Uma chegada inesperada
Prólogo:
Todos dormiam no vilarejo. Estava uma noite muito tranqüila. A lua cheia transmitia toda beleza que aquele povoado necessitava. Era bom estar ali, sem precisar se preocupar com nada, a não ser com seu bebê que dormia no berço, no dormitório do térreo, com a janela aberta, sobre a luz do luar.
Ela estava na varanda, esperando James chegar. O trabalho dele era apenas um hobbie, pois ele tinha todo dinheiro que podia desejar. Ela também não viera de uma situação difícil não, apenas menos favorecida do que a do marido. Mas nada daquilo importava. Apenas o fato dela amar o homem com quem convivia, e de ter tido um filho muito lindo, resultado desse amor.
Harry, o bebê estava dormindo. Amanhã, seu padrinho, Sirius, ia vir para visitá-lo. Ela agora se ria, porque o último presente que Harry ganhara, tinha sido destruído pelo gato da família. Um patinho de borracha amarelo, que se secava sozinho depois de ser tirado da água.
Ao longe ela viu um ponto brilhante no céu. Teve certeza de ser James Potter, com todo o seu charme, e carisma, voando em sua vassoura, feliz da vida por ter capturado mais algum praticante da magia negra.
James aterrissou com sua vassoura, de madeira de salgueiro, muito potente, e uma das mais rápidas do mercado de Materiais Esportivos do Quadribol. Desmontando dela, ele ainda ajeitou os óculos, e depois de largar a vassoura num canto da varanda, aproximou de Lily e a beijou, primeiro na testa, depois no queixo, e então na boca.
-Como vai meu amor? Como está nosso bebê? – perguntou ele, depois de beijá-la.
-Está bem. Brincou tanto com nosso gato, que quase o matou, sorte nossa, que eu cheguei a tempo e consegui tirar aquela varinha de brinquedo que ele ganhou do Sirius. Onde se viu dar uma varinha que pode lançar Levicorpus em brinquedos? Funcionou até com o gato. Coitadinho do bicho.
-Você sabe que Sirius não faz por mal, ele adora encher o menino de brinquedos, só isso.
-Sei. Vamos entrar, que começou um ventinho frio, acho que vai chover.
James, porém parou, ainda na varanda.
-O que houve amor?
-Temos companhia.
Lily olhou para ele, assustada.
-Eu vou buscar Harry.
-Depressa, temos que ir, fazer o que Dumbledore nos pediu. São dementadores... Depressa!
Lily saiu correndo em direção ao quarto de bebê, enlaçou Harry em seu colo, e ao chegar de volta à varanda, tirou da parte interna da camiseta que usava, uma corrente.
-Quantas voltas temos que dar?
-Sete. Dumbledore disse que sete voltas bastavam.
Então ela girou o Vira Tempo, sete vezes, e antes que milhares de dementadores se aproximassem, junto com Voldemort, eles já haviam sumido para um tempo e um espaço diferente daquele em que eles viviam.
Capítulo um: Uma chegada inesperada
Harry estava se sentindo sozinho naquele dia. Mais uma vez Rony havia brigado com ele em função do relacionamento dele com Gina. O que havia de errado em ele querer se aproximar dela? Afinal de contas fora Gina que o chamara para dar feliz aniversário. Já anoitecia, e a lua cheia se estendia bonita e resplandecente no céu, mostrando que estava ali para ficar.
Ele estava sentado na varanda da Toca, preso em seus pensamentos sobre a família que tinha vontade de formar com Gina e não podia, não antes de achar as horcruxes e destruir Voldemort, quando um barulho lhe chamou atenção.
Levantou-se e foi ver o que era. Caminhou todo o percurso do pátio da Toca, até chegar a uma moita, pensou ter visto um gnomo de jardim na grama alta, e depois, achando aquilo uma besteira, se virou e dirigiu-se novamente a Toca, foi ai que ouviu um choro alto e agudo de bebê.
-Mas um bebê por aqui?
Pensou se não seria um truque de algum comensal da morte, ou até mesmo de Voldemort, para poder pegá-lo. Resolveu voltar até a moita, uma área, segundo Lupin, protegida apenas parcialmente pelo círculo mágico de proteção.
À medida que se aproximou, ele viu que não se tratava de um gnomo de jardim, mas sim de um bebê real, em carne e osso, poderia alguém ficar imune a um bebê tão bonito sozinho numa moita, e não fazer nada?
Ele agarrou o bebê delicadamente em seus braços, algo que nunca tinha feito na vida antes. A sensação era uma das mais estranhas, até porque parecia haver alguma ligação entre eles, algum tipo de energia que fluía, e misteriosamente, o bebê parecia sentir o mesmo, porque no mesmo momento parou de chorar.
-Quem te deixou aqui? Hein bebezinho? Vou te levar pra dentro.
Ficou pensando que poderes mágicos não se manifestavam em crianças a não ser em situação de perigo ou raiva, e que ninguém que tomasse a poção polissuco poderia se transformar num bebê pequeno. Mesmo sobre essas afirmativas, teve medo de estar carregando um inimigo nos braços. Mas logo que entregou o bebê a Molly, pôde ficar aliviado, pois todos na Toca, concordaram com a Senhora Weasley, aquele bebê, não passava de um pobre bebê abandonado.
-Quem teria abandonado um bebê tão lindo? Veja só o olho dele, tão azul! – exclamou Gina, encantada com o bebê.
-O rosto dele é bem redondo também, coisa mais fofa! – disse Hermione abobada com a criança.
-Elas agora só vão falar desse bebê, quer apostar Harry? – perguntou Rony aborrecido.
-Você está com ciúme de um bebê Rony? – indagou Fred curioso e risonho.
-Como pode ser tão cruel maninho? – riu Jorge.
-Ah! Vocês me deixem em paz!
-Onde está Lupin? – quis saber Harry. – Acho que ele saberá o que fazer com o bebê.
-Lupin está no Ministério da Magia, foi falar com Arthur e disse que viria para cá junto com ele. Devem estar para chegar – respondeu Tonks, que também estava bajulando a mais nova novidade. – Mas duvido que ele saiba o que fazer diante de um bebê tão lindo.
Harry ficou olhando para a criança.
-Quem será que o abandonou aqui? Será que não tem ligação com Voldemort? Não seria um truque, para localizar-nos?
-Deixa de besteira Harry – retrucou Hermione. – Não há como um bebê fazer nenhum feitiço, e nós nem sabemos se realmente esse bebê é um bruxo, e ele pode ser filho de um aborto, por isso o abandonaram, porque ele pode ser mais um caso de aborto na família... Há muitas possibilidades, mas definitivamente, Harry, ele não é ninguém que tenha se disfarçado com a poção polissuco.
-Além do mais, quem abandonaria um bebê tão lindo, sendo trouxa? – perguntou Molly com inocência.
-Ai Molly, você não conhece os trouxas? Não teve um péssimo exemplo com os tios de Harry? Há alguns que abandonam seus próprios filhos. – Disse Tonks, resignada, tocando na sua própria barriga.
-Não me diga que você...
-É sim, estou esperando um bebê, Molly. Mas Lupin ainda não sabe.
Harry, Fred, Jorge, e Rony, olharam embasbacados para Tonks.
-Qual é pessoal? Uma auror também pode ter filhos.
-Você já sabia disso Mione? – perguntou Rony boquiaberto.
-Sim, ela tinha nos contado, para mim e para Gina.
Harry achou a noticia ótima. Lupin ia ser pai. Seu filho teria um dos pais mais fascinantes que poderia ter. Enquanto Lupin e Arthur não chegavam, restava a ele, esperar, contemplando as mulheres da casa, a cuidar daquele bebê, que parecia até já fazer parte das suas vidas.
Lily estava apavorada, não era pra menos, ao chegar no futuro, como Dumbledore pedira, ela encontrara sua casa destruída. James estava em igual estado de choque, mas o pior estava pra vim...
Os dois, James e Lily, sabiam que tinham que se esconder e não serem vistos por ninguém, porque logo precisariam voltar para o mesmo lugar, e hora, de onde haviam saído, mas tinham exatamente sete meses para ajudar o filho deles, já crescido, a achar o que ele procurava.
No começo, quando o plano fora cogitado por Dumbledore, Lily e nem James, entenderam direito. Porém, com o tempo, a coisa foi ficando mais clara.
Eles entregariam o bebê Harry na Toca, uma casa onde a família cujo nome era Weasley, morava, e onde Harry estaria passando o final de suas férias antes de entrar para o sétimo ano em Hogwarts. Depois poderiam se comunicar como os pais do bebê, e assim ajudar o filho dando dicas sobre os paradeiros dos objetos que Harry precisava achar.
Era arriscado, mas necessário. Eles não poderiam saber nada sobre o futuro, apesar de já terem a idéia de estarem mortos naquela realidade, onde sua casa estava completamente destruída.
-Então Pedro nos traiu! – socou James, com raiva, um poste na frente da sua casa. Harry já chorava no colo de Lily.
-Temos que levar o bebê para a casa que Dumbledore nos disse.
-Weasley... Essa família também fazia parte da Ordem da Fênix, mas nós tínhamos pouco contato, mesmo assim poderíamos falar com eles, se nós quiséssemos.
-Não! Esqueceu o que Dumbledore nos disse? Temos que nos esconder! O bebê será a ponte que nós precisamos para nos comunicar.
-E quem nos garante que devolveram o bebê quando se passar sete meses?
-Nada querido. Mas então eles mesmos sofreram, porque o passado mudará, e em conseqüência disso, o futuro também. Diremos isso na carta, e tudo ficará bem.
-Claro, se pudermos dizer.
-No momento certo, poderemos contar.
-Ok então. Vamos levar nosso filho até a Toca.
Os dois então aparataram naquele presente, o futuro que eles nunca teriam quando voltassem para o passado que os esperava, dali sete meses, o prazo final deles.
Lupin olhava seriamente para o bebê. Ninguém na sala estava entendo sua estranha reação. Tonks porém o cutucou, depois do que pareceram longos dez minutos.
-O que houve amor?
-Eu conheço esse bebê... Mas custo acreditar no que meus olhos estão dizendo...
-Do que você está falando? – quis saber Tonks, todos na sala focaram Lupin, tensos e ansiosos para saber de onde a criança viera.
-Arthur, Molly, podemos conversar a sós? – perguntou Remo, ainda muito pensativo.
-Claro querido – respondeu a Sra Weasley.
-Você vai me deixar de fora da conversa Remo Lupin?
-Calma querida, depois eu te digo, mas fique com o restante, enquanto eu converso com eles. Está bem?
Tonks ficou aborrecida e virou-se de costas para o marido, tinham se casado recentemente, e ela esperava um bebê dele. Mas e se ele não quisesse a criança que estava para vim?
-Tudo bem Tonks, logo ele volta – consolou Hermione depois que Lupin saiu da sala, dando tapinhas nas costas dela. Foi então que o bebê começou a chorar alto. Um pouco nervosa, Hermione se aproximou da cesta improvisada que Senhora Weasley conjurara, e aqueles olhos azuis esverdeados, grandes e cheios d’água, a olharam bem fundo, ela soube instintivamente que ele estava com fome.
-O que houve Mione? – quis saber Rony, que ultimamente não tirava os olhos dela, o que sempre a deixava com a impressão de estar maior que o normal.
-Ele está com fome. O que eu faço?
-Deixa que eu cuide disso – Tonks pediu licença a Hermione, e conjurou uma madeira com leite. Harry assistiu aquela cena, onde ela amamentava o bebê, curioso com a simplicidade daquele problema, em menos de dois minutos a criança já parecia saciada. Nada no mundo poderia incomodar sua paz de espírito.
-Do que está rindo Harry?
Rony fizera uma pergunta, e Gina parecia gostar da idéia de assistir sua resposta.
-De uma piada que me lembrei, nada demais.
-Ah! Bem e onde está Carlinhos e Gui, Fleur também não apareceu?
-Estão nos quartos, Fleur está vendo alguns presentes adiantados do casamento – respondeu Gina ao irmão.
Harry ficou admirando a delicadeza dela ao falar. Queria tanto estar perto de Gina. Trocaria de lugar com o bebê apenas para também receber afagos, beijos estalados nas bochechas, e um pouco de carinho.
Gina por sua vez, olhava discretamente para Harry. Cabelos bagunçados, olhos verdes pidões, com os cotovelos encostados nos joelhos, e mãos fortes unidas, parecendo despreocupado, algo raro de se ver. Era efeito do bebê que estava ali para mostrar como valia a pena viver, e ela soube disso, no exato momento que ele entrara com a criança no braço, quase como se falasse: “Oi pessoal, esse aqui é meu filho.” Gina teve que rir da idéia absurda. Mas não podia negar a tamanha semelhança entre o bebê e Harry. Ficou então a brincar com o bebê, até então, ainda sem nome.
-Eu estou dizendo... Esse bebê é o Harry!
Lupin bateu com força na mesa da cozinha dos Weasley. Panelas ferviam no fogão, enquanto colheres, magicamente, mexiam a comida.
-Lupin você está ficando alterado. Por acaso bebeu Wisky de fogo?
Lupin riu do que Molly disse.
-Está bem então. Mas eu estava lá, no batizado de Harry, Sirius segurou esse bebê.
-E como você explica que ele esteja aqui, nesse exato momento?
-Muito simples Molly, pergunte ao seu marido. Não há vira tempos no Ministério da Magia, Arthur?
-Sim Lupin, mas Molly tem razão... Os vira tempos todos foram destruídos.
Os olhos de Lupin começaram a mudar de repente.
-Ai, meu Merlim! Você tomou sua poção hoje Remo? – perguntou Molly aflita, ao ver as pupilas de Lupin dilatando-se.
Remo, então, retirou do bolso interno do casaco, um frasco e bebeu tudo de um gole só.
-Eu tinha bebido apenas um gole, pois fui interrompido por Snape. Ele anda se infiltrando no Ministério. Todos estão dizendo que ele salvou o menino Draco Malfoy dos ataques, onde Dumbledore morreu.
-E isso é motivo para esquecer de beber sua poção, logo em dia de lua cheia?
-Desculpa Molly.
-A comida já está pronta, vou chamar o pessoal para jantar, e colocar o bebê para dormir.
Molly saiu.
-Arthur – chamou Lupin, suas pupilas agora estavam contraindo. – Arthur, o bebê veio do passado, e nós sabemos que lá no passado, os vira tempo ainda existem.
O senhor Weasley ficou olhando curiosamente para Lupin, mas não falou nada, pois o restante do pessoal chegava para jantar.
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