Único
Utopia
Você dançava, quase desajeitada, no meio do Salão Principal. E de alguma forma e em algum momento, eu achei aquilo mais do que algo engraçado: eu achei encantador.
Você não tropeçava nos próprios pés. Você sequer ameaçava perder o equilíbrio e cair, mas ainda assim seus movimentos estavam longe de serem leves ou delicados. Na verdade, seu corpo todo parecia se mover contra sua própria vontade, à exceção de seus pés, que mais de uma vez eu vi sobre os pés do seu par.
Sorri. Talvez o encanto estivesse no fato de você provavelmente estar fazendo aquilo de propósito, eu não sei. Porque ainda havia a possibilidade da culpa ser do vestido branco. O vestido absurdamente branco e que, para minha surpresa, não era de segunda mão.
O tecido de boa aparência, sem manchas ou linhas puídas, denunciava a novidade. E as pequenas pedras reluzentes, em sua barra e em seu busto, indicavam que o preço da roupa não fora barato.
Deixei um riso escapar. Seu namorado, seu par, não economizou no presente. E devo dizer que, se eu soubesse que você ficava tão... Tão interessante em roupas tão caras, eu também não economizaria. Foi por isso que, muito a contragosto, eu precisei admitir: talvez Potter não fosse tão estúpido como eu pensava.
E foi nesse momento que você me surpreendeu. Arqueei as sobrancelhas e não escondi o meu sorriso ao ver você se soltar dos braços de Potter, aparentemente irritada e com a face mais vermelha que o normal. Você atravessou a pequena aglomeração de casais que continuavam dançando e veio em minha direção.
Não, você não veio por mim. O fato é que, talvez graças ao bom e velho destino, eu só estava no seu caminho. E então, antes de você sair pelas enormes portas de carvalho duplo, nos esbarramos.
Na verdade, foi você quem esbarrou em mim, a culpa foi sua! Mas acho que, na hora, eu não me importei. Durante o milésimo de segundo em que nossos braços se encostaram e você ficou perto o suficiente para eu sentir o seu perfume – algo floral; não eram rosas, jasmins, ou qualquer outra flor que eu pudesse lembrar, mas tenho certeza, certeza absoluta, de que era floral –, eu quis você.
Quis tocar você por mais tempo e talvez com alguma agressividade. Quis desfazer seu penteado e rasgar o seu vestido. Quis saber quantas sardas tinham no seu corpo, e quanto tempo eu levaria para contar todas elas.
Eu te quis de um modo tão intenso e tão desesperado que surpreendi a mim mesmo. Mas, verdade seja dita, eu te quis ainda mais depois que vi seu namorado correr atrás de você...
E pela terceira vez naquela noite eu ri: Potter era um idiota, sempre seria. Principalmente por ter presenteado você com um vestido tão belo.
Vestido branco, absurdamente branco. Que delineava seu corpo, deixava suas costas à mostra e contrastava tão violentamente com o vermelho intenso dos seus cabelos. Você parecia uma noiva, e eu quis te esperar no altar, esquecendo qualquer coisa que fosse menos importante – ou menos interessante – que você naquele vestido – ou fora dele.
Fechei os olhos e, ainda sorrindo, virei outro copo de firewhiskey. Ouvi uma garota dizendo “Malfoy, você quer dançar?”, e me virei rápido, um tanto surpreso com o fato de alguém simplesmente não me odiar depois da guerra. Respondi “Por que não?”.
Dancei com Greengrass até o fim da festa. Preferindo você, e todas as possibilidades - incoerentes ou não - de te ter. Imaginei você naquele vestido e me perdi no delicioso absurdo de te querer. E então, de um modo egoísta e talvez obsessivo, Ginevra Weasley deixou de ser seu nome, e eu te chamei apenas de “Utopia".
N/A: Kim, tu disse que gostava de coisas diferentes, então aí está: um plot relativamente freak pra ti! xD Enfim, apesar de ter ficado curtinha, espero que tu tenha gostado, querida. ;x
Agradecimentos especiais à Guta, que betou a fic, e a uma noite de insônia que me fez surtar e escrever.
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