Quem é Você



A semana passou rápido. Lily não voltou a agir estranha e Paola parou de interroga-la sobre o ocorrido na primeira aula do ano. Gina, por outro lado, se afastou cada vez mais das amigas e frequentemente era vista escrevendo no diário.
Quinta-feira a noite, as três conversam no salão com um menino de sua classe, Colin Creevey.
-Eu não gosto de história da magia - disse Colin.
-É, o Bins é o maior chato!
-Ele está aqui dês de antes de eu estudar aqui - todos os três olharam para Lily.
-Er... eu quiz dizer, antes que meu pai estusse aqui.
-Ah, eu tirei uma foto do Bins atravessando o quadro negro, querem ver?
-Claro! - exclamou Paola discretamente irônica. Colin se levantou e foi correndo para o dormitório dele buscar a foto - Vai, agora se esconde antes que ele volte!
-Tadinho! - riu Lily.
-Ai, Li, ele é muito chatinho.
-Concordo, Lola, mas fugir dele só por fugir é muita maldade...
-É, isso não fez muito sentido... Se vocês não vão, eu vou, tenho que terminar umas lições...
-E você, Gina? - perguntou Lily.
-Hum?
-Não falou nada até agora.
-Ahm... Olha, é o meu irmão! - disse Gina apontando para um menino de cabelos ruivos sentado em um sofá com dois amigos - Vem cá...
As duas foram até o menino ruivo e seus amigos.
-Li, esse é meu irmão Rony - apresentava Gina - e os amigos dele, Hermione e Harr...
A voz de Gina morreu quando seu olhar encontrou o de Harry Potter...
-Ah... - Lily olhou para Harry e desmaiou com uma breve exclamação.
-Mais uma pro fãn clube do Harry! - brincou Rony, confuso.
-Não tem graça, Rony! - reeprendeu Hermione.
-Vamos, a gente tem que levar ela para a ala hospitalar - disse Harry.
-Ai! Aquilo é sangue? - as mãos de Gina tremiam e sua voz estava falhando.
-É, parece que ela bateu a cabeça.


Paola acordou cansada na sexta-feira. Ela nem sabia o porquê, fora deitar cedo no dia anterior.
Ela levantou, Gina e as gêmeas Shefield ainda dormiam, a cama de Lily, porém, estava vazia e arrumada.
"Estranho - pensou - Lily nunca arruma a cama tão de manhã. Só quando vem pegar a mochila."
Paola não vira nenhuma das meninas chegar, adormeceu antes. Será que Lily já havia acordado ou sequer fora dormir aquela noite? Sua mochila ainda estava lá, ao lado do criado-mudo.
Paola se arrumou e colocou o uniforme, desceu para tomar café mas também não encontrou Lily em parte alguma por onde passou a caminho do salão principal. Mas era melhor assim. Queria ficar um pouco sozinha. A garota teve um sonho estranho aquela noite, sonhou com seus pais. Ela nunca viu os pais, mas os conhecia por fotos, as fotos, porém, não falavam, e apesar de demontrar que amavam ela não podiam falar palavras reconfortantes. Paola sentia falta disso. Mas não foi só o fato de sonhar com os pais que deixou a menina tão pensativa, havia mais alguém no sonho além de seus pais, havia Lily, no sonho, Lily se apresentou como Lily Evans, por algum motivo, isso lembrava à Paola de Harry Potter.
Paola terminou de tomar seu café com leite, comeu torradas com geléia e depois foi passear perto do Lago Negro. Ainda estava cedo e as aulas só começariam dentro de duas horas.
Caminhando distraida por entre as árvores a beira do lago, Paola estava calma e relaxada. Começou a pensar nas coisas da vida, pensava em seu sonho, lembrou de Lily em seu sonho, pensou no sobrenome que a amiga disse ter, Evans, um nome bonito, lembrava da história de Adão e Eva. O fruto proibido era uma maçã, por coencidência ela passava agora por uma macieira. Paola olhou para as frutas distraida e continuou andando, olhando para o topo da árvore, quando trombou com um menino.
-Ai, me desculpe! -começou Paola - Estava distraida pensando em coisas sem sentido... - ela mordeu o dedo, fez uma cara de "eu sou uma lezada!". O garoto sorriu.
-Não se preocupe. Eu também não prestei atenção.
Paola ficou encantada com o garoto, ele devia ter uns treze anos, usava o uniforme da Corvinal, não era a coisa mais linda do mundo, mais até que era bonitinho, e tinha um charme de galã e um ar rebelde que deixaram a garota de boca aberta.
-Posso te acompanhar? - ele ofereceu o braço para Paola, ela aceitou e eles foram andando pelo extenso jardim de Hogwarts.
-Você parece um pouco preocupada, Srtª...
-Redford. Mas me chame de Paola.
-Paola. Parece um pouco preocupada. O que aconteceu?
-Bem, minhas amigas são estranhas, eu conheço elas de domingo, e já estou preocupada com as duas, Sr...
-Michel Patrik, me chame de Mike - ele deu uma piscada cheia de significados - Mas o que têm feito suas amigas que te deixaram assim.
A garota exitou por um momento.
-Ah, esquece, eu sou um idiota. Você não vai ficar contando da sua vida e das suas amigas prum carinha do terceiro ano da Corvinal que você conhece faz uns dois minutos.
-Não, tudo bem, magina.
O ponto fraco de Paola era confiar nas pessoas e as tratar como conhecidos de longa data logo segundos depois de conhece-los.
-É que uma, a Lily...
Paola contou tudo sobre o comportamento estranho de Lily e Gina para o tal de Mike. Ele ouviu tudo com muito interece e atenção, ou pelo menos ele prestou atenção nos lábios, olhos e cabelos de Paola.
-Suas amigas estão com medo de alguma coisa. Me arriscaria a dizer que estão apaixonadas.
-Você acha que é só isso?
-É - falou ele com simplicidade.
-Já está quase na hora da aula, é melhor a gente ir.
-Também acho, então... tchau.
Ele deu um beijo na bochecha de Paola, que planejava ir correndo pegar as coisas no dormitório e acabou ficando pregada no chão com um sorriso bobo pregado na cara que pregava na sua testa um plaquinha dizendo: "APAIXONADA".
"Triiiimm!!!"
O sinal da primeria aula tirou Paola de seu transe. Ela correu para o sétimo andar para pegar a bolsa "Que mania boba só de pegar a bolsa depois do café!" pensou ela.
Ela pegou a mochila correndo, mas demorou tempo o suficiente para ver que o material de Lily ainda se encontrava ali. Ela estava a caminho da aula de transfiguração, mas estava tão preocupada que se esqueceu de pular o degrau falso.
Com o susto de pisar num buraco seu coração disparou, seu pé esquerdo prendeu no degrau enquanto seu corpo ia para frente, enquanto caia da escada ela pode sentir em câmera lenta seu tornozelo quebrar.
Por sorte, nesse momento passava por perto o fantasma da Grifinória, Sir Nicolas de Mismy-Porpington, ou melhor, Nick Quase-Sem-Cabeça.
-Paola, você está bem? - perguntou o fantasma com ar de preocupação.
-Nick, eu acho... Acho que quebrei o tornozelo - seus olhos se enchiam de lágrimas, a dor era insuportável.
-Vou chamar Madame Pomfrey.
Madame Pomfrey chegou acompanhada de Nick depois de penosos dois minutos. Ela conjurou uma maca e levou a menina até a enfermaria. Com apenas um feitiço simples a dor passou. No tornozelo ela podia sentir os ossos voltarem ao lugar e se reconstituirem muito rápido.
Paola olhou para a cama ao lado e se assustou ao ver Lily, aparentemente desmaiada.
-Lily?! O que aconteceu com ela?
-Bateu a cabeça, desmaiou - respondeu Madame Pomfrey impaciente - agora descanse para poder ir à próxima aula.
Foi uma hora onde Paola aproveitou cada segundo para dormir mais um pouco.
Dez minutos antes da proxima aula, Paola acordou com Lily chamando.
-Lola?
-Hum.
-Looolaaa?
-Que é?
-Vai pra aula logo!
-Ah é! Obrigada, Li... Você não vem?
-Acabei de acordar, Madame Pomfrey disse que só me libera na hora almoço.
-O que aconteceu que você desmaiou?
-Vai logo, menina, você está atrazada!
Paola pegou o material e foi para a aula.

Na hora do almoço, Lily desceu animada para o salão principal e encontrou a amiga almoçando sozinha.
-Oiê!
-Oi, e aí? Me conta, o que aconteceu?
-Nada de demais, eu caí e bati a cabeça, só isso.
-Só isso mesmo?
-É. Mas, e você? O que aconteceu?
Paola abriu um sorriso "tenho 32 dentes", começou a contar detalhe por detalhe, quando acordou, o sonho, o Mike, só omitiu a parte de Lily ter se apresentado como"Evans" no sonho.
Lily ficou radiante com a historia de Michel.
-Ele ficou afim de você!
-Magina, Li.
-E se você tá assim é porque você está afim dele também!
-Besteira, é claro que não.
-Então porque você está vermelha? Homenagem pra Grifinória?
-Paola, que estava muito corada, ficou ainda mais vermelha que o símbolo da Grifinória.
-Só... Se for outra coisa...
-Que é agora? Ah, Lily, nem inventa.
-Você está apaixonada!
-Ah, Lil, isso é ridículo, ninguém se apaixona tão rápido...
-Cuidado, quando a gente astá apaixonado e fica negando o sentimento acaba confundindo os outros sentimentos - ela ficou com uma carinha triste e pensativa - e acaba com a pessoa errada...
Paola olhou desconfiada.
-Já casou com alguém por acaso, espertinha?
-Quê? Não.
Paola continuou desconfiada.
-Sabe o que o Mike me disse? - começou Paola um sorriso maroto - Que você é Gina estão agindo estranhas assim porque, provalmente, estão apaixonadas.
Lily riu e fez cara de malícia.
-Talvéz...
Paola engasgou com o suco de abóbora. Olhou com curiosidade para Lily com um sorriso boquiaberto.
-Quem é?
-Não posso te falar.
-Eu conheço?
-Aham - concordou Lily encheu a boca de frango xadres.
-Quanto tempo?
Lily olhou para Paola como se ela tivesse falado uma coisa muito linda.
-Mais tempo do que você jamais sonharia - disse sonhadora.
-Eu só queria saber quem é.
-Tudo em seu tempo...
Elas se seviram de pudim [N/A: é, eu sou feliz de mais para resistir] e depois de comer foram até as masmorras para a segunda aula de poções do ano.
As meninas sentaram no chão em frente a porta de sala. Ainda faltavam dez minutos para a aula e os alunos ainda não estavam vindo.
As duas conversavam quando a porta da sala de poções abriu de repente, prof. Snape viu as duas meninas sentadas no chão. Elas levaram um susto com a porta e tinham o coração na mão naquele momento. Snape observou com frieza as garotas se acalmarem. Paola havia acabado de puxar assunto sobre histórias de terror, as masmorras eram um cenário perfeito.
Lily levantou os olhos para o professor, ele estava a olhando, desviou o olhar para Paola imediatamente.
-Se as senhoritas já estão em condições de assistir as aulas eu recomendaria que se levantassem e entrassem.
Ele se virou e entrou na sala, seguido das garotas e outros alunos que iam chegando nesse instante.
Elas se sentaram em seus lugares. Paola temia que o comportamento de Lily na primeira aula pudesse se repitir. Ela estava pensando em um motivo para esse comportamento, mas, não. Não podia ser isso... Isso seria ridículo...
Lily, ao contrário do que Paola temia, não agia como da primeira vez, como se temesse alguma coisa. Dessa vez ela não com medo, mas com frieza. Gina parecia não perceber. Aliás, Gina não percebendo nada, nem que a poção dela estava rosa ao invéz de verde-musgo.
-Gina?
-Hum?
-Sua poção está verde-musgo, parabéns! - disse Paola ironicamente testando a amiga.
-Obrigada - respondeu Gina com simplicidade.
-Gina, sua poção está rosa!
-É...
-Você tá bem?
-É...
-Gi?
-É...
-Evanesco! - Lily sumiu com a poção de Gina com a varinha.
-Por quê? - exclamou a ruiva indignada.
-Tava rosa!
-Tava? - murmurou ela mordendo o lábio.
-É melhor fazer de novo antes que o professor venha. E dessa vez faça direito!
-O que aconteceu com a sua poção, Senhorita Weasley - disse a voz gelada de Snape.
-Ela fez errado e eu vou ajudar ela a corrigir a poção porque a minha ficou correta.
Toda a classe surpreendeu-se com a voz fria, cortante e ameaçadora que saiu de Lily.
-A classe prendeu a respiração enquanto Snape caminhou até ela lentamente. Ela porém, não demonstrava sinal de medo, apenas a frieza de segundos atráz.
-Senhorita Rampton?
-Me chame de Lily - falou ela com firmesa e segurança. Snape olhou para ela tentando desfarçar a surpresa. Os olhos verdes profundos de Lily brilharam intensamente quando eles se entreolhearam. Os colegas de Lily observavam a cena boquiabertos. Era óbvio que ninguém havia enfrentado o professor daquela maneira. Os olhos de ambos pareciam soltar faiscas, mas os olhos de Snape não podiam suportar mais o verde vivo que parecia queima-lo por dentro. Ele voltou a andar.
-Senhorita Rampton, -insistiu ele ignorando o pedido de Lily - a senhorita percebeu que eu falei com a senhorita Weasley, e não com você?
-Percebi, mas você faz questão de meter medo nos seus alunos a ponto de impedir a grande maioria de falar na sua frente! - retrucou a garota indiferente.
-Quando for falar comigo se refira a mim como "senhor" ou "professor", senhorita Rampton.
Ela bufou.
-Algum problema, senhorita Rampton?
-É, tem muitos problemas.
-Imagino que possa deixa-los para o final da aula?
-É, posso.
Eles voltaram a se encarar, desta vez ambos com raiva estampada no olhar. Os alunos não podiam entender como Snape não simplesmente dava uma detenção para a garota abusada, ou expulsava ela da sala. Mas estavam todos achando a aula impresionante.
Os olhares de Snape e Lily estavam muitos mais além nesse instante, Snape tentava penetrar na mente da garota, que repelia as tentativas apenas com a expressão do rosto. Doía tentar penetrar na garota que deixava cada vez mais dúvidas.
A aula se passou com frequêntes trocas de olhares dos dois. No fim da aula, mais uma vez, Lily ficou esperando ficar sozinha com Snape, mas desta vez ela nem disfarçou que era exatamente isso que ela pretendia parada sentada na cadeira sem tirar os olhos irritados dele.
-Li...
-Depois a gente se fala, Paola - cortou Lily ainda com os olhos pregados em Snape.
Quando todos sairam ela se levantou e foi até a mesa dele, onde Snape estava sentado.
-Aquela foi a última vez que você me fez chorar, Snape.
-O que? - perguntou Snape, confuso.
-Eu pensei que você, acima de todos os outros, me reconheceria facilmente. Você me fez chorar depois de voltar para você. Eu cheguei com a intenção de perdoar seus erros e pedir perdão pelos meus, posso ver que foi inútil...
-Lily... - sussurrou ele, estava pálido e ficava cada vez mais pálido. Não podia ser verdade, podia? A garota ia andando em direção a porta, mas ao ouvir pronunciar seu nome, ela sorriu e parou de andar.
-Lily, você... - Snape mal podia produzir qualquer som. Lily ignorou suas palavras de "última vez", seus olhos mais uma vez se enchiam de lágrimas, porém seu sorriso se mostrava persistente. Ela se recusava a virar de frente para Snape.
-Você... Isso não pode ser real. Quem você pensa que é?
O sorriso ainda relutante de sair começou a se desfazer. Ela chorava cada vez mais. Ela se virou de repente e foi até a mesa onde Snape estava sentado com os olhos faiscando por tráz das grossas e delicadas lágrimas. A fúria que estava escondida até o momento saiu numa rápida explosão, o grito.
-Quem eu penso que sou? QUE EU PENSO QUE SOU? EU NÃO PRESCISO PENSAR QUE SOU ALGUÉM. EU SEI MUITO BEM QUEM EU SOU. SUAS PALAVRAS ME OFENDEM! EU JUREI PARA MIM MESMA QUE NUNCA MAIS DERRAMARIA LÁGRIMAS POR VOCÊ. VOCÊ NÃO VALE O PREÇO DA MINHA DOR!
Agora os olhos verdes da garota encaravam os olhos negros do professor sem medo, dor, alegria... E, pela primeira vez, as lágrimas que rolavam pelo rosto de Lily estavam prestes a cair também dos olhos de Snape.
-Então quem é você? Isso não pode acontecer, não pode ser verdade.
Ela secou com agressividade a água que insistia cair de seus olhos, toda a alegria, raiva, rancor, tristeza e principalmente dor estavam condensados em apenas umas gotas de água.
-Eu - começou ela com a voz dura e cheia de dor - sou Lily Evans.
-Eu - começou ela com a voz dura e cheia de dor - sou Lily Evans.

Existe um jeito de evitar as lágrimas? Existiria uma maneira qualquer de evitar a dor? Se existisse, talvéz aquele dia poderia tido um final muito diferente. Mas não houve maneira alguma de parar as lágrimas que caiam dos olhos de ambos. Lily não podia mais aguentar, ela cedeu seu corpo para seu coração, que apenas deixou que ela levasse as mãos ao rosto e corresse para os braços de Snape.
Já não havia cor no rosto dele. Quando derrepete Snape viu a ruiva encolhida em seu colo, ele não viu outra coisa a fazer senão abraça-la.

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