A Lei 1214



Uma semana se passou desde que Hermione concretizara aquele sinistro Pacto de Sangue e Draco Malfoy não dera o mínimo sinal de vida. E embora seu "Sensor Malfoy" a alertasse que, provavelmente, ele estava ocupado aprontando alguma coisa, Mione preferiu ignorá-lo. Para que se preocupar com o que aquele maldito sonserino estaria fazendo? Não, ela preferia dedicar todo seu tempo empenhando-se no diário de Anne Bellford.
Por isso, nesses dias que transcorreram Hermione visitou a Floreio e Borrões assiduamente. Comprou todos os livros que achava possuir alguma utilidade, aumentando ainda mais o acervo do seu quarto. E mal agüentava para voltar a Hogwarts e por em prática todos os feitiços novos que aprendera.
Pela vigésima vez no dia, ela fechou a capa do diário e atirou-se na cama, irritada. Por que Anne tinha que inventar algo tão complicado assim? Não que não fosse divertido desvendar os mistérios do diário (se é que havia algum!), mas ela poderia ter simplesmente facilitado as coisas, não? Aliás, como o diário de Anne tinha ido parar em uma loja por 5 sicles?
Estava tão distraída e tensa com seus pensamentos que se assustou quando de repente, uma coruja entrara voando pela janela do seu quarto, pousando altiva na escrivaninha. Levantou e se aproximou da visitante, pensando que deveria ser mais uma carta de Gina. Ela estava escrevendo todos os dias da semana, insistindo para que contasse o verdadeiro motivo de sua saída repentina da Toca. Hermione não respondeu, obviamente, pois temia a reação de seus amigos quando descobrissem que ela agora era namorada de Draco Malfoy... ou pior, que se vendera por 5 sicles.
Respirou aliviada ao constatar que dessa vez, era apenas o seu exemplar do Profeta Diário. Estava pronta para desatar o jornal quando a coruja esticava a perna, exigindo o pagamento. Bufando, Mione puxou a gaveta da cômoda, apanhando um nuque da carteira e enfiando-o na bolsinha, para então puxar o jornal.
Estava passando superficialmente os olhos na página principal, quando a coruja abriu as asas, derrubando o tinteiro em cima dos recém feitos deveres de casa, e voou para fora do quarto.
- Perfeito!- ela bufou, jogando o jornal na cama e apanhando o tinteiro tarde demais, pois o naquim já tinha manchado todos os vários centímetros que ela tinha escrito. Suspirou. Não podia resolver aquilo com magia fora da escola. O jeito seria refazer.
Hermione atravessou o quarto espumando, indo até o banheiro para lavar as mãos da tinta e apanhar um pano para passar sobre a escrivaninha. Só depois de terminando isso é que se sentava sobre a cama e apanhava o jornal mais uma vez, para lê-lo enfim.
Foi então que ao desdobrar o jornal, deu de cara com sua foto. Alguém devia tê-la tirado enquanto estava distraída em meio a prateleiras da Floreio e Borrões. E, por incrível que parecesse, Mione estava bastante fotogênica, embora tivesse um ar excessivamente intelectual. Franziu o cenho ao ver que ao lado de sua foto havia outra de Draco Malfoy. Ele provavelmente deveria estar em meio algum grupo puro sangue, pois seu semblante não havia o menor resquício de arrogância e superioridade que costumava usar enquanto andava em Hogwarts. Ao contrário, Draco tinha um sorriso tão bonito na foto que, por breves segundos, Mione se perguntou como Deus poderia dar tanta beleza a um sujeito tão desprezível assim.
Após menear negativamente a cabeça e se censurar por tal pensamento, seus olhos castanhos se arregalaram quando ela finalmente viu o título em letras garrafais: "AMOR ENTRE OPOSTOS". Maquinalmente, procurou pelas linhas abaixo, a fim de ler a matéria e descobrir que outros absurdos estavam dizendo a seu respeito:
AMOR ENTRE OPOSTOS
(por Karinne Brunialti)
Quem disse que amor não é capaz de mudar as pessoas? Draco Malfoy, filho do Comensal Lúcio Malfoy, preso recentemente graças as habilidade extraordinárias do Eleito, tem demonstrado uma postura completamente diferente desde que começou a namorar a bela e inteligente Hermione Granger. Draco, que se tornou o dono das quase falidas empresas Malfoy quando sua mãe foi presa em uma vã tentativa de resgatar o marido, não só vem recuperando os negócios da família, como também andou doando galeões para melhorar a proteção dos bruxos e (pasmem!) trouxas contra os adeptos de Você-Sabe-Quem.
Muitos afirmam que essa mudança repentina deve-se ao profundo amor que ele sente por sua namorada grifinoriana, nascida trouxa e líder do F.A.L.E, uma organização bastante famosa em Hogwarts, empenhada em melhorar as condições cruéis as quais os elfos domésticos são submetidos. "Os dois realmente foram feitos um para o outro" afirma a vonGoch, dona da Floreios e Borrões. "Sempre costumam vir a minha loja juntos e nunca se desgrudam". Contudo, muitos bruxos ainda estão duvidosos quanto a esse relacionamento repentino entre Malfoy e Granger. Esses céticos para o amor acreditam, infelizmente, que um Malfoy nunca poderá negar suas raízes "pútridas".
Entrementes, os simpatizantes de Draco Malfoy (que vem aumentando a cada dia, uma vez que ele está mais atraente com os anos) fazem votos para que esse namoro progrida para um casamento e que esse amor entre sonserino e grifinoriana superem seus obstáculos, durando para sempre.
O queixo de Hermione estava completamente caído quando ela terminou a leitura. Tinha certeza absoluta que Draco tinha mexido todos os pauzinhos do mundo para conseguir aquela capa. Endureceu o maxilar, cheia de raiva. Ele não podia ter feito isso, não antes dela suavizar os fatos para os amigos, que certamente não entenderiam nada, quando lessem aquilo. E onde ele tirara aquela história absurda de que eles viviam grudados um no outro quando iam na Floreios e Borrões? Ela nunca tinha ido com Draco a nenhum lugar do Beco Diagonal, quanto mais ficar cheia de grude nele!
Raivosa, jogou o jornal para o lado, sem vontade de continuar a ler as outras notícias, que talvez valessem mais a pena. Precisava ter uma conversa séria e urgente com Draco. Aquele não era o combinado. Aliás... ele não tinha feito praticamente nada do que tinham combinado! O diário de Anne continuava inútil, logo era quase como se ela não o tivesse!
Ela pegou bichento no colo ainda maquinando uma maneira de fazer Malfoy enfim aparecer, para terem uma conversa séria. Escrever não adiantaria...
Um miado de bichento despertou Hermione de seus pensamentos. Edwiges e Pichitinho tinham adentrado no quarto trazendo uma carta e um berrador, respectivamente. Ela choramingou para si mesma, sabendo que os amigos tinham sabido da reportagem de capa na qual ela era o tema. Se ergueu e dirigiu-se instintivamente para o berrador. Não queria que seu quarto pegasse fogo. Apanhou Pitchi nas mãos e o desvencilhou do envelope vermelho vivo, abrindo-o
- O QUE RAIOS VOCÊ ESTAVA PENSANDO?- eclodiu a voz de Rony Weasley, magicamente ampliada- NAMORAR DRACO MALFOY? MALFOY? UM COMENSAL? VOCÊ ESTÁ MALUCA? ESTÁ SOB EFEITO DE ALGUM FEITIÇO? SEUS MIOLOS DERRETERAM COM TANTO ESTUDO? UM MALFOY? HERMIONE, ONDE VOCÊ ESTÁ COM A CABEÇA? E EU ACHAVA QUE VOCÊ ERA UMA SABE-TUDO INTELIGENTE, MAS SE VOCÊ CHEGOU PERTO DELE PORQUE ESTAVA ENCANTADA COM TODA FAMA E ATENÇÃO QUE ELE GANHOU DE REPENTE E DEIXOU ELE TE LANÇAR UM FEITIÇO, OU ACEITOU ALGUMA BEBIDA ENVENENADA, A CULPA É TODA SUA! EU DEVERIA SABER QUE VOCÊ NÃO TINHA MUDADO NADA! NÃO RESISTE A UM BOM PARTITO PURO SANGUE FAMOSO, NÃO É MESMO? MESMO ASSIM NAMORAR UM MALFOY...
E o berrador não parava por aí, pois Rony resolvera recheá-lo com uma série de palavrões que Mione nunca ouvira antes. Não que ela esperasse palavras de conforto e compreensão do ruivo. Porém, era extremamente doloroso ouvir aqueles gritos que vibravam seu estômago, torturavam seus tímpanos e principalmente feriam seu coração. Rony nunca perdia a chance de lhe jogar na cara o período do quarto ano que circulara com Vitor Krum e como ela havia ficado alvoroçada porque ele era um jogador de Quadribol internacionalmente famoso. Mentira! Tinha se aproximado de Vítor porque ele tinha sido simpático e bom... porque ele parecia ter sido a primeiro garoto que notara que ela era uma menina. Uma menina bonita. Mas ainda assim, preferia mil vezes que fosse o cabeçudo de cabelos vermelhos que tivesse feito isso primeiro. A culpa não era dela, se ele era lerdo! E era com aquelas lembranças que sentia o nariz arder, anunciando o choro que não tardava a chegar. Uma lágrima morna corria seu rosto, enquanto ela pensava que toda a remota esperança que havia nutrido de que algum dia, ela e Rony conseguissem sair daquela amizade colorida enrolada para um belo romance, tinha sido estilhaçada. Ele normalmente já era rancoroso, mas até então tinha conseguido parar de provocá-la e questioná-la sobre Krum... mas Malfoy? Ele nunca a perdoaria. NUNCA!
Quando finalmente o berrador se destruíra, ela meneou o rosto, enxugando aquela lágrima solitária, embora não pudesse livrar-se daquele peso no coração. Então, virou-se para Edwiges e desprendeu dela, a carta de Harry, abrindo-a:
Mione,
Acho que a essa altura você já deve ter lido a reportagem do Profeta de hoje... ou recebido o berrador de Rony. Ele acha que você está sendo controlada pela maldição Imperius, mas eu sei que você é inteligente demais para ser dominada por um idiota como o Malfoy. Acho que a tal da Brunialti seguiu a linha da Skeeter e criou um absurdo sobre você para ganhar mais popularidade. De qualquer forma, isso me preocupa. Não acho que você também deva estar muito feliz sendo associada como namorada de alguém que seja sobrinho da assassina do Sirius. Acha que consegue convencer Skeeter a escrever a sua versão dos fatos? Bom, de qualquer forma, no que precisar, estou aqui (não acho que podemos contar com o Rony).
Sinceramente,
Harry.
A carta de Harry a deprimira tanto quanto o berrador de Rony. Um tinha acreditado em tudo e ficado mais paranóico (e inacessível) do que já era... e o outro achava que tinha acontecido um grande mal entendido. Como explicar a ambos que era verdade, sem poder usar nenhum argumento para se defender? Não ficou surpresa pela ausência de uma carta de Gina. Aquele era o tipo de assunto que a amiga requereria pessoalmente, o que não aliviava Hermione, de qualquer maneira. Colocou a carta de Harry sobre a escrivaninha e passou uma mão pelo rosto, sem saída. Estava condenada.
E se contasse a verdade...? E se revelasse a seus amigos que se deixou levar por conta do diário...? Bom, Harry com certeza a compreenderia. Ele sabia melhor do que ninguém como era a angustia de não ter conhecido seus pais. Mas, e Rony? Por Merlim, como ela o faria compreender o quão importante era saber mais sobre Anne? Ele ficara possesso só porque ela havia FICADO com Victor Krum! Como seria agora, que estava NAMORANDO com Malfoy? Rony nunca a perdoaria... nunca voltaria a considerá-la como amiga... nunca a pediria em namoro e corresponderia seu amor, como tantas vezes ela sonhara.
Outra lágrima voltava a escorrer por seu rosto ao mesmo tempo em que Edwiges piava indignada com a alegria excessiva de Pitchi. Ela não responderia a seus amigos agora. Ah, não! Tinha decidido de uma vez por toda dar uma lição no bastardo do Malfoy. Ele sentiria na pele a mesma dor que se apoderava no coração dela com o berrador de Rony.
Em um ímpeto enxugava novamente a lágrima com raiva, e apanhava o pouquíssimo pó de flu que tinha em casa, para uma eventual emergência e segurando-o na palma da mão fechada, descia as escadas até a sala, ajoelhando-se diante da lareira. Enfiava meio corpo lá dentro e então jogava o pó sobre sua cabeça, dizendo alto "Mansão Malfoy".
Logo, era invadida por uma estranha sensação de girar, atravessando a rede de lareira de bruxos, enquanto o resto do seu corpo permanecia firme em sua casa. Mas tão abruptamente quanto se iniciara, a rotação acabava e ela podia enxergar a sua frente um cômodo vasto, um pouco escuro pelo mármore do chão e pelas várias prateleiras que se estendiam até o teto, abarrotadas de livros e objetos sinistros. Perto de uma parede, havia uma mesa de madeira escura de aspecto antigo, muitíssimo bem conservada e uma cadeira que mais parecia um trono de rei medieval, de espaldar alto e descanso para os braços robustos, revestida couro negro, emprestando um ar arcaico e majestoso ao lugar. A sua frente, havia um sofá que seguia a linha medieval dos móveis, no qual Draco estava deitado, completamente adormecido.
Hermione frisou o cenho mais aborrecida do que já estava. Ele fazia aquele absurdo e ficava ali, sossegado, dormindo! Não teve dúvidas quanto a começar chamá-lo bem alto, para despertá-lo:
- Malfoy!- chamava sem muita delicadeza- Malfoy, Malfoy...!
Ela persistia gritando o sobrenome dele até que, lentamente, ele entreabria os olhos cinza, sonolentos. Varria o cômodo a procura da dona da voz e, para o prazer de Hermione, ele quase caiu do sofá quando localizara a cabeça dela, fitando-o cheia de raiva.
- Granger?- ele perguntou, fitando a cabeça da garota completamente horrorizado.
- Sim sou eu -ela respondia seca e possessa- Que história é aquela de sairmos na primeira página do Profeta Diário, com uma repórter que praticamente anuncia o nosso casamento e o nome dos nossos filhos? Isso NÃO estava combinado Malfoy!
Draco não respondeu. Continuou fitar Mione, espantado, tentando digerir melhor a idéia de ver a cabeça dela, extremamente irritada, flutuando na lareira de sua casa.
- Malfoy!- ela falou de novo, como que para lhe chamar atenção e exigir uma resposta imediata dele- Quer me dizer o que é que você tem nessa cabeça? Você acabou com tudo! Não me deu chance de preparar ninguém pra esse namoro idiota!
- Granger, você quer fazer o favor de trazer o restante do seu corpo para cá, também?- Draco respondeu, quase ordenando- Seu rosto fica ainda pior ampliado pela lareira da minha casa!
Hermione fez uma cara de completo desgosto, mas seria mesmo mais confortável estar inteira ali. Num segundo, sua cabeça sumiu, e no outro, usando pó de flu novamente, ela saiu pela lareira dele, meio coberta de pó. Espanou a fuligem da roupa, tossiu um pouco, e levando as mãos a cintura, esperou enfim, por uma resposta dele.
- Não se incomode de limpar a fuligem, combina com a imundice do seu sangue... - ele comentou, olhando-a arrogante e um sorriso cínico surgiu em seus lábios.
-... e com a meleca que você tem no lugar do cérebro!- ela completou, sem se alterar, as mãos ainda na cintura- O que é que pensou que estava fazendo? Você arruinou qualquer chance de explicação que eu tinha para dar a Rony, Harry e Gina!
-Você teve vários dias para se "explicar" aos seus imprestáveis amigos grifinorianos, Granger. Não me culpe por ser lerda demais... – Draco respondeu, simplesmente, erguendo uma sobrancelha.
Hermione frisou o cenho numa cara de descontentamento assustadora. Tirou uma mão da cintura e se aproximou dele apontando o dedo indicador em riste diretamente no peito
- Não venha me dizer o que fazer! Nem quando! E depois, isso não estava combinado! Na verdade, na sua parte do trato, ainda não fez nada! Como faço para ler o diário de minha mãe?
- Que eu saiba, Granger...- ele respondeu, segurando o dedo da garota, com uma expressão gélida em seu rosto-... o trato era lhe ter como namorada. Não me lembro de ter mencionado que não podia contar para os jornais. E quanto ao diário de sua mãe, eu só lhe prometi entregar o diário. Não falei nada quanto fazê-lo funcionar!
-Você é um cínico, arrogante, mesquinho e... e... -ela gaguejava, na ânsia da raiva em querer lhe ofender, tentando forçar a mão para que não tivessem nenhum tipo de contato físico. Mas Draco a segurava com muita força- ... e um Malfoy! O que eu podia esperar de você? Você não presta e eu te odeio!
- Sim, Granger, sou cínico, arrogante, mesquinho, imprestável e o pior de tudo... - Draco aproximou o seu rosto da garota, deixando poucos centímetros separando-os-... sou SEU namorado!
- Não é de meu agrado, fique sabendo! - Mione respondeu, ainda lutando com as mãos, embora perdesse um pouco da força que imprimia no movimento.
- Eu sei... – Draco riu de forma desprezível-... e isso é o que mais me agrada... – e para completar a pirraça, ele roubou um selinho. Quando se afastou, Hermione fez uma cara de espanto, e em seguida levou a mão esquerda ao rosto dele, dando um tapa não tão eficiente por ser destra, mas ainda assim atingindo-o no rosto.
- Não volte a fazer isso!
Mesmo depois de tê-lo acertado no rosto, ela não se sentia melhor. Draco era uma praga! O que tinha que fazer para se livrar daquela sensação incômoda? Escorraçá-lo, o que incluía um currículo de dois tapas na cara não estava ajudando. Seu rosto demonstrava uma expressão de total desagrado, enquanto observava ele passar a mão no local onde tinha acertado. Já estava pronta para lhe dar as costas e sair dali, quando os olhos cinza brilharam cheios de maldade.
- Entendo... prefere com mais intensidade então?- Draco perguntou. E sem dar tempo para resposta, segurou com força o braço dela, puxando-a para si, e beijando-a violentamente. Mione tentava resistir, se debatendo, enrijecendo os lábios, movimentando-se o quanto podia. Não era possível que ele, alguém que afirmava ter tanto nojo e desprezo por ela, estivesse escolhendo aquela maneira para irritá-la.
Draco, por sua vez, encerrava o beijo empurrando-a com violência. Hermione soltou um gemido de dor quando suas costas bateram em uma das prateleiras do escritório.
- Acho que está na hora de lhe ensinar como a namorada de um Malfoy deve se comportar, Granger... - ele falou, em um tom calmo, o olhar gélido.
Hermione, no entanto, tinha descido uma das mãos das costas para o bolso traseiro do jeans, retirando sua varinha e apontando para Draco.
- Não ouse me tocar de novo Malfoy! ... Eu... eu estou te avisando! -Dizia, ofegante. O contorno dos lábios rubros pela violência que Draco imprimira naquele beijo não correspondido.
- Uh! Uh! Uh! Que namorada mais perigosa essa minha, não?- ele pirraçou, fitando-a com um sorriso cínico nos lábios. - Vou adorar descobrir o que você tem de tão bom assim, Granger...
Draco retirou a própria varinha da calça e apontou para porta, lacrando-a magicamente, e para lareira, apagando o fogo. E, então, voltou a encará-la, sorrindo maldosamente. Tinha alguma coisa errada ali. Malfoy não só executara magia sem se preocupar em ser menor de idade e estar fora de Hogwarts, como nutria uma confiança fora do comum. Sonserinos não eram corajosos ao menos que possuíssem alguma vantagem bem podre sobre seus adversários. Ela engoliu seco.
- O que você.. o que acha que está fazendo?- Ela indagava num tom de voz rígido, frio, ainda que em seu inconsciente, estivesse tentando tomar cuidado com o que falava.
- Granger...- Draco começou, sorrindo de uma forma tão grotesca que seu rosto assemelhava-se a de um psicopata assassino- Por acaso, você se lembra qual lei bruxa foi aprovada pelo Ministério da Magia em 1214?
Hermione piscou repentinamente. Por que diabos ele queria falar em História da Magia enquanto a ameaçava?
- Claro que sei!- ela respondeu, prontamente, tentando não se intimidar com o serial killer que repentinamente surgira em sua frente. Seus olhos castanhos estavam atentos a Draco que se aproximava lentamente do gabinete do escritório- Em 1214, o Ministério da Magia decretou a proibição do "Feitiço de Impedimento de Magia" nas residências de bruxos.
-Nada mal, Granger!- Draco continuou, pegando a faca com o qual eles haviam selado o pacto- E o quê esse feitiço faz?
- Ele impedia a execução de magia por quem não tivesse o sangue da família do bruxo que executava o feitiço, a não ser, é claro, quando um membro da família permitisse – ela respondeu, sem pestanejar. Para então completar, para seu próprio terror- ... e confunde o Ministério quanto ao Rastro, possibilitando bruxos menores da família, ou os que tenham permissão para, realizar feitiços na casa...
- Exato. E o que faz pensar, Granger, que os Malfoys seriam tão politicamente corretos a ponto de obedecer essa lei?- Draco concluiu sorrindo com prazer ao constatar que os olhos castanhos de Hermione arregalaram, repletos de pavor - Incarcerous! - Ele dizia e da ponta de sua varinha surgiam cordas negras que prendiam firmemente as pernas de Hermione.
Ela cambaleou, mas não caiu, segurando-se na estante. Aproveitando a varinha na mão, sibilava "Finite Incantatem", apontando para os membros amarrados, implorando mentalmente, para que funcionasse, mas para seu desespero, nada acontecia. Olhou para Draco, sem conseguir esconder o nervosismo dessa vez. Estava literalmente atada.
- Então, Granger? Não era você que estava me ameçando agora pouco?- Draco desdenhou, soltando uma gargalhada fria e cruel- Incarcerous! -Ordenava, e novamente as cordas negras sugiram, dessa vez atando com força o pulso de Mione. Draco fez um movimento com a varinha, forçando os braços dela a se levantarem e ficarem acima de sua cabeça. Ela apenas o olhava, com determinação, sem esboçar reações contra as ironias e o sadismo dele. Preocupava-se mais em pensar aonde ele queria chegar e o que faria. Precisava sair dali. Chegava a pensar que estava correndo risco de vida, sozinha com aquele psicopata.
- O que é que você quer de mim, afinal?- ela perguntou, piscando os olhos repetidas vezes, embora não os desviassem do rosto de Malfoy. Estava querendo ganhar tempo.
- Eu já lhe respondi, Granger! Eu quero ver o que você tem de tão bom assim! Veritas!- Draco falou e Mione sentiu as cordas puxando-a para baixo, ávidas para grudarem no chão. Soltou um gemido quando suas costas bateram com violência no piso de mármore frio do escritório. A varinha que estava em sua mão caiu logo mais adiante de sua cabeça, e sem poder se mexer, apenas respirava com dificuldade, tentando não pensar em como suas costas doíam com aquela segunda pancada forte. Precisava de ajuda... ou ele certamente lhe mataria ali. Tossiu um pouco, sem tentar se mexer ou se machucaria mais.
- Mas que inferno Malfoy! O QUE É QUE VOCÊ QUER?- ela perguntava ríspida, mas seu tom de voz era fraco.
- É assustador não ter o santo Potter e o pobretão ruivo para lhe socorrer, não é Granger?- ele escarneceu, ameaçadoramente, aproximando-se de Mione e sentando-se ao lado dela- Mas, não se preocupe... eu não vou lhe fazer sofrer...- ele fez uma ligeira pausa, e acrescentou desagradável-... muito.
Os olhos castanhos de Hermione se arregalaram ao ver Draco retirar a faquinha da bainha e fazer um corte vertical em sua blusa branca, que ia da gola até a barra sem machucá-la, no entanto. De todas as coisas que estava imaginando que ia sofrer nas mãos de Draco, aquela era a que considerava menos provável.
- Ma... Malfoy... não!- ela pediu baixinho, sem conseguir conter um pânico puro e simples. Tentou um movimento com as mãos, mas fora inútil. Só agora percebera o quão vulnerável estava.
- Sabe Granger, quando o estupro é inevitável, você tem que relaxar e gozar!- ele brincou, cínico, enquanto abria a blusa de Mione, revelando o tronco despido dela. Ela meneava o rosto em negativo, cada vez mais deixando explícito que estava morrendo de medo; deixava cair miseravelmente aquela máscara de garota auto-suficiente e corajosa... Malfoy estava frente a frente com uma Hermione frágil, em pânico, sem chances.
-NÃO!- ela dizia de novo, alterando a voz ao ouvir a palavra "estupro". Ele não estava falando sério, estava?
- Belo sutiã!- ele elogiou, os olhos atentos no corpo dela, presos naquela peça íntima. Era simples, branca como a blusa, de algodão, com um ou outro adorno rosado. Mas não demorava muita, voltava a erguer a faca, cortando-o no centro, desnudando os seios redondos e firmes dela – Será que combina com sua calcinha?
- Malfoy... não... não faz isso... – Hermione pedia, na verdade suplicava, enquanto seus olhos enchiam de água ao ver que suas súplicas não estavam surtindo muito efeito. Draco parecia nem sequer ouví-la, divertindo-se sozinho. Deixava os olhos no recém descoberto tronco dela, observando-o por um segundo, antes de desabotoar a calça e descer o zíper, puxando-a para baixo sem muito cuidado. Terminado o trabalho parava novamente, para apreciar a obra que havia feito.
Hermione respirava com dificuldade, o toráx subindo e descendo freneticamente. Ela não dizia mais nada, embora as primeiras lágrimas começassem a rolar, ainda que ele tivesse parado. Como estava deitada, as lágrimas corriam para a direção das orelhas e morriam na raiz dos seus cabelos.
E por incrível que parecesse Draco não voltou a tocá-la. Ele a fitou, sua expressão de maníaco assassino se transformando em algo mais... humano. Esticou o braço e a tocou no rosto e enxugando as lágrimas dela; ele abria a boca para dizer algo, mas um barulho estranho, como se alguém tivesse aparatado no escritório, o fez olhar para o lado, assustado. Desesperada, Mione o acompanhou no movimento. Talvez aquele som fosse sua salvação. Mas, não era. Ao lado deles, havia surgido um elfo doméstico muito mais bizarro do que qualquer outro que ela conhecia, considerando Monstro nessa conta; sua pele era completamente queimada e ele parecia não possuir nenhum olho.
- Acabra cadabra, ratibum, um grifo voando, dois grifos no chão...- o elfo começou a cantarolar, ao mesmo tempo em que segurava as orelhas com força para baixo e balançava o tronco minúsculo para frente e para trás.
- Merda!- ele exclamou, embranquecendo. Hermione notava o mesmo pavor e medo que ela sentira a pouco sendo transferido para Draco. Ela poderia até ter escapado de um iminente estupro, mas com certeza, o que fizera Malfoy parar a ponto de transtorná-lo, deveria ser bem pior...


Mal feito feito

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Estrela Vespertina diz: Hey pessoal! Booom, primeiro, espero que todo mundo tenha gostado e aprovado o capítulo, e como hoje é minha vez de comentar a respeito dele, vamos lá!
Certo... primeiro de tudo sou obrigada a dizer que esse capítulo foi um bocado difícil de se escrever, e que o diga Charichu, que o estruturou primeiro, antes que eu pudesse colocar as mãos nele. E foi difícil porque modificamos e remodificamos algumas coisas.
Uma delas é o amor de Mione por Rony. Procuramos deixá-la nesse aspecto, mais parecida com a Mione do livro, que é louca pelo ruivo (que a propósito eu também sou... só não resisti ao charme de um certo loiro sonserino). Por isso ela fica tão desesperada com o berrador dele e toma a atitude drástica de ir até a Mansão Malfoy, tirar explicações do loiro folgado. Aliás, importante ressaltar que o nome da jornalista futriqueira é uma brincadeira com meu próprio nome verdadeiro e com a minha futura profissão, já que estudo jornalismo. (Idéia da Charichu, claro. ¬¬’ hauhauahahuauhauhauhahua)
Agora, sou obrigada a discordar com a minha queridíssima colega de trabalho e amiga-irmã Charichu. O que ocorreu entre Hermione e Draco neste capítulo nem de longe são cenas picantes e quem esperava por elas deve ter broxado. rs Bom... eu broxaria. Tudo bem que envolve contato físico... e que deixa clara a idéia de quanto nosso Malfoy é doentio quando quer... mas trata-se de um quase estupro né, então, por favor. u.u’ Foi uma cena bem difícil de escrever também e se Mione parece um pouco vaga de sentimentos e ações a culpa é minha. Não faço idéia do que pensaria, e falaria se acontecesse algo comigo... então optei pelo desespero, choro e fragilidade. Mas no fim... ela foi salva pelo elfo! (Viu como Mione tem motivos de sobras para defender os elfos? u.u’).
De qualquer maneira, Draco não só deu o ar da graça como da maldade e frieza sonserina nesse capítulo também! Ai ai... criamos um monstro! rs Tudo bem, tudo bem... nós (Leia-se Charichu) não somos tão malvadas assim. Próximo capítulo as coisas se amenizam... e daí em diante tudo fica entre o trágico e o cômico para desespero da nossa Mione! rs Não percam, hein!
Obs: Fan Fiction tem estado de TPM constante. Corta várias palavras e as vezes as coisas podem ficar sem sentido. Se notarem algum, erro, qualquer erro, por favor entrem em contato comigo ou com Charichu via e-mail. Aliás é justamente por conta dessa TPM que quem favorita a história deve receber tantos e-mails falando que postamos mil vezes o mesmo capítulo! E claro que nem sempre funciona, por isso a formatação do segundo capítulo ficou ruim. u.u Desculpe-nos o transtorno, pessoal. Ainda cogitamos a possibilidade de criar um novo login, mas obviamente avisaremos a todos vocês!

Charichu diz: Saudações, pessoal! É um prazer revê-los mais uma vez nessa fic. Hoje, eu responderei as review enquanto que Estrela ficará encarregada de contar sobre o capítulo

Pah Potter: Que bom que bom você continua nos acompanhando, mesmo em um site novo. Obrigada pelos elogios e nossas atualizações aqui serão semanalmente até que algum motivo de força maior nos impeça. Espero que tenha gostado do Capítulo!=*

Isabella Rodriguez: Postamos hoje!^^ Toda sexta feira tentaremos atualizar a fic. =*

Mariana_grif: Esse capítulo está maior que o anterior! Espero que tenha gostado! =***

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