A busca



A busca

- Não tenho certeza, Harry, mas acho que já sei onde se encontra uma das Horcruxes – começou Dumbledore. – Pela descrição que me fez.

- Qual é, senhor? – perguntou Gina, animada.

- Bem, a partir das informações que vocês e outros bruxos que já conheceram Voldemort, nos tempos de colégio, me deram, pude pressupor que a primeira Horcrux é o anel de Servolo.

- Está na casa do avô e da mãe dele, não é, professor? – perguntou Harry, olhando naqueles olhos profundamente azuis de Dumbledore.

- Sim, Harry, é ela. Mas, como sabe disso? – perguntou Dumbledore, observando Harry por cima de seus oclinhos de meia lua.

- Quando eu estava no sexto ano, professor, o senhor me dava uma espécie de “aula”, mas não era bem uma aula. Eu vinha ao seu escritório e o senhor me mostrava algumas lembranças, em sua Penseira, que tinha conseguido de bruxos que conheceram Tom Riddle – explicou Harry. – E uma das lembranças era a que um bruxo do ministério foi até a casa dos avô de Riddle, pois seu filho havia enfeitiçado um trouxa. Então, Servolo ficou muito bravo e disse que eram uma família puro-sangue, descendentes de Salazar Sonserina e mostrou o anel a ele. Antes do ano letivo iniciar, o senhor encontrou o anel, mas colocou-o, sem saber que possuía uma terrível maldição, que o mataria em pouco tempo. Mas Snape conseguiu retardar a Maldição, dando-lhe um ano.

- E o anel foi destruído? – perguntou Dumbledore, refletindo sobre as palavras de Harry.

- Sim, foi o senhor mesmo que o destruiu.

- Entendo – começou Dumbledore. – Quer dizer que agora, que vamos atrás do anel, ninguém deve tocá-lo?

- Exatamente – disse Gina. – Temos que levar algo para trazê-lo sem ter perigo de encostar nele, ou senão, destruí-lo lá mesmo, sem tocar.

- O único problema, minha jovem, é que o anel contém a lendária Pedra da Ressurreição – explicou Dumbledore.

- Pedra do quê? – perguntou Gina, confusa, pois nunca tinha ouvido falar da tal pedra.

- Pedra da Ressurreição – mas dessa vez quem falou foi Harry. – É uma pedra que pode trazer uma “impressão” de pessoas que já morreram. Como um fantasma, mas só vê que está com a pedra. Certo, professor?

- Sim, Harry, corretíssimo – disse Dumbledore, satisfeito. – Há uma lenda sobre a criação dessa pedra.

- E qual é? – perguntou Gina querendo saber de tudo.

- A lenda diz que três irmãos, bruxos, queriam atravessar um rio, mas não tinham como, se tentassem, morreriam. Assim, construíram uma ponte, por magia e atravessaram. A Morte, que estava encapuzada, os esperava do outro lado do rio. Ao chegarem perto, ela disse que ninguém nunca havia escapado dela, então, daria um presente para cada um. O primeiro irmão pediu uma varinha invencível. A Morte foi até uma árvore e confeccionou a varinha pedida. O segundo pediu uma pedra que ressuscitasse quem ele quisesse. A Morte foi até a beira do rio, pegou uma pedra e transformou-a na Pedra da Ressurreição. E o terceiro pediu uma Capa de Invisibilidade perfeita, pois todas vão perdendo seu poder através dos anos. E a Morte fez a capa. Todos queriam reunir os três tesouros, pois acreditavam que, com os três, venceriam a Morte.

- Mas essa lenda é só lenda, não é? – perguntou Gina. – Não é real.

- Engano seu, senhorita – respondeu Dumbledore calmamente. – A Pedra realmente existe e está nesse anel.

- E quanto às outras duas? – perguntou, ainda sem acreditar que tais tesouros existiam.

- Bem, a Varinha Anciã, feita pela Morte, é essa – disse Dumbledore, tirando uma varinha das vestes e mostrando-a a menina que parecia sem saber o que falar. – E a Capa de Invisibilidade, é a capa que Harry herdou do pai, que tem sido da família há séculos. Harry é o último descendente do bruxo que pediu a Capa.

- Is... Isso é verdade Harry? – perguntou Gina, incrédula e Harry apenas concordou com a cabeça.

- Bom, como a varinha se tornava leal àquele que vencia o último dono, houve várias lutas por causa dela, e seu primeiro dono foi morto. A Morte o pegou. Quanto à pedra, seu dono enlouqueceu por poder ver a mulher que amava, mas não poder tê-la novamente, e morreu. Mais uma vez, a Morte o alcançou. Já em relação à capa, seu dono foi o que conseguiu fugir por mais tempo da Morte, mas ela acabou pegando ele também.

- Entendo, então, quanto à Horcrux, como Voldemort conseguiu encontrar a pedra? – dessa vez foi Harry quem perguntou.

- Tenho duas opções – começou Dumbledore, se levantando e andando até a janela observar a mudança de tempo que estava ocorrendo. – A primeira é que, a família dele pode ser descendente do primeiro dono da Pedra, e a segunda é que tenham conseguido com algum vendedor de objetos das Trevas, que não sabia o que realmente era.

Lá fora, o tempo não era mais o mesmo. O céu estava escurecendo, o vento soprando com mais força do que nos últimos dias, fazendo as copas das árvores da Floresta Proibida balançarem violentamente, nuvens pretas e carregadas se aproximavam rapidamente, encobrindo o sol.

- Professor, quando vamos até a casa dos Servolo pegar o anel? – perguntou Harry, após alguns momentos de silêncio.

- Tem certeza de que quer ir, Harry? – perguntou o diretor, se virando e olhando nos olhos de Harry. – Não sei o que há lá, pode ser muito perigoso.

- Tenho, sim – respondeu Harry, certo do que falava.

- Está bem, então. Iremos até lá amanhã pela manhã. Venha ao meu escritório às oito. Tudo bem para você?

- Sim, senhor. – respondeu Harry, animado por saber que participaria da busca e destruição da primeira Horcrux.

- Mas leve sua Capa de Invisibilidade – acrescentou. – Para o caso de precisar se esconder.

- Está bem – respondeu Harry. Já ia se levantando quando se lembrou que tinha duas perguntas a fazer ainda. – Professor?

- Sim, Harry?

- Será que eu poderia contar isso aos meus pais?

- Sem problema, mas faça-os prometerem que não vão comentar isso onde possam ser ouvidos, pode arranjar uma bela encrenca – avisou Dumbledore.

- Sim, senhor, e... – começou. – Quando poderemos começar a freqüentar as aulas?

- Como hoje ainda é sábado, podem começar na segunda mesmo. Já encomendei os livros e tudo o que precisarão para os estudos.

- Obrigada – agradeceu Harry. – Boa noite, senhor.

- Boa noite, Harry.

- Boa noite, professor – disse Gina.

- Boa noite.

Gina estava pensando nas palavras de Dumbledore, sobre as três relíquias, quando Harry a chamou de volta à realidade para entrar na Sala Precisa, já que tinham combinado de se encontrar com seus pais e os outros lá. Quando entraram, todos já estavam lá.

- Pensamos que não viriam – disse uma garota de cabelos escuros e olhos azuis. – Kely, muito prazer – disse ela, apertando a mão de Harry.

- Pelo visto, a conversa com o Dumbledore foi longa – disse Tiago. – O que ela tem? – acrescentou ao ver Gina, que voltara a mergulhar em seus pensamentos.

- Está pensando em tudo o que Dumbledore disse – respondeu Harry.

- E nós estamos curiosos para saber o que ele tanto falou – disse Sirius, fingindo estar irritado. – Conta logo!

- Você deve ser Alice – disse Harry, olhando para a garota de cabelos pretos e olhos castanhos escuros, ao lado de Lílian.

- Eu mesma – respondeu ela. – Muito prazer.

- Tá, agora que todos já se conhecem, quer fazer o favor de contar logo! – pediu Lílian, com as mãos na cintura.

- Está muito mandona, Lily! – comentou Remo, rindo.

- Ora, ele é meu filho, posso mandar nele! – disse ela, arrancando risadas de todos.

A sala havia se transformado num local parecido com um escritório. Havia uma mesa bem grande ao centro, para oito pessoas, e uma mesinha menor ao lado com alguns petiscos e suco de abóbora. Todos se sentaram e Harry começou a repetir tudo o que Dumbledore tinha dito.

- Então, quer dizer que eu sou descendente desse bruxo! – exclamou Tiago, com um sorriso maroto, quando chegaram na parte da Capa.

Harry concordou e continuou contando. Todos fizeram o máximo silêncio e não houve mais interrupções.

- Mas, Harry, é perigoso você sair assim! – disse Lílian preocupada, quando Harry chegou na parte de ir procurar a Horcrux com Dumbledore.

- Não se preocupe, estarei com a Capa, e te garanto que, da época de onde vim, era muito mais perigoso, pois havia um bruxo das trevas determinado a me matar, de qualquer modo – concluiu Harry, rindo. – Ah, e ficando furioso cada vez que eu escapava de suas mãos!

Já era noite quando saíram da Sala Precisa rumo ao Salão Principal para jantar. A tempestade era violenta. Os grossos pingos de água castigavam as janelas do castelo e poderosos raios clareavam o céu, tanto nos terrenos do castelo, quanto do teto encantado do Salão.

Durante o jantar, os marotos ficaram fazendo palhaçadas, fazendo todos rirem. Riram ainda mais quando, durante uma palhaçada, Tiago meteu a mão na ponta do garfo, que saiu girando e bateu em cheio em seu nariz.

Após o jantar, foram para a Sala Comunal. Estavam todos morrendo de sono e foram dormir cedo. Harry foi para o dormitório masculino, junto com os marotos e Gina foi para o feminino junto com as garotas.

O dia amanheceu tempestuoso, embora a chuva não fosse tão pesada quanto no dia anterior. Harry estava muito entusiasmado com a idéia de destruir a primeira Horcrux com Dumbledore. Mesmo com as reclamações de Gina, todos concordaram que o melhor a fazer era ela não acompanhá-los dessa vez.

As oito em ponto Harry entrou no escritório de Dumbledore, e encontrou-o já pronto para sair, com uma capa de viagem.

- Trouxe sua capa, Harry? – perguntou ele.

- Sim, senhor – respondeu Harry tirando a capa do bolso e mostrando-a a Dumbledore.

- Ótimo! – disse Dumbledore sorrindo. – Vamos?

- Está bem – disse Harry. Ao chegar nas portas de Carvalho que dava saída para os jardins de Hogwarts, Dumbledore fez um feitiço nele próprio e em Harry, para que não se molhassem e Harry perguntou – como vamos?

- Aparatando, é claro – respondeu. – Já sabe aparatar, eu suponho?

- Sim, senhor.

- Então, pense exatamente no local em que viu a casa, na lembrança e aparate até lá.

Ao sair dos portões de Hogwarts, Dumbledore se virou para Harry.

- Vamos partir daqui. É melhor que ninguém nos veja – Harry concordou com a cabeça, se concentrou bem no local para onde queria ir e girou com o corpo. Sentiu um puxão para trás e, ao pensar que iria sufocar, a sensação parou e viu que estavam numa estradinha de campo, ladeada por cercas vivas. Ali já não chovia, mas havia muitas nuvens carregadas no céu.

Os dois começaram a andar e logo estavam numa descida íngreme na qual já era possível ver um pequeno vilarejo. Harry lembrou que, quando fora na penseira, não chegava ao vilarejo e, no meio da descida, entraram no meio das cercas vivas, dando vista a uma casa velha e mal cuidada.

As árvores cresciam tão juntas à casa que era quase impossível vê-la. Só via quem sabia que estava ali ou prestava muita atenção. Harry e Dumbledore seguiram até a porta da casa e entraram. Por dentro, a casa tinha um aspecto quase tão ruim quanto por fora: havia panelas com comida mofada e uma única mesa, uma poltrona velha e roída de traças, um tapete ralo e puído e uma lareira, que parecia ter sido acesa pela última vez há meses atrás. Além de a casa ser totalmente escura.

Começaram a andar pelas ruínas quando viram algo se mexer na poltrona virada para a lareira apagada e um gato saiu correndo. Continuaram a explorar a casa à procura de algum sinal do anel, até que...

- Quem está aí? – perguntou uma voz fria, vinda do canto mais escuro da sala.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.