Capítulo Seis
Ele andava calmamente por entre os corpos das mulheres e das crianças, como aquilo não fosse nada desesperador. Na verdade, havia um sorriso ao ver os corpos dos pequenos mutilados, alguns até vivos, mas sangrando por todos os poros, a morte iminente. As íris vermelhas brilharam em puro deleite ao ver o fogo consumindo o local, e ao escutar o riso dos Comensais da Morte sendo acompanhados pelos gritos de desespero dos demais presentes.
Aspirando aquele ar fétido de carne queimada, sorriu; Sangue de sangues-sujos e amantes dos trouxas. Ah! A limpeza da comunidade bruxa! Ele deveria receber a Ordem de Merlin por causa disso.
Ele escutou a risada maníaca de Bellatrix e sorriu; assim como ele, ela tinha o gosto refinado de escutar o grito aterrorizante de crianças.
Sentando-se em uma poltrona digna dele, assistiu seus Comensais assassinarem as crianças. Nagini enrolou-se em seus ombros e ele sorriu diabolicamente, antes que algo lhe chamasse a atenção.
Havia um garotinho, de mais ou menos um ano, sentado aos seus pés. Cabelos negros e olhos incrivelmente verdes, ele segurava um pedaço de pano entre os dedos enquanto chupava uma chupeta. Ergueu os enormes olhos inocentes para ele, que estremeceu ao lembrar-se de um garoto exatamente igual, que lhe causara sua ruína vinte anos antes.
Contendo um rugido, lançou um olhar gélido a criança, antes que essa se assustasse e começasse a chorar. Com um aceno com a varinha, a criança foi erguida no ar enquanto ele se levantava. Cerrando os olhos vermelhos e fazendo um pequeno gesto com a varinha, um filete de sangue começou a escorrer da garganta alva da criança, que começou a chorar mais alto. Ele sorriu de prazer, imaginando na verdade ter voltado no tempo.
A pequena criança fechou os olhos, ainda chorando, exatamente no mesmo momento que uma voz fria e calma chegou aos seus ouvidos:
- Eu a largaria se fosse você.
O feitiço acabou e a criança caiu para o lado, no chão. Seu olhar encontrou o autor da voz e um sorriso malicioso abriu-se em seus lábios.
- Ora, quanto tempo. Olá, Ginny.
Ginny Weasley estava com a varinha erguida em sua direção. As íris castanhas estavam cerradas e ela o encarava com frieza. Mas ele sabia, ele conseguia sentir... Ainda existia receio. Medo dele.
- Você veio para um duelo? Acha que pode vencer Lord Voldemort, Ginny?
Ela ergueu um pouco mais a varinha, indo à direção a sua cabeça. Às suas costas, os aurores que ela liderava lutavam contra os Comensais.
Ele riu da atitude dela.
- Você não tem chance, criança.
Ele viu o punho livre dela fechar-se com força descomunal. Ela possível ver todo nojo e ódio que ela tinha dele apenas pelo olhar que ela lhe dirigia.
- Eu posso morrer tentando. – disse pela primeira vez, com a voz controlada e decidida.
Voldemort riu como se aquilo tivesse sido uma piada.
- Você tem me causado muitos problemas, Weasley.
Voldemort não percebeu, assim como Ginny, que Harry estava próximo a eles, paralisado. Estava tudo indo bem em seu planejamento, até que seu olhar caísse sobre os cabelos vermelhos de Ginny, e em seguida, sua voz.
De inicio, seu estomago parecia que havia despencado. Após, um estremecimento correu por todo seu corpo, e ele temeu pela posição em que Ginny estava. Na verdade, ele quase surtou. Ele simplesmente não podia sair de sua posição, comprometer todo o plano para ajudá-la; ele precisava continuar no anonimato.
- Pretendo causar muito mais problemas, Voldemort. – Ginny replicou calmamente, antes que, em uma fração de segundo, tanto ela como Voldemort estivessem gritando maldições um contra o outro.
- Droga. – Harry murmurou, enquanto se levantava e começava a erguer a varinha, mas ficou momentaneamente parado. Estava impressionado com a habilidade de Ginny, invocando maldições e fugindo com perfeição das maldições de morte. Voldemort criara um muro de fogo, que avançou sobre ela; Ginny fez um movimento rápido e preciso com a varinha, e uma barreira invisível impediu o avanço do fogo, não deixando que a atingisse. Mais um agito, e o fogo se extinguiu.
Harry quase chegara a dar um suspiro aliviado, mas nunca tivera tempo para isso. No instante seguinte, viu Ginny ajoelhar-se no chão, contorcendo-se e ele sabia que ela estava segurando os gritos. Ele viu Voldemort sorrir para Bellatrix.
- Permita-me, meu Lorde... Acabar com essa imprestável que vem incomodando o senhor...
- Não, Bella. Ela lutou como uma heroína. – Bellatrix ainda girava a varinha, fazendo Ginny se contorcer ainda mais. Os olhos estavam fechados, mas ela não largava a própria varinha. – Deixe-me dar a ela o prazer de morrer como uma.
O feitiço cessou e Ginny caiu para o lado, respirando com dificuldade. Ela tremia.
Voldemort caminhou calmamente até ela, abrindo um sorriso diabólico.
- Eis agora o momento que você morre perante meus pés, Ginny Weasley. De modo que deveria ter sido aos seus onze anos, onde deveria ter servido ao seu propósito.
Ela tentou se levantar, mas Voldemort agitou a varinha, e um dos destroços da parede bateu de encontro com sua cabeça. Ela caiu inconsciente, com um corte profundo entre a testa e o couro cabeludo. Sangue se misturava com a cor de seus cabelos. A maior parte dos aurores presentes ou estavam inconscientes, ou do lado de fora do abrigo, encaminhando as vitimas para um local seguro.
Voldemort ergueu a varinha, mas fora distraído pelo grito de dor de Bellatrix. Sua Comensal se contorcia de dor, e ele conseguia perceber suas vestes rasgadas e ensangüentadas.
Atrás dela, Harry Potter erguia a varinha para ele, enquanto a maldição com Bellatrix cessava. As íris verdes estavam cerradas, e ele lançou um rápido olhar para Ginny, antes que os nós dos dedos que segurava a varinha ficassem brancos tamanha a força que ele apertava.
- Não é ela quem você quer matar, Riddle.
- Isso só pode ser brincadeira! – Ginny exclamou furiosa, enquanto caminhava de um lado para o outro na sala de Mike. O chefe por sua vez estava sentado em sua poltrona confortável de couro, observando a fúria de sua auror. – Me diga Mike, que isso é uma brincadeira de mau gosto... Que você está tentando me irritar!
- Eu não seria idiota, eu já vi o que você pode fazer quando irritada. – Mike replicou aborrecido, cruzando os braços. – De qualquer modo, não é mentira. Hermione sabe da historia de Potter agora.
Ginny passou as duas mãos pelos cabelos e bufou.
- Maldição! Como ela poderia saber?
- Ela me obrigou a falar. – Mike respondeu rancoroso. Ginny lhe enviou um olhar mortal.
- Faça-me o devido favor! – explodiu. – Obrigou? Você é um ótimo Oclumente! E eu já vi você mentir, Michael, não tente me enganar.
Mike levantou-se.
- Droga, Ginny, eu detesto quando ela me olha daquele jeito! Eu... Eu simplesmente não consigo me segurar! Antes que eu percebesse, eu estava contando todo o estado de saúde de Potter para ela. Só faltava eu mostrar o histórico.
Ela jogou-se na cadeira em frente à escrivaninha do chefe e suspirou pesadamente.
- Eu não acredito nisso. Filha da mãe, eu nunca pensei que ela usaria essa arma... – resmungou, mas não completou a frase. – E agora?
- E agora o quê? Hermione sabe, isso é tudo.
- Ela possivelmente vai tentar se intrometer... Você disse a ela que Ron não poderia saber de nada, não é mesmo?
- Claro que eu disse. Seu irmão paspalho não sabe esconder segredo algum, por mais que tente. – ele recebeu um olhar severo dela.
- Não chame meu irmão assim. – avisou-o. – A questão é que ele não trabalha para o Departamento, e com toda aquela publicidade atrás dele... – balançou a cabeça. – Você disse isso a ela, não disse?
- Sim, eu disse.
- E o que ela respondeu?
- Que iria contar a seu irmão.
Ginny grunhiu, enfurecida. Mexendo em sua bolsa, ela retirou um pequeno espelho e, tentando se acalmar enquanto olhava para o espelho, ela disparou:
- Hermione Jane Granger, eu quero você na sala de Mike agora.
U-huh. Ginny estava realmente zangada, e Mike percebeu isso pelo brilho zangado em suas íris e a voz endurecida.
Não demorou muito para que a porta do escritório se abrisse e revelasse uma Hermione com os olhos muito vermelhos.
- Ginny! – ela exclamou, vendo a cunhada avançar sobre ela. – Ginny, o quê -.
- Pelo amor de Deus, diga-me que você não falou com Ron sobre Harry. – disparou, cerrando os punhos. – Me diz que você ainda não falou com ele.
- Eu... Eu... – ela gaguejou enquanto dava um passo para trás. – Eu mandei uma coruja para ele dizendo que precisava conversar seriamente com ele... Sobre Harry.
- Ah, desgraça! – Ginny bufou, olhando furiosa de Mike para Hermione. – Que droga Hermione, meu irmão não pode saber do estado de saúde de Harry!
Hermione se estressou com aquela resposta.
- Ah, é mesmo? Pois saiba bem, Ginny, que nós três passamos por muitas coisas juntos! Nós tínhamos e temos o direito de saber da verdade, agora que ele está de volta!
- Hermione, seja coerente, pelo amor de Deus. – ela girou os olhos. – Olhe a publicidade que Ron tem. Olhe como os jornalistas correm atrás dele para saber de mais e mais fofocas! Você acha que o segredo de Harry estaria seguro? Você acha que o próprio Harry estaria seguro, se Ron soubesse?
- Mas... Mas vocês não iam sequer contar para mim! E eu sou do departamento! – explodiu. – Harry é meu melhor amigo!
- Estamos fazendo isso para protegê-lo, Hermione. – Mike garantiu, olhando preocupado para a psiquiatra que agora ficava com os olhos rasos de lágrimas. Ginny lhe lançou um olhar incrédulo.
- Por que eu não poderia saber?
- Porque você iria correr contando para meu irmão! – Ginny replicou. – E porque quanto menos pessoas souberem, melhor. Os Comensais estão loucos atrás dele, você sabe muito bem disso.
Hermione encolheu os ombros.
- Aposto que Sarah deve saber. – disse com amargura. – Claro, a melhor amiga...
- Não comece com chantagens, Granger. – Ginny ergueu um dedo na direção dela, a interrompendo. - E Sarah não sabe, ela está muito atarefada arrancando informações do russo. Além de Mike e eu, você é a única pessoa que sabe que Harry Potter está como um Aborto.
- Não diga desse jeito sobre ele! – Hermione agora parecia realmente arrasada com as palavras que Ginny escolhera, deixando que lágrimas escapassem de seus olhos. A Auror por sua vez bufou, parecendo cansada.
- Não mascare a verdade, Hermione. Nem Harry tentou fazer isso. – murmurou, olhando para Mike, como quem pedia socorro.
Mike suspirou.
- Pegue um copo de água para ela, Ginny. Sente-se, Hermione. – ele indicou a cadeira para Hermione. Ginny o olhou furiosa por ele estar a consolando ao invés de estar fazendo o que era certo. – Okay. Esqueça. Aguamenti. – murmurou, apontando para a caneca de sua escrivaninha, que se encheu de água. Em seguida, entregou à Hermione. – Vamos, Mione, acalme-se.
Ginny cruzou os braços e encostou-se à parede, parecendo zangada com aquela atitude. Ela não conseguia acreditar que Hermione estava fazendo aquela festa no escritório do chefe. E ela sabia que em parte era verdade... Mas a outra, era porque Hermione sabia muito bem manipular as pessoas.
- Você pode ser muito útil para nós, na verdade. – Mike disse amavelmente, enquanto retornava ao seu assento. Ginny fez um barulhinho desgostoso com a boca. – É verdade. Os jornalistas também correm atrás de você, por ser tão bem sucedida e noiva de um famoso jogador de quadribol. É óbvio que eles vão perguntar para você sobre o estado de Potter.
Hermione tomou um longo gole de água, antes de encarar o chefe.
- O que está querendo dizer?
- Ele quer manipular a imprensa. – Ginny respondeu por ele, caminhando até o lado da cunhada. – A questão agora, é saber por que ele quer fazer isso e como, porque ele não chegou a me contar o esquema de segurança de Harry.
- Você vai ficar grudada nele dia e noite, noite e dia. Não há segredo nisso. – Mike encolheu os ombros. – Pensei que isso tivesse ficado claro para você.
Ginny sorriu com sarcasmo.
- Claro. E com certeza isso ficará claro também para o Profeta Diário! Uma Auror do DICAT atrás de Potter como se fosse sua sombra, é claro que eles não perceberiam que há um problema! – retrucou com ironia. – Imagine, as pessoas nunca iriam perceber que Harry Potter deve estar com algum problema, para precisar de segurança e aceitá-la!
- E é aí que Hermione entra. – Mike abriu um pequeno sorriso para Hermione, antes de continuar. – Do jeito que a informação vai ser passada, será absolutamente normal você e Potter estarem juntos por tanto tempo.
Ginny franziu o cenho em direção a Mike, tentando adivinhar o que ele queria fazer.
- E então, qual é o grande plano? – ela perguntou lentamente, com a voz baixa.
- Vocês vão agir como um casal.
Hermione ficou surpresa com aquele esquema que Mike havia bolado. Imediatamente, olhou para Ginny para ver sua reação. Assim que ela assumira uma tonalidade esverdeada, Hermione assumiu que ela não recebera a noticia muito bem.
- O quê? – ela gritou após alguns minutos.
A luz da sala piscara duas vezes, e a caneca nas mãos de Hermione rachara. Ginny tinha os punhos fechados e olhava furiosamente para Mike.
- Só pode ser brincadeira. – rebateu com a voz trêmula. – Você não pode estar pensando que -.
- Eu disse a você que você era a única que poderia proteger Potter. – Mike não se abalou com o ataque de fúria dela. – Não há nenhum auror aqui melhor que você. E essa é a maneira mais fácil e rápida que eu pude encontrar.
Ginny respirava pesadamente.
- Ah, claro! E as pessoas vão acreditar muito nisso! Ele iria para minha casa hoje mesmo então, por qual maldito motivo?
- Porque ele está sem casa, é claro. E vocês estão apaixonados. Sem contar que ele não iria imediatamente hoje sair do hospital. A noticia seria -.
- Que tipo de piada sem graça é essa? – ela rugiu, o interrompendo. – As pessoas costumam ler o Profeta Diário, sabia? Skeeter falou sobre a minha separação. Maldição Michael, você a viu perguntando se meu divorcio tinha relação com a reaparição dele!
Mike assentiu.
- É exatamente por isso que eu bolei esse plano.
Ginny ficou branca.
- Você não pode estar dizendo isso. – ela balançou a cabeça, incrédula. – Você... Você...
- Claro. Vou fazer Rita achar que ela estava certa. – disse com simplicidade.
Aquela idéia simplesmente fez Ginny parecer prestes a vomitar. Imaginou Rita sorrindo, prazerosamente surpresa de que sua suposição da tragédia nupcial de Ginny fosse verdadeira.
- Não! – rebateu, cruzando os braços. – Eu não vou fazer Rita acreditar que ela está certa.
- Ginny, é para protegê-lo. – Hermione murmurou. Ginny parecia incrédula com a cunhada.
- Alô? Estamos falando de Rita Skeeter, Hermione! Aquela que vive colocando o nome de Ron no quadro de fofocas. Aquela que inventou inúmeras mentiras à respeito de você na época do Torneio Tribruxo.
- Eu sei. – ela assentiu. – E por mais que eu a repudie, isso é para a proteção de Harry. Eu poderia assumir a segurança dele; ninguém estranharia de ver eu, ele e Ron grudados em todos os cantos, mas eu estou quase enlouquecendo com os preparativos do casamento, além do trabalho usual. E eu não acho que Mike vai querer espalhar a historia de Harry pelo departamento... E Ron, bem, Ron é um jogador de quadribol, não um auror. Ele não sabe metade dos feitiços e maldições que nós sabemos.
- Eu não acredito. – Ginny resmungou furiosa. Ela sabia que, se estivesse em sua casa, ela iria começar a chorar de puro nervosismo, mas não iria deixar que aquilo acontecesse na frente de seu superior e de sua cunhada. – Alguém já parou para pensar como eu me sinto... – ela se controlou e inspirou profundamente. Ela tremia tanto que imaginou que não conseguiria se mover nem se quisesse.
- Eu sei que está tudo muito delicado na sua vida, Gin – Mike disse solicito. – Mas um relacionamento entre você e ele é bem mais aceitável do que se eu começasse a andar com ele para todos os lados.
Hermione sorriu, mas Ginny não. Ela apontou um dedo na direção de Mike e disparou:
- Eu ainda estou casada.
- Aos olhos da imprensa, não. Na verdade, todo mundo acha que você já é novamente Ginny Weasley a partir do momento que você se mudou de casa e não usa mais aliança.
- Claro que não. Chamaram-me de Hammet, eu lembro muito bem disso. E mesmo assim, Skeeter vai investigar algum furo para publicar no Profeta...
- Eu pessoalmente vou cuidar disso.
Ela balançou a cabeça, parecendo perdida. Hermione a estudava silenciosamente, e Ginny queria brigar com ela por causa disso, dizendo que ela não era seu livro de estudo das mentes ou o que quer que seja que ela lia, mas se manteve em silêncio. Com um suspiro, ela sentou-se ao lado de Hermione e cobriu o rosto com as mãos.
- Ginny, me desculpe... – Mike murmurou.
- Vá para o inferno. – ela rebateu seca.
Hermione suspirou e colocou uma mão sobre o ombro dela.
- Eu sei que seu mundo está de pernas para o ar, Gin. Mas é o único plano que temos. Ou isso, ou a vida de Harry estará em apuros. Já teremos que ser absurdamente cuidadosos, já que ele já era famoso desde a primeira queda de Voldemort. Agora, com o fim da guerra, isso se acentuará ainda mais. Por favor. – pediu em um murmúrio de voz.
Ginny ergueu o rosto e encarou Hermione friamente.
- Sabe o que isso significa, Hermione, esse pedido? Significa que eu estarei mentindo não só para os jornais, mas também estarei mentindo para meus pais, meus irmãos, minha família. Não sabemos quanto tempo isso pode durar... Eu posso até mesmo escutar meus sobrinhos dizer “Tio Harry” quando formos almoçar na Toca aos domingos. E você acha que meus pais vão aceitar de boa vontade o fato de que eu mal me separei, e depois de seis anos sem ver o filho da mãe simplesmente eu joguei tudo para o alto e... Oh, estou perdidamente apaixonada?!
- Bom... Sua mãe sempre aprovou Harry na família. E todo mundo sabe que você era louca por ele, isso não é segredo.
Ginny a encarou desgostosa. Levantando-se, deu as costas ao seu chefe e a sua cunhada e abriu a porta do escritório.
- Aonde você vai, Virginia? – chamou-a Mike.
- Vomitar. – replicou fria, antes de fechar a porta atrás de si.
Mike e Hermione se encararam.
- Ela vai aceitar? – Hermione sussurrou temerosa. Mike assentiu.
- Ela já aceitou, na verdade. Ela não recusou antes de sair da sala, isso significa bastante vindo dela. Ela só precisa... Digerir isso.
- Não vai ser fácil também para o Harry admitir que precisa de proteção. – Hermione murmurou, abaixando o rosto.
- Na verdade, Ginny já conversou isso com ele. Ele não deu a resposta imediatamente a ela, mas estive há algumas horas atrás no St. Mungus. Ele disse que prefere ser teoricamente protegido por Ginny a ficar naquele hospital por mais tempo que o necessário.
Hermione ergueu uma sobrancelha.
- Teoricamente? – Mike assentiu.
- Sim. Ele acha que é uma evidente piada que Ginny o proteja. Claro que ele não sabe o quão bom Ginny pode ser. – pigarreou. – Mas já que ele não acredita nisso, nós dois sabemos que ele aceitará ser protegido para se aproximar dela.
Hermione balançou a cabeça.
- Eu só espero que ela não seja grosseira com ele. Você viu como ela está. A possibilidade de que ela tenha que fingir um romance... E ela também não sabe sobre ele.
Mike coçou o queixo.
- Bem, nós dois concordamos que ela já tem coisas demais na cabeça para pensar no momento. Se contarmos a ela que ele gosta dela, ou que a chamava enquanto variava ou qualquer coisa do tipo, é bem capaz que ela recuse o plano de proteção na hora. Até que tudo se resolva na vida pessoal dela, acho melhor ela não saber disso.
Hermione suspirou.
- Eu acho errado fazermos isso com ela e com ele. – murmurou.
- É errado. Mas é o único plano que temos, e o mais fácil de fazer as pessoas acreditarem.
Hermione parecia envergonhada.
- De qualquer modo – ela começou em um tom de voz baixo. – Você não pode esperar que ela faça tudo sozinha, não é mesmo? Quero dizer... Alguém mais do departamento precisa saber, caso aconteça alguma coisa e Ginny não possa estar ao lado dele...
Mike assentiu.
- Sim, eu sei disso. Enviei uma coruja à Sarah alguns minutos, e também enviei uma carta para o chefe do Departamento russo, pedindo a autorização de usarmos o agente dele em operação aqui.
Hermione piscou, parecendo surpresa.
- Você pretende colocar o russo?
- Não queria. – respondeu com desprezo. – Aquele homem pode ser tão britânico quanto nós, mas já consegue ser tão arrogante quanto um russo. De qualquer modo, isso ajudará para que Sarah não pare com a sua tarefa de arrancar informações.
- Sarah o detesta.
Pela primeira vez, Mike sorriu.
- Eu sei que sim. Ela já veio duas vezes falar comigo, isso só hoje. – ele pigarreou e imitou uma voz fina e furiosa: - ‘Michael, estou lhe avisando, se eu tiver que escutar mais um comentário daquele avestruz amarelo dizendo quais são os modos que eu devo me comportar ao interrogar Comensais, eu juro que não vou me importar de passar um tempo de férias em Azkaban após matá-lo... E depois matar você!’.
Hermione ergueu as sobrancelhas.
- Sarah é realmente um doce.
- É claro que ela falou isso do jeito dela, você sabe. Com um sorriso caloroso... Mas nós dois sabemos que isso não minimiza o fato de que era realmente uma ameaça.
- Eu fico surpresa que você nunca tenha imposto sua autoridade sobre ela. Você sabe, você é quase um general para todos os aurores aqui, distribuindo ordens e esperando que elas sejam obedecidas sem precisar dizer duas vezes. Agora com Ginny e Sarah...
Mike abriu um largo sorriso.
- Sim. Eu lido com o cinismo das duas, a frieza e os comentários ácidos de ambas as partes. Mas temos que ser sinceros Mione, elas são a melhor dupla do departamento.
Continua...
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