O Cativeiro no Largo



Harry Potter cochilava em sua cama. Crescera pouco nas férias, mas continuava magricela. O suor que escorria em sua testa, molhava a fina cicatriz em forma de raio. De seus rebeldes cabelos negros, escorriam goticulas grossas de suor. Sua roupa grudava-se ao corpo muito suado do garoto. Roncava alto, fazendo com que Edwiges, que estava tentando descansar em sua gaiola, soltar vários pios altos de raiva.
O garoto virou-se violentamente em sua cama. Caira da cama bem encima de seu malão aberto. Abriu os olhos na hora em que sentiu a dor do impacto em seu abdomen. Ainda não estava entendendo o que havia acontecido. Levantara do chão massageando a barriga, que doía horrivelmente.
Olhou a sua volta. Pela primeira vez em muitos anos, aquilo sim poderia ser considerado limpo. As penas quebradas estavam no lixo, junto com os rolos de pergaminho usados, que normalmente ficavam jogados no chão. As roupas estavam todas amontoadas num canto. Os livros da escola, que ficavam jogados no fundo do malão, estavam empilhados dentro do guarda roupa aberto. A única coisa que estava imunda e desarrumada no quarto de Harry era ele mesmo.
Olhou para o relógio. Eram 23:45 do dia 31 de julho. " Pelas barbas de Merlin", disse Harry para si mesmo, " daqui a exatamente 15 minutos, vou fazer 17 anos."
Ele deu um tapa na própria cara. Não poderia ser verdade. Era bom demais para ser. Finalmente. Finalmente o momento que ele tanto esperou. Finalmente poderia sair daquela casa infernal.
Olhou para seu malão. Precisava arrumar tudo. Correu para seu guarda roupa, pronto para pegar tudo que precisava. Pegou algumas vestes trouxas e as vestes de Hogwarts. Não tinha certeza se voltaria para a escola, mas se voltaria, com certeza não poderia ir com roupa de trouxa.
Pegou os livros necessários e os jogou dentro do malão. Correu para a escrivaninha para pegar algumas penas novas e pergaminhos. Ajuntou tudo no malão e o fechou, deixando uma parte de uma meia pra fora. Olhou novamente no relógio. Eram 23:53. Precisava descer. Precisava ver a cara de espanto dos Dursley ao verem ele lançar um feitiço.
Correu para a porta. Fez questão de olhar para trás. Olhou pela última vez para aquele quarto. Nunca mais precisaria voltar para lá. Edwiges soltou um pio alto e triste ao ver o dono pronto para sair e deixá-la.
- Puxa, já ia me esqucendo de você!- disse o garoto, se dirigindo para a gaiola.
Edwiges pareceu se ofender com od ono, asm logo se sentiu feliz ao sentir o dono acariciar-lhe o bico. Harry agarrou a gaiola de Edwiges, se dirigindo para a porta. Ao abrí-la, fez menção de olhar para trás novamente. Agora sim era definitivamente a última vez que olharia. Saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.
O corredor estava mal iluminado e silencioso. Pode ouvir ao longe a voz do jornalista se despedir de seu público. Harry se aproximou um pouco mais da escada. O hall estava extremamente escuro. Foi descendo a escada de degrau em degrau. Ouvia apenas a própria respiração.
Quando chegou ao pé da escada, largou o malão e a gaiola de Edwiges próximo a porta da frente. Dirigindo-se a porta da sala, pode ver sombras dançantes nas paredes. Harry colocou a mão no bolso no bolso e tirou a varinha, pronto para cair na gargalhada quando os Dursley virem a varinha. Porém, quando entrou na sala, Harry viu uma imagem que nunca esperaria ver.
Os Dursley estavam estuporados a um canto, os olhos esbugalhados fitavam o teto com expressão de perplexidade.
Harry olhou de um lado para o outro a procura de uma resposta para aquilo. Houve um barulho abafado nas costas de Harry. O garoto se virou bem em tempo do feitiço atingi-lo no peito.
- Feliz aniversário, Potter!- disse uma voz rouca.
Harry sentiu-se mergulhando na escuridão.

Harry acordou algumas horas depois. Sentia uma incrível dor no peito. O chão frio e duro castigava as doloridas e suadas costas de Harry. Ouvia Ouvia duas ou mais pessoas sussurrando em algum lugar. Tinha certeza que conhecia essas vozes, mas não se lembrava de onde. Decidindo se levantar um pouco para ouvir melhor.
Apoiando-se nos cotovelos, Harry ergueua cabeça. Pode ver apenas as sombras das pessoas. Decidiu então, levantar-se por completo para se aproximar mais.
Harry se levantou. Tirando a sujeira da roupa suada e ajeitando os óculos, Harry se aproximou da parede oposta. Agora sim pode ouvir as vozes mais claramente.
- ... se Milord descobrir que ele está aqui, o que será que ganharemos?- perguntou a voz grave de um homem.
- Sei lá, mas com certeza boa coisa será! Isso adiantara e muito os planos do Milord!- disse a voz de uma mulher.
- Não podemos dizer! Não agora!- disse a voz de outra mulher, irritada.- Temos que extrair informações! Ver se ele sabe alguma coisa sobre o que o Milord está procurando!
Harry encostou o ouvido na parede. Voldemort estava procurando algo, mas o que seria?
- E se o Potter souber onde está?- disse o homem, ancioso.
- Ele nunca vai saber, Greyback! O garoto só tem 17 anos, nem deve saber o nome de um feitiço de proteção!- disse a voz da segunda mulher.
Harry parou por um instante. Esquecera completamente de seu aniversário. Já tinha 17 anos. Perdera a proteção que sua mão lhe dera. Estava vulnerável. A voz grave de Greyback inundou os ouvidos de Harry.
- Ciça, você e Bella carregarão o garoto até lá encima. Eu vou na frente pra abrir a porta.
- Por que nós?- perguntaram as duas em uníssono.
- Por que eu levei todos os outros!- Respondeu Greyback, a voz nervosa.- Estou cansado. Agroa, vão lá buscá-lo! eu já vou na frente pra ver se está tudo como o esperado.
Harry correu a se deitar no lugar onde. No momento em que se arrumou, Narcisa Malfoy e Bellatriz Lestrange entraram na sala. As duas estavam com vestes negras que caíam até os pés. As mangas das vestes estavam erguidas, de modo que dixavam a mostra a tatuagem de uma caveira, com língua em forma de cobra.
Harry sentiu a cicatriz arder quando Bellatriz o ergueu pelo calcanhar e Narcisa pelos braços. Demoraram um tempo ajeitando o garoto até que acaharam uma posição fácil de transportá-lo. Harry entreabriu um pouco os olhos para ficar mais fácil de ver o que estava acontecendo a sua volta. Greyback as esperava na ponta de uma grande escada de madeira. Narcisa e Bellatriz demoraram um pouco para se juntar a ele, pois Harry parecia um pouco pesado para elas.
- Puxa, esse garoto deve ter no mínimo uns 60 quilos!- disse Bellatriz.
- Ah, qual é! É o garoto mais magricela que eu já ví em toda minha vida! Não pode ser tão pesado assim!
Harry ouviu Naricsa resmungar algo como " preguiçoso" e "ele se acha o senhor dos comensais". Sentiu que estava começando a se curvar para cima.
Após muito balançar, Harry estava começando a se sentir enjoado. Não tinha idéia do tempo que estava ali, nauela posição. Parecia que a escada não tinha fim.
- Se pudéssimos usar magia!- Harry ouviu Bellatriz resmungar.
- Mas o Milord nos proibiu!- resmungou Greyback.- e vocês sabem por que.
Nesse momento, Harry sentiu sua cicatriz arder mais do que já tinha ardido alguma vez na vida. Bellatriz e Narcia soltaram gritos de dor, e soltaram os pés e braços do garoto, fazendo ele rolar escada abaixo.
- Mas que diabos vocês fizeram?- gritou Greyback para as duas.- Querem matar Potter antes do Lord das Trevas?
- Desculpem, mas minha marca doeiu extremamente muito agora.- disse Narcisa, massageando o braço esquerdo.
- A minha também!- disse Bellatriz
- Isso não me interessa! - disse Greyback, nervoso.- Vão lá pegá-lo!
- Vá você, eu não agüento mais! O garoto é um butijão!- resmungou Bellatriz.
Greyback passou pelas duas. Com certeza não respondeu por medo, pois sabia que as duas eram mais graduadas em magia do que ele, e mesmo com a ordem de não usarem magia, o que Greyback iria responder com certeza faria com que as duas tentassem matá-lo. Desceu pesadamente os degraus em direção a Harry e o pegou no colo. Harry sentiu o cheiro podre de bebida misturado ao de sangue. Greyback começou a subir a escada mais rápido que Bellatriz e Narcisa juntas, fazendo Harry ficar com ânsia de vômito.
Harry sentiu que parara de subir. Greyback o largou no chão e começou a revirar os bolsos. Harry novamente entreabriu os olhos. Greyback estava com uma enferrujada chave na mão. Olhava fixamente para uma parede velha e descascada. Fez menção de se aproximar mais. Levantou o punho canino e deu três socos na parede.
Uma grande e bela porta se materializou diante de Greyback. A maçaneta de orata feita com o mais puro ouro dos duendes do século XV, brilhava radiante. Harry viu Greyback colocar a chave na fechadura e girá-la, fazendo um estranho barulho de sucção. Greyback abriu a porta e olhou para dentro. Depois agarrou Harry pela perna e o puxou para perto da porta. Harry ouviu sussurros dentro da sala que acabara de aparecer. Harry sentiu novamente ser erguido no ar e ser levado pera dentro da sala.
Dessa vez abriu os olhos por completo, como se tivesse acabado de acordar. Greyback se assustou com a reação do menino, jogando-o no chão com força.
- Esse é o seu novo amiguinho Potter, classe!- disse a voz irônica de Greyback.- Cuidem bem dele, pode ser a última vez que o veram!
Greyback se dirigiu para a porta e a fechou. Harry ouviu o estranho barulho de sucção de novo e a porta sumiu diante de seus olhos.
Harry se levantou, ajeitando os óculos no rosto. Estava em uma velha sala de jantar. As paredes muito gastas deixavam a mostra o tijolo velho e apodrecido usado na construção. O teto alto e negro deixava um ar melancólico naquele momento. Harry olhou de um lado para o outro. Tinha certeza de que ouvira vozes naquela sala. Não podia ser invenção dele. Então com quem Greyback conversara? Harry passeou um pouco pela sala, examinando tudo a sua volta.
- Onde é que eu estou, meu Deus?- perguntou Harry em voz alta, o calor fazendo ele ficar com falta de ar.- Tem que ter alguma saída por aqui, mas onde?
- Você está no Largo Grimmauld, número 12, Harry.-disse uma voz suave as costas de Harry.- E é sobre exatamente o que você está se perguntando que começariamos a conversar agora.
Harry se virou assustado. Bem na sua frente estava um quadro grande e lustroso, com moldura feita do mais puro ouro que Harry já viu. Pintado nele, havia um bruxo com vestes roxo berrante. O chapéu pontudo ultrapassava o limite da moldura. O nariz grande e torto segurava um oclinho de meia-lua, que escondiam os olhos azuis de Alvo Dumbledore.
- P...Prof°?- disse a voz falhada de Harry.
- Olá Harry! A quanto tempo não nos vemso, não?- disse a voz risonha do professor.

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