Capítulo Um
Capitulo Um
A neve caíra sem vontade aparente de cessar durante toda a noite de sexta para sábado. Ventara muito também, fazendo toda a paisagem por fora de sua janela ser pintada de branco.
Ginny Weasley assistiu a esse espetáculo desde as onze horas da noite, deitada em uma espreguiçadeira em frente à bay window em sua casa, com uma caneca composta por chocolate quente.
Ela não estava sentindo o mínimo de sono, e desde o momento em que deitou em sua cama, a única coisa que fizera fora de virar de um lado para o outro, em tentativas frustrantes de tentar dormir. Até contou carneiros.
Tentou se concentrar em sua respiração também, mas aquilo só a deixou ainda mais aborrecida.
No fim, desistindo de dormir, levantou-se e preparou algo para beber em meio aquele frio.
Ginny enrolou-se em um cobertor de casal enorme e maravilhosamente quente e se empoleirou na espreguiçadeira, com a caneca em mãos. Ficou com os olhos castanhos fixos paisagem afora, observando os pequenos flocos de neve cair em montes.
Depois de alguns minutos, sua mente estava passeando pelos últimos acontecimentos daquela semana.
Ginny comprimiu os lábios quando sua mente resolveu se aprofundar um pouco mais, viajando para segunda feira.
Ela fechou os olhos e inspirou profundamente, tentando se acalmar da repentina raiva e dor que invadiu seu corpo sem permissão.
Sentiu o toque furioso de seu ex-marido em seu braço, obrigando-a a prestar atenção nele, enquanto este cuspia bêbado sobre ela, tentando prendê-la.
Sentiu-se nauseada, lembrando-se perfeitamente daquele bafo de bebida alcoólica.
Deu um longo gole em seu chocolate quente, tentando adquirir alguma calma com aquela situação.
“Você não pode me deixar! Você me entende, Virginia? Você simplesmente não pode dizer que quer um divorcio e me deixar!”
- Não só posso como já o fiz. – ela respondeu a mesma frase daquele dia para si mesma agora. Depois, balançou a cabeça. – O que ele esperava que eu fizesse, depois de tudo?
“Você é minha mulher, Virginia. Apenas minha! O que você acha que minha família vai pensar ao ver meu casamento destruído?”
Com uma careta nauseada, Ginny se levantou e colocou a caneca vazia na pia. Retornou e se aninhou no monte fofo de cobertor.
Com vinte e três anos, ela nunca pensou que estaria lidando com uma situação daquelas.
O mundo corria risco com a ameaça de ter uma guerra declarada abertamente e a maior preocupação de seu marido infeliz era não se separar dela para não trazer desgosto a sua família, uma família de influência extraordinária e conservadora.
Na verdade, Ginny também nunca imaginara estar casada com vinte e três anos, pelo menos não nas atuais circunstâncias. Não com um trouxa.
Com exatamente vinte anos, ela subira no altar com Daniel Hammet, um empresário bem sucedido.
Daniel não era apenas um empresário de sucesso e renomado. Cavalheiro, simpático, atraente e simplesmente inteligente. Encantador, e exatamente tudo o que Ginny precisava no momento.
Quando Hogwarts fora fechada, os alunos foram obrigados a ter aulas em suas próprias casas, com seus próprios custos. A família Weasley passou por dois anos apertados, para terminar com os estudos de Ron e dela próprio.
Logo após isso, Ginny afundou-se em seu quarto tentando reunir coragem para dizer a família o que sentia que precisava fazer. Em uma tarde após um almoço tranqüilo, afirmou decidida a sua família que estaria arrumando as malas e indo para o Canadá, onde residia a melhor academia para a formação de Aurores. Ela sabia que conseguiria ingressar lá caso quisesse, já que suas notas eram estrondosamente ótimas.
Mesmo sob uma saraivada de protestos, assim ela o fez. Aparatou uma semana após saber ter sido aceita na Academia, deixando para trás uma mãe chorosa e com medo por sua garota estar se aventurando sozinha em tempos tão perigosos.
Ali ela enfrentou o verdadeiro inferno. Ao mesmo tempo em que precisava estudar muito para ajudar de alguma forma naquela guerra, Ginny precisava de dinheiro para se sustentar.
Não conseguindo arranjar emprego algum no meio bruxo, ela testou a sorte no mundo trouxa.
Ironicamente, ela teve sorte. Conseguiu um emprego na área administrativa boa o suficiente para que logo depois de um tempo comprasse um apartamento simples para si, de um único dormitório.
E, graças ao seu emprego, ela conheceu Daniel.
Participaram de uma mesma reunião e, depois daquele dia, a vida de Ginny virou de cabeça para baixo.
Hammet aproximou-se dela no momento em que estava mais vulnerável, a seduzindo e deixando que ela pensasse estar apaixonada e, quando seus estudos acabaram e ela partiu para ajudar contra a guerra, encontrou o homem parado à soleira da porta da Toca em uma manhã cinzenta de domingo, com um buquê de rosas, dizendo que não conseguiria viver sem ela.
Naquele dia, estava chovendo e o homem estava propenso a pegar um resfriado, com o corpo ensopado da cabeça aos pés. As rosas também estavam molhadas.
- Ginny... – ele começou com a voz rouca e o olhar de felicidade ao se deparar com ela, que estava com o semblante surpreso. – Graças a Deus.
- Daniel? O que você está fazendo aqui? – seu coração estava pulsando furiosamente.
Ele estendeu as rosas para ela, que aceitou. Seus olhos embargaram.
- Simplesmente descobri o motivo de minha felicidade. Pedi transferência para uma empresa aqui em Londres.
Ela o abraçou, ainda não acreditando que aquilo estava acontecendo.
- Eu não conseguiria ser feliz sem você. – ele sussurrou em seu ouvido, antes de beijá-la, na frente de seus irmãos e de seus pais.
A partir daquele dia tudo se tornou mais complicado, mas Ginny se sentiu de uma maneira satisfeita, com forças para encarar os obstáculos. O primeiro desafio seria contar a Hammet quem era ela, na realidade.
Ele não acreditou que ela era uma bruxa, obviamente... Até que ela retirasse a varinha do bolso interno de sua longa capa marrom e fez com que a chaleira criasse pernas e dançasse.
Ele ficou claramente aturdido naquele dia, mas a segurou em seus braços e disse que aquilo não seria um empecilho para que ele se afastasse dela.
Empecilho. Ginny se perguntou como poderia ser tão cega a ponto de não ter percebido, naquele dia, que ele mencionou que ser bruxa era como ter lepra.
Quando Hammet pediu Ginny em casamento, Ron finalmente explodira. Levantou-se bruscamente da mesa, anunciando ter perdido a fome abertamente. Deu as costas e saiu andando em passos firmes. A família encarou Ginny e Daniel por um momento, até que ela decidiu que seria hora de falar com o irmão.
- Ron, qual é o seu problema? – ela perguntou aborrecida quando encontrou o irmão sentado na cama, esfregando o rosto nas mãos.
- Você vai se casar. Esse é o problema.
- Você deveria gostar de saber que estou feliz com isso. – ela respondeu mordaz. O irmão a encarou, com o olhar profundo.
- Está feliz, mas ama a ele? Quero dizer, ele é um trouxa!
- E qual o problema dele ser trouxa? Está começando a parecer Malfoy.
- Não quero dizer isso... Esqueça. Ginny, você ama ele?
Ela o encarou abismada.
- Vou me casar com ele, não vou?
- Ama? – ele repetiu a pergunta.
- Você já sabe a resposta, Ronald.
Ron levantou-se e se aproximou da irmã.
- E Harry, Ginny?
- O que tem Harry?
- Você o esqueceu?
Ela se exasperou.
- Não sabemos se Harry está vivo, Ron. Harry nunca retribuiu meus sentimentos e sempre fui a irmã do melhor amigo dele. O que você espera? Que eu fique sempre sentada esperando ele voltar, e não receber o mínimo de carinho dele, o carinho que eu gostaria de receber?
- Você o esqueceu ou não?
- Estou apaixonada por Daniel, Ron. – ela respondeu aborrecida. – O que se supõe então que eu esqueci Harry.
Ron pareceu ainda mais furioso com a resposta dela, mas nunca chegou a dizer o motivo. Seis meses após aquele pequeno problema, Ginny subiu ao altar. Sua família e a de Daniel estavam em peso na luxuosa capela, com bela arrumação.
Depois da lua-de-mel, existiram pequenas complicações, como conciliar viver no mundo bruxo como auror e viver no mundo trouxa como a boa esposa. Mas nada que ela não conseguisse resolver.
Seu casamento sobreviveu por dois anos maravilhosos e mágicos, na opinião dela.
Em uma tarde de quinta feira, oito meses atrás, Ginny passou terrivelmente mal em meio a uma operação de busca a reféns de Comensais da Morte. Levada as pressas para o Hospital, ela recebeu, após acordar, a maravilhosa noticia de que estava esperando um filho há quase três semanas.
Uma criança. Uma criança dela. Ginny sentiu uma alegria que ultrapassava qualquer coisa.
Mas a alegria durou pouco.
Ginny se surpreendeu quando bateram à porta de sua casa. Sobressaltou-se e agarrou a varinha, jogando o cobertor para o lado.
Calçou as pantufas e caminhou silenciosamente, encostando o rosto na porta.
- Quem é?
- Ginny, sou eu. Hermione.
Ela franziu o cenho e olhou para o relógio em seu pulso, abrindo a porta para receber a amiga.
- Que diabos você está fazendo na porta da minha casa plena madrugada?
A amiga e parceira de trabalho sorriu amarelo.
- Não consegui dormir. E descobri o que aconteceu com você essa semana. Por que não me contou?
Ginny deu espaço para que a amiga entrasse e fechou a porta.
- Pensei que você iria ver Ron quando está sem sono. – ela comentou divertida. – E eu não contei porque é tudo muito recente. Eu estou... Absorvendo a idéia ainda.
Hermione caminhou até a sala e observou o cobertor ao lado da espreguiçadeira.
- Você também não estava conseguindo dormir, certo?
- De certo modo, não, não estava.
- Está arrependida? – a amiga se sentou no sofá e passou a mão pelos cabelos lanzudos.
- Arrependida? Só de ter me casado. – Ginny respondeu com desprezo. – Quer alguma coisa para beber.
- Não, obrigada. Mas e então, o que Hammet disse?
Ginny pegou o cobertor e sentou-se ao lado de Hermione, cobrindo as duas.
- Pensei que Ron tivesse te contado.
- Não contou. Apenas disse que só não vai até ele e o esmurra porque você pediu. O que ele disse, Gin?
- Ele não quer me dar o divórcio.
Hermione arregalou os olhos.
- Depois de tudo que ele fez para você?
- Ele disse que isso traria desgosto a família dele.
- Ora, aos diabos! E por acaso ele se importou em trazer desgosto para você e fazer você...
Ginny não permitiu que ela continuasse o que ela tinha certeza que a amiga iria dizer.
- Não, mas a família dele é conservadora. Muito conversadora. – ela enfatizou amarga. – Não houve divorcio algum na família em gerações. Ele acha que vai matar a mãe de desgosto quando ela descobrir que seu único filho esta se separando.
- Isso não é problema seu.
- Foi o que eu disse. Mas ele continua relutante.
- E como você conseguiu sair da casa dele e morar sozinha?
Ginny soltou um sorriso enviesado.
- Eu apontei a varinha para ele e o ameacei.
Hermione piscou.
- O que você fez?
- Disse que ele não seria capaz de usar aquilo que tanto presa com a vagabunda dele se ele continuasse me prendendo. Disse que estava indo embora e que o divorcio era inevitável, e quanto mais cedo ele assinasse os papeis, mais cedo eu desapareceria da vida dele.
- Mas ele não quer que você desapareça. – Hermione pontuou.
- Bom, é exatamente o que eu vou fazer assim que ele assinar aquela droga e eu voltar a ser Ginny Weasley. Eu disse a ele que não vou pedir dinheiro algum e que ele pode ficar com a cobertura. A única coisa que quero é meu sobrenome e nunca mais ver o rosto dele. – ela respondeu amarga.
- E depois, o que você vai fazer?
- Seguir a minha vida, eu acho.
Não era tão fácil assim, Ginny pensou. Só de pensar ter de começar tudo de novo, morar sozinha e seguir com uma nova vida amargurada até se recuperar completamente a fazia tremer nas botas.
- Sua vida foi cheia de reviravoltas, não é mesmo?
- Com certeza. – ela respondeu. – Mas só me arrependo de ter pensado estar apaixonada por Hammet. Foi o único erro. Do resto, não me arrependo de nada.
- Nem de ter engravidado? – Hermione perguntou receosa.
Ginny ficou um tempo em silêncio. As íris escureceram e ela respondeu fria:
- Muito menos disso. Foi minha maior alegria em todo esse tempo.
- Eu só espero que você encontre a pessoa certa agora. – a morena comentou com um sorriso triste.
- Eu preciso me recuperar disso tudo antes de encontrar a pessoa certa. – Ginny balançou a cabeça. – Se quer saber, nem sei se essa pessoa existe.
- Claro que existe! – Hermione comentou indignada. – Você vai ver: vai encontrar aquela pessoa que é exatamente o que você precisa!
- Como você e o meu irmão? – perguntou divertida. Hermione corou e sorriu.
- Sim, como eu e Ron.
Sua voz se encheu de carinho e ternura ao mencionar o nome do noivo.
- Você vai ser nossa madrinha de casamento, não vai?
Ginny sorriu.
- Não perderia isto por nada.
Hermione sorriu e começou a conta sobre os preparativos do casamento. Comentou aborrecida apenas do fato de que um número enorme de jornalistas, incluindo a nojenta Skeeter, estavam afobados com o casamento do goleiro do Chudley Cannons.
- Vamos esperar até o fim do mês, quando terminar a temporada, para o casamento. Assim Ron pode aproveitar as férias e podemos ter nossa lua-de-mel.
- Ele me pareceu muito empolgado e convicto da vitória quando conversei com ele. – Ginny sorriu.
- Ah, ele está. Quase não consigo falar com ele durante a semana e isso me mata. Ele tem treinado como um louco, mas esta satisfeito com isso. O time só perdeu três jogos até agora, e está com chances de vencer o torneio.
- Isso é muito bom de se ouvir. Mas Rony parecia chateado com algo da ultima vez que falei com ele.
Hermione suspirou.
- Estávamos conversando sobre Harry esta semana.
Ela encarou Ginny, esperando alguma reação com aquele nome. Desde que se casou, a cunhada nunca mais mencionara nada sobre Harry para ninguém.
Ginny pareceu com pena.
- Ele queria que Harry estivesse presente, não é mesmo?
- É. E, no entanto, não sabemos nem se ele está vivo. Eu acho tão injusto!
- É o destino que ele escolheu para si mesmo, Hermione.
- Mas acho injusto Ron e eu estarmos vivendo tão bem enquanto ele encara tudo isto sozinho. Quer dizer, nem sabemos mais se ele está vivo ou...
Ela se calou. Ginny suspirou.
- Ele achava injusto deixar vocês dois não viver este sonho por causa dele.
Hermione a encarou.
- Por que você acha isto?
Ginny deu os ombros. Nunca contara a ninguém que viu Harry partir.
- Não sei. Acho bem típico dele.
Ambas ficaram perdidas em pensamentos por um minuto, até que bateram a porta mais uma vez. As duas se sobressaltaram e Ginny saltou do sofá, com a varinha em mãos. Hermione a encarou aflita.
- Quem pode ser a esta hora?
Ginny girou os olhos.
- Hermione, você fez a mesma coisa. – respondeu encostando a mão na maçaneta. – Quem é?
- Ginny? É o Ron.
Ginny abriu a porta com o semblante exasperado.
- Qual é o problema de vocês dois...
- Hermione está aqui? – perguntou. Seu tom de voz estava aflito quando ele empurrou a irmã para o lado com pouca delicadeza e correu até a sala a procura dela.
Hermione havia acabado de se levantar quando Ron correu até ela e a segurou pelos ombros. Seu noivo estava suado e com os olhos vermelhos, além de que parecia completamente abalado.
- Ron! – ela o encarou assustada. Ele parecia querer rir e chorar ao mesmo tempo e aquilo a alarmou. Ron não era de se descontrolar. – O que aconteceu?
Ginny havia acabado de chegar a sala quando escutou seu irmão abraçar a noiva e despejar as boas novas:
- Seu chefe está no St.Mungus. Mas ele não conseguiu enviar uma coruja para você ou para Ginny porque pensou ser arriscado demais.
- Ele está ferido? – Ginny perguntou com a sobrancelha erguida.
Ron começou a rir, feliz.
- Não! – ele beijou Hermione estalado nos lábios e a rodopiou. – Melhor do que isso!
Ginny sentiu vontade de rir com a resposta. Mike era apaixonado por Hermione, o que fazia Ron morrer de ciúmes.
- E então o que?
- Harry está vivo.
Hermione arregalou os olhos quando Ron a desceu do rodopio e Ginny simplesmente tropeçou nos próprios pés, porque estava caminhando em direção ao irmão quando recebeu a noticia chocante.
Ginny não esperava por sua reação. Ela pensou ter perdido o movimento das pernas e pensou que iria desabar no chão, enquanto seu coração estava disparado. Momentaneamente, ela perdeu o ar, enquanto sentia uma onda estranha de felicidade invadi-la, ao mesmo tempo em que certo terror inexplicável cortava a garganta.
Ginny sentou-se no chão, passando a mão pela testa enquanto Hermione perguntava:
- Como você descobriu isso, amor?
- Eu estava no St.Mungus com Maison, que teve uma fratura exposta no braço por causa de um balaço quando os curandeiros e alguns aurores passaram correndo pelo corredor com um paciente em uma maca. Depois de me certificar que Maison ficaria bem, eu fui ate a recepcionista do andar e encontrei seu chefe ali. É claro que ele sabia que éramos os melhores amigos de Harry. – retrucou aborrecido. – Todo mundo sabe a historia dele e tal. Quando perguntei o que aconteceu, ele me contou que encontraram Harry.
- Meu Deus. – Hermione sussurrou. – E ele está bem, Ron? Ele está inteiro?
Ron sorriu ainda mais ao assentir.
- Acho que sim. Estava sendo reanimado, pelo que escutei. Mike não me deu maiores explicações porque disse que aquilo só importava aos aurores. – bufou zangado. – Mas disse que seria interessante se eu avisasse à minha família para quando ele acordasse, para recebê-lo. Acabei de avisar mamãe e papai, que está avisando o resto da família.
Hermione começou a chorar de felicidade. Ron a abraçou.
- Graças a Deus ele está vivo e temos noticias dele!
- E Voldemort, Ron? – Ginny se manifestou pela primeira vez, atraindo a atenção do casal.
- Eu... Eu não sei. Fiquei tão feliz ao saber que Harry está vivo depois de tantos anos que não pensei em perguntar a Mike sobre isso. - respondeu envergonhado.
- Vamos perguntar isso a ele, quando chegarmos! – Hermione ria abertamente, com as lagrimas escorrendo por suas bochechas rosadas. – Vamos, Ginny, tire esse pijama e vamos até lá!
Ginny continuou sentada, encarando os dois com os lábios entreabertos. Seu irmão pareceu ser o único a notar seu estado. Soltou-se de sua noiva e estendeu a mão para a irmã, a erguendo. Ginny parecia perdida.
- É algo chocante, não é mesmo? – sussurrou para ela, que assentiu.
- Com certeza.
- Você não quer vê-lo?
Ela não sabia o que responder. Durante todos esses anos, sua mente havia se obrigado a distanciar Harry de seus pensamentos, e depois tudo o que conseguia pensar era em seu casamento e sua vontade de se tornar auror. Ter noticias dele pela primeira vez desde a ultima vez que se viram foi como se o bloqueio que havia criado desaparecesse, transportando-a para o dia em que se despedira dele.
- Não sei. – ela sussurrou para si mesma. Mesmo tentando se fazer forte, seu divorcio estava a deixando completamente vulnerável.
- O que disse?
Ela balançou a cabeça e caminhou cabisbaixa até seu quarto.
- Vou apanhar uma capa e já desço.
Continua...
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