Capitulo 1º



Ainda estava escuro lá fora.Nem bem o primeiro sinal do sol que nascia se fez ver na janela de seu quarto e um pequeno garotinho já se achava de pé.
Quase correndo ele saiu desembalado pelo corredor, abriu de supetão a primeira porta que achou em seu caminho e entrou por ela gritando e se lançando sobre uma cama grande onde caiu pesadamente no meio de um casal que até a pouco dormia tranquilamente.
- Papai, mamãe, acordaaaa!! – O garoto agora dava pulinhos sobre a cama e sacudia os pais que resmungavam e se mexiam sem abrir os olhos.- Já amanheceu! Ta na hora!!!
Relutante e muito a contragosto o homem finalmente abriu os olhos e se virou pra encarar o filho com ar sonolento. Ele não parecia enxergar muito bem, talvez devido à escuridão do quarto que ainda tinha as cortinas fechadas e por isso o menino quase colou seu rosto ao do pai pra dizer com um sorriso exultante “Bom dia” e então voltar sua atenção à mulher que continuava adormecida
Ainda meio zonzo pelo sono Harry tateou no escuro a procura de algo e quando encontrou seus óculos, acendeu o abajur da mesinha de cabeceira revelando um despertador que marcava 5:30.
Com um bocejo ele se sentou e ficou admirando o filho que agora pulava sobre a mãe a chamando.
- Alvo, deixe a mamãe dormir. Ainda é muito cedo não acha? Porque está acordado há essa hora? – Ele se espreguiçava resignado, sabia que não voltaria a dormir.
- Já é de manha papai. O aniversario da Rose!!! Esqueceu? – Alvo parou com suas infrutíferas tentativas de despertar a mãe e se sentou de pernas cruzadas frente ao pai. Vestia seu já surrado (e tão querido) pijama com estampa de vassouras e seus cabelos estavam muito mais que desalinhados, caindo sobre os olhos verdes.
- Hmmm... o aniversario! Não, não me esqueci não. Mesmo porque, o senhor- disse Harry despenteando ainda mais o menino - não me deixaria esquecer. Mas, Alvo, o galo ainda nem canto criatura! Que pressa é essa?
Alvo deu de ombros enquanto seu pai se levantava vagarosamente, punha os chinelos que sempre deixava a beira da cama e se dirigia ao banheiro para escovar os dentes.
Ainda sentado o menino fico admirando a mãe ressonar enquanto dormia.
- Mamãe é dorminhoca, não acha? - disse, fazendo o pai rir de leve no banheiro com a escova de dentes na boca.
Um pequeno barulho se fez ouvir quando uma menina ruiva não muito mais nova que o próprio Alvo surgir à porta esfregando os olhos, com sua camisola de bichinhos e um ursinho a tira-colo.
- Al? Que que “ta” acontecendo? Porque já ta todo mundo acordado?
- Nem todo mundo Lilly! Vem cá me ajudar com a mamãe, ela já dormiu demais! – o menino se levantou e foi até a irmã fazendo sinal para que ela falasse baixo. Ele piscou pra ela quando se postou ao seu lado na porta e menina entendeu de primeira a idéia do irmão mais velho. Quando este contou baixinho “um...dois...tres” ela se lançou com ele sobre a ruiva adormecida com um sonoro “iaaaaaaaaaaa” de ninja, fazendo a mulher acordar de vez parecendo confusa e muito despenteada .
- Ok, Ok, eu me rendo, vocês venceram! Agora chegaaaa!- exclamou a mãe entre risos com os braços pro alto em sinal de rendição
- Bom dia mamãe! – a menina a cumprimentou com um beijinho no rosto.
- Bom dia meu amor!- respondeu Gina retribuiu o gesto da filha e se espreguiçando.
- Eita, como senhora dorme em mulher, parece uma pedra mamãe! – alfinetou o filho
- Eu já estava acordada ta! Só tava com o os olhos fechado, eu ouvi tudo! - Os dois pequenos riram da cara inchada da mãe e ela sorriu de volta mostrando a língua - E não sou dorminhoca coisa nenhuma viu senhor Alvo Severo. Você mocinho – Ela apontou pra ele – é que acordou cedo por demais.
- É que hoje....- o menino começou
- É aniversario da sua prima, eu sei querido – completou Gina antes de se levantar e assim como o marido se dirigir ao banheiro deixando os irmãos sozinhos.
Os dois ficaram a observar os pais pela porta aberta enquanto o pai fazia a barba com uma espécie de barbeador mágico que certa vez ganhara como presente por seu aniversario, se a mãe penteava os cabelos em frente a um grande espelho.
Alvo olhava a mãe com um olhar de admiração. Ele a considerava a mulher mais bonita do mundo e seu pai concordava com ele. Sua mãe nem sempre era calma mas sempre era muito divertida e ele se achava um cara de muita sorte por ser filho dela. “Principalmente quando ela faz sua tão tradicional Panqueca Dominical da Mamãe” pensou ele.
Toda manha, no domingo, Gina as preparava e elas nunca tinham o mesmo sabor. Era quase comer Feijõezinhos de Todos os Sabores, só que chatos e beeeem maiores.
O menino já quase delirava, o olhar distante, idealizando qual seria o sabor das panquecas da manha desse domingo quando foi atingido na nuca por um travesseiro voador, que veio não se sabe de onde, acompanhado por uma risadinha muito conhecida.
Ele não pensou duas vezes e revidou com o primeiro pedaço de pano recheado de plumas que encontro. O travesseiro foi de encontro direto com o nariz de Lilly.
Uma batalha de travesseiros como nunca se viu parecia prestes a ter lugar ali. Era pluma pra tudo quanto era lado, mas a “guerra” não durou mais que alguns segundos pois foi interrompida no instante exato em que Harry e Gina saiam do banheiro, ele barbeado e ela muito bem penteada.
Lilly e Alvo pararam com travesseiros em mão e ficaram paralisados com carinhas de anjos sorridentes enquanto a mãe os encarava de mãos na cintura e sobrancelhas franzidas tentando conter um pequeno sorriso que teimava em aparecer no canto da boca.
- Mas o que que é isso em cambadinha!?- indagou Harry abraçando a esposa por trás – Que coisa mais feia Al, não tem vergonha de bater em uma dama não, heim? Vou te ensinar uma lição rapaz.
Harry sorria abertamente para os filhos e dando um beijinho no rosto da esposa tomou ele próprio um travesseiro e se postou ao lado de Lilly contra Alvo, que bufou de leve e disse algo como “não é justo, ela começou” antes de acertar o pai em cheio na cabeça.

Minutos mais tarde e muitas gargalhadas depois os quatro se achavam numa cozinha não muito grande mobiliada com uma mistura de objetos mágicos e não mágicos. Em algum canto casa um radio sintonizava a RRB (Rede Radiofônica dos Bruxos) e ao som do mais recente Hit das Esquisitonas, “Seu amor me acerto feito um balaço sem rumo” Gina cozinhava em meio a uma magnífica performance musical, acompanha por Lilly no backing vocal. Entrementes, Harry tentava ler o “Profeta Diário” e Alvo apenas assistia a cena da mãe e da irmã, vez ou outra lançando um olhar para o relógio pendurado à parede. Imaginou se os vizinhos estariam gostando daquele “show” logo nas primeiras horas da manha de um domingo e quando a mãe entrou no refrão da musica cantando mais entusiasmada do que nunca constatou que possivelmente não. O som estava tão auto que ele se não surpreendeu nem um pouco quando um James muito pálido e de olhos inchados adentrou o lugar carrancudo, coçando a cabeça e dando um bocejo exagerado, o pijama mais amarrotado do que estaria se o menino tivesse sido pisoteado por uma manada de hipogrifos.
Sem dizer palavra, o recém chegado foi direto pra geladeira em busca de algo para come. Ficou um tempo à procura e quando se sentou calado no lugar ao lado de Alvo, trazia consigo o resto de uma pizza que comeram na noite anterior e uma caixinha de leite, que ele depositou num copo e bebeu de um gole, seguido de uma grande mordida na Pizza adormecida. Com uma pequena careta de nojo quando viu a “mistureba” que o filho mais velho fazia, Gina deu um beijo em sua testa e pois na mesa suas famosas panquecas.
- Hei! Olhem isso!- um animado Harry mostrou o jornal a Gina que leu uma pequena nota na ultima pagina em voz alta:

“Hoje, a pimpolha Rose H. Weasley comemora seu 7º ano de vida, recebendo os parabéns dos pais Ronald B. Weasley e Hermione J. Weasley, dos demais familiares e amigos.”

A nota era encimada por uma foto em preto e branco de uma pequena menininha de cabelos lisos com franja e um belo e grande sorriso ao lado de um homem alto com muitas sardas no rosto. Os dois pareciam estar em uma arquibancada, provavelmente assistindo a uma partida de quadribol.
- Uau – Exclamou Lilly muito excitada – A Rose “ta” famosa! Papai, no meu aniversario eu posso sair no jornal também? Posso? Posso? – ela olho para Harry com seus olhos azuis muito abertos numa clara expressão de “deixa vaiiii!!!”.
- Talvez querida, talvez...- ele respondeu recebendo o jornal de volta. Dando uma segunda olhada no jornal o dobrou e o colocou de lado comentando com um sorrisinho antes de pegar uma panqueca para si – O Rony não tem mesmo jeito!
- Sempre querendo aparecer – concordou Gina servindo mel por cima da panqueca de Lilly.
James que já colocara bem umas 3 em seu prato, falou com a boca muito cheia:
- Me amarro no tio Rony! E quem é você pra falar mamãe? Fazendo seu showzinho pra vizinhança toda às 6 da manha e despertando jovens garotinhos que precisam de um sono reconfortante, pois estão em fase de crescimento, com essa sua voz de Harpia destrambelhada!
Harry, Alvo e Lilly riram e em resposta ele James recebeu um tapinha da mãe na altura do ombro.
- Olha como fala comigo! – disse Gina, que pela primeira vez naquele dia soou severa.
- Não falei nada demais.- defendeu-se o garoto – Mas apesar da sua voz você sabe que a sra é minha mãe favorita! – Ele recostou a cabeça no ombro da mãe fazendo carinho.- Só me faz um favor: da próxima vez que quiser me acordar, usa o despertador ta!


Alvo foi o primeiro a terminar o café, mas continuou sentado esperando que os outros também o fizessem. Olhou novamente o relógio e constatou que ainda não passavam das 7 h, ainda tinha tempo.
Como de costume, ao terminarem o café da manha, Gina mandou que Alvo levasse o lixo pra fora, tarefa essa que o garoto detestava.
Meio irritado, alvo carregou um grande saco preto pelo quintal, se perguntando o porque a mãe simplesmente não o fazia desaparecer com magia. Mas ela sabia bem a resposta, era pra “manter as aparências” para os vizinhos já que em Godric Hollows nem todos eram bruxos.
O garoto parou no portão e depositou o saco no chão olhando ao redor. Sua casa ficava no fim de uma rua, pouco atrás da casa em que um dia seus avos viveram. Seus avos...
Alvo não os conhecia mas ouvia historias sobre eles e gostava bastante delas. As vezes caminhava a esmo pelas ruas e quando dava por si, lá estava ele frente a antiga Casa dos Potter. Não era bonita mas ele curtia as mensagens que as pessoas deixavam nela. Varias delas citavam seu nome, bem como os nomes de James e Lilly, mas esses ela não saberia dizer se referiam aos “atuais” ou “antigos”.
A casa em que morava com seus pais era bem mais bonita, com seu jardim sempre bem cuidado, com grama aparada e flores num canteiro. Havia uma arvore também e nela um balanço que seu pai colocara.
O menino pensava nisso enquanto caminhava de volta a casa, por isso não percebeu um homem grande que se aproximava pela rua segurando um papelzinho até que esse o chamasse
- Hey garoto! – o homem tinha uma vasta cabeleira loira e uma densa barba um pouco mais escura.
Alvo seu aproximou mais do homem que o encarou e perguntou:
- Por acaso é aqui que mora Harry Potter?
O menino já estava acostumado a estranhos que apareciam procurando pelo pai
-Sim senhor, é aqui mesmo!
- Você, quem é ? – O estranho o encarou mais de perto como se o analisasse
- ahn... Alvo... Alvo Potter senhor – disse o garoto, não estava gostando muito daquele homem.
O estranho arregalou ligeiramente os olhos antes de comentar
- Filho do Harry! Bem parecidos!- ele concordou consigo mesmo balançando a cabeça – Bem... eu poderia falar com ele? Ele esta em casa? - parecia meio nervoso e envergonhado quando falou
Alvo assentiu e andando muito depressa deu as costas para o homem que ficou ali parado se balançando no mesmo lugar e olhando tudo ao seu redor com ligeiro interesse.
Quando entrou encontrou o pai ainda na cozinha, agora ajudando a mãe com a louça do café. Nem sinal de James ou Lilly
- Pai – chamou o garoto- Tem um homem lá fora que quer falar com o senhor – ele apontou pro quintal.
- Quem é filho? – indagou Harry enxugando as mãos no guardanapo, ao que o menino encolheu os ombros em resposta. Lançando um olhar à esposa o pai saiu com Alvo em seu encalço.
Ainda a porta Harry parou de chofre e Alvo pode o ouvir exclamar um “não é possível” em voz muito baixa e ver espanto na expressão do pai quando se dirigiu ao portão, o homem sorrindo muito constrangido com a chegada do dono da casa
- Tudo bem com você Harry? Quanto tempo heim?! Foi difícil te achar cara, você não mora, você se esconde – ele estava roxo agora - Vejo que você se casou – ele indicou Alvo com a cabeça.
Um Harry muito boquiaberto parecia ter perdido temporariamente a fala e quando enfim conseguir falar disse apenas:
- Duda?! O que faz aqui?!

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