas lhe faltavam asas, mas se ela estivesse suficientemente longe de Tiago, seria fácil distraí-lo. Pelo menos assim ele ganharia tempo, não era justo o irmão pegar o pomo, só porque estava nas suas costas, pegar sem sacrifício nenhum.
Voou para bem longe, e o mais alto que pode. Sabia que Tiago ia acabar prestando atenção nele, por causa da mudança de comportamento repentina.
Dito e feito. Tiago se surpreendeu com o irmão mais novo voando muito mais alto, e foi verificar com os próprios olhos, porque ele estava subindo. E o verdadeiro pomo que estava em suas costas, voou para baixo.
Alvo tentava esconder a varinha para ninguém ver, sabia que a visão naquela altura era difícil para Matheus. Mas tomava cuidado com Tiago. Quando viu que ele subiu e se distanciou do pomo, ele então escondeu a varinha novamente.
Foi ai que tudo aconteceu.

Esquecendo-se da esfera, ao guardar a varinha, Alvo percebeu que ela começou a cair em queda livre. Não podia deixá-la quebrar, então voou em sua direção, e viu que Tiago fazia o mesmo. Seu irmão estava mesmo achando que se tratava do pomo.
Antes do irmão, ele pegou a esfera, mas Tiago, arrancou de sua mão.
-Eu vou ser o apanhador.
Nesse minuto a esfera se abriu, e a corrente começou a cair e a moeda dentro do circulo a girar.
-Mas o que é isso? Não é o pomo?
-Não Tiago – respondeu Alvo com tanta pressa que seu irmão mal ouviu.
Alvo então conseguiu, a tempo, pegar a corrente, e sem entender o motivo, a conseqüência de seu ato, ele então tocou no pingente de bronze.
Matheus que olhava lá de baixo, toda a cena, não entendeu nada quando a vassoura começou a cair sozinha. Tiago, lá em cima, perto do irmão, não acreditou em seu sumiço. Ele ainda não tinha idade para aparatar! Onde ele estava?
Mas Alvo, havia sumido, sumido para bem longe dali. Para outro tempo e outro espaço.



Alvo achou que tinha levado o pior tombo de sua vida. E onde estava sua vassoura? De repente ele se viu andando pelo castelo, com a mão no imenso galo que crescia em sua cabeça, conseqüência da batida no chão da quadra de quadribol. Onde estava Tiago? E Matheus? Será que tinham ido buscar ajuda na enfermaria?
Foi caminhando até enfermaria, quando, então, viu sua mãe de costas. Será que ela chegara ali, sem passar pelo campo?
-Mamãe! – chamou ele, a cutucando no ombro esquerdo.
-Sai daqui pirralho do primeiro ano. Não te ensinaram a não mexer com gente do sexto ano, não?
A mulher, ou melhor, a adolescente, que acabara de se virar xingando-o, parecia ser sua mãe, só que muito mais nova.
-Mas você é minha mãe...
Gina então apontou sua varinha para ele.
-Eu estou ocupada, esperando noticias de Harry Potter, e você, sendo da grifinória, devia estar fazendo o mesmo. Pare de brincar, dizendo que sou sua mãe. Por acaso tenho idade pra ser mãe? Sai daqui pirralho, antes que eu solte uma azaração em você.
Não querendo mais discutir com sua mãe, ele então saiu. Ela falara Harry potter? Ele então voltou até ela.
-Seu nome é Gina Weasley, não?
-Sim, e daí?
As suspeitas de Alvo se confirmaram, realmente era sua mãe. Ele só precisava saber de mais uma coisa.
-Quantos anos têm Harry Potter?
Gina estava tão nervosa, na enfermaria, vendo Neville escutando uma rádio bruxa, a espera de noticias de Harry, que respondeu sem contestar.
-Dezessete! Agora me deixa em paz.
-Dezessete? – perguntou Alvo a si mesmo, andando pelo castelo. E agora? O que ele ia fazer? Catou nos bolsos da calça, mas não achou o objeto que o trouxe. Ele lembrava-se que quando tocara no pingente, tudo ficara girando, foi então que ele se viu caindo no chão e, em seguida, batendo a cabeça. Por quanto tempo ficara inconsciente? Será que o objeto ainda estava lá?
Saiu, correndo, às pressas, precisava voltar para o seu presente. Se seu pai estava com dezessete anos naquele tempo ali, significava que corria perigo, pois Voldemort ainda estava vivo. Imagina se o bruxo das trevas soubesse da existência do filho de Harry Potter, vindo do futuro. Isso o deixaria em maus lençóis.


Caminhou indignado até o gramado do campo. Será que aquela esfera jogada no caminho do pátio, que levava ao campo de quadribol, tinha sido uma brincadeira de mau gosto feita por alguém da sonserina? Quando ele voltasse para o presente, ia fazer questão de meter bronca no primeiro ‘verdinho’ que aparecesse.
Para seu pesar, havia um garoto mais velho da sonserina no campo, e ele parecia segurar algo. Perto dele havia dois garotos mais altos e corpulentos. E agora? Chegando perto ele pode ver que se tratava do objeto misterioso que o trouxera para aquele tempo ali. Como o pegaria de volta?
-Vejam bem! Isso aqui é um Vira Tempo!
-Hã?
-O quê?
-Vocês são dois burros mesmo, isso é um Vira Tempo. Mas não consigo entender... Como esse Vira Tempo está aqui, se todos foram destruídos pelo idiota do Potter e seus amiguinhos?
-Posso ver Draco?
-Claro que não Goyle! Isso é precioso demais para um boboca como você pegar!
Alvo que ouvia tudo, a uma distância considerada pequena, achou o loirinho meio metido e enjoado. Lembrava muito ao Scorpio... Ei! Só podia ser o pai dele! E claro, com dezessete anos, a idade de seu pai naquele tempo ali! Mas ele chamara aquele objeto de Vira Tempo?
Sua prima Rose, dissera algo sobre essa palavra uma vez... O que mesmo ela dissera?
-Ah, sim! – exclamou Alvo, sem querer, acabou chamando atenção dos três.
-Ora, ora, ora... Eu não te conheço de algum lugar pirralho?
-Não, nunca nos vimos.
-Mas você parece muito familiar. Por acaso não é parente do enjoado do Potter?
-Que Potter?
-Vejam! Ele não sabe nada sobre o maior herói da casa dele.
Os três começaram a rir. O uniforme tinha denunciado Alvo. Aquele suéter com listra marrom avermelhada... Por que ele não colocara uma roupa diferente para o treino?
-Vamos! Vamos seus paspalhos! Temos que ouvir a noticia de que Harry está morto!
Draco então saiu com seus dois capangas. Deixando Alvo ali, sem o Vira Tempo, que segundo os dizeres de sua prima Rose, era o único meio de se ir e de se voltar no tempo. E agora? Como ele conseguiria voltar para o futuro?

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