De Sonhos, a Realidade



  Já fazia tempo
que Harry estava naquela posição. Seus braços formigavam e era incontrolável a
dor em sua nuca. O local, de fato era imundo. O garoto já havia acordado à
horas, ou pelo menos era o que parecia para ele, que havia ficado ali, muito
tempo, esperando anciosamente que alguém fizesse algum barulho para que seu
padrinho acordasse.



 



-         
Ele saberia o que fazer – pensou Harry – Se ao menos eu
tivesse minha varinha...



 



  Harry olhou à sua
volta. Ainda não havia prestado atenção ao lugar mas logo se deu conta de que era
uma sala úmida, gelada, sem janelas ou camas. Nas paredes lascadas
encontravam-se prateleiras cheias de livros e vidros e no centro, havia um
enorme caldeirão que borbulhava e exalava cheiros terríveis. A sala lembrava
muito as masmorras de Poções de Hogwarts e Harry trocaria qualquer coisa para
se ver longe daquele local terrível. Preferia até mesmo estar ao lado de Snape.
Como se tivesse lido seus pensamentos, passos foram ouvidos no corredor e o
barulho da porta sendo destrancada por fora veio logo em seguida. Harry fechou
os olhos e fingiu estar em sono profundo. Ao que parecia, dois Comensais
entraram na sala, e falavam muito baixo:



 



-         
O mestre não quer esperar mais. Se o garoto não acordar
logo, nós o acordaremos! – um deles, o mais próximo de Harry, falou, enquanto
pegava alguns vidros da estante.



-         
Não seja tolo, Crabbe! – rangeu o outro – O garoto irá
morrer de qualquer jeito. Pouco importa se ele estiver acordado ou não! E pode
apostar que aquelazinha também vai pro beleléu! – a voz do outro comensal foi
mais ríspida e Harry achou a ter reconhecido



-         
Bawing? – Crabbe concluiu – Mas, eu achava que ela estava
bem trancada!



-         
Não! Fugiu novamente! – novamente a voz ríspida foi ouvida
por Harry



-         
E o que faremos, Snape? – desta vez Harry não se conteve.
Entreabriu os olhos para ver os dois homens. Embora estivessem encapuzados dava
para ser diferenciado, claramente, Crabbe de Snape. Enquanto Crabbe era
corpulento e alto, como o filho, Snape era magro e muito menor.



-         
Você sempre foi bem tapado, não é mesmo, Crabbe? – Snape
jogou seu capuz para traz deixando à mostra seus cabelos oleosos.



-         
Não compreendi! – Crabbe gaguejou, como fazia seu filho,
quando não entendia algo



-         
Era de se esperar – Snape retirou, debaixo de suas vestes,
sua varinha e deferiu um golpe que fez com que Crabbe caisse em sono profundo.



 



  O professor se
diriugiu à Harry em passos rápidos e deu tapas em seu rosto:



 



-         
Vamos, Potter – ele dizia, ríspidamente – acorde!



-         
Já estou acordado – o garoto disse abrindo os olhos e
afastando o rosto para longe do tapas do professor



-         
Ótimo...vamos logo! O tempo não é nosso amigo. Levante-se!
– e enquanto Harry se levantava o professor de Poções soltava seus braços das
algemas que o prendiam.



 



 Harry tinha os
pulsos marcados e doloridos, mas cambaleou até seu padrinho e chamou por ele:



 



-         
Anda Sirius, acorda!



 



 Sirius moveu o
rosto e finalmente abriu os olhos. Ele sorriu para Harry e murmurou:



 



-         
Onde estamos?



-         
Não sei! – Harry respondeu



-         
Esta é a ex-sede do Ministério – Snape falou de pé, atrás
de Harry – Vamos Black levante-se ou eu o deixo aqui! – Snape sorriu
maliciosamente. Era muito provável que Snape o deixasse, mesmo estando do mesmo
lado.



-         
O que você esta fazendo aqui? – Sirius rangeu ao ver seu
antigo inimigo.



-         
Deixe-me pensar...bem, pulando corda? Não, não...estou vendendo
chocolates! – Snape zombou – Anda Black, antes que os comensais apareçam.



 



 Os três saíram da
sala. Sirius e Harry seguiam o professor Snape que parecia saber por onde ir.
Eles continuaram por longos e tenebrosos corredores até que chegaram ao pé de
uma escada que descia para um grande Hall oval com duas portas. Uma era pequena
e estava escondida num canto e exatamente na parede oposta, estava a outra que
era grande e chamativa e estava bem no centrol.



 



-         
Vêem aquela porta? – Snape perguntou apontando para a
pequena – É a saída. Apenas temos que descer estas escadas e sair por ela.



-         
Não vou deixar os outros aqui dentro! – Sirius protestou



-         
Nem vai precisar! Vocês dois saiam por ela e peçam ajuda.
Eu irei atrás deles – Snape respondeu.



-         
Em troca de quê? – Sirius pareceu desconfiado



-         
Escuta aqui, Black – Snape o havia agarrado pela gola da
camisa e o encuralado na parede – Você pode me odiar e não nego que também o
odeio mas não ouse insinuar que eu estou trabalhando para
Aquele-que-não-deve-ser-nomeado.



-         
Você pode não trabalhar para ele mas quer algo em troca! –
Sirius pareceu convicto desviando das mãos de Snape e prendendo-o na parede
oposta – E aposto que é a confiança de Dumbledore.



 



 Snape se soltou
esfregando o pescoço. Parecia transtornado com o que Sirius falara:



 



-         
Andem logo, descam e procurem por ajuda. Estamos muito
longe de Hogwarts mas existe um vilarejo por aqui se bem me lembro. A porta
esta destrancada! Vão logo!



 



 Sem mais palavras,
Snape deu as costas e correu pelo corredor. Sirius nem pensou em berrar por ele
para não chamar a atenção de ninguém. Ele e Harry desceram sorrateiramente e
saíram da mansão. Do lado de fora, Sirius se tranformou no Sinistro e conforme
prosseguiram, andava sempre ao lado de Harry. 



A casa era situada no topo de um morro e em toda a volta,
havia uma vasta floresta mas bem lá embaixo, Harry pode avistar um vilarejo com
suas casinhas minúsculas e suas chaminés soltando fumaça.



 



-         
Vamos, Sirius! Se tivermos sorte, poderemos mandar uma
coruja à Hogwarts. – Harry sussurou e adentrou à floresta.



 



 Na mansão, Claire
e os garotos estavam encuralados por Rabicho, que tinha o rosto deformado pela
magia de Hermione. A auror mantinha sua varinha em punho e Rony e Hermione
apenas olhavam receosos. Rabicho apenas movimentou sua mão mágica e a varinha
de Claire voou longe.



 



-         
Vamos, Claire. Vamos lutar a seu modo. Você sempre foi boa
com telecinesia...vamos ver quem é o melhor agora! – Rabicho provocou e com
alguns movimentos da mão arremessou a estante nos garotos, mas Claire fez a estante
pairar no ar, apenas olhando para ela.



-         
Pois bem, Rabicho...vamos lutar à meu modo, então! –
Claire revidou e jogou a estante de volta a Rabicho que se jogou para o lado.



 



 Snape ouviu os
barulhos do corredor. Encostou o ouvido na porta para ter certeza de que era
dali que vinham os barulhos e depois, arrombou-a. Se deparou com Claire e
Rabicho atirando coisas um no outro. Encolhidos no canto, estavam Hermione e
Rony, que ao verem o professor se levantaram.



Snape conjurou uma magia que atirou Rabicho longe. Ele
bateu na parede e caiu desacordado no chão.



 



-         
Vamos sair daqui! – Snape berrou



-         
Snape? Como nos achou? – perguntou Claire



-         
A marca! – ele disse apontando para o braço. – Foi minha
hora de me disfarçar mas andem, Potter e Black já saíram e não acho que Rabicho
ficará assim por muito tempo.



 



 Harry e Sirius já
estavam dentro da floresta há uma hora. Harry achou ter ouvido alguém atrás
deles mas ao se virar não viu ninguém. Continuaram andando, sempre em frente e
tomando muito cuidado para não se perderem. O Sinistro parou. Olhou para trás e
começou a ranger. Harry olhou assustado mas não via nada. Por não ter sua
varinha, forçava a visão. Sua cicatriz começou a doer e ele colocou as mãos
sobre ela. Era uma dor terrível e aguda muito semelhante à dor que ele sentira
no ano anterior quando esteve cara a cara com o verdadeiro Voldemort. Tudo
começou a desfocar e Harry sentiu seus joelhos baterem no chão, ainda com as
mãos na cicatriz.



 



-         
Harry! – Sirius se transformara – Harry, rápido, algo está
se movendo muito rápido...vamos!



 



 Mas Harry não
conseguia se levantar. Sua cabeça ia explodir a qualquer momento e então ele
sentiu tudo ao redor congelar. O ar ficou pesado e ele começou a ouvir uma leve
gritaria que ia aumentando, como se fosse chegando mais perto. Ao seu lado,
Sirius caiu. Harry conseguia ouví-lo gemer bem baixo. Chacoalhou a cabeça
várias vezes tentando enxergar à sua volta, quando percebeu que o que os
cercavam eram dementadores. Dezenas deles.



 



-         
Tenho que pensar em coisas felizes! – Harry sussurou ainda
ouvindo o padrinho ao seu lado – Sirius... pense... em coisas felizes... – o
garoto lutava para falar - Expecto... Expecto Patro... Exp... – Harry falava
atrapalhado e mal se lembrava que não possuía varinha nenhuma. Ele se lembrou
do sonho que teve na noite de Natal



 



 Harry não
conseguia raciocinar. A voz de sua mãe estava muito forte agora e a dor de sua
cicatriz só piorava.  Era o fim, pensava
ele. Ele escapara uma vez, numa ocasião muito semelhante, mas agora não tinha
quem os salvasse. Foi então que, quase desistindo, Harry ainda pôde ver ao
longe, alguém. A visão estava desfocada e embaçada mas ele conseguiu ver o
vulto da pessoa.



 



-         
EXPECTO PATRONUM!



 Alguém conjurou o patrono mais belo que Harry já vira. Não,
talvez, tão belo quanto o dele. Era a forma de um gavião que voara até os
dementadores e investira contra eles.
Sirius parou de gemer e Harry
perdeu os sentidos.

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