Não pode ser...
Já estavam em janeiro, gelado e chuvoso. Logo, a vida de todos voltou ao normal: as aulas reiniciaram, as tarefas voltaram a ser dadas, os professores voltaram a exigir dos alunos. Tudo estava bem, bem demais. Perfeito demais. Nada poderia dar errado. Ou será que sim?
Alvo, Claire e Rosa estavam mais unidos do que nunca, até mesmo Tiago passou a participar mais da vida do irmão, da prima e da... Amiga. Tiago e Claire tornaram-se muito próximos, após o quase afogamento da garota. Essa proximidade “repentina”, aos olhos dos outros alunos, significava uma possível relação entre os dois. Porém, ambos negavam os rumores. Justificavam-se como apenas, nada mais do que amigos. Mas, tirando os comentários infortúnios, tudo estava bem. O tempo passava depressa. Rápido demais. Dois meses se passaram rápidos como balaços em um campo de quadribol. Era março. O mês mudara, o tempo continuava o mesmo: gélido. O aniversário de Claire Katherine Jones se aproximava. Era mais uma tarde fria. Precisamente, sete de março. Faltavam apenas cinco dias para a garota completar 12 anos. A penúltima aula do dia: Transfiguração. Foi solicitado a Claire que ela se dirigisse a sala da diretora. A menina estranhou, assim como Al e Rosa. Porém, ela obedeceu. As ultimas aulas transcorreram normalmente. Claire ainda não retornara. Alvo e Rosa ficaram a espera dela, no corredor da sala de Minerva McGonagall. Após, aproximados 15 minutos, avistaram a amiga. Ao se aproximarem, notaram os olhos azuis acinzentados da menina, banhados em lágrimas. Inchados, desiludidos. Antes que pudessem perguntar o que havia acontecido, ela saiu correndo. Ambos a seguiram, porém a perderam de vista. Claire corria assim como as lágrimas percorriam suas lindas feições. Como aquilo pudera acontecer? Por quê? Já não podia enxergar, pois as lágrimas faziam com que isso não fosse possível. Ao dar-se por si, estava sob uma arvore coberta por neve, chorando descontroladamente, na escuridão da recente noite. Medo de estar sozinha no escuro? Não, ela não tinha. Mergulhara numa profunda dor, que ninguém saberia como traze-la de volta. Não sabia o que pensar, não sabia o que fazer.
Enquanto isso, próximo dali, estavam Alvo e Rosa, desesperados à procura da amiga. Nunca haviam a visto chorar assim. Nunca haviam visto aqueles olhos azuis tão desiludidos, tão tristes. Mas, afinal o que acontecera? O que a diretora lhe comunicara que a fizera ficar tão magoada assim? Teria ela sido expulsa de Hogwarts? Al balançou a cabeça negativamente, tentando espantar aqueles pensamentos horríveis. Estava tão distraído que não percebeu ao trombar com irmão. Tiago percebeu a aflição no rosto do moreno, e perguntou o que havia ocorrido. Al contou que Claire sumira, e chorava muito. Tiago juntou-se a busca da amiga. Os três resolveram avisar a Jade Lovegood e Karen Patil o que houvera, e as duas, que prezavam muito a companheira de quarto, foram auxiliar na procura. Jade apresentou a possibilidade de a garota estar nos jardins. O único lugar onde não haviam procurado. Correram o mais rápido que podiam. E lá estava Claire, abaixo de uma frondosa arvore coberta por neve gélida. Os amigos a acolheram, e a cobriram com cachecóis, e casacos. A levaram para o Salão Comunal. Jade e Karen se retiraram, deixando apenas os quatro amigos. Tiago, Rosa e Al exasperados, esperando alguma explicação sobre tudo aquilo. O rosto de Claire estava marcado pelas lágrimas. Porém, ela não mais chorava. Após alguns minutos, a menina recuperou a voz, e começou entre soluços:
- A diretora McGonagall... Ela me disse que o avião... Em que os meus irmãos estavam... Caiu... Hailey e Tom mor... Morreram... – E as lágrimas voltaram a cair de seus olhos. Os três primos arregalaram os olhos. Não era possível. Como? A menina a frente deles, chorava como nunca chorara antes. Surreal. Impossível. Não era possível imaginar um garoto de 13 anos, e uma jovem de 19... Mortos. Ainda mais os irmãos de Claire. Aqueles que ela tanto amava aqueles que ela tanto falava aqueles que ela tanto admirava. Rosa abraçara a amiga, e agora chorava com ela. Tiago permanecia chorando silenciosamente, e Al, deixava as lágrimas deslizarem livremente por seu rosto. Por tal motivo, não tinha vergonha nenhuma de chorar. Após muitas lágrimas derramadas, subiram todos para seus devidos dormitórios. Claire adormeceu rapidamente, e Rosa ficou sentada à beira da cama da amiga, chorando silenciosamente por ela, rezando para que tudo aquilo fosse mentira.
Uma garotinha de uns 8 anos corria ao pôr-do-sol, em um belo jardim. Uma jovem de aproximadamente, 16 anos, corria atrás da menina. Quando a mais velha a alcançava, a abraçava pela cintura. As duas cruzavam e davam as mãos, e giravam, rindo, se divertindo intensamente. Até que a ausência de equilíbrio tornava-se mais forte, e as duas caíram no chão, gargalhando gostosamente. Um garoto de cabelos muito negros e olhos quase verdes, uns dois anos mais velho do que a garotinha, adentrou o jardim, caçoando das duas dizendo que eram infantis. Elas riram do comentário, e o chamaram para se juntar a elas. Ele não hesitou por nenhum segundo. Juntou-se às duas meninas. Próximo àquele jardim, havia um piscina cristalina. A noite caíra, porém os três continuavam a correr, e rir. Não haviam nem ao menos percebido que escurecera.
O garoto, ‘acidentalmente’, empurrou a garota mais velha na piscina. Ela achou tudo aquilo engraçado, e pediu que o menino, ao menos a ajudasse a sair. Ele lhe ofereceu a mão, ela a agarrou e o puxou para água também. A menininha apenas assistia a cena, rindo de tudo. Os dois dentro da piscina, a olharam cúmplices, e iniciaram uma guerra d’água. A pequena menina já toda molhada, devido, a ‘pequena’ guerra de água, resolveu juntar-se aos dois irmãos, e pulou, de roupa mesmo. Ficaram ali, até os pais perceberem os três filhos na piscina, em uma hora daquelas. Os dois mandaram que saíssem. Todos obedeceram. A mãe de cabelos negros segurou os risos, e o marido, a olhou com um olhar de repreensão e divertimento.
Aqueles momentos, nunca sairiam das lembranças daquela garotinha.
Claire acordou assustada. Daquele sonho real. Despertou daquelas lembranças. Lembrou-se do ocorrido. Recorreu às lágrimas novamente, e Rosa, ao ouvir seus soluços, levantou e foi até a cama da amiga consola-la. Abraçou-a fortemente, e juntou-se as lágrimas de angustia e tristeza de Claire Jones.
O dia seguinte amanheceu mais frio. Nevava mais. O tempo transmitia a tristeza de alguns moradores do castelo. Naquela manhã, Claire acordou com marcas de lágrimas no rosto. Havia profundas olheiras sob seus olhos. Olhos azuis que se tornaram frios, desiludidos, tristes. Rosa também acordara com olheiras. Passara a noite inteira com a amiga. Chorando incansavelmente ao seu lado, a consolando como melhor podia.
As duas vestiram o uniforme da escola, e desceram, para o Salão Comunal, onde encontraram Alvo e Tiago. Ambos perceberam que o brilho nos olhos da amiga sumira. Desaparecera junto com seu sorriso inigualável. Em silencio profundo, caminharam até o Salão Principal. Os outros estudantes, ao perceberem a aproximação de Claire, permaneceram em silencio, em respeito a ela. Mal a menina sentara, e McGonagall vinha em sua direção. Ela comunicou a Claire, em tom baixo, para que só ela e os três amigos a volta ouvissem, que seus pais estavam a caminho para leva-la para casa, e para que Claire pudesse participar do velório dos irmãos. Ao ouvir, o nome dos irmãos, lágrimas desceram por seu rosto novamente. McGonagall levou a menina para a enfermaria, e lá ela ficaria esperando a chegada dos pais. Madame Madison providenciou um chá para a garota, que o recusou. A enfermeira insistiu, e ela acabou aceitando.
Enquanto na aula de Feitiços, Alvo e Rosa não conseguiam ouvir uma palavra que o professor dizia. Como estaria Claire agora? O quanto mais ela teria de sofrer? As palavras da amiga ecoavam em suas cabeças... Dali quatro dias seria o aniversário dela. Como poderiam comemorar? Não iriam, não podiam, em respeito à própria Claire. Como ela iria se sentir comemorando seu aniversário se acabara de perder aqueles que tanto amava? As coisas só poderiam ir de mal a pior.
Após algumas horas de espera, Madame Madison anunciou que seus pais haviam chegado. Claire não pode esperar os pais chegarem até a enfermaria. Precisava deles mais do que tudo. Precisava abraçá-los, e ouvir ambos dizerem que tudo iria ficar bem e que aquilo não era verdade, apenas uma ilusão. Afinal, o que significava ilusão naquele momento? Acreditar que os irmãos estariam também com os pais? Talvez. Corria e as lágrimas caiam mais uma vez por sua face. Era hora do intervalo. Os alunos estavam nos corredores, e poucos do lado exterior. Susan e Keith Jones caminhavam lentamente pela neve. Ao verem a filha se aproximar, correram ao seu encontro. A abraçaram fortemente, como se prometessem desde aquele momento que nada de ruim deixariam acontecer com ela. Susan chorava incansável e descontroladamente, como a filha que abraçava. Keith mostrava-se um pouco mais controlado. Porém, não conseguia esconder a dor. Alvo, Rosa e Tiago avistaram aquela cena. Os demais alunos, que estavam do lado exterior do castelo, fizeram silencio, em respeito à família. Claire dizia, entre lágrimas marcantes:
- Mãe, diz que é tudo mentira! Diz que não é verdade! Por favor! – A mãe em resposta, sofria mais com as frases da filha. Chorava tanto. Não conseguia falar. Claire murmurou “Hay... Tom... Não”. Alguns estudantes cederam às lágrimas também. Inclusive Al, Rosa e Tiago. A diretora McGonagall intercedeu, e pediu que os Jones a acompanhassem até sua sala. Os três o fizeram. A sineta bateu. Hora de voltar para aula. A família que sofrera a perda tão grande embarcou em um trem, e voltaram para casa. Foram prestar as últimas homenagens aos entes queridos.
Toda Hogwarts já sabia da morte dos irmãos de Claire. Todos aqueles próximos a menina, tomaram a dor da amiga como suas, e igualmente, sofreram. Sofreram pela imensa perda. Sofreram pelo o que Claire passava, pelo o que ela sentia. Os três melhores amigos de Claire, querendo noticias dela, mas ela não mandara carta alguma. Resolveram não mandar uma, pedindo explicações. Já seria difícil retornar, e aqueles que não se importavam com os sentimentos da garota, fazerem perguntas inconvenientes. Resolveram respeitar o espaço dela. Decidiram dar um tempo para que ela pudesse assimilar os fatos, aceitar o ocorrido, e talvez algum dia: Superar.
A família Jones sofria intensamente com a perda de Hailey e Thomas. Não havia um dia em que Claire não chorasse, ou fosse ao quarto antigo dos irmãos, do jeito que eles haviam deixado deitar em suas camas, sentir o perfume que nunca mais sentiria novamente. O mais difícil de suportar, foi o enterro. Quando todos prestaram as devidas homenagens, depositaram as flores, Claire deitou-se sobre elas (flores), deixou as lágrimas escorrerem por entre as pétalas de um lírio. Ela disse em tom baixo, como se os irmãos pudessem ouvir:
- Prometem que sempre estarão comigo? Por favor? Onde quer que eu esteja? - Ela não conseguia controlar a explosão de sentimento, de dor. Continuou a falar: - Por quê? Por que vocês me deixaram? Por quê? Por favor! Fiquem comigo!
Os pais sofriam com a perda dos filhos, e sofriam pela agora, sua única filha. Quanto mais ela poderia suportar aquilo tudo? Até quando? Não seria fácil. Ela completaria 12 anos dali quatro, apenas quatro dias. Estavam os três Jones jantando, dois lugares não estavam ocupados. Dava uma sensação de vazio. Claire evitava olhar para as cadeiras não ocupadas. Pois se as olhasse, sofreria. Choraria novamente. O pai começou a aflar, na tentativa de ser o mais delicado possível:
- Querida – Ele pigarreou e continuou – Você vai fazer 12 anos, daqui quatro dias. O que quer de presente?
- Meus irmãos de volta...
O silencio reinou na sala de jantar. O pai, pareceu constrangido. Delicadamente, falou novamente:
- Não podemos lhe dar isso, filha... Mas, o que você gostaria...
- Pai, agradeço o oferecimento... Mas, eu não quero nada. Com licença, eu vou dormir.
Dizendo isso, a menina arrastou a cadeira para trás, e deixou a mesa. A mãe olhou o esposo tristemente. Claire se dirigiu ao quarto da irmã, pois passara à tarde no do irmão. Deitou-se na cama dela, sobre o edredom florido por orquídeas rosa-claro. Próxima à cama, encontrava-se uma escrivaninha, com um caderno e uma caneta lilás, sobre ela. A menina sentou-se na cadeira enfrente a escrivaninha. Em cima da mesma, havia também, uma foto: Hailey, que na foto estava em seus 16 anos, os cabelos castanhos com mechas claras longos, caiam-lhe sobre os ombros e suas costas. Ela abraçava uma garotinha de apenas 8 anos, muito semelhante a ela. A única diferença, é que os olhos da pequena eram azuis. Ao lado das duas meninas, havia Thomas, um garoto de cabelos negros e olhos cor-de-mel. Os três sorriam. Claire não resistiu às lágrimas. Pensava o quanto sentiria saudades deles, o quanto sofria por eles naquele momento. Forçava-se a pensar: “Eles estão em um lugar melhor agora... Sei que estão...” Mas como poderiam estar bem, se estavam longe, muito longe dali? É como se Hailey e Thomas fossem para a Califórnia e nunca mais voltassem? Não. Era diferente.
Uma mescla de brisa e neve entrou pela porta da varanda aberta, fazendo com que as cortinas transparentes esvoaçassem. As portas se fecharam com um estrondo, que fez com que Claire “acordasse” de seus pensamentos. As lágrimas quentes continuaram a rolar por seu rosto. Ela se levantou da cadeira macia. Andou até as portas da varanda, encostou-se nelas. Deslizou as costas pelo o vidro, e pelas cortinas de seda transparente. Sentou-se no chão gélido. Cobriu a face com as mãos, e voltou a chorar dolorosamente. Quanto mais teria de chorar? De repente, levantou a cabeça. Sentira a presença de algo. Um arrepio percorreu todo seu corpo. Deitou a cabeça sobre os joelhos, e retornou às lágrimas. Fechou os olhos. Sentiu um calor reconfortante. Algo ou alguém acariciava seu rosto delicadamente. E como se sentia bem ao sentir aquelas carícias. As vozes em sua cabeça se misturavam, a confundiam. Depois, fundiram-se em apenas uma, que lhe dizia que tudo que tudo estava bem, que tudo terminaria bem. Ao abrir os olhos, não havia ninguém ali, a não ser ela. Levantou-se do chão, e deitou na cama. Sem vestir o pijama, dormiu com a “roupa do corpo”. Keith e Susan perceberam Claire no quarto da irmã. A mãe a cobriu com um cobertor quente, carinhosamente, e saiu. O pai permaneceu. Ficou a observá-la. Como ela se parecia com Hailey. Estava a beira de lágrimas, e então, encostando a porta do quarto, saiu, deixando-a descansar.
Em Hogwarts, o clima entre os três primos e outros amigos de Claire era tenso, e triste. Queriam apenas uma noticia. Qualquer que fosse. Al, Tiago e Rosa, já haviam comunicado o ocorrido à família por carta. Todos ficaram muito chocados. Tristes com a ruim noticia.
Longe dali, Claire acordava com a claridade do inicio do dia. Colocou o roupão branco sobre a roupa. Enfiou os pés nas pantufas lilás. Desceu as escadas, sem animo algum. Foi até a cozinha, e percebeu que seus pais não haviam acordado ainda. Caminhou até o fim do longo corredor, e entrou na ultima sala. Nela, havia dois violões, e um piano negro. Seu irmão, Tom sabia tocar violão muito bem, pois tivera aulas desde os 9 anos. Já Hailey, aprendera a tocar piano. O irmão ensinara a Claire alguns acordes, por tal motivo, ela sabia tocar algo. Naquela sala, onde se divertira tanto com Hay e Tom... Onde inventaram músicas malucas, e onde deram tantas risadas. A menina deixou uma lágrima escorrer por seu rosto, porém, a enxugou rapidamente. Não queria chorar mais. Era quase que inevitável, mas ela tinha de aceitar. Tinha de superar... Sentou-se no banquinho, onde tom costumava sentar, quando começava a escrever uma de suas musicas. Ela olhou para um caderno, o qual reconheceu a caligrafia do irmão. Ele escrevera o título de uma musica, que provavelmente, Tom planejara escrever. Estava escrito: Slipped Away. Não havia continuação, nada. Abaixo do titulo haviam alguns rabiscos, e alguns acordes escritos. Claire pegou o violão, trançou os cabelos para que não lhe atrapalhassem. Tentou fazer alguns acordes. No inicio, nada conseguia. Não conseguia se concentrar. Apenas pensava: onde estaria Tom agora? E Hailey? Não pôde evitar chorar novamente. As lágrimas caiam sobre o violão. Pegou o caderno do irmão, entre lágrimas, e continuou o que o irmão iria escrever. Escrever o que sentia, extravasar os sentimentos através de uma musica? Nunca o havia feito antes. Mas o que importava agora? Pegou a caneta, que estava em cima do piano, e começou. As lágrimas caiam sobre a folha do caderno, borrando algumas palavras que ela escrevera, mas Claire Jones não se importava.
Susan levantou e foi ver como estava a filha. Não a encontrara em nenhum do quartos. Desesperada, acordou o marido, para ajudar na procura. Não estava na cozinha, e em nenhuma das salas. O silencio reinou entre o casal, e só eram ouvidas as respirações aceleradas. Aquele silencio permitiu, que os dois ouvissem algum tipo de som; que vinha da ultima sala do corredor. Aproximaram-se, e podiam ouvir a voz da filha:
“I miss you
Eu sinto sua falta
Miss is so bad
Sinto muito sua falta
I don’t forget you
Eu não esqueço você
Oh it’s so sad
Oh é tão triste
I hope you can hear me
Eu espero que possa me ouvir
Cause I remember it clearly
Porque eu me lembro claramente
The day that you slipped away
O dia que você escapou
Was the day I found it won’t be the same
Eu descobri que não seria o mesmo
I didn’t get around to kiss you
Eu não encontrei a ocasião para dar um beijo
Goodbye on my hand
De despedida na mão
I wish that I could see you again
Eu gostaria de poder ver você novamente
I know that I can’t
Eu sei que não posso
I’ve had my wake up
Eu acordei
Won’t you wake up
Você não irá acordar?
I keep asking why
Eu fico me perguntando por que
And I can’t take it
E eu não posso agüentar isso
It wasn’t a fake it
Não era fingimento
It happened you passed by…
Aconteceu e você se foi...”
Susan deixava com que as lágrimas rolassem livremente por seu rosto, emocionada pelo que a filha cantara, triste pela grande perda que sofrera. Keith tentava controlar-se, porém era quase inevitável. O casal abriu a porta encostada, e abraçaram a filha. Claire chorava... O que seria dela sem Hailey e Thomas Jones? Como sentiria falta...
Chegara o dia de seu aniversário, 12 de março. Os pais lhe presentearam com uma foto atual dela, de Hailey, e Thomas. Era grande, e Claire a pendurou na parede de seus quarto. Ela agradeceu incansavelmente a eles. Fora o melhor presente que poderia ganhar. Recebera também cartas dos amigos, e isso fizera com que um fraco sorriso surgisse em seu belo rosto. Claire Katherine Jones decidiu que não poderia mais ficar em casa. Uma hora ou outra teria de retornar a escola e enfrentar tudo aquilo. Teria de suportar... De aceitar, quem sabe. Ela decidiu que seria forte, e poderia sobreviver a tudo aquilo. A menina lembrou-se do momento em que estava no quarto de Hailey, e sentira aquele calor reconfortante, e aquelas carícias delicadas em seu rosto. Nunca poderia esquecer da voz de Hailey dizer em sua cabeça “Tudo está bem. Tudo terminará bem.” Nunca esqueceria do toque de Thomas.
Os momentos que passara com os irmãos estariam para todo o sempre em sua memória e nada nem ninguém poderia apagá-los. Ela embarcara no trem de volta para Hogwarts, despedira-se dos pais carinhosamente, e prometeu escrever a eles toda semana. Será que por tudo que passara, a tornara mais forte?
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