DE VOLTA AO COMEÇO





O espanto foi geral. E muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Gui cuspiu todo o uísque de fogo que estava bebendo. Rony quase caiu da cadeira. Hermione fez um aceno com a varinha e fez pegar fogo na cortina. Gina deixou o caldeirão com um molho de cebola cair. Jorge sorria muito contente e Fleur soltou um gritinho.
Harry ainda teve tempo de ver Molly correr para apagar o fogo da cortina ao mesmo tempo em que o Sr. Weasley acenava para o molho de cebola e esse voltava obedientemente para o caldeirão, antes de perceber que suas pernas ficaram amolecidas e que se não estivesse sentado teria caído.
Sua mente vagueou por milhares de lembranças de quanto estivera com Dumbledore e ele teve certeza que todos os outros pensaram a mesma coisa: Dumbledore nunca teve filhos. Então não poderia ter uma neta.
Ia perguntar a Molly Weasley como aquilo era possível quando escutou a voz de Hermione, fraca e assustada, porém tentando passar convicção.
- Mas Sra. Weasley, Dumbledore nunca teve filhos. Como ele poderia ter uma neta?!
Molly estava bem menos agitada agora, já que em sua cozinha não havia mais fogo e respondeu calmamente.
- Ah minha querida, você está certa! A neta do professor Dumbledore é neta de faz-de-conta!
- Faz-de-conta? Não entendo o que a Sra. Quer dizer – ouviram a voz de Gui ainda embaralhado.
- O que a mamãe quer dizer – começou Jorge – é que Miglen é neta de adoção. Foi criada por Dumbledore, embora, é claro, nunca tenha tido uma só gota do sangue de Dumbledore em suas veias.
- Dumbledore tinha uma neta adotiva? – questionou Harry se metendo na conversa. – nunca a vimos, nem no enterro do avó e nem na batalha contra Voldemort! Ela nunca participou!
- Bem, até onde sabemos, foi por ordem de Dumbledore que ela permaneceu onde estava. Ele não a queria no meio dessa guerra. E graças á Merlin ela está viva! – respondeu o Sr. Weasley orgulhoso.
- Certo, certo – resmungou Molly. – Guardem as perguntas para ela quando chegar. O que não deve demorar! Vamos terminar esse almoço.
Várias pessoas retomavam seus afazeres. Alvo, Hugo, Lilian e Rosa saíram para o jardim, enquanto Tiago conversava com Victorie na sala.
Harry, Rony e Gui foram para a sala ainda muito assustados com a revelação.
- Não acredito que ele nunca me contou nada. – desabafou Harry.
- Calma, cara. Talvez ele só estivesse tentando proteger a neta! Vai que ela não tinha muita pericia em magia e não podia lutar com o resto dos bruxos que hostilizavam Voldemort.
-Não sei Rony – Harry não estava convencido disso e tinha muitas dúvidas a respeito da nova bruxa.
-Talvez isso seja pelo fato de Dumbledore não ter lhe contado – disse Hermione aparecendo na sala.
- Concordo com ela – sentenciou Gui.
- Eu também - completou Rony.
- Ah, Mione. Não comece com isso! – resmungou Harry aborrecido.
Quando ia se defender das acusações dos amigos, escutaram Jorge gritando pela cozinha e correndo para fora da casa.
- Ela chegou! – avisou Molly indo logo atrás do filho.
Hermione voltou a cozinha enquanto Harry e Rony espiaram a movimentação pela janela.
Uma bruxa aparentemente esbelta e elegante cumprimentava o Sr. Weasley. Harry não tinha uma visão clara da bruxa, a não ser pelos longos cabelos castanho-claros que balançavam ao menor soprar do vento.
Jorge fez um sinal de cortesia e Miglen o aceitou apoiando seu braço e deixando ser conduzida para dentro da casa. Quanto mais perto chegava, mais Harry distinguia o belo sorriso e a figura amável que a bruxa possuía.
Rony e Harry ficaram olhando pela janela até quando puderam ver o último filete das pessoas que entravam na casa. Então se viram obrigados a deixar a janela e ir para perto da porta para dar as boas vindas à recém-chegada.
-Ah Sra. Weasley, sua casa é maravilhosa. – falou Miglen com simplicidade.
- Obrigado querida. Se você me dar licença, enquanto conhece as outras pessoas eu irei preparar o restante do almoço.
- Não se incomode comigo Sra. Weasley.
- Me chame de Molly, por favor.
- Tudo bem, Molly – ambas sorriram.
Miglen começou a passar pela cozinha cumprimentando as pessoas. Embora Gina e Hermione tenham sido um pouco hostis, Miglen não pareceu perceber.
Agora Harry conseguia ver perfeitamente os traços do rosto de Miglen. A bruxa possuía olhos verdes e uma pele muito clara, além de transmitir luz, ela tinha uma coisa boa que Harry não sabia explicar, embora fosse familiar.
Assim que a bruxxa foi dar uma abraço em Lilian ela perguntou:
- E você é?
- Lilian Potter. Sou filha de Gina Weasley – apontou para sua mãe- e do meu pai que está ali – e mostrou Harry.
A bruxa desviou os olhos da garota procurando o homem que a pequena mostrava e quando o encontrou encarou Harry furtivamente. Então voltou sua atenção para a pequena Lilian.
- Adorei seus cabelos. E amei você. Acredito que seja tão corajosa quanto seu pai.
Lilian corou. Miglen caminhou até Harry e falou:
- Harry Potter. É um grande prazer conhecê-lo. Meu avô me falou muitas coisas de você.
- O prazer é meu. E espero que tenha sido de bem.
-Pode apostar que foi – respondeu convincentemente.
Após todos os cumprimentos Molly avisou que a mesa estava servida. E convidou todos para comer. Miglen teve certo trabalho para se sentar e comer, uma fez que Jorge sentou ao seu lado e Lilian insistiu em ficar do outro.
Harry que fez os maiores esforços para não sentar na frente da bruxa, acabou ficando bem em frente a ela. Vez ou outra no meio da conversa ela olhava para Harry como se estivesse estudando-o (Harry lembrava de Dumbledore nesses momentos).
Tudo corria bem, até que Hermione cortou os assuntos superficiais por não mais conseguir conter sua curiosidade.
- Ahn... Miglen. Posso te fazer uma pergunta?
A bruxa afastou sua atenção da próxima garfada que iria dar num pedaço de rim e olhou furtivamente para Hermione, então disse:
- Claro! Sem problema nenhum.
Hermione hesitou com o olhar da bruxa. Mas respirou profundamente e tentou não parecer que tinha plena certeza de que estava certa em sua opinião.
- Me desculpe a fraqueza. Mas como você é a neta de Dumbledore se nem ao menos ele teve filhos?
Todos na mesa pararam de comer para prestar atenção à conversa. Uma vez que ouvir a resposta da boca da própria bruxa que isso dizia respeito era muito melhor do que escutar pela Sra. Weasley.
Miglen olhou para todos que estavam presentes na mesa dos Weasley sorriu para Gui e então falou, com um voz melodioso, calma e confiante.
- Acho que todos nessa mesa querem saber o que aconteceu para eu ter me tornado a neta de um grande bruxo. Já que esse nunca teve filhos. Como sabem, eu e o vovô não temos nenhuma linha de sangue para nos ligar. Vovô foi apenas muito caridoso em me tirar das mãos de minha mãe. A qual não tinha nenhuma forma de me cuidar.
‘ Segundo ele, minha mãe era trouxa e acabou na rua na época em que Voldemort estava em seu ápice de poder, antes de acabar sendo morto por Harry. Meu pai que era conhecido de Dumbledore pediu para que ele cuidasse de minha mãe, caso ele não pudesse mais o fazer. Dumbledore prometeu. E alguns dias depois meu pai morreu pelas mãos dos comensais. Sinceramente isso é tudo o que eu sei. Porque o vovô nunca queria comentar sobre minha família. Apenas dizia que meu pai era um grande homem. E que eu deveria me orgulhar dele.
‘também não sei porque, mas todos devem se perguntar porque não participei da luta contra Voldemort. Sinceramente não sei os motivos que levaram meu avô a me mandar estudar numa escola do Brasil e me deixar com uma família ‘emprestada’ durante esse tempo. Acredito que ele tinha os motivos, porque nas férias eu retornava para passar uma temporada no campo com ele. O vovô sempre dizia que os ares da Inglaterra não me fariam bem. Uma vez que ele temia por minha segurança.
‘ Isso eu só descobri anos mais tarde. Dumbledore achava que eu era uma presa fácil para os seguidores de Voldemort, eu era uma forma deles atacarem meu avô. E por esse motivo me manteve segura todo esse tempo. Longe de minha pátria e sem que ninguém soubesse que eu existia.
- Mas, porque você não compareceu no enterro de seu avô? – questionou Gina.
- Porque descobri apenas 3 meses depois. Meu avô se correspondia comigo. E depois do que aconteceu nenhuma carta chegou para mim. Consegui entrar em contato com a Professora MacGonagall e ela me contou o que havia ocorrido. Me disse que Dumbledore queria que eu permanecesse no Brasil e terminasse minha educação. Para que eu pudesse ajudar os bruxos e os trouxas. Foi isso que eu fiz nesse tempo todo. Cumpri o que o meu avô queria. Agora voltei, para ajudar quem precisar de mim. Já que tenho o conhecimento de muitos experimentos de meu avô que ninguém mais conhece.
Todos ficaram satisfeitos após a longa conversa que tiveram. E se deliciaram com as sobremesas que Molly havia preparado. Miglen se ofereceu par alimpar a bagunça. E ensinou Molly uma nova maneira de organizar tudo com um simples acena da varinha.
- É só dizer: Finalius e tudo voltará ao normal. Sem ter que ficar se virando de um lado para o outro. Foi eu quem criou esse feitiço.
Todos sentaram para conversar. Decorrido alguns minutos Miglen se levantou e disse:
- Gostaria de pedir a todos a sua licença e também, pedir a Harry Potter que me conceda alguns minutos para que eu possa compreender algumas coisas que não estão muito claras a respeito de meu avô.
Gina lançou um longo olhar derrubador a Miglen. Porém, Hary concordou e saiu logo atrás da bruxa para o jardim, se dirigindo ao pomar dos Weasley.
Quando chegaram, MIglen conjurou duas cadeiras e se sentou em uma delas. Harry a acompanhou e ambos se fitaram por um longo tempo. Então Miglen sorriu e disse:
- Harry. Quero te contar algumas coisas e saber outras. Quero que saiba que muitas coisas acontecerão agora. E é por isso que estou aqui. Quero te ajudar e quero que me ajude. Mas antes, preciso que você saiba uma coisa.
- O que?
- O nome dos meus verdadeiros pais.
- Você disse que eles haviam morrido. Que isso tem haver comigo?
- É importante que você saiba que minha mãe não era trouxa. E meu pai não morreu antes de que Dumbledore me achasse.
- Não estou compreendendo.
- Entenderá com o tempo. Mas é necessário que você tenha consciência de que não sou culpada por o que aconteceu. E quero pedir desculpas porque menti para todos os outros presentes naquela casa. Harry, é importante que você compreenda todos os mínimos detalhes desses últimos 25 anos. E é por isso que estou aqui. Para dizer que apenas eu e você poderemos acabar com isso e que só você pode me ajudar a acabar com o mal que me aflige. Quero que me prometa Harry. Irá me ajudar em tudo o que eu precisar?

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