Esposa e... Mamãe?



*** Sarinhaaa *** : Desculpaa Sarinha! Não pretendia demorar tanto pra atualizar, mas é que fiquei sem internet durante todas essas semanas. Me desculpe mesmo. Mas enfim.
Concordo plenamente com vc, essa fic é APAIXONANTE, amo cada linha dela, e acredito que vc também vai gostar ainda mais.
Obrigada mesmo, e beijos.

Ananda Marion : Hum, algo me diz que não foi pra uma moça que ele ligou ;)
Obrigada pelo comentário Ananda e continue lendo.
Beijos.

Ingrid : Obrigada de verdade Ingrid.
E continue lendo que vc vai achar ainda mais perfeito.
Beijos





Bom, como eu fui muito má com vocês, fazendo vocês esperarem muito pela atualização, então resolvi que além desse capítulo, haverá mais um, como presente e como desculpas.
Espero que gostem (como eu gostei e que continuem lendo e comentando a fic, que é muito importante pra mim.
Obrigada, e muitos beijos.
Romances à todos!



Capitulo IV - Esposa e... Mamãe?


Hermione aguardava impaciente a chegada de Harry à maternidade. Queria ir embora, fugir daqueles que gostavam de interferir desagradavelmente em seus preciosos momentos com Abigail. Infeliz­mente, porém, não podia ir para casa sem a assistência do marido, e ele ainda não aparecera.

— Calma, Hermione — pediu Jane, sua mãe. — Ele logo vai chegar.

— Talvez ele tenha se esquecido.

— Esquecido a esposa e a filha em menos de vinte e quatro horas? Harry? Impossível.

— Podemos levá-la, se quiser — ofereceu-se a irmã Kendell.

— De jeito nenhum — repreendeu a mãe, antecipando-se a Hermione. — Estaríamos roubando uma lembrança de Harry, e isso eu não permitiria. Ele já deve estar che­gando. E vocês duas, tenham paciência.

Harry chegou nesse exato instante, detendo-se à porta ao ouvir as últimas palavras da sogra.

— Perdi alguma coisa? — indagou, desconfiado.

Hermione espantou-se ao vê-lo vestido informalmente, de camisa de malha esporte e calça jeans tão velha que apresentava manchas esbranquiçadas. Apesar de folgada, a peça não falhava em delinear seus quadris estreitos, o bumbum musculoso e coxas viris. Seus ombros largos também se destacavam sob o tecido macio da camisa.

— Uau! — exclamou Kendell, admirada. — Mas que transformação! Agora entendo por que quis iniciar o ano-novo com ele!

Com um olhar fulminante, Hermione fez a irmã caçula se calar e concentrou-se de novo no marido. Kendell estava certa. Harry nunca revelara tanto de seu belo físico.

— Hoje é terça-feira — lembrou, confusa. — Por que não está de terno?

— E assim que ele costuma esconder esses ombros? — provocou Kendell. — Debaixo de risca-de-giz? Vou prestar mais atenção a homens de terno e gravata, de agora em diante.

Harry cruzou os braços, tão impressionantes quanto os ombros, e recostou-se no batente da porta.

— Como não vou ao escritório, dispensei o terno — explicou. — Mas vocês ainda não me contaram quem roubou a lembrança de quem.

Hermione custava a acreditar no que ouvira.

— Vai tirar o dia de folga?

Ele a fitou longamente com aqueles incríveis olhos verdes.

— Vou.

Seguiu-se um silêncio constrangedor, que o pai de Hermione quebrou:

— Bem, vamos embora, então. — Estendeu a mão a Harry. — Sua filha é linda. Meus parabéns.

Jane abraçou o genro.

— Você foi formidável. Conseguiu trazer Hermione aqui bem a tempo.

— Acho que estou me especializando nisso.

— Isso é ótimo. Tome conta de sua família.

Harry abrandou um pouco a expressão séria.

— Sabe que não tem com que se preocupar.

Assim que os sogros se foram, arrastando a filha caçula, Harry fixou os olhos em Hermione. Ela não sabia o que era pior, se a lógica remota com que ele considerava os demais ha­bitantes do planeta, ou aquele olhar frio e empedernido.

— Bem, vai satisfazer minha curiosidade ou não?

Hermione deu um sorriso tímido.

— É só um comentário que minha família costuma fazer. Toda vez que fazemos algo que caberia a outra pessoa, excluindo-a, minha mãe diz que estamos rouban­do uma lembrança dessa pessoa.

— E que lembrança iam roubar de mim?

— Eu não estava planejando roubar nada de você. Kendell é que se ofereceu para me levar para casa...

— Sem mim.

— É, sem você. Antes que eu pudesse recusar, mamãe interferiu.

Hermione não sabia se Harry acreditara ou não. Olhando da perspectiva dele, podia entender por quê. Mantivera-o alheio à existência de Abigail desde o momento de sua concepção, armazenando sozinha nove longos meses de lembranças, momentos que ele nunca pudera partilhar e que jamais reclamaria. E, se dependesse de sua vontade, teria dado a filha à luz sem a presença ou o conhecimento dele. Estava envergonhada.

Recordando os últimos meses, percebia que cometera um erro terrível. Excluíra Harry de experiências que lhe pertenciam por direito. Numa situação inversa, ou seja, se Harry lhe houvesse omitido informações que teriam afetado sua vida diretamente, estaria furiosa. Mais que furiosa. Provavelmente, jamais o perdoaria.

Harry não se mostrara furioso, mas preocupado, res­peitoso e muito mais gentil do que ela merecia. Sim, forçara-a ao casamento, mas tal exigência ultrajante era até compreensível, ainda que não a apreciasse. Saber que seu filho carregava o nome de Rony teria enlouque­cido Harry, considerando a animosidade que existira entre os dois.

Mordiscou o lábio inferior.

— Peço desculpas, Harry.

Ele não respondeu. Em vez disso, adentrou o quarto e foi até o berço. Sem hesitar, acariciou a bochecha de Abigail.

— Nunca senti nada tão macio — murmurou, enter­necido. — É como tocar pétalas de rosa.

— Harry...

— O médico já lhe deu alta?

— Já, mas...

— Vou pedir uma cadeira de rodas. Estacionei o carro bem perto da saída. — Deteve-se à porta, rígido. — Com­prei uma cadeirinha de carro para Abigail. Foi por isso que me atrasei.

Hermione não poderia sentir-se pior. Harry acabara de provar-lhe que estava errada. Podia ser inocente desta vez, mas o fato não corrigia seus erros passados. Quando ele voltou com a cadeira de rodas, já estava pronta para ir embora, com Abigail segura nos braços.

Harry continuou solícito e prestativo, mas mal emitiu monossílabos durante todo o trajeto. Recolhera-se a al­gum lugar secreto só seu, ao qual ela não tinha acesso. Por fim, pararam diante de casa, ou melhor, da casa que fora de Rony.

Harry parecia incomodado com a fato também. Contem­plou desgostoso a mansão exagerada.

— Quanto antes você se mudar daqui, melhor.

— Pretendo mesmo me mudar para uma casa menor, daqui a um ano, mais ou menos.

— Não era nisso que eu estava pensando.

Hermione já sabia o que ele ia sugerir e tratou de desiludi-lo:

— Esta casa é muito grande, mas vou ficar até nos divorciarmos.

Pronto. Deixara claro. Harry contraiu a boca.

— Não quero que você e Abigail fiquem aqui. Minha casa é perfeita para nós três.

— Não vou morar com você.

— Ah, não? — Ele girou no assento e encarou-a. — E como vai explicar isso a seus pais?

Hermione olhou para a frente.

— Vou inventar qualquer coisa.

— Eles esperam que moremos juntos. Esqueceu-se des­se pequeno detalhe?

Hermione tinha certeza de que ele pensava nos lençóis bordados.

— Não me esqueci de nada! — Arrepiada ante a própria voz aguda, olhou por sobre o ombro. Abigail dormia placidamente no assento especial, indiferente à discussão dos pais. Passou a sussurrar: — Morarmos juntos não faz parte do trato, Harry. Foi um ano de casamento em troca de minha colaboração com a SSI Não concordei em dormir com você.

— Pois estou renegociando os termos.

— Não pode!

Ele ergueu o sobrolho.

—N ão? O que vai fazer para me impedir?

— Dizendo uma única palavra: não.

Harry sorriu malévolo.

—Nesse caso, estou feito! Ainda me lembro de seu sucesso ao usar essa palavrinha da última vez.

— Hermione ficou vermelha como tomate.

— Foi um acidente. Um equívoco. Um acontecimento único. Com certeza, não serve de base para um casamento.

— Tem certeza?

Ele pousou as mãos nos ombros dela.

— Por favor, não — pediu Hermione, adivinhando seu in­tento. — Não de novo.

Ele mantinha a boca a milímetros da dela.

— Por que não? Detesta tanto assim?

Não, ela não detestava. Aí estava o problema. Gostava de tudo nele. Gostava de seu toque, de seu gosto, de seus beijos.

Principalmente dos beijos. Mas gostava também de torta de maçã, o que não significava que lhe fazia bem, ainda mais em excesso. Com Harry, porém, só uma fatia não bastava. Não chegava nem perto de satisfazer.

— Por que eu, Harry? -— questionou, esgotada. — Por que não outra mulher?

— Porque nenhuma outra mulher consegue me aque­cer. Tudo o que quero é me sentir aquecido, querida. Esperei por isso a vida toda.

Ela não entendia aquelas palavras. Já o fervor de seus beijos, a fome indisfarçada, isso fazia sentido. Era quando entravam em sintonia. Não era amor o que sentia. Não podia ser. Era luxúria. Paixão. Apetite sexual. Tudo bas­tante aceitável. Mas não amor. Não podia confiar no amor, nem no homem que o oferecia. O amor implicava que ela perderia novamente. O amor implicava abrir mão da própria vida. O amor implicava dor, frieza e desilusão.

— O amor era inaceitável.

Harry eliminou os milímetros que os separavam, selando seus lábios com os dele, detendo-lhe as palavras, bem como os pensamentos. Os beijos dele não ficariam me­lhores. E aquele desejo desesperado se abrandaria com o hábito. Então, sensações puras dominaram.

Como pudera esquecer-se de quão profundamente ele a afetava? Entreabriu os lábios, convidando o calor, re­cebendo a doce invasão. Harry era um homem de disci­plina, mas seu controle se estilhaçara no instante em que se tocaram. Ele exigia, depois, persuadia. Provocava, depois, tentava. O movimento de sua boca e língua ditava um ritmo que só ele sentia. Mas o corpo dela pareceu recordar, e ela se viu acompanhando-o, regozijando-se na força crua por trás daquela canção interior primitiva.

Ele enterrou as mãos em seus cabelos, erguendo seu rosto para que pudesse explorar ainda mais sua boca. Ela se agarrou a ele, a mente devastada por lembranças. Recordava aquela noite incrível, inesquecível. Ele a ama­ra no chão, diante da lareira, e a cada estocada imprimira a si mesmo em seu coração e sua alma. Sentiu um calor na boca do estômago. Acabara de dar à luz. Como podia desejá-lo tanto logo após ter tido Abigail?

Foi o que a fez parar. Abigail. Como pudera esquecer-se dela?

Hermione livrou-se de Harry com um repelão, ofegando den­tro do carro fechado. Nenhum dos dois disse nada por um bom tempo.

Então, ele lhe segurou o queixo e obrigou-a a olhá-lo nos olhos.

— O que você sente por mim pode não ser base para um casamento. Pelo menos, não ainda. Mas é um começo. Goste ou não da idéia, somos uma família. Abigail é mi­nha filha também. E pretendo ser um bom pai para ela.

— Não quero nada além disso.

— Mas eu quero, e aviso: não vou permitir.

Hermione ficou confusa.

— O quê?

— Que roube mais lembranças de mim.

Hermione baixou os olhos, envergonhada.

— Eu errei. Devia ter lhe contado que estava grávida. Desculpe-me. Lamento mais do que pode imaginar. Mas não posso aceitar este casamento. Não neste momento.

— E eu não posso ficar sem você. — Eram as mesmas palavras que ele dissera na hora do casamento, no mesmo tom ríspido. — Você me fez sentir o gostinho do céu. É de admirar que eu não queira que se afaste de mim?

— Não posso amar alguém como você.

As palavras simplesmente lhe escaparam, um protesto do coração, eco de um passado de mágoas.

— Por que não?

Hermione olhou para a porta da casa.

— Já lhe disse. Você não é mais seguro de se amar do que Rony.

Não sobreviveria a outro casamento sem emoções. Não era capaz!

— É pena, cara esposa, que não me queira como marido, porque durante um ano estará presa a mim.

Com isso, ele saiu do carro, deu a volta e ajudou-a a se levantar. Abrindo a porta traseira, tirou Abigail de seu assento e apoiou-a contra o ombro.

— Vamos?

Por mais que quisesse contestar aquele autoritarismo, Hermione não ousou. A porta, digitou o código três vezes até que Gem dignou-se desativar o sistema de segurança e autorizar a entrada.

- BEM-VINDO AO LAR, SENHOR POTTER.

— Solicito mudança de sistema imediata — disse Harry. — Tem uma cópia da voz de Hermione na memória?

— AFIRMATIVO, SENHOR POTTER.

— Todas as fechaduras deverão atender a seus pedidos verbais até o nível dois de segurança. Entendido?

— PERFEITAMENTE, SENHOR POTTER.

— O que foi que você fez? — indagou Hermione. — O que significa isso?

— Não quero que se atrapalhe com botões e códigos ao chegar em casa com o bebê. De agora em diante, basta se anunciar e pedir a Gem que abra a porta.

— Jura? É só eu dizer "abre-te, Sésamo" e todas as portas vão se abrir?

Exatamente. Se bem que desaconselho o "abre-te, Sésamo", porque Gem não tem muito senso de humor.

Hermione esticou o braço.

— Só um minuto, quero ter certeza de que entendi bem. Peço a este monte de circuitos defeituosos que me deixe entrar, e ele permite. Sem alarmes, polícia, botões para apertar e números para lembrar?

— Perfeitamente.

— Há quanto tempo isso é possível?

— Desde o início.

Hermione já fumegava.

— Quer dizer, desde que Rony e eu entramos para a empresa?

— Exato.

— Por que passei todo este tempo sofrendo com esses códigos, posso saber?

— Pensei que quisesse que Gem operasse dessa maneira.

Harry estava mentindo. Nem se incomodava em tentar disfarçar. Estava escrito em sua testa.

— Oh, eu podia matá-lo por isso! Cinco anos tentando me lembrar de todos os números que me passou, e você me diz agora que não era necessário?

— Isso mesmo.

— E as mudanças de código a cada mês? — Hermione baixou a voz, lembrando-se de Abigail. — Não eram necessárias, tampouco?

— Eram, se bem que não todo mês. — Harry achou melhor tirar Abigail dos braços da mãe agitada. — O sistema de reconhecimento de voz é muito bom, assim como o de análise de impressões digitais.

— Ah, eu vou matar você! Fez de propósito, não fez? Deliberadamente, nos fez sofrer na mão dessa parafer­nália eletrônica só para se divertir.

Harry embalava o bebê.

— Não seja ridícula. Isso requer senso de humor e, conforme já observou inúmeras vezes, não tenho mais emoções do que Gem. Como eu poderia me divertir ante seus problemas com o computador?

Hermione bufou.

— Ainda não acredito!

— Pois acredite. Rony não se esforçou nem um pouco para entender como se operava Gem. Simplesmente exi­giu que eu instalasse Gem nesta casa e providenciasse os códigos. Foi o que fiz.

Hermione estava longe de se deixar apaziguar.

— Seu...

— Se alguém merece ser xingado, é seu falecido — advertiu Harry. — Nunca vi sujeito mais arrogante e ne­gligente. Ao assumir o trono do pai na SSI, esperou re­ceber tudo de mão beijada, em vez de aprender sobre o negócio. Só lhe interessava o resultado final. De quanto dinheiro podia dispor na qualidade de sócio? Não que tivesse que trabalhar para fazer jus à quantia. — Seus olhos se obscureceram de rancor. — Era um idiota. Nunca considerou o reconhecimento de voz ou as impressões digitais, sendo que bastava abrir mão de cinco minutos de suas aulas de golfe para ler os relatórios de vendas e saber dessas opções.

—- Pois eu lia todos os relatórios — declarou Hermione, indignada. — Mas achava que esses recursos não estavam disponíveis no sistema instalado aqui!

— Bem, estava enganada. Podia ter me perguntado, Hermione. Se um dos dois houvesse tomado a iniciativa, eu teria feito a mudança.

Harry tinha razão. Ela e o marido nunca questionaram a capacidade de Gem, demonstrando muita ignorância.

Os co-proprietários da SSI não sabiam de nada.

Rony não teria se divertido com o logro. Quanto a ela... Se Harry houvesse pregado aquela peça em outra pessoa, teria morrido de rir! Não que isso o inocentasse.

Eis que Abigail abre os olhos e contempla os arredores. A seguir, com uma careta, solta um grito forte e poderoso.

— Ela deve ser noventa por cento pulmões — admirou-se Harry.

Hermione pegou o bebê.

— Metade pulmões e metade estômago, eu diria. Ela deve estar com fome, por isso, não vou acompanhá-lo, está bem? — Era incrível a civilidade que ainda demonstrava, considerando quão raivosa se encontrava. — Vou amamentá-la.

Ao menos, tentaria. Ainda não se acostumara àquele aspecto da maternidade, mas evidentemente não confes­saria tal falha ao pai da criança. Não depois do que ele fizera. Estreitando Abigail nos braços, tomou o corredor rumo ao quarto.

— SENHOR POTTER?

— Sim, Gem?

— IDENTIFICAR SOM. — O sistema acionou a gra­vação do choro de Abigail.

— É minha filha — esclareceu Harry. — Ela se chama Abigail.

O sistema procurou nos arquivos a palavra filha.

— O SENHOR PRODUZIU UM REBENTO FEMININO?

— Isso mesmo, Gem. Aliás, a senhora Granger é agora a senhora Potter. Ela é minha esposa e mãe de Abigail.

— UM MOMENTO. ACESSANDO. O SENHOR ES­TABELECEU UM LAÇO CONJUGAL COM A SENHO­RA GRANGER-POTTER?

—É só senhora Potter agora, Gem. Pode apagar o nome Granger de seus bancos de memória — instruiu Harry, com muito prazer. — E, sim, estabeleci um laço conjugal com ela. Ao menos estou tentando.

— A SENHORA POTTER AJUDOU NA PRODUÇÃO DO REBENTO FEMININO?

— Sim, ela deu o bebê à luz. — Harry lembrou-se de algo importante. — Gem, programe seu sistema para captar aquele som que acaba de gravar. Se ele durar mais que três minutos, avise Hermione.

— EXPLICAÇÃO?

— O som significa que o rebento feminino precisa de atenção imediata. Como a casa é muito grande, Hermione pode não ouvir.

— AFIRMATIVO, SENHOR POTTER.

Harry teve outra idéia, mas hesitou. Hermione não apreciaria nem um pouco. Mas ela não apreciara nada do que ele fizera nos últimos cinco anos mesmo!

— Gem, ative o sistema de monitoramento — instruiu. — E me contate se ocorrer algo diferente.

— DEFINA DIFERENTE.

— Diferente é todo evento que tira Hermione de sua rotina normal. Os relatórios terão nível de segurança alerta um. Entendido?

— ENTENDIDO.

— Restabeleça o sistema depois que eu sair.

— AFIRMATIVO. TENHA UM BOM DIA, SENHOR POTTER.

— Vai ser difícil — resmungou ele.

— Com esforço, ele deixou a pequena família que acabara de ganhar.

— SENHORA POTTER?

Hermione acordou sobressaltada, olhando atônita para o quarto às escuras.

— Gem, é você?

— SIM, SENHORA POTTER.

— O que foi?

— O REBENTO FEMININO ABIGAIL ESTÁ EMI­TINDO UM SOM AGUDO HÁ TRÊS MINUTOS E DOIS SEGUNDOS. FUI INSTRUÍDA PARA AVISÁ-LA DO FATO.

— Abigail está chorando?

— UM MOMENTO. — O sistema transmitiu o som de um choro infantil. — POR FAVOR, CONFIRMAR QUE SOM AGUDO SIGNIFICA CHORAR.

Hermione pulou da cama.

— Confirmado!

Num segundo, adentrava o quarto ao lado do seu e tirava o bebê do berço, horrorizada por não ter ouvido seu choro. Abigail estava com fome. Sentou-se na cadeira de balanço próxima e desabotoou a frente da camisola.

Era sua quinta tentativa de amamentar a filha. A pri­meira ocorrera na maternidade, com uma enfermeira dando-lhe instruções detalhadas de como realizar a tarefa que sempre considerara simples, se não instintiva. Pelo jeito, não era mais simples ou instintiva do que progra­mar Gem. Fora o que descobrira, desalentada, nas três vezes em que tentara alimentar Abigail desde que che­gara em casa. O que a lembrava...

— Gem, disse que foi instruída a me avisar sempre que Abigail chorar?

— AFIRMATIVO. SEMPRE QUE O REBENTO FE­MININO EMITIR O SOM AGUDO POR MAIS DE TRÊS MINUTOS, DEVO AVISÁ-LA. NÍVEL DE SEGURANÇA ALERTA UM.

— Foi Harry quem instruiu, não foi?

— AFIRMATIVO.

Aquele autoritarismo de Harry irritava-a, mas tinha de reconhecer que sua atitude se devia à preocupação com a filha. Olhou-a. Ela se recusava a mamar.

— Vamos, meu amor. Você precisa se alimentar.

Abigail chorava, longa e sonoramente. Numa pausa, encaixou a boquinha no mamilo outra vez, sugando avi­damente por alguns segundos, até abandoná-lo com um grito de frustração.

Hermione embalava-a freneticamente, sem saber o que fa­zer. Por que o bebê não mamava? O que havia de errado? Lágrimas lhe embaçaram os olhos. Desejara muito um bebê, sempre acreditara ser uma mãe nata. O que podia ser mais natural do que amamentar uma recém-nascida? Seus seios estavam cheios de leite, mas nem uma gota dele se transferia para Abigail.

— SENHORA POTTER?

— O que é?

— ESTÁ ACONTECENDO ALGO DIFERENTE?

— Como assim?

— ESTÁ SE DESVIANDO DE SUA ROTINA NORMAL?

— Sim, estou me desviando de minha rotina normal — confirmou Hermione, em prantos. — Estou falhando como mãe. É desvio bastante para você?

— AFIRMATIVO.

— SENHOR POTTER?

A luz se acendeu automaticamente no quarto de Harry e ele se soergueu, alerta.

— O que foi, Gem?

— NÍVEL DE SEGURANÇA ALERTA UM. A SENHORA POTTER ESTÁ SE DESVIANDO.

— Como?

— HÁ UM DESVIO EM PROGRESSO NA RESIDÊN­CIA DA SENHORA POTTER.

— Mas o que está acontecendo?

— UM MOMENTO.

O som do choro de Abigail encheu o ambiente, seguido de um soluço de mulher. Hermione! Harry pulou da cama e agarrou a calça que deixara dobrada bem à mão.

— Rebobine a fita. Agora.

A tela da televisão se iluminou. A uma ordem de Harry, a câmera focalizou Hermione na cadeira de balanço com o bebê junto aos seios. Por algum motivo, ambas choravam copiosamente.

Pegou a chave do carro em cima da cômoda e saiu voando.

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