Confissões
agradável. Tinha um cheiro horrível de carniça e mofo e não era muito arejado. Era
um quarto pequeno e escuro e as portas e janelas estavam trancadas e pregadas
com tábuas de madeira maciça. Apenas alguns raios da noite entravam pelas
frestas da tábua e Rony deduziu que não fazia muito tempo que eles estavam
longe de Hogwarts, onde quer que eles estivessem.
a porta mas conforme ele investia contra esta, seu ombro doía mais e mais. Não
sabia o que fazer e se sentou a um canto, com as mãos em volta dos joelhos e a
cabeça pendida para frente. Ele correu os olhos novamente pela sala e viu um
buraco na parede bem atrás de um móvel que provavelmente tentava escondê-lo, e
deduziu que se conseguisse afastar o móvel do caminho era capaz de passar pelo
buraco. Como era magro, foi favorecido já que o buraco provavelmente não
deixaria que outro garoto de porte um pouco maior passasse.
desabitado. Muitos candelabros estavam flutuando pelo corredor, mas Rony
percebera que pouco iluminavam o local. O chão era revestido com inúmeras
tapeceiras de um tom amarronzado que mal eram vistas devido a escuridão. Rony
seguiu reto e desceu uma longa escadaria que dava para mais corredores, todos
idênticos ao primeiro, diferenciados apenas pela quantidade de portas que em
alguns eram inúmeras e em outros nem se viam.
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Mas que Diabos é este
lugar? – ele se perguntou
sorte do que no senso de direção, Rony ouviu passos. Por ser um corredor largo
e comprido, onde três pessoas robustas poderiam passar perfeitamente bem, Rony
não teve problemas para se esconder. Abaixou-se na escuridão, onde o pouco da
luz dos candelabros não chegava e esperou. Gollen passou pelo garoto em passos
rápidos, vestindo agora uma túnica preta com o gorro jogado para trás. Em sua
cintura, estavam as varinhas de Rony e dos outros. Foi preciso velocidade e
prática para que Rony pudesse raciocinar em o que fazer.
pontas da tapeceira que cobria o chão. Puxou-a com força para si e, a medida
que Gollen escorregara e caíra de frente, sua cabeça batera forte contra a
tábua de madeira talhada em mogno que se deixou mostrar pela falta da
tapeceira. Percebendo que o homem estava desacordado, Rony arrancou as varinhas
de uma pequena corda, muito similar à vestimenta dos monges dos mosteiros trouxas
que óbviamente Rony nunca vira, e correu dali seguindo por longos corredores e
rezando encontrar Harry, Hermione, Sirius e Claire.
volta. O quarto era úmido e lembrava muito o laboratório no qual Hagrid tinha
levado os alunos no começo do ano. A garota se viu deitada em uma cama de
colcha vermelha de um tecido aveludado e empoeirado. Virou-se para o lado e viu
Claire, que ainda adormecia. Pelo que pôde ver do quarto, havia apenas uma
cômoda de frente para a cama que erguia um castiçal sem vela alguma. As paredes
eram revestidas de um papel verde, velho e rasgado, com adornos em um tom
branco muito desbotado e sujo. As janelas estavam pregadas com tábuas, as
mesmas do quarto de Rony, mas isso Hermione não saberia dizer e a porta, de um
marrom muito escuro, provavelmente estaria trancada. Pensou em acordar Claire. Era
a mais provável coisa que deveria ser feita. Hermione se levantou, mas só o
barulho da cama despertara a Auror.
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Onde estamos? – esta
perguntou olhando para os lados – Onde estão Harry, Rony e Sirius?
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Não sei! – a garota se
sentou – Acabei de acordar, parece que estamos em uma espécie de casa, ou algo
parecido...não me recordo deste lugar!
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Mas...eu sim! – Claire
olhou angustiada a decoração nas paredes – Hermione, você já ouviu falar da ex
sede do Ministério da Magia?
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Sim, li em um livro de
história da Magia, foi incendiada pelos Comensais da Morte à 18 anos.
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Bem, Hermione, nós estamos
no que restou dela! – a professora disse perplexa
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Como? – Hermione a olhou
incrédula – Mas...esta casa fica à quilometros de Hogwarts.
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Exatamente 800 quilometros,
Hermione! – Claire corrigiu – Talvez tenhamos vindo para cá por algum portal.
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Em Hogwarts? Não é
possível!
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Não sabemos a quanto tempo
Gollen vem tentando raptar Harry, Hermione. Ele pode ter planejado tudo à muito
tempo.
havia falado de fato tinha razão. Se Gollen trabalhava para Voldemort, não
poderia ser à pouco tempo. O estranho era que ela e os amigos nunca repararam
no comportamento estranho dele. Hermione observou Claire tentar abrir a porta,
e como a garota imaginara, esta se encontrava trancada. Por não ter gavetas, a
cômoda ficou intacta e Claire não a inspencionou. Olhou pelas frestas da
janela, mas nada pode ver. Apenas percebeu que ainda era noite.
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Claire? – de repente
Hermione quebrou o silêncio.
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Sim?
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Bem...eu estava
pensando...no final das contas tudo que aconteceu hoje, foi culpa minha, do
Rony e do Harry!
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Por que, Hermione? – Claire
a olhou curiosa
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Bem, se nós não tivessemos
perdido nosso tempo achando que você era uma mafiosa, ou algo do tipo, isso
nunca teria acontecido! Nem prestamos atenção no Gollen.
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Vocês estavam tentando
achar uma maneira de me pegar em flagrante, Hermione, não é culpa sua! Vocês
estavam zelando pelo bem de Harry, e não posso negar que já havia percebido que
vocês não confiavam em mim!
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Bem...eu...queria lhe fazer
uma pergunta...mas você não é obrigada a responder! – Hermione voltou a quebrar
o silêncio
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Pode perguntar – a mulher sorriu
carinhosamente para Hermione
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Você... ainda ama o Sirius?
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Hermione...essa é uma
pergunta muito fácil de ser respondida...como posso não amá-lo se esperei 15
anos para vê-lo? – Ela sorriu ainda mais, surpreendendo Hermione. Com toda a
paixão que Claire se expressou e com tão humildes olhos, Hermione pode ter
certeza que nem em um milhão de gerações Claire mentiria sobre seus sentimentos
em relação ao homem que tanto amou
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Mas...como você sabe que o
ama? Digo, como você sabe quando ama alguém? – Hermione insistiu. De
certo era essa sua dúvida desde o começo. Não interessava saber como e porque,
mas a interessava entender o amor.
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Bem, o engraçado de
tudo...é que não tem uma resposta exata para essa pergunta. Você simplesmente
sabe! – Claire sorriu e pôs-se a pensar – Sabe, Hermione, eu tenho essa
teoria... não está longe de ser uma grande mentira mas também não está longe de
ser uma verdade. Existe essa lenda... – Claire hesitou, tentando lembrar-se de
toda a história que ouvira a muitos anos atrás - ... do mundo trouxa sobre duas
pessoas que se amavam de tal maneira que eram uma só. Esse ser era metade homem
e metade mulher e o amor os juntava. Os deuses os invejavam tanto que formaram
uma enorme tempestade e atiçaram raios separando o homem da mulher e levando um
para muito longe do outro, impedindo-os de se amarem para sempre. A partir de
então, todo o ser humano vive a vida em busca de sua metade em algum lugar do
mundo... – Claire riu-se enquanto as lágrimas brotavam nos olhos de Hermione –
Bem, é só uma lenda ridícula, mas em todo o caso o que eu tento explicar é que,
não importa quem você é, existe alguém que é sua metade e de certo modo esse
alguém sempre chega a você! Cabe apenas a você saber recebê-lo ou não,
Hermione... você nunca saberá se ele é mesmo a sua metade, mas se não tentar,
talvez nunca venha a descobrir isso.
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Mas, você acha que ele
ainda te ama? Digo.. é ele a sua metade?
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Não sei, Hermione. Mesmo
que ele ainda me ame e seja a minha metade...ele está muito magoado comigo, dá
pra ver isso. Preferiria ficar à quilômetros de distância dele a ter que
encarar aqueles olhos distantes e frios dele. Ele está muito mudado, Hermione. Para
você ele é o que você conhece, mas para mim... eu sei o que ele foi e vejo o
que é... eu o amarei como ele for mas prefiro muito mais o Sirius Black que
amei no passado...
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E como você sabe que ele já
te amou? – Hermione insistiu
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Bem... – Claire pensou um
pouco antes de responder – Sinceramente, essa pergunta eu não sei responder...
só ele sabe! Mas o que eu posso te dizer é que ele salvou minha vida inúmeras
vezes, mesmo sabendo que podia por a dele em perigo. Ele me protegia tanto que
nem ao menos me deixava protegê-lo. Eu nunca tive orgulho de poder falar que já
o salvei por que nunca o fiz. Nunca consegui.
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Então...você achou que se
tirasse ele de Azkaban, estaria compensando o que ele já fez por você?
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Bem – Claire sorriu – de
certo modo sim, mas eu também queria tirá-lo de lá por que o amo. Não foi essa
a sua pergunta? É assim que eu sei que amo ele, Hermione! – Os olhos de Claire
brilharam quando ela focou-os no vácuo.
as duas que se levantaram de prontidão. Claire olhou pelo buraco da fechadura e
Hermione a esperou, aflita.
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Não dá pra ver nada! – ela
sussurou – Hermione, pegue aquele castiçal e se esconda atrás da porta! Prepare
sua mira!
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mso-ansi-language:PT-BR'> Com um sinal
positivo da cabeça, Hermione foi até a cômoda, apanhou o castiçal de bronze
lascado e se escondeu atrás da porta. Claire se preparou para usar toda a sua
força contra quem quer que fosse. Elas ouviram a porta sendo aberta e Claire
investiu contra a pessoa que entrou. Mione já havia levantado o castiçal no ar
para bater no comensal quando foi segurada por Claire.
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Ai, isso dói, suas loucas!
– Era Rony, caído no chão.
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Rony? – Hermione sussurou e
correu para ajudá-lo – Como você...o quê...onde...
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Espera, eu sou um só! Escolhe
uma pergunta pra fazer!
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Onde estão Harry e Sirius?
– Claire perguntou antes
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Não sei – Rony respondeu,
apalpando as costelas – Eu acordei em um quarto, ou sei lá eu o que...ei era
menor que este!
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Rony! – Hermione o censurou
– Se concentre!
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Desculpa...bem, a porta
estava fechada e eu vi que tinha um buraco bem grande na parede, ou pelo menos
grande o suficiente para eu passar. Saí numa espécie de corredor, e cá estou!
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Mas como você sabia que
estávamos bem aqui? – Claire perguntou, olhando o galo que se formou na cabeça
do garoto.
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Bem, eu deduzi que devia
vir pra cá e ouvi suas vozes, então tentei este quarto.
style='font-size:8.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt;mso-ansi-language:PT-BR'>-
Espera um pouco! – Hermione
desconfiou – Como você tinha as chaves?
style='font-size:8.0pt;mso-bidi-font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman"'>-
Bem... – Rony sorriu maliciosamente e mostrou as
varinhas às duas, devolvendo-as
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