CAPÍTULO II
CAPÍTULO II
Quando despertou, Hermione não encontrou a arma. Deitada de lado, pôs-se a procurar o revólver freneticamente.
Ouviu a voz de Harry atrás de si:
— Eu peguei o revólver. Tive medo que você se ferisse enquanto dormia.
Hermione virou-se de forma abrupta, para deparar com ele sentado no chão, perto da cama. Recostava-se à parede, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Continuava sem camisa e, no exíguo espaço do sótão, parecia ainda mais ameaçador. A arma estava em sua mão.
Ela olhou-o, confusa e amedrontada. As cenas do dia anterior vieram-lhe à mente.
— Por que está tão assustada? — Harry mostrava-se surpreso. — Eu trouxe você sã e salva até aqui. Por que acha que, depois de tudo isso, eu iria machucá-la?
Hermione não soube o que responder. Na verdade, não compreendia os homens.
Harry estendeu-lhe a arma.
— Tome. Fique com ela, se isso a faz se sentir mais segura.
Sem vacilar, Hermione pegou o revólver e apertou-o entre os dedos.
— Você já o usou alguma vez? — Harry perguntou, passado algum tempo.
— Não — ela admitiu, contrariada. Queria dizer que era uma exímia atiradora, mas havia uma centelha invisível no olhar de Harry que desencorajava mentiras.
— Então, por que tem um revólver?
— Não sei… — O tom dela era sombrio. — Para tudo há sempre uma primeira vez.
Ele não falou mais nada. Simplesmente encarou-a com aqueles olhos verdes, calmos e hipnóticos, que evocavam as profundezas do oceano.
— E as dores?
— Passaram como que por milagre.
Hermione sentia-se perfeitamente normal, salvo por uma espécie de letargia. Lembrou-se da repentina sonolência que se apoderara dela na véspera e, num átimo, ficou na defensiva.
— Eu tive um sono anormalmente pesado. O caldo… O que você colocou nele?
— Nada de especial. Você dormiu tanto porque estava esgotada.
— Que horas são?
— Onze.
— Onze? Eu nunca fico na cama até essa hora. — Hermione endireitou-se, ignorando uma alfinetada de dor nos quadris. Aguçou os ouvidos e lançou um olhar inquisitivo para Harry. — A tempestade já passou?
— Quase. Está garoando lá fora.
Ela devia ter sabido no instante em que acordara. Mas seu corpo não estava tão sensitivo como de costume. Sentia-se entorpecida, a despeito da perturbadora presença de Harry.
Empurrando a colcha para o lado, preparou-se para se levantar. Porém, assim que firmou os pés, seu joelho fraquejou. Voltou a sentar-se imediatamente, massageando a perna.
— Aonde vai com tanta pressa? — ele perguntou, sem se mover.
— Ao banheiro. E depois ao pasto, para ver se os meus pôneis estão bem.
— Você tem uma criação?
—Bem, não exatamente. São pôneis selvagens e não têm dono. Acho que sou a única pessoa da região que se importa com eles.
Enquanto falava, Hermione ia pressionando levemente o joelho, procurando cobrir todos os pontos doloridos. Ainda estava espantada pelo fato de não haver fraturado nenhum osso.
— É estranho. Nunca pensei que uma ilha como esta, no extremo norte, abrigaria pôneis selvagens.
Era evidente que ele estava tentando puxar conversa. Seus olhos diziam: Fale comigo. Confie em mim. Hermione, por sua vez, queria manter distância. Quanto menos Harry soubesse de sua vida, melhor. No entanto, as palavras escaparam-lhe dos lábios antes que pudesse reprimi-las:
— Eles só aparecem no verão.
Dito isso, Hermione fez nova tentativa de se levantar. Dessa vez, apoiou-se na perna sadia. Tinha de se vestir e voltar à vida normal. Só assim Harry Potter se convenceria a deixá-la em paz. E era tudo o que ela almejava: ficar sozinha. Não estava habituada à presença das outras pessoas em sua casa.
Ensaiou um passo, testando a outra perna. No mesmo instante foi atingida por uma dor pungente e mordeu o lábio inferior. Logo a seguir Harry estava a seu lado.
— Não se preocupe comigo. Estou bem.
— Não está, não. Seu joelho não sarou completamente. Se insistir em forçá-lo, vai piorar as coisas.
— Eu posso andar — Hermione obstinou-se.
Recusou a mão que ele lhe estendia. Arrastando a perna, saiu do quarto e dirigiu-se para o banheiro. Assim que fechou a porta, sentou-se na borda da banheira e recomeçou a massagear o joelho.
— A desconfiança e a teimosia não vão curar a sua perna! — Harry censurou-a, postado do outro lado da porta.
— Já disse, estou perfeitamente bem.
— Você é quem sabe…
Quinze minutos depois, Hermione saiu do banheiro. Tomara um banho rápido e vestira uma bermuda e uma camiseta limpas. Renovara os curativos e constatara que as feridas estavam cicatrizando admiravelmente. Devia isso a Harry, fosse ele quem fosse.
Desceu as escadas com cuidado e passou por Harry, que se achava ao lado da lareira. Calçou um par de botas de borracha, vestiu a capa de chuva e deixou a casa. O joelho, com efeito, estorvava-lhe os passos, e era obrigada a caminhar devagar, com extrema cautela para não escorregar no solo lamacento.
Não discordava da opinião de Harry: melhor faria se repousasse. Entretanto, não suportava mais ficar sob o mesmo teto com ele. Não o queria por perto, ditando as regras. Precisava refletir.
Subiu uma rampa atrás da cabana. No topo do morro encontrou os primeiros vestígios da passagem do temporal: sobre o lustroso tapete de relva, espalhavam-se cones verdes de pinheiros e galhos quebrados, arrebatados pelo vento.
Hermione desceu a encosta da colina do outro lado e chegou ao prado. Avistou focos esparsos de névoa muito fina, que brotavam da respiração dos pôneis. Sorriu, com um fio de esperança. As silhuetas delgadas dos animais moveram-se em sua direção, uma a uma.
Ela passou o braço em torno do pescoço do primeiro pônei acinzentado que se aproximou. Encostou o rosto no focinho dele e aspirou o aroma da pelagem úmida mesclado ao cheiro de madeira. Outro sucedeu ao primeiro, e mais outro, e mais outro, até que Hermione tivesse afagado todos. Os animais estavam bem, e as faias que lhes serviam de alimento, inteiras.
Enquanto continuava a inspecionar o campo, um dos pôneis a seguiu. Era o menor de todos, apelidado de Pumpkin. Hermione tinha especial predileção por ele. O animal escoltou-a de um lado para outro, até que Hermione se sentasse numa pedra, apreciando a paisagem verdejante e os pôneis selvagens. Aquele era seu mundo, e estava feliz por estar de volta. Sorrindo, tirou a flauta do bolso e começou a tocar.
A melodia elevou-se no ar, carregada de relatos de como ela se sentira na véspera e de como se sentia agora. Cada nota era nova: nunca antes havia soado e nunca mais tornaria a soar, pois traduzia tão-somente a emoção do momento. A música fluía dentro e fora dela, acalmando-lhe o corpo e o espírito.
Tão imersa ficou no encadeamento mágico da melodia, que não percebeu a chegada de Harry. Só se deu conta de sua presença quando ele já estava a menos de um metro dela. Hermione virou-se, alarmada.
— Por favor, não pare. Nunca ouvi nada tão bonito — ele disse.
Mas Hermione não estava acostumada a tocar para outras pessoas e foi incapaz de prosseguir. Harry era um intruso naquelas terras que lhe pertenciam. Tentou dizer-lhe isso, todavia seus lábios paralisaram-se ante a mensagem muda que os olhos verdes lhe enviavam:
— É sério. Gosto muito da sua música. A fisionomia dele era angelical. Ou diabólica, pois Hermione não conseguiu defini-la.
Nesse momento, Pumpkin acercou-se dela, lançando um olhar desconfiado para Harry.
— Então, esses são os seus pôneis. Ela aquiesceu com um meneio.
— Você disse que eles só vêm para cá no verão. Onde ficam durante o resto do ano?
— Não sei — ela respondeu, afagando a cabeça de Pumpkin.
— Como assim?
— Ninguém sabe para onde vão. Eles aparecem no solstício de verão e partem no início do outono. Correm boatos de que nadam de ilha em ilha até alcançar o continente. O que fazem, depois disso, é um mistério. Só sei que, ano após ano, voltam para cá.
— Para se alimentar com as folhas dessas faias?
— Sim. Há algo especial nelas.
— O quê?
Hermione hesitou. O prado, os pôneis selvagens, as faias eram assunto seu. Harry, porém, parecia realmente interessado, muito mais que qualquer nativo da ilha. Em vista disso, ela relaxou um pouco e respondeu:
— Não sei. Já levei amostras aos laboratórios do continente, mas nenhum deles conseguiu isolar qualquer elemento que não estivesse presente nas faias de outras regiões. E os pôneis só comem as folhas dessas faias. Já tentei alimentá-los com faias do continente, mas eles se recusaram a comê-las.
Hermione espiou-o de esguelha, esperando flagrar uma expressão zombeteira no rosto másculo. A maioria das pessoas sempre ridicularizara seus hábitos e crenças. Harry, porém, conservava-se sério, observando os pôneis sem nenhum traço de riso. O olhar de Hermione deslizou então do rosto para o torso forte, onde a camisa se colava como uma segunda pele, deixando entrever os músculos rijos. Sentiu um arrepio e desviou os olhos para o chão.
Harry virou-se para ela, com ar meditativo.
— Este é o único lugar onde os pôneis pastam?
— Sim. Já tentei levá-los para outras partes da ilha e o resultado foi sempre o mesmo: eles se negam a comer. Também não aceitam rações industrializadas ou outro tipo de alimento.
— Bem, de qualquer forma, eles têm essas faias.
— Sim, mas até quando?
— Como assim? —ele questionou, arqueando as sobrancelhas negras. — Você quer dizer que um temporal mais forte pode varrê-las de uma só sacada?
Agora era Hermione quem arqueava as sobrancelhas, sem entender.
— De uma só tacada — Harry corrigiu-se.
— É possível. O temporal de ontem não causou muitos estragos, mas com o próximo poderá ser diferente. Além disso, existem as catástrofes provocadas pelo homem. Já houve diversos empresários que tentaram estabelecer seus negócios nesta região. Um deles queria fazer um condomínio fechado. Outro planejava construir um campo de golfe. Em qualquer um dos casos, ninguém se importaria com a preservação dos pôneis.
— E você conseguiu fazer esses empresários mudarem de idéia?
— Sim.
— Você deve ser uma boa oradora.
— Nem tanto. Eu não os dissuadi pela força dos meus argumentos. Foram pequenas coisas que os demoveram de instalar negócios aqui. O tempo instável. Os atoleiros inesperados. As cobras…
— Cobras? — Harry fitou-a, perplexo. — Não vi nenhuma cobra por aqui.
— Não vê agora, mas há ocasiões em que o campo fica coalhado delas. Cobras e nuvens de insetos que atacam as plantações.
— Muito interessante. Você mencionou também os lodaçais.
— Isso mesmo. O campo se transforma num charco.
— Pois não me parece um charco agora. Hermione endereçou-lhe um sorriso enigmático.
— Porque você não é uma ameaça ao campo. Harry devolveu-lhe o sorriso e massageou o pescoço.
— Naturalmente, chove a cântaros quando os compradores de terras vêm aqui.
— Naturalmente. Pode acontecer também que o tempo fique úmido a ponto de atrair as cobras e os insetos — Hermione arrematou.
— É… lugar estranho, este aqui.
— Os nativos acham que é mal-assombrado. Ele cruzou os braços e fitou-a com interesse.
— E, no entanto, você vive aqui. Não tem medo?
— Não. Eu faço parte das coisas que são mal-assombradas. É graças a mim que as cobras e os insetos vêm, e os lodaçais se formam.
Harry riu. Seu riso era cristalino, e convidava à alegria.
— Você não acredita, não é?
Os olhos dele tornaram-se mais luminosos, com reflexos furta-cor.
— Se você tivesse esse tipo de poder, já teria conjurado alguma praga para me expulsar daqui.
— Só não fiz isso porque você me salvou a vida.
Embaraçada pela facilidade com que ele a decifrava, Hermione deu a conversa por encerrada. Guardou a flauta no bolso e levantou-se da pedra. O joelho machucado vergou-se sob seu peso e ela soltou uma exclamação de dor.
Harry não tardou a erguê-la do chão e carregá-la nos braços.
— Ponha-me no chão!
— Ouça a voz da razão, Hermione. Não importa os poderes que você tenha, precisa parar de forçar esse joelho.
Ela não confiava nele. Tudo o que lhe ocorria naquele momento era o dia em que fora arrastada para a floresta pelo homem que tentara violentá-la.
— Quero que me solte!
— Assim que chegarmos à cabana.
— Agora!
Hermione contorceu-se para livrar-se das mãos possantes dele, mas Harry segurou-a com mais força.
— Me deixe em paz! — ela gritou, fora de si, antes de golpeá-lo.
Esmurrou-o e debateu-se num frenesi, até que, finalmente, Harry afrouxou a pressão. Hermione tropeçou e caiu no chão, de costas, sobre um leito de relva macia e gravetos de coníferas. Harry então estendeu-se sobre ela, imobilizando-a com o peso do próprio corpo.
Hermione começou a tremer, tomada de terror.
— Calma… — Harry disse baixinho, num tom conciliador. Os olhos verdes sondavam o rosto dela, à procura de uma pista que explicasse aquele súbito acesso. Era óbvio que ele não sabia como proceder.
—Por que está tão assustada? Não vou machucar você! Hermione olhou-o, com um apelo veemente em seus olhos castanhos. Por favor, me deixe…
Ele não a soltou. Apenas rolou para o lado, de forma que Hermione não se sentisse mais tão ameaçada.
— O que houve com você?
Ela inspirou profundamente. Seus nervos estavam em frangalhos. Inventar qualquer pretexto, àquela altura dos acontecimentos, seria patético.
— Eu quase fui estuprada uma vez. Desde então, quando me sinto indefesa, entro em pânico — esclareceu, sem rodeios.
Harry acariciou-lhe os cabelos molhados num gesto terno.
— Não vou violentar você.
— Foi isso que a aranha disse à mosca.
— O quê?
— Esqueça.
— Seja sincera. Você acha que eu me pareço com um estuprador?
Hermione permaneceu calada. Não sabia o que pensar. As mãos dele estavam suavemente pousadas em seu corpo, de modo a não tocar em seus ferimentos. Inconscientemente, aconchegou-se ao peito largo.
— Para você, todos os homens são estupradores? — ele insistiu, num tom paciente.
— Têm a habilidade de ser, se assim desejarem.
— E todos têm essa inclinação?
— Como vou saber? Não posso adivinhar o que passa pela cabeça dos homens.
— Você acha mesmo que todos os homens aprovam o estupro?
— Não — ela admitiu, após uma pausa.
— Então, por que me julga perigoso?
Hermione semicerrou os olhos. Já não tremia. Encostou o rosto no peito másculo e murmurou:
— Porque o modo como você surgiu do nada e me salvou é assustador. Agora instalou-se na minha casa, como se não tivesse para onde ir. Não estou acostumada a ter pessoas perto de mim, muito menos um desconhecido. Você… — Ela deu um longo suspiro. — Você tem que ir embora.
— Porque eu a deixo nervosa?
— Porque não quero ninguém aqui. Você salvou a minha vida e eu lhe sou grata por isso. Mas tem que ir embora agora. Não se preocupe, eu saberei me cuidar.
— Tenho certeza que sim.
Mas, em vez de se despedir e rumar para a vila, Harry ajudou-a a levantar-se e tornou a carregá-la nos braços.
— Você não ouviu o que eu disse? — Hermione perguntou, erguendo o rosto para fitá-lo.
— Ouvi.
— E então?
— Então o quê?
— Você pode partir. Ele continuou a andar.
— Harry…
— Eu salvei a sua vida, já sei. Você disse isso meia dúzia de vezes. Pois bem, diante das circunstâncias, o mínimo que poderia me oferecer seria um café da manhã, não concorda?
— Agora é muito tarde para tomar café da manhã.
— Que tal um almoço?
— Depois você promete que vai embora?
Harry fixou-a com insistência e sorriu. Veremos, seus olhos declararam. Hermione deveria ter sentido medo nesse momento. Contudo, os braços musculosos ao redor de seu corpo faziam-na sentir-se protegida, e também querida, o que era o mais estranho de tudo. A única pessoa que lhe tinha devotado afeição fora sua mãe. Depois que ela morrera, Hermione nunca mais abrira seu coração para ninguém.
— Pronto. Está entregue. — Harry empurrou a porta e só soltou Hermione ao certificar-se de que ela conseguia manter-se de pé.
Enquanto Hermione tirava a capa de chuva, Harry foi buscar toalhas para se enxugar. Ela então trancou-se no banheiro e trocou a bermuda por um short seco.
Quando saiu, não deu atenção a Harry que, novamente sem camisa e sem sapatos, estava às voltas com o fogão. Teve o cuidado de não lhe perguntar o que fazia. Simplesmente reuniu uma série de ervas e extratos sobre a mesa e misturou-os em um pires. Aqueceu o medicamento numa panela e depois, sentando-se e esticando a perna, cobriu o joelho com um emplastro.
— Como está o joelho? — Harry indagou. Apoiado à pia, com os braços cruzados sobre o peito nu, observava-a com um sorriso devastador.
— Melhorou bastante — Hermione respondeu, O emplastro já estava surtindo efeito, minimizando a dor e relaxando os músculos.
— Onde aprendeu a fazer isso? — ele inquiriu, como um menino curioso.
— Minha mãe me ensinou a fabricar remédios naturais.
— Ela era médica?
— Não. Era curandeira. Como eu. — Hermione lançou-lhe um olhar desafiador e esperou que Harry escarnecesse dela.
Ele, no entanto, apenas sorriu, sem nenhum indício de troça.
— Não sabia que os curandeiros ainda existiam nas sociedades modernas.
— Mas existem. Muita gente pensa que somos feiticeiros.
— E como você atua? Materializa os seus pensamentos? Ou usa ervas, como essas que acabou de misturar?
Hermione nunca havia se fiado em seus poderes mentais. Sua mãe e sua avó, sim. Mas essa faculdade fora se perdendo de geração a geração, até que, para ela, só restara recorrer aos ingredientes naturais que achava na floresta. Nesse particular, era imbatível. Pesquisadora nata, possuía um dom natural para discernir as propriedades medicinais das ervas. Em certos dias, passava a tarde inteira recolhendo folhas de espécimes que desconhecia, para, ao chegar em casa, submetê-las a uma série de experiências. O resultado de sua dedicação valera-lhe descobertas preciosas, e sua familiaridade com as plantas chegara a tal ponto que seus conhecimentos já tinham superado em muito os de sua mãe.
— Geralmente eu me arranjo com elementos retirados da natureza — ela afirmou, com simplicidade.
— E os seus remédios funcionam?
— Eu diria que sim.
— E quem ensinou sua mãe a preparar esses medicamentos?
— Minha avó.
— E sua avó?
— Aprendeu com minha bisavó.
— Em suma, todas as mulheres da sua família eram curandeiras.
— Sim.
— E os homens?
Hermione fez uma careta de desdém.
— Boa pergunta. Não sei. Os homens só ficaram na família o tempo suficiente para engravidar as mulheres e desaparecer em seguida.
— Você não conheceu seu pai?
Ela balançou a cabeça, numa negativa.
— Não tem irmãos?
Novamente, Hermione balançou a cabeça. Nisso, pareceu-lhe ver uma sombra passar pelos olhos dele.
—Sinto muito. Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes para você.
— Eu vivo bem — ela respondeu, com uma entonação altiva.
— Não possuo muitos bens materiais, mas sou feliz com o que tenho. Encontro alegria nas pequenas coisas do dia-a-dia, ao passo que muita gente rica se prende a mesquinharias e cava a própria desgraça. Além disso, gosto de viver sozinha. Tenho o meu mundo e ele me basta.
— Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes para você
— Harry repetiu, dessa vez em voz alta. — Você é muito bonita. Meiga. E frágil.
Suspeitando de que se tratasse de palavras doces meramente com o intuito de desarmá-la, Hermione colocou-se na defensiva. Já havia muitos casos de sedução na família para que ela sucumbisse a galanterias baratas.
— Não sou frágil — replicou com dureza.
— É, sim. Posso ver nos seus olhos. E na sua música.
Assim dizendo, ele apanhou a flauta no consolo da lareira e reproduziu a melodia que Hermione havia tocado aquela tarde. As notas fluíam com o mesmo timbre e a mesma suavidade que ela imprimira à música horas antes.
Hermione ficou chocada, intuindo que Harry Potter ainda haveria de lhe reservar muitas surpresas.
N/A: Este Harry é mesmo incrível hein... Tocando a música da Mione sendo que ele só ouviu uma vez!!! E ela ta tão confusa neh... A presença desse homem perturba... Aiaiai... Adoro o Harry assim... Misterioso, cheio de segredos... E preparem-se porque tem muito mais dele por vir!!!
Agradecimentos Especiais para:
Gabrielli Oliveira: Que bom q vc gostou da adaptação... Eu pretendo atualizar todo domingo! As coisas realmente estão meio vagas sobre o Harry, mas eu acho q isso deixa a estória ainda mais interessante e instigante!!! Ah, tb acho q o q ele fez foi mto fofo!!
Paula Potter: Mto Obrigada pelo “fic perfeita” e fico extremamente feliz q esteja entre as suas favoritas!!! Espero q tenha curtido o cap 2 e continue acompanhando!
Andréa Pismel da Silva: Eu tb amei esse primeiro capítulo qdo li o livro, principalmente pelo Harry ser todo cheio de mistérios assim... Mas acredito q a fic fica ainda melhor nos próximos capítulos q estão por vir. Obrigada por estar acompanhando!
Jéssy Nefertari: Um fantasma, o Harry??? Hummmmmm, sei não hein.... É realmente intrigante a forma como ele agiu na tempestade e depois ficou em ótimo estado... Dá pra ficar encucada, neh? Vc tem certeza q quer saber se a fic tem final feliz??? Se tiver, diga no seu próximo comentário, q eu respondo no próximo cap. Fico feliz q tenha adorado o 1° cap e espero q adore ainda mais os seguintes!!!
Amor: Q bom q vc achou sensacional o 1° cap!!! Estarei atualizando todos os domingos, então ficarei mto feliz se vc continuar acompanhando a fic, pq não pretendo demorar nas atualizações!
Josy: Nunca li “A Estrada do Mar”, mas fui na sua fic e li os caps q já foram postados. ADOREI!!! Mto linda msm a estória, tenha certeza q continuarei a acompanhar e espero q vc tb continue a acompanhar “Paixão de Outro Mundo”!
Tata: Anjo da guarda versão Tom Welling???? Adorei essa Tata, ainda não tinha pensado nisso... Qto a Mione ta super desconfiada, acredito q seja pq ela não tah mto acostumada com a presença de homens na casa dela, passando a noite e talz... Fico mto feliz q vc esteja adorando a fic. Aproveite o capítulo 2!
Robert’s: Q bom q vc gostou do já leu da fic... E aí está o seu pedido realizado, Segundo Capítulo postado!!! Espero q continue acompanhando!
N/A2: Aos meus leitores fantasminhas, q não comentaram, mto obrigada tb e espero q tenham gostado bastante dessa estória q eu garanto, ainda estará encantando mto todos vcs!!!
Então é isso gente, domingo q vem eu estou de volta!!! Bom Carnaval pra todos!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!