- O poltergeist -
Sirius acordou com o sol batendo em seu rosto. Ainda estava sonolento. Abriu as cortinas da cama de dossel e saiu cambaleando. Apenas Pedro ainda roncava em sua cama, os outros três pareciam já terem descido para tomar o café da manhã. Ele estava saindo quando acabou tropeçando em um acolchoado largado na sua frente, e caiu com um estrondo no chão. O barulho foi suficiente para Pedro saltar da cama, tentando ficar em pé com suas pernas bambas. Seus olhos estavam muito arregalados e lacrimosos, e sua expressão de terror poderia assustar qualquer um. Quando viu Sirius se acalmou e sentou na cama.
- Desculpe-me... –adiantou Sirius. – Largaram esse cobertor no chão.
- Tudo bem... – o garoto bocejou. – Vou descer para lanchar também.
E saiu um pouco emburrado, passando pela frente de Sirius. Logo depois, este saía do dormitório rumo ao Salão Principal. Desceu as escadarias e chegou ao saguão, e logo se deparava com outro grandioso salão, repleto de estudantes que conversavam, outros ainda estavam absortos na refeição. Sirius sentou ao lado de Pedro e de fronte a Tiago que sorria malignamente.
- Hum... Tem bastante coisa! E estou com fome... O que pegarei primeiro? – dizia Pedro.
- Prove estas batatas cozidas... – Tiago ofereceu um prato.
- ARRE!
No momento em que Pedro retirou duas grandes batatas do topo, berrou e deu um salto e caiu no chão de costas aterrorizado. Havia uma tarântula real no meio das batatas, ela se espreitava pelo pouco espaço que ali havia. Tiago e Sirius começaram a rir da expressão de espanto de Pedro. Percebeu logo que Tiago que tinha preparado tudo para dar um susto no garoto que se encolhia no chão, como um rato.
- Que brincadeira de mau gosto! – disse uma voz feminina.
Ao Tiago se virar, notou que Lílian o encarava com puro desgosto, como se ele fosse uma barata repugnante que tivesse invadido sua residência e não se entregava ao pior dos venenos.
- Sinceramente! Isso não teve a menor graça!
- Eu pedi sua opinião? Não! – respondeu o garoto friamente. – Vá brincar com o ranhoso! Pelo menos você poderá guardar um pouco de óleo dos cabelos dele, quem sabe para fritar algo ou usar como loção?
Sirius voltou a rir. Lílian encarou por um instante Tiago e virou-se irritada para conversar com outras pessoas. Tiago ainda ficou olhando-a, talvez ele tivesse se encantado com os cabelos ruivos e muito bem cuidados da garota.
- P-p-por q-que fez isso? – perguntou Pedro que se levantava do chão e já estava de endireitando na cadeira, empurrou a tigela de batatas para longe.
- Porque eu queria rir um pouco! – respondeu o garoto, empurrando ironicamente a tigela para Pedro.
- Não quero isso! Tira esse bicho daí! – exclamou o outro chegando para trás quando viu a tarântula sair do prato e começar a se locomover em sua direção.
Sirius pegou o animal, se levantou e saiu do Salão Principal. Logo voltava de mãos vazias. Sentou-se no mesmo lugar. Ouviu Pedro dizer: “Você vai comer isso?” quando alguém pôs uma daquelas batatas no prato.
Tudo estava delicioso, parecia ter sido preparado com o mesmo cuidado do dia anterior. Quando estava cheio, virou para Tiago e perguntou.
- E o correio?
Porém não foi preciso fazer esta pergunta uma vez que várias corujas adentraram o grande salão por janelas e janelinhas. Várias carregavam pacotes que pareciam pesados para seu tamanho. Uma das corujas parou diante de Pedro, que já retirava a carta da perna da mesma. Depois de ler comentou:
- Ah! Meus pais dizem que ficaram orgulhosos por eu ter entrado na Grifinória! – e seus olhos começaram a brilhar de orgulho.
Uma das corujas parou diante a Sirius que, ansioso, já retirara a carta. Depois de analisar o envelope notou que não era uma carta comum.
- Isso é um berrador! – afirmou Pedro. – Abra antes que exploda!
E foi o que Sirius fez. Abriu a aba do berrador, que no instante seguinte flutuava diante dele. Saiu uma voz de dentro da carta que Sirius percebeu que era de sua mãe.
Eu não acredito que você tenha feito isso, seu garoto imundo! Não acredito que pode se juntar a essa escória nojenta! Como pode trair o nome da família? Nós esperávamos mais de você! Esperávamos que fosse seguir o caminho nobre.
Você não é mais da família. Não vamos permitir que você venha para cá no Natal. E se puder ficar o verão em Hogwarts será melhor para todos nós! Se pisar os pés aqui em casa novamente, eu juro que você ficará, pelo menos, essas férias inteiras de castigo, trancado em seu quarto! AS FÉRIAS INTEIRAS! Ouviu bem, seu garoto repugnante?
Eu e seu pai fazemos tudo para você ter uma vida tranqüila e normal, enquanto você quer jogar tudo no lixo! Não há desculpas! Você deve ter ficado realmente feliz por estar ao lado de seus amiguinhos sangues-ruins e trouxas. Só não traga sua ‘felicidade’ para cá!
Graças a Narcisa eu soube o que você fez... Imagine a surpresa desagradável de te ver no Natal e você dizer que é grifinoriano! Se puder ser um adeus, será melhor!
E o cartão se desfez.
Sirius ficou boquiaberto por bastante tempo, talvez ainda não tivesse ingerido a mensagem por completo, mas entendera bem. Pedro arregalou os olhos para o amigo, e Tiago comentou: “Família feliz”.
Agora Sirius estava ingerindo. Parecia que ele havia comido algo muito carregado de gordura, pois parecia que seu estômago havia se revirado. Ele sentiu uma raiva subir por sua espinha, se aquela carta não se auto-destruísse, ele próprio a destruiria. Ele queria era enfeitiçar Narcisa, para que ela foi contar, mas com certeza foi muito melhor do que teria sido se ele tivesse chegado lá no Natal e contasse, pelo menos não iria ver aquela família por um ano, e ele dava graças a Deus por isso.
Quando enfim se deu conta de que agarrara uma batata e estava a estrangulando, largou-a em cima do prato, tirou um sicle do bolso e entregou a coruja. Até Lílian olhava para ele. Então ele sentiu outra coisa, vergonha. Não de ter realmente desonrado a família, mas porque recebera uma bronca da mãe na frente de todos, e isso fora suficiente para deixá-lo corado.
- Você está bem? – perguntou Pedro ao ver a mistura do vermelho de vergonha e raiva no rosto do amigo.
- Estou... Ótimo! – respondeu seco.
- Ah! Os horários!
Minerva McGonagall vinha distribuindo uns papéis pelos alunos. Entregou um deles a Sirius, que nem ao menos estava prestando atenção.
- Bem... Hoje temos Herbologia depois do almoço... Depois tem transfiguração. Amanhã temos Astronomia à meia-noite! – disse Pedro olhando o horário.
- Defesa contra as artes das trevas só terça-feira... E poções sextas e quartas, sendo que será com a Sonserina. – completou Sirius.
- Mas teremos Feitiços com a Corvinal amanhã. E transfiguração com a Lufa-Lufa hoje!- disse Pedro.
- Mas ainda temos vôo segunda com a Sonserina.
- Mas sua família não era da Sonserina?
- Passei a odiar a Sonserina... – respondeu Sirius sem muita vontade.
- Vôo! Que ótimo! – berrou Tiago. – Poções com Sonserina... – murmurou para si pensando em algo.
Aproximou-se de Sirius e cochichou ao seu ouvido:
- Ranhoso é da Sonserina... Vai ser uma aula um tanto interessante não? – e Sirius sorriu.
- O que estão cochichando aí? Não é outra peça que vão pregar em mim, é? – perguntou Pedro curioso.
- Não... Não em você.
Sirius tentou esquecer o berrador da mãe. A manhã fora livre, sendo que nas próximas quintas-feiras teria aulas no turno da manhã. Sirius já tinha acabado de almoçar e estava caminhando em direção as estufas. O sol estava forte e iluminava os campos do terreno da escola. Quando avistou as estufas acelerou o passo. Entrou e se sentou em um lugar perto de um garoto pálido. Tiago e Pedro ainda não tinham chegado.
- Sirius! – disse uma voz.
Muliphen chegava para dividir a mesa com ele e o garoto pálido.
- Corvinal e Grifinória em Herbologia, Feitiços e Defesa contra as artes das trevas... – disse com um sorriso. – Er... Eu escutei o seu berrador, acho que todo mundo escutou por ter sido tão alto. – disse quase que em um sussurro para Sirius. – Aquilo foi terrível! Brigar com o filho por ter ido para a Grifinória, isso não se faz!
- É a minha família... Todos sempre fomos unidos. – Sirius achou que se talvez ironizasse, conseguisse esquecer a raiva, mas isso só a fez aumentar.
Depois que todos estavam reunidos (Tiago e Pedro sentaram em outra mesa com mais dois garotos, e Sirius continuou dividindo a mesa com mais dois) a professora entrou. Era uma bruxa que deveria ter a estatura de Sirius, talvez um pouquinho mais alta, possuía olhos castanhos, cabelos loiros não muito longos. Tinha um rosto redondo e era magra. Usava uma veste roxo berrante. Era incrível como poderia aparentar ter uns cinqüenta anos, porém não possuía nenhum fiapo grisalho dentre os demais cabelos. A bruxa ficou em pé ao lado da mesa e disse em voz alta.
- Bom dia! – soou uma voz suave. – Sou a professora Alhena Felwood, e, como já perceberam, leciono Herbologia. Mas antes de começar a aula... Vou ler a lista de chamada. –completou puxando uma folha de papel e começando a chamar os nomes. – Estenda a mão quando seu nome for chamado.
Após terminar a lista de chamada ela continuou o que estava falando.
- Muito bem... Herbologia é uma arte realmente perigosa, para uns... Na minha opinião Herbologia é muito importante! Pois sem o conhecimento das ervas e fungos mágicos, como um medibruxo poderá curar seu paciente... Sem o conhecimento, como poderão serem feitas as poções? Desde muito antes da época medieval, os bruxos já tinham uma experiência com essas plantas. Já haviam começado a utilizá-las para a cura e muitos outros fins.
Quando começou a falar sobre urtigas, apontou alguns tipos desta planta que estava sobre uma mesinha.
- Cada uma destas é um tipo diferente, apesar de serem muito parecidas. Então... Tentem identifica-las!
O garoto ao lado de Sirius disse o nome da maioria, e Muliphen completou o resto. Sendo assim, a Grifinória conseguiu quinze pontos, e a Corvinal apenas cinco. Logo a professora começara a falar dos tipos de plantas. A aula não foi prática, mas bastante interessante. Quando chegou ao final a professora disse que para o primeiro dia de aula não teria dever de casa.
- Legal! Sem dever! – comemorou Tiago depois que saiu da estufa
- É... – respondeu o garoto que sentara ao lado de Sirius na aula.
- E agora... Eu tenho poções. – disse Muliphen.
- Eu vou para a aula de Transfiguração... Er... Aonde é mesmo? – perguntou Sirius.
Muliphen deu com ombros.
Pedro alcançara Sirius quando este estava subindo a escadaria para o primeiro andar. Ele perguntou por Tiago, mas o garoto parecia ter sumido. Ele também não fazia a mínima idéia de onde era a sala de Transfiguração.
De repente, depararam-se com lances e mais lances de escadas. Porém não era algo comum, pois os lances de escada mudavam de posição em intervalo de minutos. Os dois ficaram observando a escadaria se aproximar deles, enquanto outra ocupava o lugar da antiga, e outras sobrevoavam pelos andares superiores. O teto era o mais alto o possível. Talvez Sirius não tivesse prestado atenção nessas escadas da primeira vez, mas agora estava vendo. Os dois subiram nos primeiros degraus.
- AH!
Pedro havia afundado o pé no degrau que estava, parecendo enfeitiçado para pregar peças. Sirius agarrou o braço do amigo e o ajudou a sair. Logo Pedro pisava em outro degrau falso, mas no final as escadas os levaram para o primeiro andar, sendo que algumas vezes tinham que esperar um lance estacionar na estrada de cada escadaria para poderem subir.
- Incrível! – sussurrou Pedro.
Os dois saíram em um corredor deserto e se perguntaram se estavam mesmo no lugar certo. Subiram pequenos lances de escadas conversando. De repente algo acertou a cabeça de Sirius com força, e este foi ao chão. Pedro recuou assustado, sem ousar olhar para cima. Sirius se apoiou para levantar, sentiu-se tonto, mas conseguiu voltar a ficar de pé. Uma risada encheu os ouvidos dos garotos, e os dois levantaram a cabeça, quase ao mesmo tempo, para ver o que estava acima deles.
Um ser transparente e azulado flutuava sobre eles. Ele usava um chapéu de sino que quase cobria seus olhos e vestia uma roupa vermelha de gola. Era baixo, possuía um rosto largo e achatado. Ele olhava os dois com um sorriso maligno.
Sirius olhou para o que o acertara: um braço de uma armadura reluzia diante dele. Ele viu o ser pegar outro pedaço de uma armadura e jogar em cima de Pedro, outro braço de uma armadura. Pedro conseguiu se desvencilhar pulando para o lado.
- Ora, ora! Crianças enxeridas do primeiro ano! – disse em uma voz melodramática sarcasticamente. – Deixe-me apresentar... Sou Pirraça! – e jogou o capacete da armadura em cima de Pedro, essa bateu em seu peito e este caiu do chão estupefato.
- Pare com isso! – berrou Sirius se desviando de outra parte da armadura arremessada em sua direção. – Precisamos ir para aula de transfiguração!
- Que ótimo! A professora Minerva ainda não se estressou. Finalmente vou conseguir... – e fingiu enxugar os olhos. Mas logo jogou o tronco da armadura que nocauteou Pedro. – Ops... Forte demais...
Sirius correu para o amigo e tentou acorda-lo, mas este estava inconsciente com uma expressão abobalhada no rosto. Apontou a varinha para Pirraça e tentou ameaça-lo.
- Duvido que consiga fazer alguma coisa... – disse o ser bocejando.
- Uediuósi. – murmurou uma voz.
Sirius viu o capacete da armadura estremecer e logo disparar no ar na direção de Pirraça que foi obrigado desvencilhar. Levantou os olhos para o recém-chegado e viu que era Murzim. Sirius abriu um leve sorriso para o rapaz, e este retribuiu.
- Olha se não é a estrelinha apagada! Veio de exibir, Sr. Howard? – e Pirraça pronunciou a última palavra de modo diferente, fazendo-a parecer covarde.
- Pirraça... Há pouco eu vi o Barão Sangrento dando uma voltinha pelo primeiro andar... Quem sabe ele esteja voltando? – disse Murzim calmo.
Pirraça recuou e se encolheu um pouco, logo depois sorriu, agarrou o resto da armadura e foi jogando contra Murzim, forçando-o a se desvencilhar. Murzim tentou transfigurar as armaduras em pena, simplesmente não conseguia.
- Pirraça! Pirraça, cadê você? – berrou uma voz, em um instante ,Pirraça sumiu na direção oposta.
- Apolíneo... – murmurou Murzim para Sirius, enquanto este tentava acordar Pedro. – É o zelador... Deve estar atrás de Pirraça, este deve ter feito alguma coisa.
- Mas o que era aquilo? – perguntou o garoto quando finalmente conseguiu acordar Pedro.
- O poltergeist da escola... Sabe... Os poltergeists podem até ser confundidos com fantasmas, mas não são. Os fantasmas são impressões de almas do passado, mas o poltergeist nunca foi um ser vivo... Tanto não são fantasmas que podem fazer aquilo que ele fez! Como arremessar objetos sólidos nas pessoas. – e sorriu. – Grifinória, hein?
- É... Quebrei a tradição.
Era a primeira vez que Murzim falava com ele depois do trem. Logo ele olhou as horas, estava atrasado para a aula de Transfiguração, e Murzim ajudou-os a chegar lá. Eles entraram e a atenção da professora foi desviada.
- Estão atrasados! – disse em tom severo.
- Professora, eles foram vítimas de Pirraça... Este – disse apontando para Pedro – foi nocauteado! – hesitou um instante, virou-se para Sirius e murmurou ao seu ouvido: - Depois a gente se fala, também estou atrasado... – e saiu correndo.
- Vou deixar passar, como não estava falando nada demais... – e pegou a lista de chamadas. – São Sirius Black e Pedro Pettigrew, não?
- Sim, somos. – respondeu Sirius já sentado em um lugar ao lado de uma garota da Lufa-Lufa.
- Bem... – continuou a professora. – A transfiguração é uma arte muito complexa, e para alguns é dificílima! É preciso determinação para realizar o trabalho perfeito. É uma arte muito perigosa também. Qualquer tolo que fizer besteira será retirado de sala, e não voltará até a aula acabar! – advertiu séria.
Voltou-se para o quadro negro e começou a anotar. A sala era grande, porém possuía apenas as mesas e cadeiras para os alunos, a mesa da professora e o quadro negro. Contanto que havia uma gaiola que pendia entre os alunos. Logo a professora ela demonstrou um estilo de transfiguração, quando transformou a gaiola vazia em um pássaro e de volta em gaiola.
- Agora vou-lhes ensinar a mais simples das transfigurações e... – conjurou várias caixinhas de fósforos que foram distribuídas, cada uma para um aluno – Pratiquem!
A professora pegou um fósforo apontou a varinha para ele e murmurou um feitiço, o fósforo se converteu em agulha. Ela pediu para tentarem e explicou o básico para a realização correta, mas poucos alunos conseguiram. Lupin foi o primeiro, sendo que Sirius foi o quarto a conseguir, mas para o final da aula.
- Ela é severa demais, não? – comentou Pedro ao sair do campo de audição da professora, quando a aula acabou. – Ela nos olhou com tanto desgosto quando entramos atrasados que eu jurava que iria transfigurar a gente em algum animal repugnante. Sirius abriu um sorriso.
- Pior do que isso foi o dever que ela passou... – disse Sirius com desânimo.
No dia seguinte Sirius teria aula de poções pela manhã, dois tempos seguidos. O garoto estava se aproximando das masmorras quando ouviu seu nome ser chamado. Tiago vinha correndo ao seu encontro.
- Olá! – cumprimentou Sirius.
- Olá... Sabe o ranhoso? Bem... Temos aula com ele hoje. E eu pensei em algo, hum... Interessante! – disse em um sorriso.
- O que você vai fazer? – perguntou.
- Você verá.
Entrou sem mais demoras. A sala era escura, havia mesas para os estudantes, e cada caldeirão fora colocado ao lado das mesmas. No final da sala estava a mesa do professor, que estava sentado observando os alunos entrando no aposento, com um sorriso quase coberto pelo bigode. Havia um armário onde estavam todos os ingredientes possíveis, e prateleiras com frascos. A sala tinha um cheiro forte que poderia causar náuseas se alguém ficasse exposto a este cheiro por muito tempo.
Tiago fingiu estar escolhendo um lugar. Quando viu a garota ruiva sentando a lado de Severo, o garoto se adiantou para ficar do outro lado dele, sendo seguido por Sirius, que também ficou bem perto de Severo. O outro olhou Tiago e logo reconheceu quem era, quando ia se levantar, o outro se adiantou falando:
- Realmente peço desculpas pelo que aconteceu no expresso... – disse forçando uma expressão triste no rosto. – Eu fui muito idiota...
- Tá, tá bem. – respondeu Snape com desconfiança, voltando a se sentar ali, pois o professor começara a falar.
- Bom dia! – disse o professor finalmente com um sorriso depois que todos já estavam acomodados. – Creio que não me conheçam! Então, muito bem! Sou Horácio Slughorn! – continuou com um sorriso. – Poções é uma matéria difícil, mas vou fazer o máximo para vocês entenderem direito, e conseguirem realizar a poção corretamente...
Snape parecia concentrado demais, anotava tudo em seu livro de poções. Tiago estava observando-o pelo canto do olho. Lílian também parecia escutar atentamente o que o professor dizia. Sirius também olhou para a garota, agora era possível ver lindos olhos esverdeados. Horácio fez algumas perguntas para testar o conhecimento dos alunos, não obteve bons resultados.
Depois de Slughorn explicar o preparo de uma poção para curar furúnculos pediu para os alunos tentarem faze-la, com auxílio do livro. Sirius e Tiago tentavam fazer, mas parecia que as anotações dos livros estavam erradas. Lílian e Snape conversavam entre si, e o garoto parecia anotar suas descobertas em seu livro de poções. Para Tiago faltava algo na poção dele, e aproveitando esta deixa disse:
- Sabe... Eu acho que está faltando mais urtigas secas! – decidido, levantou-se e foi até o armário de ingredientes. – Posso pegar um pouco professor?
- Pode sim... Er... Qual o seu nome mesmo?
- Tiago Potter.
- Ah sim! Sr. Potter...
O garoto pegou mais do que o ingrediente que necessitava, pegou qualquer outro que encontrou pela frente a mais. Ao passar por Snape, fingiu estar distraído e derrubou o frasco do garoto, que já continha a poção pronta.
- AH! OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – berrou Severo ficando vermelho de raiva.
- Desculpe-me! Quer ajuda pra fazer o resto?
- Não preciso de ajuda! Eu faço sozinho.
E voltou a sentar ao lado de Sirius. Ele havia colocado o ingrediente discretamente, em um movimento natural, quando o outro olhou sua poção no chão. Não falou nada para Sirius, apenas estendeu algumas urtigas para o amigo que também estava precisando do ingrediente.
Depois de poucos minutos, ouviram um berro. Snape notara que sua poção tinha mudado de cor, agora estava roxa. De repente, a mesma começou a borbulhar. Ouve um estalo, quando a poção, agora vermelho vivo, explodira, e voou líquido pelos ares em todas as direções. Lílian correu para longe antes que a poção respingasse nela. Snape estava aterrorizado.
- O que está acontecendo? – perguntou Horácio se aproximando para ver. – O que... Ah não! O que você fez? Olha isso!
O professor observou por um tempo a poção, depois apontou para o caldeirão e disse Limpar, e logo não havia mais da poção. Um garoto estava com calos pelo rosto todo, até o Slughorn se assustou ao ver o estado do rapaz.
- Vá ver a Madame Pomfrey! Quarto andar, na enfermaria!
O garoto disparou como um foguete e logo havia desaparecido pela porta.
- Quero saber o que você acrescentou na sua poção. – o professor fitava a cara de desespero de Snape.
- Eu fiz direito... Pus os ingredientes.
Enquanto isso, Tiago e Sirius tentavam segurar o riso, o que era quase impossível. Lílian já se aproximava de Snape limpando as vestes do garoto que estavam sujas da poção. Ela notou a expressão de felicidade no rosto de Tiago. Ela se aproximou do garoto e disse na cara dele:
- Como você pode fazer isso com ele? Por quê? Você quer ver o fracasso dele, é? O que ele fez a você? Sem respostas idiotas que são dignas de você! Seja mais humano! Se era para pregar uma peça você conseguiu, e se saiu muito bem, pois ele não percebeu.
- Não te interessa! – Tiago tentou cortar o sermão da garota em vão.
- Mas eu acho que isso é um prazer mórbido! Como uma pessoa ruim como você pode estar na Grifinória? – ela ignorou o que o garoto disse.
Isso foi suficiente para deixá-lo raivoso. Ele encarou a menina, emburrado. Ficou extremamente envergonhado e sem palavras.
- Jeito interessante de brincar, hein? Realmente você é uma ótima pessoa! – falou sarcasticamente.
- Então tá. Conte ao professor! – vociferou.
- Não sou este tipo de pessoa, e, mesmo assim, não cabe a mim dizer que fez! –disse finalmente, antes de virar as costas e voltar sua atenção para Severo que balbuciava palavras para o professor, ainda incrédulo.
Sirius notou a cara de terror em Tiago, este pegou a mochila e saiu da sala de aula sem mais nem menos. O outro continuou sua poção, até achar que estava aparentemente boa, e ganhou nota sete do professor. Slughorn parecia ter esquecido de passar dever de casa por causa do acidente. Depois da aula, Sirius notou que Snape passou a olhá-lo com desprezo.
Só encontrou Tiago no Salão Comunal, após o almoço. Ele estava esparramado no sofá, aparentemente, pensando. Ao seu lado havia três livros.
- Onde esteve? O que houve? Não foi ao almoço!
- Eu estava procurando um feitiço para vassouras... Não achei nada! Você sabe enfeitiçar vassouras?
- Genial! Só acho que ele pode acabar mal com isso, mas... Quem se importa? –e riu divertido.
O outro sorriu e foi se levantando.
- Aonde você vai?
- Talvez tenha sobrado alguma coisa do almoço... – e saiu do salão comunal.
De tarde tiveram Feitiços com a Corvinal. O professor Filio Flitwick ensinou as idéias básicas sobre os demais feitiços. Ele possuía cabelos brancos e era realmente baixo, Sirius lembrou-se de um duende. Ele tinha que subir em uma pilha de livros para ser visto por toda a turma. Porém ele parecia muito inteligente. Pediu para os alunos praticarem alguns feitiços simples, um dos primeiros a conseguir fazer sua pena flutuar fora Lupin, porém Muliphen conseguiu fazer o mesmo quase que um minuto depois.
- Muito bem, Sr. Lupin! Muito bem! – dizia a voz esganiçada de Flitwick.
Depois da aula, os alunos foram para seus salões comunais. Agora só teriam aula meia-noite.
- A professora Calisto passa bastante dever... Ano passado ela chegou a pedir quase quatro metros de pergaminho para um dever de casa! – comentou um aluno veterano.
Pedro havia subido para o dormitório, falando que queria descansar. Sirius ficou bastante tempo olhando o fogo crepitar na lareira. A imagem de sua mãe veio à sua mente, ele cerrou os punhos tentando esquecer o que acontecera no café da manhã. Fechou os olhos. Aos poucos foi se acalmando.
A noite foi aos poucos chegando. Quando Sirius se deu conta que estava na hora do jantar, desceu para o Salão Principal. Já estava começando a se acostumar com aquelas escadas mágicas e os caminhos que deveria pegar. O jantar fora a mesma comida deliciosa e bem-preparada de sempre. Quando Sirius voltava, viu Pirraça disparar em sua direção fugindo de algo. E ele percebeu que o poltergeist nunca perde uma oportunidade, deixara cair chiclete no cabelo do garoto. Logo ele viu de quem ele estava fugindo, do mesmo corredor de onde vira, apareceu um senhor velho e carrancudo, com olhos negros e aterrorizantes que chamava por Pirraça.
- Este poltergeist! ELE ME PAGA! – berrou.
Ele viu o chiclete grudado na cabeça de Sirius.
- Esse Pirraça... Ele quer arruinar a escola!
E sumiu por outro corredor, mancando. Sirius tentou arrancar o chiclete do cabelo, mas o que conseguiu foi tirar seu próprio cabelo. Continuou andando pelo corredor. Quando chegou ao quadro da Mulher Gorda disse:
- Ofíuco!
- Menino, tem um chiclete preso no seu cabelo. – advertiu a mulher de vestido rosa.
- Não diga! – disse sem paciência passando pelo buraco quando o quadro de afastou.
Alguém deu uma batucada na sua cabeça com algo, e, quando viu, alguém deveria ter tirado a goma com magia. Era Lupin que sorria radiante para o outro.
- Melhor, agora? – perguntou.
- Ah sim! Obrigado. – agradeceu Sirius.
Era quase meia-noite quando Sirius foi acordado por Tiago. “Vai se atrasar!” - disse o garoto. Sirius se arrumou rapidamente e seguiu o grupo de alunos que estavam subindo para a torre de astronomia. Subiram uma longa escada de pedra até chegarem ao topo descoberto da torre. Várias estrelas cintilavam no céu. Logo ali, diante deles, havia vários telescópios, um para cada aluno. Sirius correu para um dos telescópios, e logo veio Tiago e Pedro. A Lufa-Lufa logo chegou e ocupou o resto do lugar.
Uma bruxa apareceu das sombras, assustando todos. Apenas sendo iluminada pela luz das estrelas que foi possível a ver. Era uma bruxa alta e muito magra, seus olhos eram claros e cabelos muito escuros, ela encarava todos com um meio sorriso.
- Muito bem! Sou Vega Calisto, e não estou aqui para brincadeira! O estudo dos corpos celestes pode ser muito cansativo e monótono para alguns! É uma matéria difícil! É bom prestarem atenção.
Deu uma breve explicação. Pediu para todos analisarem junto a ela as estrelas. Disse que o dever de casa seria listar todos os nomes e posições das estrelas.
- Veja! Aquela! É a estrela mais brilhante do céu de noite! – apontou para um ponto brilhante no céu. – Todos com seus telescópios, focalizem Sirius!
Pedro olhou para Sirius.
- O que foi? – perguntou a professora se referindo a Pedro. – Anda! Focalize com o telescópio Sirius.
- Para que usar o telescópio? – perguntou o garoto sinceramente.
- Não estou aqui para brincadeiras! – depois de um tempo viu eu o garoto não estava fingindo. – Aquela estrela! A mais brilhante! Chama-se Sirius! – o garoto só agora parecia ter entendido.
- Sirius é a estrela principal da constelação Canis Major, Cão Maior... Alfa CMa... – começou a explicar.
- Mas não vou explicar tudo hoje, estudaremos mais tarde... – completou.
A aula não foi das mais divertidas, era um problema para localizar a estrela que a professora pedia. Vega começou a falar das fases da lua. Como saber qual lua está próxima; como definir o estado da lua, quando está não está visível.
- Então pelas análises é a lua cheia que se aproxima. Não, professora? – perguntou Lílian que parecia ter feito cálculos para chegar a esta conclusão.
- Exato, Srta.
Lupin estremeceu. Parecia se encolher, como se estivesse sendo esmagado contra a borda do topo da torre. Pedro o fitou assustado com a atitude do amigo. Lupin estava ficado mais branco do que nunca, mas aos poucos se recuperou.
- O que houve? – perguntou o amigo.
- Não... Nada. – respondeu Lupin com um sorriso.
Sirius o observava atento. Estranhara o modo como reagira a informação da professora, que no momento falava sobre a atuação da lua sobre o mar. Comentou sobre a influencia da lua em várias criaturas mágicas.
- Tanto as afeta como a maioria das criaturas mágicas saem de seus esconderijos, atraídos pela luz do luar. – pigarreou. – Cliodne, a druida irlandesa, foi a primeira a descobrir as propriedades do orvalho da lua... – começou a explicar.
A professora era rígida e não tolerava brincadeiras de mau gosto. Sirius achou que ela estava certa: astronomia era realmente cansativo. Várias vezes ele lançou olharem em todas as direções, e não deixou de notar que Tiago e Lílian não ousaram trocar olhares. A maioria bocejava de sono, o que deixou a Vega muito irritada.
A aula parecera durar uma eternidade, tanto que foi um alívio para os alunos quando puderam voltar aos seus dormitórios para descansar. Pedro foi o primeiro a se jogar na cama, e, pouco depois, já estava roncando. Sirius também dormiu rápido, aquela aula deixara todo mundo exausto.
O dia de sábado foi ensolarado, fazendo os alunos ficarem um bom tempo pelos gramados do colégio. Sendo assim, poucos fizeram os deveres de casa. A maioria deixou para domingo, em cima da hora. Sábado, Sirius e Muliphen ficaram discutindo sobre as aulas, e um calouro da Lufa-Lufa chamado Jorge Abbott, entrou na conversa também.
- Eu já tive aula com William Gorgeus... Ele é gentil demais, disse que estudou junto com Dumbledore. Porém não gosta de indisciplina.
- Mas... Ele ensina bem?- perguntou Muliphen curioso.
- Foi a primeira aula! Como posso saber?
No domingo, Sirius só foi fazer o dever de astronomia de tarde. Ele e Pedro se esforçavam o máximo para terminar ainda naquele dia o dever, mas cada vez parecia maior.
- Que estrela é essa? – perguntou Pedro de repente.
- Isso é um planeta! – vociferou Sirius.
Pedro já fizera umas seis perguntas desse tipo. O garoto parecia entender muito menos do que Sirius quase todas as matérias. Tiago parecia preocupado com outra coisa, estava deitado no sofá, olhando pela janela.
- Quando você vai fazer o dever? – perguntou Sirius.
- Depois. – respondeu sem vontade.
E Sirius continuou fazendo o dever até umas dez horas da noite, com pausa para o jantar. Terminou com a cabeça quente de tanto ler aqueles vários nomes. Bocejou e subiu para dormir. Já com o pijama, deitou-se na cama macia e confortável, em poucos minutos estava novamente dormindo.
Estava sentado em um banco de um parquinho baldio. A leve brisa batia em seu rosto. Começou a anoitecer, e o vento foi se acalmando. Sirius viu uma estrela muito brilhante do céu e, ao descer os olhos para o gramado a sua frente, viu um cão negro, o mesmo que vira em outros sonhos. Ele parecia ter crescido. Ele se aproximou de Sirius e, aos poucos, tudo foi tomado por eterna escuridão. O cachorro estava ali, diante dele. Quando abriu a boca para falar algo, o cão latiu, parecia corresponder a Sirius. Sirius aproximou-se do cão, o animal fez o mesmo. Ele estendeu a mão, o cão fez o mesmo. Quando se encostaram, foi tomado por um forte calor e, ao abrir os olhos, estava se olhando em um espelho d’água. Mas ele não estava vendo sua imagem, o espelho refletia um cão. O que? Não... Não pode ser. Era ele! Tentou dizer algo, o resultado foi um latido. E tudo foi tomado por escuridão novamente e Sirius acordou.
Foi difícil entender o significado do sonho, mas algo fazia sentido. Ele era o cão, isso ele entendia, só não entendia o porquê do sonho. Levantou-se e notou que duas camas estavam vazias: a de Tiago e a de Remo. Sirius foi até a janela, deveria ser tarde. Era possível ver um pouco da lua, por trás das densas nuvens. Olhou para baixo, viu uma pessoa. Tinha certeza de que era alguém que conhecia.
O garoto andava pelos gramados em direção a algum lugar, desceu a colina e desapareceu de vista. Sirius voltou a observar o céu. Deitou-se novamente na cama. Ficou de olhos abertos por não conseguir dormir. Notou a presença de alguém que entrava sorrateiramente no dormitório, parecia não querer acordar ninguém. Era Tiago. Devagarinho se deitou na cama e fingiu estar dormindo. Sirius ficou se perguntando o que ele estava fazendo àquela hora, fora da cama. Tanto ele como o garoto que estava andando pelos campos. Foram avisados que não poderia sair andando por aí depois do jantar.
Tentou esquecer e relaxar, e logo voltara a dormir. Teve outro sonho completamente diferente do primeiro que tivera naquela noite. Este fora sobre uma aula de vôo, sua vassoura levantara vôo com ele montado e o levou até o fim da atmosfera, escorregou e caiu a uma altura elevadíssima.
Acordando assim bem cedo, no dia seguinte. Depois de arrumado, desceu para o café da amanhã. Teria aula de vôo à tarde. Na manhã teriam aula de História da Magia, que não era muito comentada entre os alunos. Depois do café da manhã, teriam meia hora até a primeira aula. Murzim se aproximou dele e Pedro no corredor e perguntou:
- Preparado para o seu professor assustador? – riu.
- Como?
- Dizem que Binns era normal... Ele era tão viciado no trabalho que nem notou que um dia cochilara na sala dos professores. Quando se levantou para dar a aula, nem notou que deixara o corpo para trás! – disse com um sorriso.
- Deixou o corpo para trás? – perguntou Pedro com os olhos arregalados.
- Sim... Por que não?
- Ele é um fantasma? – perguntou Sirius com um sorriso curioso.
- Sim. Mas muitos dizem que ele não percebeu.
Como sempre, Pedro estava espantado, com o seu olhar arregalado e lacrimoso. Sirius se lembrara de um bebê grande ao vê-lo deste jeito. Murzim sorriu para os garotos e continuou seu caminho para uma das aulas. Os dois outros se adiantaram para a aula, sentando em um lugar que não fosse muito na frente, nem muito atrás. Também dividiriam aquela aula com a Corvinal, além de Feitiços e Defesa contra as artes das trevas. E o lugar ao lado de Sirius havia sido ocupado por um garoto da Corvinal.
Quando todos estavam reunidos, um fantasma atravessou o quadro negro naturalmente, fazendo com que muita gente se assustasse com a performance do professor. Este olhou para a turma e disse.
- Sou Cubert Binns! Vou ler a chamada e vocês respondam... – disse com sua voz seca e asmática.
Comentavam entre si sobre a morte do professor. Alguns comentavam que após a morte dele, a sua rotina nunca mais mudou. Depois de meia hora da aula, todos já estavam sonolentos. O professor havia aberto seus apontamentos e começado a matéria do ano sem demoras. Falou sobre a matéria em geral, passou rápido pelas guerras, congressos, dentre outros. Incrível como ele poderia narrar guerras e outros fatos emocionantes tão monotonamente, matinha a mesma expressão, e tornava esta matéria a mais entediante de todas.
Pedro tirara um cochilo e estava quase babando. Outros alunos conversavam em voz baixa, o professor parecia não escutar, ignorava. Sirius cutucou o amigo, pois pensou que o professor o encarava, mas na verdade ele não olhava para ninguém, parecia estar pensando. Ele era velho e enrugado.
Quando a aula terminou, o professor pediu um metro e meio de pergaminho sobre a descoberta da magia. Logo viu que não iria gostar desta matéria.
Depois do almoço, se dirigiram ao campo para a primeira aula de vôo, com a Sonserina. Tiago estava agitado demais, não parava de falar em Quadribol. Ele deveria ter repetido o que disse a Sirius no trem uma seis vezes. Parecia ter esquecido completamente a idéia de se vingar de Snape.
Todos se dirigiram para o campo, havia varais vassouras colocadas no chão, em fileira. Lá esperava uma mulher alta e corpulenta, que lembrava a mãe de Sirius só que sem o ar de superioridade. Ela possuía olhos verde-vivos e um cabelo castanho muito liso, que ia até a cintura. A bruxa estava sorridente, indicou para os alunos se postarem ao lado de cada vassoura.
- Olá, alunos! Sou Alessandra Wuckbut. – disse com uma voz meiga. – Antes de tudo, quero que estendam o braço sobre suas vassouras e digam suba!
E todos fizeram o pedido. Apenas Tiago conseguiu fazer com que a vassoura elevasse no ar na direção de sua mão na primeira tentativa. Vários berravam sem paciência e, mesmo assim, nada acontecia. Sirius conseguiu na oitava tentativa. Pedro estava orgulhoso de ter conseguido fazer a vassoura estremecer. Quando todos tinham finalmente conseguido a professora voltou a falar.
- Bem... Não foi como eu esperava, mas está razoável. – olhou para cada um, como se analisasse a pessoa. Quando seus olhos bateram em Tiago ela disse: - Parabéns! Qual o seu nome mesmo?
- Tiago... Tiago Potter.
Tiago estava feliz em ter sido o primeiro a conseguir e ver que Snape estava tendo problemas com a dele.
- Vamos ver se pelo menos conseguem alguma coisa... Montem em suas vassouras. – ordenou. – Para isso, passe a perna sobre a vassoura, segure firme e tente estabilizar o corpo, mantenham o equilíbrio! Não! Assim... – disse corrigindo Pedro que não conseguia fazer nada direito até o momento.
Sirius fez o máximo que pôde, e conseguiu. Quando a professora pediu para darem um leve impulso e tentar estabilizar a vassoura no ar por alguns segundos, todos fizeram.
Tiago estava radiante, conseguira fazer exatamente o que a professora pedira. Lílian conseguiu elevar-se um pouco no ar, mas caiu com um estrondo. Snape caíra da vassoura. Pedro nem ao menos levanto do chão.
Sirius finalmente conseguira. Quando voltou ao chão, passou os olhos por todos os alunos. Sentia a ausência de alguém. Contou os alunos, tanto sonserinos como grifinórios, e chegou à conclusão de que Lupin estava ausente. Na realidade, o garoto nem ao menos comparecera a aula de História da Magia. Sirius não o via desde o dia anterior. Havia se esquecido de perguntar a Tiago o que fazia fora da cama na noite anterior. Então, acabou se desligando da aula, pensava em um porque para aquilo tudo. Mas, de qualquer forma, teve que escutar a professora que o chamava.
- Vamos! Tente se impulsionar mais alto.
Sirius fez depois de várias tentativas em vão.
A aula foi interessante. Eles conseguiram até voar por um minuto, cruzando o campo a poucos metros de altura. Já de noite terminara finalmente o dever de Transfiguração e subiu para dormir. Lupin não foi visto por ninguém naquele dia, e Sirius viu Tiago olhando aquela cama vazia, o amigo também tinha percebido. No fundo estava ansioso e receoso, como todos os outros, da aula de Defesa contra as artes das trevas.
Sirius levantou-se cedo e desceu para o café da manhã correndo. O Salão Principal estava quase vazio, sem contar os professores que conversavam em sua mesa e alguns alunos de cada casa. Avistou Tiago e correu para sentar ao seu lado. O garoto cumprimentou e voltou a comer. Depois que estavam cheios, Sirius adiantou-se:
- Você sabe o que aconteceu com Lupin?
Tiago deu de ombros, parecia não fazer a mínima idéia do assunto.
- Você sabe voar mesmo, hein? – e o garoto sorriu em retribuição.
Todos pareciam esperar pela aula que estava por vir. Alunos calouros comentavam em todos os cantos. Os dois continuaram a conversa ouvirem o farfalhar das asas das corujas que entravam pelas janelas no alto do salão. A maioria trazia cartas, outras pacotes, mas a que pousou diante de Sirius tinha um exemplar do Profeta Diário preso à perna. Tiago deixou alguns nuques na bolsinha que a coruja trazia consigo e esta retornou a bater as asas contra o ar e saiu pela janela.
- Eu fiz a assinatura do Profeta... – disse Tiago pegando o rolo e abrindo. – Hum... Nada de novo. Que pena. – deixou o jornal de lado. – Pra que eu vou querer saber sobre o gato que foi dividido ao meio por magia? – Sirius riu.
Ainda tiveram meia hora depois do café da manhã terminar. Contudo, foi um dos primeiros a esperar a porta da sala de aula de Defesa contra as artes das trevas, localizada no segundo andar, abrir. Tiago logo chegou. A porta se abriu e os alunos entraram. Os dois sentaram em uma das primeiras mesas, esperando o professor começar a aula.
Ele estava sentado em sua cadeira analisando todos os alunos que chegavam. Logo estava e pé para começar a aula. O professor estava sentado em sua cadeira muito quieto, com um sorriso em seu rosto. Realmente parecia muito gentil, mas, segundo Jorge, não admitia indisciplina. Ele tinha cabelos brancos quase prateados como Dumbledore. Ele era mirrado e muito magro.
- Muito bem... – disse com uma voz um pouco rouca e tremida. – Sou William Gorgeus... Para quem não sabe, eu fui da Grifinória quando tinha sua idade, estudei com Dumbledore. Mas quero que vocês se apresentem! Digam seus nomes, não tenho das melhores memórias, mas tentarei lembrar dos nomes. – continuava com o mesmo sorriso.
Ele foi perguntando a cada um o nome e sobrenome dos alunos. Quando terminou, voltou ao quadro negro com seu passo devagar. Ele deu uma olhada na lista de alunos em cima da mesa e parou no nome de Lupin.
- Bem... Defesa contra as artes das trevas não é uma matéria fácil, é preciso dedicação. Sempre foi minha matéria favorita! É preciso disciplina e prestar atenção, e não vou ser eu a chama-lhes a atenção toda a hora. Se perdeu matéria... Bem... Corra atrás!
“Mas a defesa contra as artes das trevas primeiro precisa uma breve explicação sobre artes das trevas. – continuou. – Artes das trevas é uma das magias que não tem retorno, muitos bruxos tolos... Sim, são tolos! – completou ao ver o espanto da cara de um aluno, olhou com desconfiança ao aluno. – Bem... Muitos acreditam na dominação dos dois mundos usando a magia negra! Os que tentaram até hoje morreram! E criaram vários feitiços e rituais para tornar isso possível... Muitos desses rituais são terríveis!...”
O professor avistou um garoto pálido que acabara de entrar na sala de aula.
- Não se atrase novamente, Sr. Lupin! Ou vou ter que começar a descontar pontos... Mas como agora todos estão presentes... – brandiu a varinha e as portas fecharam.
Lupin estremeceu ao ouvir o professor. Sirius ainda olhou para o garoto, ele estava mais pálido do que o normal, com olheiras e uma aparência doentia. Ele possuía lanhados e cortes por todo o rosto, como se tivesse caído em um emaranhado de espinhos.
O professor retornou a falar. Ele passou rapidamente pela explicação de Artes das Trevas, como se nem quisesse ter dito isso. No final da aula ele não passou quase nenhum dever de casa.
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Notas do autor:
Pequenas modificações neste capítulo.
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