A Maldição Imperdoável



- Mamãe, eu vou me casar!- gritou Petúnia.
A família Evans se encontrava na sala onde assistiam o noticiário. O Sr. Evans cuspiu a bebida que estava em sua boca para fora, a Sra. Evans não tinha palavras quanto ao que acabara de escutar e Lílian deu um leve sorriso.
- Parabéns.- disse Lílian finalmente quebrando o silêncio.
- É... é minha filha. Meus parabéns.- concordou a mãe de Petúnia.
- Isso não é sério? É?- perguntou o Sr. Evans.
- Claro que é papai.- disse Petúnia indignada.- Ele até me comprou um anel.
- Eu não aceito, eu não admito. Vocês mal se conhecem, porque ele não veio falar comigo? Acha que o meu consentimento não é bom o suficiente para ele?- o Sr. Evans já estava começando a alterar a voz.
- Calma, Marco.- pedia a Sra. Evans quando viu que o marido já estava começando a ficar escarlate.
- É papai, calma. Não é tão ruim assim que a Túnia vá se casar, parece que ela está muito feliz.
- Não precisa me defender, Lílian.- Petúnia fechou a cara para Lílian, mas não manifestou nenhum tipo de discriminação por Lílian ser uma bruxa, não ainda.
Petúnia mostrou um anel que parecia ser de ouro, com uma pedra negra na ponta, que parecia estar toda riscada.
- O Valtinho não é um fofo?- perguntou ela mostrando o anel.
- O Valtinho é fofo até demais, se ele continuar comendo vai ter um infarto em breve.- disse o Sr. Evans já se acalmando.

Petúnia saiu resmungando por casa adentro, xingando Deus e o mundo, até que só se escutou o estrondo da batida da porta do quarto dela.
- Não liga, papai. Ela só está um pouco nervosa.- Lílian já conhecia o gênio ruim da irmã e já nem ligava mais.

Alguém havia batido na porta e Tiago foi ver quem era. Ele e Sirius conversavam muito animadamente com o Sr. Potter e nem viram a hora passar. Já estava quase na hora do almoço e os três já começavam a sentir o cheiro da comida na cozinha.
- Vim te fazer uma surpresa.- disse ela sorrindo, fazendo os olhos muito verdes se tornarem duas fendas no rosto.
- Lílian!- disse Tiago.- Entra.
- Boa tarde para todos.- disse ela entrando no hall e olhando para a sala.
- Boa tarde.- responderam o Sr. Potter e Sirius em uníssono.
- É impressão minha ou tem alguma coisa queimando?- Lílian começou a sentir um cheiro de queimado forte vindo da cozinha.
- O Aluado está na cozinha...-começou a falar Sirius.
- Coisa boa é que não é.- completou Lílian.
- AI QUE DROGA!Eu definitivamente não sei fazer essa porcaria.
Lupin apareceu nervoso com o rosto parecendo um pimentão, quase soltando fumaça pelas ventas.
- Oi Remo.- disse Lílian.
- Desculpe Lílian, eu não tinha te visto.- disse ele.
- Parece que vocês estão precisando de uma mãozinha feminina.- disse ela sorrindo.
- Se a moça-dos-olhos-bonitos- como o Sr. Potter chamava Lílian- conseguir nos ajudar eu agradeceria.
- Papai!- indagou Tiago.
- Está tudo bem, Tiago, eu ajudo com o maior prazer. Vem Remo, eu sei que você não é um caso perdido.- disse ela puxando Lupin para a cozinha.
Minutos depois Lílian apareceu na sala.
- Eu disse que nós precisamos de um elfo doméstico.- disse Tiago.
- Claro que não, eu sou totalmente contra. O Sr. Potter odiava qualquer tipo de maus tratos a outros seres mágicos.
- Concordo plenamente, nós somos bruxos, somos perfeitamente capazes de nos virar sozinhos.- concordou Lílian.
- Por isso que eu que eu adoro ela.- disse o Sr. Potter.- Se eu fosse uns vinte anos mais moço...
- Se cuida Pontas, parece que você arrumou um concorrente.- zombou Sirius.
- Muito engraçado papai.- disse Tiago nem ligando para Sirius.- Lílian, você deixou o Aluado sozinho?
- Ora, o Remo é melhor na cozinha do que eu.- disse ela sorrindo.
- EU ESCUTEI ISSO, VALEU LÍLIAN. E PONTAS, VAI ENCHE OUTRA PESSOA.- gritou Lupin da cozinha.
- Nós vamos para o Ministério mais tarde.- disse Tiago.- Hoje vai começar o nosso treinamento para aurores.
-Hum, depois eu vou ter que ir para o St. Mungus também, a minha chefe não larga do meu pé.- Lílian olhou para o lado e viu um cômodo que ela nunca havia reparado, dentro havia várias prateleiras com muitos livros.- Não sabia que tinha tantos livros, Sr. Potter.
- Papai tem uma coleção de livros trouxas.
- Eu posso dar uma olhada?
- Fique a vontade querida.
Lílian entrou na pequena biblioteca e viu vários livros famosos no mundo trouxa e outros que ela nunca tinha ouvido falar. Ela pegou o um livro pequeno e grosso que tinha uma capa vermelha e detalhes em dourado.
- Conhece esse?- perguntou Tiago.
- Não há ninguém no mundo bruxo que não conheça.- disse ela.- Romeu e Julieta é um clássico no romance mundial, a mais famosa peça de teatro do mundo trouxa.
- Ela é tão boa assim?
- Eu sinceramente não acho.
- E como é?
- Um casal que tem as famílias inimigas e que morrem no final.
- Eu acho que também não gostaria de uma história que um casal morre no final, prefiro os finais felizes.
Tiago soltou um leve sorriso para ela e a beijou.
- Será que o casal pode parar de ficar se agarrando e vir almoçar?- perguntou Sirius.
- Por que você sempre tem que fazer isso, Almofadinhas?- disse Tiago irritado.
- Porque é divertido.
Sirius deu um sorriso maroto enquanto Tiago fazia um gesto obsceno para ele.
O almoço não estava nada ruim. Depois que eles acabaram ainda tiveram tempo de conversar, mas logo Sirius, Lupin e Tiago foram para o ministério enquanto Lílian foi para o St. Mungus.

- Lílian, a Madame Justine ainda não chegou e nós temos um caso grave da Maldição Cruciatus. Você terá que cuidar dele.
Lílian se dirigiu até o quarto em que o paciente estava. Era um rapaz bem jovem e pelas vestes era um trouxa que murmurava coisas enquanto mantinha seu olhar frenético, parecendo que seria atacado a qualquer momento.
- Certo, vamos lá.- ela pegou alguns frascos de poções e pegou a varinha.- Me desculpe, mas eu vou ter que mexer na sua mente.
Ela pegou uma toalha e molhou com uma poção verde esmeralda que exalava um cheiro horrível.
Quando se aproximou do rapaz ele se encolheu e colocou a mão na cabeça e os murmúrios começaram a mudar de tom se tornando em berros.
- Ela vai voltar e me atacar, eu já disse eu não sei de nada da taça, não sei.
Lílian arregalou os olhos sem saber o que dizer.
- Calma, ninguém vai se aproximar de você.- dizia ela tentando acalma-lo.
- Por que eu? Eles são bruxos, eles poderiam atacar bruxos.- disse ele chorando como uma criança.- Não um aborto.
- Ninguém vai atacar ninguém, eu prometo.- disse ela.- Agora me conte o que aconteceu.
O rapaz olhou de esguelha para Lílian, ele tirou os braços do rosto, parecia que Lílian estava tomando a confiança dele.
- Eu estava em casa, quando escutei um barulho na rua. A Sra. Figg também escutou...
- A Sra. Figg?
- Ela também escutou, mas não vimos ninguém, então deixamos tudo quieto, mas depois uns bruxos encapuzados invadiram a minha casa e me atacaram, quando minha irmã chegou ela conseguiu espantar os bruxos.
- Lílian, já está tudo pronto?- perguntou uma enfermeira na porta.
- Quando ele foi trazido para cá?- perguntou ela pasma.
- Não mais que 30 minutos, mas por que...
- Eu preciso ir, é caso de vida ou morte.- disse ela.
Lílian odiava aparatar, mas estava com tanta pressa que teve que fazer isso. Ela aparatou dentro da própria casa.
- Mamãe? Papai?- perguntou ela entrando em casa.- Petúnia? Alguém?
Mas ninguém respondeu, o que aumentou a aflição que estava sentindo.
Lílian tentou várias vezes colocar feitiços de proteção em volta da casa, mas Petúnia não permitia, dizia que não iria concordar com uma “estranheza” dessas.
- Mamãe?
Quando Lílian entrou na cozinha viu a mãe caída na cozinha como se fosse um boneco. Lílian era uma curandeira e sabia que aquilo havia sido resultado de um Avada Kedavra.
Lílian deu passos para trás, com a mão na boca e um rosto horrorizado, subiu as escadas e entrou no quarto dos seus pais e viu seu pai deitado na chão, extremamente pálido e gelado.
- AAAHHHHH!
Só se escutou o berro de Petúnia vindo da cozinha, ela subiu as escadas e viu Lílian de joelhos ao lado do pai.
- O que você fez sua esquisita?- perguntou Petúnia agressivamente.
- Eu não fiz nada.- Lílian estava atordoada, se levantou e saiu correndo para fora da casa. Ela queria chorar, mas o choque foi tão grande que não havia espaço para lágrimas.
- Sra. Figg, abre a porta.- gritava ela enquanto batia com toda a força na porta da vizinha.
- Lílian, querida.O que aconteceu?- perguntou a senhora, muito assustada com o barulho que Lílian havia feito.
- Os Comensais entraram na minha cabeça... e os meus pais...- Lílian mal conseguia dizer o que acabara de ver.
- Você, não quer entrar? Não quer me contar tudo com calma?
- Não, eu preciso chamar os aurores, preciso fazer alguma coisa.
- Pode deixar querida, eu vou chamar.
Lílian saiu correndo de volta para casa e depois de alguns minutos ela viu Olho- Tonto chegar com mais alguns aurores da Ordem: Dédalo Diggle, Fenwick, Prewett... e para grande surpresa de Lílian também encontrou Frank Longbottom junto com Dumbleodore.
- Não se preocupe, fui eu que alertei os aurores.- disse Dumbleodore.- Sou o único contado da Sra. Figg no mundo bruxo.
Lílian não disse nada, apenas se mostrava atordoada enquanto ainda não tinha forças para chorar.
Petúnia por sua vez chamou a polícia. Ela estava em um canto da casa e olhava com um ódio mortal para cada auror que se encontrava ali.
Os aurores se aproximaram dos corpos e verificavam cada detalhe como os policiais.
- Nos deixe fazer o nosso trabalho.- resmungou um policial.
- Eu também estou fazendo meu trabalho.- disse Moody.
A imagem dele era tão assustadora que o policial não reclamou mais.
- Não há dúvidas, foi uma Maldição Imperdoável.- disse Frank para Dumbleodore, mas Lílian estava perto e escutou.- Parece que mais uma vez os Comensais atacaram.
Ouvindo aquilo, Lílian ficou possessa, sentiu um ódio se apoderar dela.
- Dumbleodore, eu quero participar da Ordem.- disse Lílian sem pensar.
- Lílian, acho que não deveria tomar uma decisão dessas agora...- começou a dizer Dumbleodore em uma voz doce.
- Se os Comensais mataram meus pais, eu quero me vingar. Eu quero que ele paguem pelo que fizeram.
Frank olhava com dó para Lílian, mas ela nem ligava. Queria obter a sua vingança e se fosse preciso lutar na Ordem da Fênix ela o faria.
- Eu sei que o Ministério está fraco e que eles não vão fazer nada.- continuou ela.- Você- Sabe- Quem está cada dia mais forte e ninguém dá um basta nisso. Eu quero lutar.
Essas últimas palavras de Lílian foram decisivas. Dumbleodore concordou com Lílian e no fundo ele sentiu até um pouco feliz por conseguir mais uma integrante para a Ordem.

O velório do Sr. e da Sra. Evans não demorou muito, Lílian e Petúnia só esperavam os médicos terminarem as análises para liberarem os corpos. Eles disseram que casal havia morrido por causas naturais, mas Lílian sabia que não, que havia sido mais um homicídio de um Comensal.
Tiago, Sirius, Lupin, Pettigrew, Marlene, Frank, Alice e Dumbleodore ficaram juntos de Lílian, mas quando o enterro acabou, Lílian preferiu ficar sozinha em casa.
- Tem certeza?- perguntou Tiago.
- Tenho sim. Eu pelo menos tenho uma varinha.- disse ela com a voz embargada.
Lílian entrou em casa e se jogou no sofá, foi quando finalmente uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
- Foi tudo sua culpa!- gritou Petúnia quando entrou na casa.
- Agora não.- murmurou Lílian.
- Eu não vou mais aceitar suas esquisitices. Lílian, eu não vou morrer por sua causa. Sai da minha casa!
- CALA A BOCA!- gritou Lílian furiosa. Petúnia sempre falou com Lílian como ela quis, mas não dessa vez. Lílian pegou a varinha e apontou para a irmã- Eu já disse que agora não.
Quando Lílian voltou a si, baixou a varinha e se sentou novamente no sofá. Petúnia saiu correndo e sem querer deixou cair o anel que ganhara de Valter.
Lílian o segurou e sem querer deixou uma lágrima cair na pedra do anel. Ela girou o anel três vezes e quando percebe escutou vozes e passos de pessoas se aproximando.
- Lílian, nós temos pouco tempo.- disse sua mãe.
Lílian arregalou os olhos quando viu a mãe parada ali.
- Como?
- Já disse que não temos tempo, meu amor.- repetiu a mãe.
- Precisamos contar como morremos.- disse seu pai.
Lílian ficou parada observando os rosto dos dois.
- Nós chegamos em casa e encontramos algumas pessoas vasculhando a casa.- continuou ele.- Tentamos impedir e foi quando eles nos mataram.
- Quem era?- perguntou Lílian com uma certa irritação na voz.
- Não deu para ver, eles usavam máscaras meu amor. Nós vimos um tipo de fumaça em cima da nossa casa que formava uma caveira com uma cobra e então corremos para cá.- disse a Sra. Evans.
- Acho que eles procuravam alguma coisa. Mas depois eles escutaram a voz da Sra. Figg e fugiram.- completou o Sr. Evans.
- Proteja a sua irmã, Lílian. Você é mais forte que ela.- a Sra. Evans passou a mão no rosto da filha.- Nós sempre estaremos com você, meu amor.
Foi quando o casal sumiu, Lílian ainda estava tentando voltar para aquela casa, mas seu pensamento sempre fugia para os pais.
- Meu anel.- disse Petúnia se aproximando de Lílian. Ela pegou o anel da mão da irmã e subiu as escadas.
- Petúnia, eu preciso do seu anel.- disse Lílian.
- Como?
- Por favor me dê.
- Não, esse anel é meu. Você já tirou meus pais agora quer meu anel?
Lílian não disse nada e deixou a irmã levar para o quarto.

Ela não conseguia dormir, fechava os olhos várias vezes, mas parece que o sono não gostava dela. Foi quando ela tomou uma decisão.
Arrumou as malas o mais rápido que pode, levando o essencial. Quando estava passando pelo corredor ela entrou no quarto de Petúnia e com o máximo de cuidado tirou o anel do dedo magro da irmã.
Desceu as escadas e aparatou.
- Quem é a essa hora?- reclamou Tiago que colocava os óculos após escutar alguém bater na porta.
Ele abriu a porta e viu Lílian com os olhos inchados e o cabelo solto, usava uma capa verde e trazia várias malas.
- Oi, meu amor, entra.- disse ele estranhando. Ele ajudou com as malas e os dois entraram.
- Será que eu posso ficar aqui, não consigo ficar em casa.- disse ela.- É tudo tão recente.
Lílian estava ameaçando chorar, mas engoliu o choro.
- Claro, está tudo bem.- disse ele a puxando para si e encostando a cabeça dela no seu peito.
- Obrigada.- murmurou Lílian não agüentando e deixando soltar uma lágrima.

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