Briga, Reconciliação e Festa!
Briga, Reconciliação e Festa!
Na manhã seguinte Rose levantou-se muito cedo. Estava começando a se irritar com seu relógio psicológico que sempre a acordava antes mesmo do dia clarear por completo. Tentou levantar a cabeça do travesseiro, mas foi inútil. Sentia uma dor horrível, resultado do choro da noite anterior. Precisava muito de uma poção para dor de cabeça, mas não tinha forças nem pra sair da cama. Amaldiçoou-se mentalmente por não ter dormido com sua varinha do lado do travesseiro, então, reunindo toda força e coragem, conseguiu se sentar, mas para seu azar, ela esbarrou no livro que tinha deixado na mesinha de cabeceira, que por sua vez caiu, e por pouco não acordou, por completo, sua prima Lily.
- O que... O que foi isso? – disse a ruivinha Potter, ainda sonolenta.
- Não foi nada Lily, volte a dormir, ainda é cedo! – respondeu a ruiva mais velha, percebendo o quanto aquele esforço de falar fazia sua dor de cabeça só piorar. – Merlin, eu nunca mais choro por ninguém! – ela sussurrou e se levantou, indo em direção ao banheiro.
Os olhos da ruiva, que ainda estavam semi-fechados, graças ao sono, se arregalaram ao ver seu reflexo no espelho do banheiro.
- Por Merlin, eu estou péssima! – ela exclamou ao ver seus olhos inchados e muito vermelhos – Alvo Potter, você deveria me pagar por me fazer sofrer desse jeito! – ela riu tristemente do próprio comentário. Alvo... Como sentia falta daquele ser irritante... Embora estivesse longe há apenas um dia, sentia como se não falasse o primo há séculos... Suspirou deprimida e foi tomar um banho.
Alvo também havia levantado muito cedo aquela manhã. Ou melhor, ele mal havia conseguido dormir. Vários pensamentos haviam tomado conta de sua mente, e todos eles relacionados com a prima. “Deixe de ser idiota Alvo, ela mereceu cada palavra dura que você disse!”, ele pensava, tentando se convencer a todo custo que estava certo... Mas, se realmente estava correto, porque então aquela sensação ruim insistia em permanecer dentro de si? Oras, se ele estava certo, por que aquele vazio tomava conta de seu peito e o fazia ter vontade de chorar?
- Deve ser só o efeito da noite mal dormida! – ele concluiu, querendo convencer a si próprio de que era essa a verdade. Vencido pela falta de sono, levantou-se da cama, e foi para o banheiro. Não demorou muito por lá, e já saiu vestido e levemente irritado com os cabelos, que por serem exatamente iguais ao de seu pai, não abaixavam nem por um decreto oficial de Merlin. Suspirou derrotado pela batalha com seu cabelo, e decidiu descer para o salão comunal. Se ficasse ali acabaria acordando seu irmão e primos.
Rose já havia tomado seu banho e agora penteava seus longos cabelos com calma.
- Definitivamente, eu preciso cortar um pouco esse cabelo! – ela concluiu ao olhar no espelho e ver seus cabelos molhados, que agora se aproximavam de sua cintura. Deixou sua escova de cabelo em cima da mesinha de cabeceira, e saiu do quarto, para não acordar suas primas.
A ruiva congelou ao chegar aos pés da escada e ver que o salão comunal já estava habitado, e justamente pela pessoa que não queria ver tão cedo.
Alvo, ao sentir a presença de alguém, virou-se e se deparou com a imagem da prima parada na beira da escada, o encarando de forma triste. Manteve-se indiferente aquela expressão tão cheia de tristeza e sustentou o olhar firme que lançava a ela. Novamente ocorreu o contraste belíssimo de olhares. Verde intenso mergulhando no azul vivo, quantas vezes eles já haviam se encarado de forma tão profunda... Não precisavam dizer nada um pro outro, só de se olharem já sabiam o que estava acontecendo.
Rose se segurou firme no corrimão da escada, como se soltá-lo fosse fazê-la cair. Em momento nenhum pensou em desviar o olhar do primo. Queria uma explicação para toda aquela atitude sem sentido, e talvez, se o encarasse profundamente, pudesse encontrar alguma resposta naquelas esmeraldas que brilhavam intensamente, no lugar dos olhos de Alvo.
Os dois ficaram apenas se encarando durante um longo tempo. O salão estava silencioso, e a única coisa que se ouvia eram as respirações deles, que pareciam estar programadas para saírem no mesmo ritmo... Depois de mais um tempo, Rose desistiu de encará-lo, desceu o último degrau da escada, e passou pelo primo sem falar nada.
Alvo, por sua vez, ao ver a prima passar, não conteve um desejo incrível de falar com ela, mesmo que fosse para provocá-la.
- Não sabia que os encontros agora eram praticamente de madrugada! – ele alfinetou.
- Ahn? – ela se virou para o primo sem entender – Do que você tá falando?
- Não se faça de desentendida Rose! Estou me referindo a você e ao Malfoy, é claro!
- Eu sei que não lhe devo explicações, mas para sua informação, não estou indo ver o Scorpius. Aliás, ele nem deve estar acordado! – a ruiva disse, e logo levou a mão nas têmporas e começou a massagear. Sua dor de cabeça estava piorando.
- E aonde a grande “Sabe-tudo Weasley” vai a essa hora? – Alvo perguntou em deboche.
- Não interessa! – Rose disse de forma agressiva e saiu da sala comunal muito irritada. Não queria mais discutir com o primo, mas ele parecia muito feliz em provocar as discussões. Andava furiosa pelos corredores do castelo, e sua cabeça, que antes doía, parecia prestes a explodir. Como Alvo podia ser tão irritante? Como?
Em um corredor, próximo ao que ruiva vinha andando desesperada, Vincent, melhor amigo de Scorpius, caminhava tranquilamente. Tinha acordado cedo àquela manhã para terminar o trabalho de Feitiços, e como já havia concluído, decidiu dar uma volta pelo castelo, para passar o tempo. Porém, seu passeio foi interrompido, quando chegou ao mesmo corredor que Rose caminhava, e viu um vulto ruivo passar ao seu lado desesperado. Sem pensar duas vezes, ele seguiu a menina. Ia chamar seu amigo, mas estava muito longe do salão comunal da sonserina pra isso, então decidiu ver no que poderia ajudar.
Rose estava encostada na porta de entrada do castelo, com as mãos na cabeça, massageando nervosamente as têmporas. Aquela maldita dor de cabeça não passava, e pra completar, não podia procurar sua poção e dar um jeito naquela dor, já que se fizesse isso, acordaria as meninas do dormitório. Também se negava a ir para ala hospitalar, pois sabia que Madame Pomfrey não a deixaria sair de lá até fazer um exame completo.
Vincent, ao avistar a ruiva de longe, se aproximou dela em passos lentos. Podia não conviver muito com a Rose, mas de uma coisa ele tinha certeza: para falar com ela, todo cuidado era pouco. Ainda mais quando parecia irritada.
- E aí Weasley! Bela manhã não?! – o moreno encostou do outro lado da porta e ficou admirando os jardins da escola. Olhou de lado e viu que Rose o encarava com uma expressão descrente – Qual é ruiva? Não posso dizer que a manhã é bela? – disse divertido.
- Pode, o estranho é você querer compartilhar essa informação comigo! – a ruiva disse de forma simples, e voltou novamente sua atenção para a dor de cabeça.
- Ah, sabe o que é? Eu não tenho muita vocação para lidar com os fantasmas dessa escola, e como eu ainda não aprendi a falar com os pássaros, então o único ser com vida aqui capaz de me compreender é você! – Vincent olhou para a ruiva e viu um pouco surpreso, que ela sorria das suas palavras – Mas e aí, o que houve com você?
- Nada! – ela disse, ainda massageando a cabeça.
- Ok, mas eu não encaro como nada essa tentativa maluca de tentar enterrar os dedos na cabeça! – ele disse em deboche ao ver a menina massagear freneticamente as têmporas.
- É uma dor de cabeça muito forte, só isso!
- E porque não tomou uma poção? Remédio trouxa? Alguma coisa que fizesse sua dor passar? Olha, não é por nada não, mas costuma funcionar sabe?
- A minha poção para dor de cabeça está dentro de uma frasqueirinha que está dentro do meu malão. Se abrisse agora pra procurar, acordaria todas as meninas! – Rose respondeu levemente irritada.
- Ô inteligente, já pensou em ir a Ala Hospitalar? – Vincent sugeriu como se isso fosse o óbvio.
- Já, mas se eu aparecer lá, a Madame Pomfrey vai pedir um exame completo! E quando tiver certeza que meu problema é só dor de cabeça, já estarei melhor! – a ruiva disse e os dois riram.
- Bom, então o jeito é pegar escondido!
- Escondido? Eu não sou ladra! – a ruiva protestou.
- Nem eu, mas se quisermos acabar com essa dor de cabeça, é melhor fazer o que eu estou dizendo Rosecreide!
- Rose o que? – ela perguntou confusa, era a primeira vez que alguém fazia uma variação tão absurda do seu nome – Escute aqui, eu não vou pegar nada sem permissão! E outra, a única interessada em acabar com a dor de cabeça sou eu!
- Aí que você se engana! Quando você está de mal-humor, coisa que acontece quase todo dia acaba descontando no meu amigo Scorpius. Ele, por ter uma boa educação, não vai descontar em você a raiva, porém, vai descontar em mim, que sou o melhor amigo dele, e subentende-se que estou sempre disposto a ouvi-lo! Então acredite Rosecreide, o mais prejudicado por causa da sua dor de cabeça sou eu! – Vincent completou com um sorriso vitorioso no rosto.
- Você tem certeza que é normal? – Rose perguntou.
- Eu pergunto isso todos os dias quando olho para meu reflexo no espelho, mas nunca obtive resposta... – respondeu sorrindo, e logo em seguida pegou Rose pela mão e saiu arrastando a ruiva pelo corredor.
- Ei, espera, aonde vamos? - ela protestava.
- A Ala Hospitalar é claro! E nem adianta gritar, que uso o “Silencio” em você! – o moreno arrastava Rose pelos corredores como se fosse uma criança mimada. – Pronto! – disse ao parar com ela em frente a Ala Hospitalar.
- Já disse, não vou entrar aí! – ela empinou o nariz demonstrando superioridade, coisa que se um de seus primos visse, diria que estava igual a sua mãe.
- Você não, mas eu vou! Madame Pomfrey deve tá no 15º sono, nem vai me ver entrar! – ele disse sussurrando, e em seguida entrou pé por pé no local.
Rose ficou parada na porta, olhando apreensiva o melhor amigo do seu namorado entrar na ala hospitalar, para roubar uma poção pra ela! Acompanhou toda trajetória de Vincent, até que enfim, ele voltou com a poção nas mãos e arrastou a ruiva para longe dali.
- Tome, agora beba! – ele ordenou.
- Não! Você tem idéia de quantas normas da escola infringiu ao roubar essa poção? Por Merlin, você pode pegar uma detenção por isso!
- Escute aqui, eu não arrisquei meu belo pescoço moreno pra nada! Você vai beber isso, nem que eu tenha que te azarar! – Vincent olhou sério, a menina. Ela por sua vez, ao ver o olhar do rapaz, pegou o vidrinho da poção e bebeu de uma vez só.
- Satisfeito?! – ela entregou o frasco para Vincent.
- Muito! Já fiz minha bondade do dia! – ele sorriu irônico.
- E maldade também, afinal, roubou um frasquinho de poção! – Rose disse rapidamente – Onde está Scorpius?
- Uma má ação se paga com uma boa ação minha cara! – os dois sorriram – Dormindo, é claro! Aliás, se não percebeu, somos os únicos zumbis acordados no castelo!
- Mas eu tive um bom motivo, tava com dor de cabeça! E você, qual teve?
- Trabalho de Feitiços! Levantei cedo pra terminar, e acabei perdendo o sono, então vim dar uma andada pelo castelo.
- Ah sim!... Você soube que a Sophie e eu somos amigas agora? – Rose perguntou, embora soubesse a resposta.
- Sim, ela me contou! Mas também, mesmo que não contasse, toda Hogwarts viu vocês duas entrarem sorridentes e de mãos dadas no salão principal!
- É verdade! – ela riu ao lembrar da cara das pessoas – Ela tinha ido me consolar por causa do Alvo...
- Imagino que seja por causa dele que esteja assim não é? – Vincent perguntou um pouco sério.
- Como sabe?
- Oras, dor de cabeça, olhos vermelhos e essa expressão triste no rosto... Ou você está assim por ele, ou então está de ressaca... Mas como acho que você não faz o tipo jovem revoltada e alcoólatra, fiquei com a primeira opção! – o moreno disse e os dois riram.
- Brigamos... Por um motivo idiota! Tão idiota quanto ele... – Rose suspirou triste.
- Ahh, mas até melhores amigos brigam! Ou você acha que Scorpius e eu vivemos em uma união perfeita? Que nada, quando brigamos, é melhor sair da frente... – Vincent disse em consolo – Esse loiro deve ter um radar, sempre me acha! Olha ele vindo ali – completou ao ver o amigo se aproximar com sua melhor cara de sono.
- B-bom dia! – disse Scorpius em meio a um bocejo – Rose? Mas o que faz acordada tão cedo?
- Bom dia pra você também querido amigo! É tão legal ver o quanto as pessoas se preocupam! – Vincent debochou, fazendo os amigos rirem.
- Acordei com dor de cabeça... – Rose respondeu simples – Mas e você, o que faz acordado tão cedo hein, Sr. Scorpius Hyperion Malfoy? – a ruiva levantou uma das sobrancelhas e cruzou os braços, aguardando uma resposta.
- Tá ferrado, a ruiva enfezou! – o moreno alfinetou.
- Cala a boca Vincent!... Bom amor, eu fiquei de ajudar essa criatura aqui no trabalho de feitiços, só que não imaginava que ele iria madrugar para fazer! Então como acordei e não o achei em lugar nenhum, vim dar uma procurada no castelo!
- Resumindo, meu amigo sentiu minha falta! – Vincent sorriu abertamente, arrancando mais uma gargalhada da ruiva.
- Depois o convencido sou eu! – Scorpius ria – Mas e você ruiva, parece tão triste...
- Ahhh... É o Alvo né! Ele parece ter realmente se esquecido que é o meu melhor amigo... Ontem à noite me tratou como se fôssemos inimigos, sei lá! Chorei a noite inteira, o que me rendeu esses olhos vermelhos, essa aparência péssima, e uma dor de cabeça absurda, que agora está melhor, graças a esse maluco – Rose olhou diretamente para Vincent – que invadiu a ala hospitalar e roubou um frasquinho de poção para mim.
- Eu ajudo e ainda sou ofendido, onde esse mundo vai parar? – o moreno fingiu-se de indignado.
- Vincent fez um bom trabalho invadindo a Ala Hospitalar! – disse o loiro, ignorando completamente a expressão da namorada – Eu faria o mesmo!
- Tá vendo, ele sim me entende! – os três riram do comentário do rapaz – Bom cara, agora que sua amada está segura e livre da maldita dor de cabeça, que com certeza causaria danos a mim, pois teria que aturar você com um péssimo humor, graças a broncas dadas por ela, vou voltar para o salão comunal da sonserina e esperar minha bela loira por lá! – disse Vincent – Até mais pessoal! E Rosecreide, pega leve com meu amigo, sabe como é, amanhã é o aniversário dele, e Tia Astoria não vai gostar nada de ver o filhinho dela cheio de marcas! – o moreno saiu correndo logo após o comentário, sabia que se ficasse ali seria azarado não só por Rose, mas também por Scorpius.
- Rosecreide?! – Scorpius perguntou curioso e ao mesmo tempo divertido.
- Nem me pergunta de onde saiu esse apelido, pois eu não sei! – Rose defendeu-se – Seu amigo é louco, sério mesmo!
- Nosso amigo! – o loiro a corrigiu – E sim, ele é realmente louco, principalmente se for julgar pelo fato de gostar da Sophie!
- Scorpius! – a ruiva o repreendeu – Você não deveria falar assim dela! Sabe, a menina está realmente arrependida e você deveria dar uma chance de se explicar!
- Está bem, está bem! Ainda hoje eu falo com ela ok?! – ele finalmente se rendeu.
- Acho bom mesmo! Merlin, como o tempo voa, já está quase na hora do café!
- Verdade! Justamente agora que ia te convidar para dar uma volta! Mas tudo bem, faremos isso mais tarde... Ah, por falar em mais tarde, hoje tem jogo de quadribol!
- É, eu sei... – Rose respondeu um pouco triste, afinal seu primo fazia parte do time.
- Ahhh, qual é, não fica assim! Afinal de contas Alvo não é o único jogador! Seus outros primos e principalmente seu irmão precisam de apoio! – Scorpius aproximou-se da menina e a abraçou carinhosamente – Promete que não vai deixar de ir ao jogo?
- Prometo! E você promete que vai torcer pela Grifinória? – Rose perguntou zombeteira.
- Ah, qual é amor! Pega leve, não esquece que por mais que não pareça, eu ainda sou um Sonserino! Se alguém me pega torcendo pela Grifinória e gritando a plenos pulmões “É isso aí Potter”, vão chamar um exorcista! – o loiro riu do próprio comentário e arrancou risadas da namorada – Sério mesmo, sem chances! Só torceria pela Grifinória se você jogasse!
- Eu? Jogar? Scorpius, eu tenho medo até de subir em uma cadeira, por causa da altura, quem dirá jogar! Só jogo mesmo quando sou praticamente obrigada pelos meus primos, quando estamos reunidos na casa da vovó! Mas, preciso admitir, eu sou péssima! – ela disse divertida.
- NÃO ACREDITO NO QUE OUVI! – Scorpius falou bem alto, o que fez a ruiva sobressaltar-se de susto – Rose Granger Weasley é péssima em alguma coisa! Merlin, tá aí a evidência de que você é um ser humano normal! Você tem uma falha!
- Olha, preciso dizer que não saber jogar quadribol, não é bem uma falha, mas...
- Pode parar com esse seu discurso por aí ok?! Não acabe com a minha diversão de saber que finalmente eu consigo fazer algo que você não consegue! – os dois riram – Agora é melhor irmos, se nos pegam aqui vamos ter que começar a gritar, nos ofender, eu teria que calar sua boca com um beijo, enfim, seria uma desordem só.
- Sabe que eu gostei dessa parte do beijo! – Rose sorriu marota.
- Ah é?
- Uhum!
- Então vamos resolver isso já! – Scorpius puxou a namorada pela cintura e deu um longo beijo carinhoso nela. – Bom, agora preciso ir! Até daqui a pouco!
- Até! – a ruiva respondeu sorridente, e em seguida foi em direção ao salão principal. Não se surpreendeu ao ver seus primos e irmão, sentados a mesa. Suspirou pesadamente ao ver que Alvo estava bem animado, e não parecia nem um pouco abalado pela conversa desagradável que tiveram pela manhã – Definitivamente Rose, você é uma imbecil por ainda se importar! – ela disse para si, enquanto sentava afastada dos demais.
Tiago, ao ver a prima tão distante, trocou um olhar significativo com Victoire e juntos, foram sentar-se ao lado da ruiva, que ficou surpresa ao vê-los.
- Bom dia minha ruiva favorita! – disse Tiago, com um sorriso enorme.
- Ruiva favorita é? Deixa só a Lily ouvir isso! – ela sorriu – Bom dia Vic!
- Bom dia! – a loira sentou-se ao lado da prima. Também exibia um belo sorriso – Bom, já que você não veio se sentar conosco, resolvemos vir aqui fazer companhia! E nem adianta começar um de seus discursos iguais os da Tia Mione, pois nada do que disser vai nos convencer de que você precisa dos seus dois primos mais velhos!
- Nossa, eu pareço tão mal assim? – Rose perguntou um pouco confusa.
- Na verdade, você parece péssima prima! Sério, tá na cara que você chorou a noite toda pela briga que teve com o Alvo, e se quer minha opinião, deveria ignorá-lo! – Tiago falava, enquanto se servia de um pedaço de torta.
- Ele tem razão Ro! Você não pode ficar tão mal assim por causa da burrice do Alvo! Se ele quer dar ouvidos ao que esse povo diz, problema dele! Uma hora a ficha dele vai cair e tenho certeza que virá lhe implorar perdão! – Vic completou de forma sábia.
- Mas, mas...
- Sem “mas” Rose! Sério mesmo, se você continuar chorando pelo Alvo, eu vou ser obrigado a comprar um barco para andar no salão comunal! Você vai ficar desidratada e de quebra vai alagar toda Grifinória! – disse o moreno em tom de brincadeira.
- E sem contar que daqui a pouco vão lhe apelidar de “sucessora da murta que geme”, sério priminha, não queira ser comparada a um fantasma tão decadente! – Vic entrou na brincadeira do primo e os dois, finalmente, conseguiram fazer a ruiva gargalhar.
- Ai, só vocês mesmo viu! – Rose falava em meio a risadas – Certo, certo, eu prometo que não vou mais chorar! Não de tristeza pelo menos! – ela disse olhando para os primos com carinho.
- Ótimo! Cara, eu tô com a semana ganha já! Em 2 dias eu consegui fazer Rose Weasley concordar comigo duas vezes... Eu sou um gênio! – Tiago se gabava, arrancando mais risadas das primas.
- Pronto Rose, agora você contribuiu para o ego dele aumentar!
- Eu? Que nada, eu sou apenas vítima dessa história! – a ruiva se defendeu ainda rindo.
Depois do agradável café da manhã na companhia dos primos mais velhos, ela se levantou e seguiu para as masmorras, onde teria aula de poções junto com a turma da sonserina. Estava bem mais animada agora, e prometeu para si que não demonstraria mais tristeza para Alvo.
Ao entrar na sala, viu seu primo sentado no mesmo lugar de sempre. Sentiu um aperto enorme no peito, pois aquele também era seu lugar e Alvo era seu parceiro na matéria de poções, aliás, ele era seu parceiro em todas as matérias. Ela ficou um tempo parada olhando o local, mas decidiu que não daria o braço a torcer, então se sentou à mesa logo atrás de Scorpius. Para surpresa da ruiva, Sophie, ao encontrá-la sozinha ali, sentou-se a seu lado, e não demorou muito para as duas travarem uma conversa animada, chamando atenção dos meninos a sua frente. Até Scorpius, que estava brigado com a loira, deixou de lado o ressentimento e entrou na brincadeira... Alvo, que até então estava virado para frente, ao olhar pra trás e ver a prima se divertindo, sentiu um enorme vazio... Com certeza Rose já tinha substituído seu lugar.
Depois de almoçar, Rose foi andar pelos terrenos da escola a espera da próxima aula. Não muito longe do local em que ela se encontrava, seu primo Alvo estava junto com uns amigos, mas ao ver a ruiva se aproximar, não resistiu ao ciúme de ter perdido o lugar de melhor amigo, e foi alfinetá-la com mais um comentário.
- E aí Weasley, se divertindo com os novos amigos? – o moreno se levantou do gramado e se aproximou lentamente da menina.
- Novos amigos? Do que está falando? – ela perguntou confusa.
- Oras, dos seus amiguinhos sonserinos, é claro! Vamos lá Weasley, não vá me dizer que sua memória começou a falhar agora? – ironizou.
- Ah, está se referindo a Sophie e Vincent? Pois se for a eles, preciso dizer que estou me divertindo como nunca!
- Como nunca? Então preciso alertá-los de algumas manias irritantes que você tem, como, por exemplo, querer saber tudo e nos obrigar a mentir! – Alvo disse, se referindo ao fato dele sempre mentir sobre os encontros da prima.
- Em primeiro lugar, eu nunca obriguei ninguém a mentir! Em segundo lugar, não tenho culpa se existem pessoas que nasceram com facilidade para aprendizado, e esse, é meu caso priminho! – Rose tentava se manter firme.
Alvo mostrou um sorriso irônico e se aproximou ainda mais da ruiva.
- Quer dizer que nunca obrigou ninguém a mentir? Então eu posso sair por aí contando dos seus encontros com Scorpius! – ele falou de maneira que só ela pudesse ouvir.
- Eu nunca obriguei você a mentir! Sempre contei com seu apoio para isso, caso não se lembre! Aliás, não era com seu apoio que eu contava, e sim com o do meu primo e melhor amigo, que por sinal foi tirar umas férias e deixou esse ser repugnante no lugar, que insiste em me dirigir a palavra!
- Verdade né? Não sei por que me dou o trabalho de dirigir a palavra a você! Deveria ignorá-la, pois uma sujeitinha assim não merece nem um pingo de consideração! – ele disse em desdém.
- Uma sujeitinha como eu? O que quer dizer com isso Potter? – Rose estava perdendo o controle. Contava mentalmente para manter o pouco da calma que ainda conseguia reunir.
- Como? Deixe-me ver... Hipócrita, mentirosa, sabe-tudo, irritante, controladora...
- JÁ CHEGA! – Rose sacou a varinha e interrompeu o que seria um longo discurso de ofensas. Alvo ao vê-la em posição de ataque fez o mesmo. Todos que estavam próximos ao local, se aproximaram para ver melhor o que estava havendo, mas ninguém com coragem suficiente para intervir – CANSEI DE OUVIR VOCÊ ME ATACAR, E SEM MOTIVOS! VOCÊ É UM IMBECIL ALVO POTTER, E JÁ PASSOU DOS LIMITES! – ela gritava.
- ME ATAQUE LOGO WEASLEY! PROVE QUE É A CORAJOSA DA FAMÍLIA! – ele gritava de volta e antes mesmo que pudesse pensar em algo para dizer, Rose lançou um feitiço, que por sorte, Alvo conseguiu desviar. Dessa forma, os dois começaram uma onda de ataques, e pra complicar, os dois utilizavam feitiços não verbais. Os alunos que acompanhavam tudo não sabiam se separavam os dois, ou acompanhavam aquele belo espetáculo que estava sendo o duelo.
Scorpius e Vincent, que haviam acabado de sair do castelo, ao verem a movimentação de alunos, foram rapidamente conferir o que estava acontecendo. O loiro entrou em choque quando viu sua pequena ruiva com uma expressão jamais vista. Os olhos da ruiva não exibiam mais a ternura de sempre. Pelo contrário, nos olhos da ruiva se viam apenas ódio, mágoa e desprezo pela pessoa que duelava. Fez menção em sacar a varinha para interromper aquela briga, mas foi interrompido por um homem alto, moreno, com os cabelos bagunçados, olhos verdes intenso e uma cicatriz na testa em forma de raio. Sim, Harry Potter havia chegado bem na hora.
- PROTEGO! – Harry correu para o meio dos dois e lançou um feitiço escudo – MAS QUE DIABOS ESTÁ HAVENDO? – ele perguntou furioso. Rose e Alvo, ainda se encaravam, e não disseram uma palavra. Estavam com o ódio correndo nas veias. – Eu fiz uma pergunta, e quero uma resposta AGORA!
- Pergunte ao Alvo, tio, talvez ele tenha uma explicação ótima sobre essa mudança de comportamento ridícula! – Rose disse a Harry com uma expressão totalmente revoltada – E você... – ela se virou para o primo – conseguiu o que vem tentando desde ontem! Parabéns Alvo Severo Potter, você conseguiu meu ódio! Pois bem, EU ODEIO VOCÊ! – a ruiva saiu do local correndo, sem ao menos olhar para trás. Alvo, ao ouvir aquelas palavras sentiu um misto de tristeza e arrependimento. Vê-la irritada era uma coisa, agora ouvi-la dizer que o odiava já era demais.
- E então Severo, vai me dizer o que aconteceu? – Harry encarava o filho esperando uma resposta. A julgar pelo fato de chamá-lo pelo nome do meio, era óbvio que estava irritado.
- Bom... É que! – Alvo procurava as palavras certas para explicar ao pai, mas agora, parando para analisar, ele começava a perceber o quão imbecil estava sendo.
- Ótima essa explicação! – Harry disse em ironia – Pois bem, menos 50 pontos para a Grifinória! – o moreno decretou, e ao ouvir o murmúrio dos outros jovens do local, completou – E quem continuar aqui assistindo também vai perder pontos! – Ao ouvir a ameaça do professor, todos saíram e os deixaram ali a sós.
- Pai, eu...
- Escute Alvo, como seu professor, deveria lhe dar uma detenção pelo seu comportamento! Não precisa me explicar o que aconteceu, pois eu já sei de tudo! Trabalho aqui, foi fácil saber da briga com sua prima... – Harry ainda usava o tom duro com o filho, que ouvia tudo calado – Deveria proibi-lo de jogar hoje, mas isso prejudicaria o time, e não é justo!
- Me desculpe... – Alvo abaixou a cabeça, envergonhado, tinha passado dos limites.
- Não é a mim que você deve desculpas! Agora vá, o jogo é daqui a pouco! – Harry encerrou o assunto e quando fez menção de sair do local, ouviu a voz do filho.
- Pai, eu sei que errei, mas...
- Sem “mas” Alvo! Preste bem atenção meu filho, nada, NADA justifica um ato irracional como esse seu! Suas palavras duras com sua prima, seu comportamento covarde, responda-me, o que ela fez? Pois até onde me foi comunicado, sua prima não fez nada! Você quem começou com as ofensas, e ela engoliu tudo calada... Mas as pessoas uma hora se cansam, e foi isso que você viu hoje, uma Rose cansada de escutar insultos e provocações. Você e esse seu orgulho ferido conseguiram fazer sua prima perder a cabeça. Ela pode ter todos os defeitos do mundo Alvo, mas aquela menina o ama demais! Desde pequenos sempre juntos, vocês deram seus primeiros passos na mesma semana, coincidentemente manifestaram o dom para magia pela primeira vez, no mesmo dia... Vocês sempre tiveram uma ligação extremamente forte, e que agora você conseguiu destruir... – Harry dizia tudo encarando o filho profundamente.
- Eu errei... – Alvo disse, segurando a vontade de chorar.
- Errou! Agora torça para que esse erro não lhe traga conseqüências muito ruins! Existem feridas que são difíceis de curar, e a que você fez em Rose é uma delas.
- E como eu posso corrigir isso pai? – Alvo correu e abraçou firme seu pai.
- Um belo pedido de desculpas seria um bom começo, mas ele precisa ser bem feito e muito bem elaborado! – Harry afagava os cabelos do filho em sinal de apoio.
- Eu... Eu vou fazer isso pai! Depois do jogo, prometo! – o moreno mais jovem se afastou do pai esboçando um sorriso sincero.
- Ótimo, tenho certeza que ela irá aceitar! Rose tem o coração igual ao da sua tia, ou seja, enorme e muito bom! Está com raiva agora, mas isso vai passar! – Harry sorriu para sua cópia a sua frente – Agora vá se reunir ao time, o jogo é dentro de meia hora!
- Certo pai! – Alvo deu mais um abraço no pai e saiu correndo em direção ao campo.
Todos já estavam reunidos no campo à espera do jogo de quadribol Grifinória x Lufa-Lufa. Rose estava entre seus amigos de casa, sentada ao lado das suas primas, esperando, mesmo que um pouco chateada, o jogo começar. Não demorou muito, e logo os jogadores foram chamados para o campo e a partida começou.
Uma hora e meia tinha se passado e a partida estava eletrizante. Grifinória vencia a Lufa-Lufa por 30 pontos de diferença, e todos estavam na expectativa para que o pomo de ouro aparecesse... De repente, há alguns metros de distância de Tiago, ele aparece. Batendo rapidamente suas asinhas douradas, o pomo chama a atenção dos dois apanhadores dos times, que impulsionam suas vassouras numa velocidade única, a fim de capturá-lo.
Enquanto de um lado os apanhadores lutavam para capturar o pomo, do outro lado do campo, os artilheiros dos times se enfrentavam, ainda marcando Gols para suas casas. Alvo sem dúvida era o melhor artilheiro... E depois de marcar 30 pontos seguidos, um dos batedores da casa Lufa-Lufa, numa atitude suja, enfeitiçou um balaço, que passou a perseguir o moreno, que tentava a todo custo, se manter na partida e principalmente, se manter inteiro.
A atenção de todos estava voltada para a briga que Tiago travava com o apanhador adversário. Os dois davam piruetas no ar, na tentativa de se desviar dos golpes, e de ganhar mais velocidade com a vassoura.
Lá em cima, Alvo ainda se via em uma luta cruel para fugir dos balaços. Foi quando, num erro de desvio, um balaço acertou em cheio seu braço, e o fez gritar de dor.
O apanhador da Lufa-Lufa estava praticamente em pé em sua vassoura, mas tudo em vão, o pomo parecia estar com vontade de fazê-los sofrer antes de ser capturado. Tiago, num ato de esperteza, e porque não dizer, loucura, abandonou a disputa, e se colocou alguns metros acima do adversário, a fim de observar melhor a trajetória do pomo.
Os batedores da Grifinória estavam desesperados com aquele balaço errante. Não conseguiam pará-lo e nenhum deles lembrava-se de algum feitiço aquele momento. Alvo rodopiou para ganhar distância, quando o balaço acertou de raspão sua cabeça, o machucando ainda mais.
Rose que até então acompanhava atenta cada movimento de Tiago, ao desviar o olhar para cima, reparou uma movimentação estranha entre os artilheiros e batedores da Grifinória... Algo não estava bem, e ela sentia isso, decidiu então prestar atenção lá.
Bingooo, Tiago tinha acertado em cheio ao subir um pouco! O pomo desviou a trajetória, e o apanhador da Lufa-Lufa deu de cara na arquibancada. Agora era só uma questão de minutos para ele capturar aquela bolinha dourada.
Alvo, mesmo machucado, tentou fazer mais uma manobra para fugir do balaço, mas já era tarde... Foi acertado em cheio na vassoura, e agora não conseguia se equilibrar bem.
Tiago estava perto, muito perto, muito perto mesmo, e... Grifinória vence o jogo! O primogênito da família Potter capturou o pomo de ouro numa manobra espetacular, levando a torcida à loucura!!!
Ninguém, exceto Rose, parecia notar o que estava havendo acima de suas cabeças. Alvo estava sendo atacado por um balaço e pelo visto nenhum dos batedores parecia dar conta. Respirando fundo, e implorando a Merlin que conseguisse, Rose sacou sua varinha e ao ver o balaço se aproximar mais uma vez de seu primo gritou:
- “REDUCTO” – Pronto, o balaço havia sido destruído, tudo estava bem, até que mais um grito foi ouvido e não era da Rose.
- ALVOOOOOOOOOOO – Lily gritou ao ver o irmão, desmaiado, despencar da vassoura. Todos foram despertados do transe, mas pareciam chocados demais com a cena pra conseguir reagir.
Harry que acompanhava a partida, ao ver o filho cair numa velocidade absurda, sacou a varinha, mas antes que pudesse dizer um “a”, viu que seu filho já levitava. Olhou para os lados a procura do salvador de Alvo, e se deparou com Rose, bem séria, porém desmanchando em lágrimas, colocando seu primo, com muito cuidado, no gramado do campo.
Assim que o corpo de Alvo pousou no solo, vários alunos tentaram se aproximar para ver o que havia acontecido. Rose, saiu desesperada de seu lugar, passando com muita dificuldade pelo amontoado de alunos que estavam ao redor do primo. Quando finalmente quebrou a barreira que havia a sua frente, ela se ajoelhou ao lado do corpo do primo, e começou a chorar ainda mais.
- Al... Alvo, por favor, nã... não faz isso co.. comig... comigo! – ela dizia entre soluços, com a cabeça encostada no peito do primo desacordado – Eu... Eu nunca odiei você! Era mentira, era tudo... Tudo mentira! Vo... Você sempre vai ser meu melhor amigo, agora acorda Alvo! – Rose ergueu a cabeça para olhar o rosto do primo. Ele estava machucado e a única coisa que ela queria era vê-lo bem.
- Rose, calma, ele vai ficar bem! – Tiago se aproximou da prima e tentou tirá-la do meio do campo.
- Mas, ele... ele... – Rose olhava com muita tristeza para o primo estendido no chão.
- Ele vai ficar bem, querida! – Harry se aproximou da sobrinha e pousou as mãos em seus ombros – Vamos levá-lo para Ala Hospitalar, e tenho certeza que amanhã ele estará ótimo! – ele sorriu para menina e a ajudou se levantar.
Alvo foi colocado na maca e levado até a Ala Hospitalar. Harry o acompanhou e pediu ao filho mais velho que cuidasse de Rose e dos outros, para que depois fossem visitar o menino.
Depois do jantar Rose, Hugo, Tiago, Victoire, Fred, Roxanne e Lily, aproveitaram a companhia de Harry e foram visitar Alvo na enfermaria.
Madame Pomfrey, como sempre, fez mil e uma advertências para os visitantes, informou que não poderiam fazer barulho e que o jovem precisava descansar, mas depois que Harry se responsabilizou pelos filhos e sobrinhos, a enfermeira ficou mais tranqüila e resolveu deixá-los a sós.
- Cara, você nos assustou hoje! – Hugo se aproximou do primo e sorriu.
- Assustou? Ele roubou minha cena! Eu, todo lá, bancando o astro por ter pegado o pomo de ouro, e esse aí me despenca da vassoura! Que feio, nem pra se conformar em não ser o centro das atenções hein! – Tiago disse em tom divertido, e todos riram.
- Ah cara, foi mal, mas sabe como é, eu precisava aparecer também!... Ai Fred, isso machuca! – Alvo repreendeu o primo, que havia dado um cutucão em seu braço.
- Foi mal, mas sempre tive curiosidade em saber como se sentia alguém todo retalhado... Bom, agora eu sei que dói! – Fred zombou, arrancando mais risadas dos primos.
Depois de um bom tempo apenas acompanhando e rindo das brincadeiras dos primos, Rose decidiu se aproximar para ver Alvo mais de perto. Precisava dizer que estava feliz em vê-lo bem, e depois, se fosse o caso, sairia dali sem dizer mais nada.
- Crianças, acho melhor vocês irem dar uma volta! – Harry disse, praticamente expulsando os filhos e sobrinhos do quarto, para que Rose e Alvo pudessem conversar tranqüilos – Qualquer coisa, vocês dois, é só me chamarem!
- Certo! – eles responderam juntos.
- Er... Al... Eu, bom, preciso dizer que... – Rose começou um pouco atrapalhada.
- Escute Rose, quem precisa dizer aqui sou eu! – Alvo disse decidido – Tenho sido um perfeito idiota com você! Tenho a tratado de forma cruel, dito coisas horríveis e agido como um verdadeiro imbecil... Acabei levando a sério a provocação daqueles sonserinos, e comecei a agir como eles... E isso não foi nada justo! – ele respirou fundo – O que quero dizer Rose, é que para mim, pouco importa se você é a estrela da família ou não! Não me importa se você é a menina mais inteligente do colégio, a “sabe tudo” que retratam por aí... Rose, pra mim você sempre vai ser minha melhor amiga, aquela que sempre pude confiar para tudo, àquela que sempre esteve ao meu lado... Tudo que lhe disse hoje foi por puro ciúme! Achei que tivesse me trocado pelos amigos do Scorpius e que tinha deixado de ser seu melhor amigo!... Tudo bem que se isso acontecesse, eu não poderia reclamar, afinal eu merecia que você nem olhasse mais para mim, mas com certeza não agüentaria o fato de não ter mais minha melhor amiga por perto...
Rose apenas ouvia tudo calada. Seus olhos estavam marejados, mas mantinha-se firme, esperando seu primo terminar o pequeno discurso.
- Desde que brigamos, tenho sentido um vazio... Uma tristeza enorme, e acabei associando isso ao fato de uma noite mal dormida ou ao estresse do jogo que viria... Mesmo brigado com você, eu queria sua atenção de alguma forma, e era por isso que te provocava tanto... Sabe, agora eu entendo o porquê do Malfoy sempre implicar com você... Antes ter sua atenção pelas brigas, do que não ter nenhuma... Enfim, depois do que você me disse hoje, que me odiava, senti um aperto no peito enorme, era como se parte de mim fosse arrancada brutalmente e que não fosse mais viver sabe?... Embora eu mereça, nunca quis que me odiasse, aliás, nunca quis se quer brigar com você, embora pareça difícil de acreditar... Ah Rose, o que eu realmente quero dizer, pedir, implorar, sei lá, é que me perdoe por ter sido tão estúpido e pensado coisas idiotas a seu respeito. Que me perdoe por se quer pensar que conseguiria viver sem você, coisa que já tá mais que provado, ser impossível! – Alvo, após dizer essas palavras, encarou as próprias mãos a espera de uma resposta, que não veio de imediato.
Rose, depois de ouvir tudo, ficou parada por uns instantes, até que se aproximou mais do primo e o abraçou carinhosamente.
- É claro que te perdôo Al! Eu nunca o odiei realmente, estava com raiva de você, somente isso! Hoje, quando o vi despencar daquela altura, achei que pudesse perdê-lo e quase morri ao ver seu corpo estirado no gramado. Você é e sempre vai ser meu melhor amigo! Podem aparecer milhares de novos amigos em minha vida, mas nenhum deles vai substituir seu lugar! – a ruiva sorriu sincera para o primo, que retribuiu o sorriso.
Harry, que até então ouvia tudo do lado de fora da enfermaria, entrou no local com um belo sorriso no rosto. Estava orgulhoso da atitude do filho e como previa, Rose o perdoou, provando ter o coração tão nobre quanto o de sua mãe e de seu pai.
- Fico muito, muito feliz em vê-los bem novamente! – Harry parou ao lado da cama do filho – Bom, agora posso remarcar o duelo de vocês! Pelo menos terei certeza que não vão se matar! – ele brincou e os três riram.
- É verdade, eu tinha me esquecido do duelo... Aliás, eu não sabia que enfrentaria o Alvo! – Rose olhou assustada para o tio.
- Depois da demonstração de vocês hoje no pátio, acho que todos estão se perguntando se vocês dois não são os finalistas! Merlin, na idade dos dois eu lutava para aprender um feitiço convocatório com Hermione, e enquanto vocês já sabem fazer feitiços não verbais! – ele sorriu ao lembrar-se da época que a amiga o ensinava a convocar objetos, para realizar uma das tarefas do torneio tribuxo – Enfim, era meio óbvio que os dois fossem finalistas da Grifinória não? São ótimos em duelos! Agora preciso remarcar o dia, e...
- Pai... – Alvo interrompeu – Acho que não precisamos de um duelo para saber quem vai representar a Grifinória na próxima fase!
- E por que não filho? – perguntou confuso.
- Porque o campeão, ou melhor, a campeã da Grifinória é a Rose! Quero que ela represente nossa casa, tenho certeza que irá se sair muito bem!
- Mas Alvo, eu...
- Rose, você consegue! É uma ótima bruxa, sabe feitiços capazes de confundir qualquer pessoa, tenho certeza que será a campeã da escola! – Alvo sorria sincero para a prima.
- Tem certeza disso? – Rose perguntou confusa.
- Absoluta! – ele respondeu firme.
- Bom, em todo caso terei que remarcar o duelo, só para fingir que ocorreu uma eliminatória. Dessa fase em diante, nem os membros das casas sabem se seus campeões estão ou não na final, então precisamos encenar bem! – Harry explicava – Depois eu terei de fazer um sorteio entre as 4 casas, para saber quem enfrenta quem na semifinal, e então, os vencedores dessa etapa, vão finalmente encarar o duelo final... Ai ai, essa coisa de ser professor e organizar tudo dá um trabalho! Ótima hora pro seu pai decidir me abandonar! – novamente os três riram, mas agora foram interrompidos por Madame Pomfrey.
- O horário de visitas acabou, o jovem Sr. Potter precisa de descanso, e você também menina! Harry, se você quiser, pode passar a noite com seu filho! – a enfermeira disse de forma enérgica – Vamos, vamos, darei mais cinco minutos para você se despedir de seu primo! Ande rápido.
- Nossa, ela tá tão boazinha! Se fosse outra época teria me expulsado a pontapé! – Rose brincou – Bom, eu vou indo então! Esteja bem amanhã para irmos juntos a festa de Scorpius está bem?
- É amanhã a festa do meu quase cunhado? Tinha até me esquecido!
- É sim, e é bom que melhore logo! – a ruiva falou em seu tom mandão de sempre – Tenha uma ótima noite Al! – ela se aproximou do primo e depositou um beijo carinhoso em seu rosto – Boa noite para você também tio Harry!
- Boa noite Rose! – pai e filho responderam em uníssono.
Rose saiu da enfermaria muito sorridente. Era a primeira vez, em dois dias, que sorria de maneira sincera.
As aulas do dia seguinte foram suspensas graças à festa de aniversário de Scorpius. Várias pessoas trabalhavam, a mando de Astoria, para que tudo saísse perfeito. Convidados chegavam o tempo inteiro, a fim de se acomodarem e ajudarem a matriarca da família Malfoy.
Na hora do café da manhã, todos estavam reunidos no salão principal. Scorpius estava sentado à mesa da Sonserina, na companhia do amigo Vincent, dos primos, que haviam ido a Hogwarts especialmente para a festa e é claro dos pais.
- Ah, fico tão feliz que Daphne tenha deixado vocês virem! – Astoria exibia um sorriso radiante olhando para os três sobrinhos – Pena que minha irmã não pôde vir.
- Mamãe está muito ocupada trabalhando no Ministério Francês, tia! – uma bela menina, de cabelos negros e olhos acinzentados, falava com Astoria – Mas prometeu que em breve se livra do trabalho e vem visitá-los.
- Fico muito feliz em saber disso, querida! – a loira sorriu para sobrinha.
- Tio Draco, como é se sentar à mesa da Sonserina depois de tantos anos? – Richard, outro primo de Scorpius perguntava.
- Nada tão emocionante... – Draco respondeu – Mas não nego que ao me sentar aqui, lembro-me perfeitamente dos meus tempos de escola, e sinto um pouco de saudades. – ele sorriu – Olha, veja, até o Santo Potter veio compartilhar de nossos momentos de lembrança. – o loiro disse, ao ver Harry entrar no salão.
- Ah, bom dia para você também Malfoy! – o moreno respondeu sarcástico – Sra. Malfoy e meninos – ele fez um breve aceno com a cabeça.
- Bom dia Potter! Como está? – o loiro perguntou num tom simpático.
- Ah, um pouco cansado, passei a noite na enfermaria cuidando do meu filho!
- Meu Merlin, o que houve com seu pequeno? – Astoria se meteu na conversa visivelmente preocupada.
- Quadribol, como sempre! Sofreu um pequeno acidente, mas graças a minha sobrinha Rose, que por Merlin herdou a agilidade e inteligência da mãe, não aconteceu nada tão grave.
Scorpius, que até então tentava dividir sua atenção com os primos e com a conversa que os pais travavam com Harry, se perdeu completamente ao ver Rose entrar no salão com um sorriso radiante. Ela ficava tão linda quando sorria...
- Quem é aquela ruiva? – Pierre, outro primo do loiro, perguntava com bastante interesse.
- É a Weasley, Rose Weasley, por quê? – Scorpius perguntou, temendo a resposta.
- Por quê? Cara, essa menina é muito gata! – Pierre não tirava os olhos da ruiva – Sabe se tem namorado?
- Tem, e é muito ciumento por sinal! – Scorpius tentava se manter indiferente. Vincent, que ouvia tudo, segurava a vontade de rir da cara do amigo.
Enquanto os primos de Scorpius ainda observavam Rose com interesse, a ruiva parecia nem perceber os olhares recaírem sobre si. Conversava muito animada com os primos.
- QUER DIZER QUE TEMOS O CASAMENTO DE VOLTA? – Fred gritava, arrancando risadas de todos – IRMÃOS, AMIGOS, PARENTES E CURIOSOS QUE FICAM ME OLHANDO COM ESSA CARA DE IDIOTA, ROSE E ALVO RETOMARAM O CASAMENTO DE ANOS! AMÉM! – agora todos não riam e sim gargalhavam do menino.
- HEI! Não dá pra retomar um casamento, se o suposto “noivo” não está presente! – Alvo disse um pouco alto, chamando atenção de todos no local. Rose, ao ver o primo parado a porta do salão, saiu correndo em sua direção e jogou-se em seus braços, em um abraço apertado.
Alvo retribuiu o abraço, com a mesma felicidade da prima, a erguendo do chão e girando no ar.
- Me põe no chão Al! – a ruiva dizia divertida. A atenção do salão ainda estava voltada para a cena dos primos. Na mesa da Sonserina, Astoria sorria acompanhando tudo e Harry sentia-se feliz em vê-los bem novamente.
- E aí Ro, como você tá? – Alvo perguntou sorrindo.
- Eu tô ótima e você? – a ruiva perguntou gentilmente.
- Muito melhor por ter saído daquela enfermaria.
- Tem certeza que está bem? – ela perguntou novamente.
- Absoluta! – ele respondeu.
- Ah, que bom então! – Rose então mudou a expressão feliz para uma completamente ameaçadora e começou a dar tapas no primo, enquanto dizia – NUNCA MAIS FAÇA ISSO COMIGO! TEM NOÇÃO DE COMO ME SENTI? ACHEI QUE VOCÊ FOSSE MORRER OU ALGO DO TIPO!
- Ai, ai, AIII Ro! Se eu não morri com a queda, vou morrer com você me batendo! – Alvo protestava, porém, ria da reação da prima.
Harry e Draco olhavam a cena, boquiabertos. Não só eles, mas também todo salão parecia divido entre a vontade de rir e a de separar os dois.
- Não sei por que, mas... Essa ruivinha Weasley me lembra muito a...
- Hermione?! É Malfoy, acredite, você não é o único a achar isso! – Harry disse a Draco, ainda observando Rose e Alvo.
- VOCÊ ESTÁ PROIBIDO DE SUBIR NOVAMENTE NUMA VASSOURA, ALIÁS, ESSA COISA DE QUADRIBOL DEVERIA SER BANIDA DO MUNDO! VOCÊ QUER MORRER É? OU MELHOR, QUER ME MATAR? – a ruiva ainda batia no primo.
- Ai... Espera... Calma Rose... Eita ruiva brava! – Alvo tentava se desviar dos tapas da prima – Definitivamente, ela me ama! – ele disse, olhando para o pai, que agora ria abertamente da situação.
- Eu te amo? EU TE AMO? EU DEVERIA MATAR VOCÊ!
- Achei que estivesse tentando fazer isso sabe? – o moreno disse, e ao ver que sua prima ria, fez mais uma brincadeira – Ok, eu sei que tudo isso é demonstração de carinho e saudade, mas já entendi tá?! Agora pára... AI... Rose, se você não parar, eu serei obrigado...
- Obrigado a que? – ela parou e encarou o primo em desafio.
- Obrigado a isso! – Alvo pegou a prima no colo e a jogou nas costas, da mesma forma que Tiago havia feito uma vez.
- Alvo, me solta, páááára! – Rose se debatia em protesto – É sério, se essa moda pegar, daqui a pouco todo mundo vai me carregar assim!
- Esse é o único jeito de fazer você parar! – ele dizia, caminhando tranquilamente com a prima em direção aos irmãos e primos que estavam sentados à mesa da Grifinória. – Pronto! – o moreno colocou a prima novamente no chão, e preparou-se psicologicamente para mais uma onda de tapas, que não vieram.
- Senti sua falta! – Rose sorriu e deu mais um abraço no primo.
- Eu também senti a sua! – ele se afastou da prima e deu um beijo carinhoso em sua bochecha. – Então Fred, se quiser começar com o nosso casamento, agora você já pode!
- Mais é claro priminho! – Fred subiu na cadeira e começou seu discurso – Queridas amigos, colegas, inimigos, professores, fantasmas e porventura algum outro ser desconhecido que esteja por aqui, estamos aqui reunidos para presenciar a união desses dois! E, desde já, informo que se tornar a se separar, eu juro pelas barbas de Merlin, que vão se ver comigo! É sério, vocês dois ficam muito irritantes separados. Rose parece uma mangueira ambulante e você fica com uma expressão de quem comeu um feijãozinho de todos os sabores com gosto de vômito, ou seja, fica insuportável!
- Acho que eles nos querem juntos pelo bem deles, e não o nosso Ro! – Alvo brincou.
- Concordo Al, concordo!
Depois de um café da manhã divertido, Astoria e os organizadores da festa, praticamente expulsaram os alunos para fora do salão principal, para que pudessem trabalhar em paz.
Draco e Harry foram conversar em um canto do pátio, junto com alguns professores, enquanto o restante dos alunos se dispersou pelos terrenos.
Scorpius conversava com o amigo Vincent, enquanto os primos faziam novas amizades com os outros alunos. Foi então que seus olhos recaíram sobre uma loira, que vinha na direção dos dois.
- Ihhh, lá vem a Sophie! – ele disse para o amigo.
- Que ótimo! Minha linda loira se aproximando, fala sério, eu tenho um ótimo gosto!
- Não é hora para piadas, eu prometi a Rose que falaria com ela hoje! – Scorpius repreendeu o amigo.
- Então o que está esperando? Vai lá e fale com a Sophie! Não quer que a Rosecreide dê um ataque e comece a te bater aqui né?! – Vincent debochou, e o loiro riu. Scorpius fez menção de falar com Sophie, mas essa se adiantou.
- Olá meninos! – ela cumprimentou sorridente – Feliz aniversário Scorpius!
- Obrigado Sophie! – ele agradeceu sincero – Er... Precisamos conversar!
- Eu sei, é por isso que vim!
- Então vamos sair daqui, tem muito barulho! – Scorpius disse decidido, e junto com Sophie, foram em direção ao lago negro.
Rose, que de longe acompanhava a movimentação dos amigos sonserinos, ao ver Scorpius e Sophie se afastarem dos demais, sentiu-se feliz e ao mesmo tempo apreensiva. E se ele não acreditasse nas palavras da loira? Começaria uma briga enorme... Então, muito decidida, ela saiu de perto dos primos discretamente, e foi para trás de uma árvore, próximo ao local onde estavam.
Vincent pareceu ter a mesma idéia que a ruiva, e assim como ela, também foi para o local que os dois iriam conversar. Ao avistar a ruiva parada atrás da árvore, se aproximou dela lentamente e disse num sussurro, para que os loiros a frente não escutassem:
- Que coisa mais feia! Não se deve escutar a conversa dos outros sabia?
Rose, ao ouvir a voz do moreno, saltou de susto e olhou para ele irritada.
- Vincent, por Merlin, quer me matar do coração? E se é tão feio assim, o que está fazendo aqui? – ela encarou o menino esperando resposta.
- Faça o que eu digo e não o que eu faço, esse é meu lema! – ele disse e os dois sorriram – Agora vamos ficar quietos, antes que eles nos ouçam! – o moreno encerrou o assunto.
- Aff... – a ruiva apenas revirou os olhos e se voltou para os loiros.
Scorpius e Sophie apenas encaravam os pés, na tentativa de encontrar as palavras certas. Ficaram em silêncio por alguns minutos, até que ele quebrou o silêncio:
- Então Sophie, vai me dizer logo o que quer, ou teremos de encarar nossos belos sapatos por mais algum tempo? – o loiro encarou a menina com uma expressão séria.
- Não será necessário! Escute Scorpius, você tem todos os motivos do mundo para sentir um ódio mortal de mim!
- Ainda bem que sabe! – ele disse, mas Sophie ignorou.
- Eu errei, eu estraguei sua relação com a Rose e fiz vocês sofrerem por um mês, separados.
- Corrija a parte do estragou, nosso amor supera esses golpes baixos do destino! – novamente Sophie ignorou as palavras do loiro.
- Talvez você não aceite meu pedido de desculpas, mas quero que saiba que estou sendo sincera! Scorpius, eu realmente sinto sua falta... Confundi as coisas, achei que você pudesse sentir algo por mim e pior, achei que eu sentia algo por você, que ia além da amizade, quando na verdade, eu só sinto um carinho de irmã!
- Precisou cometer a burrada para perceber isso? Sophie, diga-me, quantas vezes eu demonstrei que me interessava por você? Sempre a vi como irmã, nunca disse nada que pudesse lhe dar esperanças!
- Eu sei... E me envergonho muito por isso! – ela abaixou a cabeça – Eu só queria ter uma nova chance de demonstrar que mudei de verdade! Eu realmente sinto por ter feito você e a Rose sofrerem, sinto por ter separado vocês uma vez, e sinto, principalmente, por ter perdido um dos meus melhores amigos quando te dei aquela droga de beijo! – agora a loira chorava. – E tudo isso pra que? Pra no final, eu descobrir, que mesmo que aquela droga de plano tivesse dado certo, eu não iria conseguir ficar com você, pois percebi que só gosto de você como irmão e amigo!
- Não precisa chorar Sophie, lágrimas não são a prova da verdade! – Scorpius permanecia indiferente.
- E o que você quer que eu faça para provar que falo a verdade? Eu engoli meu orgulho, Scorpius Malfoy, só para dizer que sinto falta de você! Sinto falta de quando ficávamos até tarde no salão comunal rindo das palhaçadas do Vincent... Sinto falta de quando éramos nós três pra cima e pra baixo... Eu sei que fui egoísta quando te beijei, mas droga, todo mundo erra uma vez! Eu só queria uma chance, apenas uma para tentar provar que estou falando a verdade, mas pelo visto isso é inútil... – a loira se virou e quando fez menção de ir embora, Scorpius a interrompeu.
- Em primeiro lugar, não pense você que não sinto falta das nossas conversas, das nossas brincadeiras e tudo mais, pois eu sinto! Acredite ou não, senti muito falta do nosso trio unido, andando para todos os lados e dividindo tudo! – ele dizia firme – Mas, como você disse, todas as pessoas erram, e você errou... E muito feio por sinal! Me fez sofrer, quase me fez perder a garota que eu amo e pra que? Por um capricho idiota!
- Não precisa dizer mais nada, já entendi!
- Entendeu o que? Ainda não terminei, você falou tudo, agora vai me ouvir! – Scorpius disse e ao ver Sophie virar-se para encará-lo, continuou – Como eu ia dizendo, você disse que as pessoas erram, e que só queria uma chance para provar que não estava mentindo!
- Sim, é a única coisa que eu quero! – novamente os olhos de Sophie se encheram de lágrimas, e dessa vez o loiro pareceu se afetar – Mas entendo que seja difícil para você acreditar em uma pessoa que lhe fez mal! E...
- Eu acredito! – ele disse de forma simples.
- O que você disse? – ela parecia não ter entendido.
- Isso mesmo que você ouviu, eu acredito que você tenha realmente mudado e por isso veio me pedir desculpas! Ah, qual é Sophie, te conheço desde criança, acho que sei o quanto você é orgulhosa! – Scorpius sorriu pela primeira vez naquela conversa.
- Isso significa que podemos voltar a ser amigos?
- Não!... Isso significa que já voltamos a ser amigos! – ele se aproximou da loira e a abraçou com carinho.
Vincent e Rose que acompanhavam a cena atrás da árvore, não conseguiram segurar uma exclamação de felicidade.
- Que lindo isso! – Rose disse sorrindo.
- Sim, muito! – Vincent concordou com a mesma alegria.
- Agora só falta uma coisa!
- O que Rosecreide?
- Você se declarar pra ela!
- EU O QUE?
- Ahhhhh, eu não sou cega ok?! Sei muito bem que gosta da Sophie, agora ela precisa saber disso também! – Rose sorriu marota, o que deixou Vincent levemente irritado.
Depois do abraço sincero, Sophie e Scorpius se encararam sorrindo. Ambos estavam felizes por voltarem a ser amigos.
- Ah, preciso fazer uma confissão agora! – a loira falou.
- Sério? Qual é?
- Sabe, depois que te beijei eu percebi que não era de você que eu gostava...
- Não? Como assim?
- Bom, depois que eu beijei você, sei lá, eu me senti estranha, era como se estivesse traindo alguém sabe? Foi então que eu percebi, que na verdade estava traindo meus sentimentos... Pois sempre gostei de outra pessoa!
Ao ouvir isso Vincent arregalou os olhos de tanto espanto. Rose, ao olhar para o moreno, pensou que estava petrificado.
- Outra pessoa? Que outra pessoa? – Scorpius perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.
- Promete que não vai me zuar?
- Prometo!
- Do Vincent!
- O QUE? – Rose e Vincent perguntaram alto, se aproximando dos dois.
- Merlin, vocês estão aí desde quando? – Scorpius perguntou, embora soubesse a resposta.
- Desde sempre amor, agora venha, sua mãe precisa de você! – Rose disse marota.
- Ahn? Mas minha mãe nem...
- Calado! Eu disse que ela precisa e ponto final! – a ruiva pegou a mão do namorado e saiu arrastando ele para longe dali, torcendo para que, finalmente, Vincent e Sophie se entendessem.
- Sabe quando tem aquela reunião de família, e as tias de suas tias são chamadas para a festa, e quando vêem você já vem dizendo o quanto cresceu, o quanto está mais forte e de como você era quando criança? – Vincent viu a menina consentir com a cabeça um pouco confusa – Então, se você acha aquilo constrangedor e engraçado, mude seu conceito, a situação que nos encontramos agora é bem pior.
- Verdade! – a loira gargalhou. Era impressionante como Vincent tinha o dom de fazê-la rir – Bom, acho que lhe devo uma explicação!
- Errado minha bela loira! Quem deve aqui sou eu, e é uma declaração! – ele viu a loira arregalar os olhos e ignorou – Não precisa se espantar, é isso mesmo que você ouviu! Sophie, eu sou completamente apaixonado por você... Nunca disse isso antes por medo, covardia, sei lá, escolha o adjetivo que quiser, mas a questão é que isso já estava me sufocando! No início eu tentei negar isso, achei que pudesse acabar com nossa amizade, e pra ser sincero, eu também achava que você era apaixonada por Scorpius... Mas agora que eu sei a verdade, não tenho porque esconder... – Vincent se aproximou da loira devagar a encarando. Sophie estava visivelmente emocionada com as palavras do moreno, e não sentia vergonha em demonstrar isso.
- Vincent eu... – o moreno pousou o dedo indicador nos lábios da menina.
- Não fala mais nada! Não agora... – dizendo isso, ele aproximou seus lábios dos dela, e a beijou. Foi um beijo doce, calmo, que decifrava exatamente o sentimento dos dois. Ele passou os braços pela cintura da menina, abraçando ela com força, como se sua vida dependesse só daquele beijo e daquele abraço.... Se separaram lentamente e ficaram com as testas coladas, apenas sentindo a respiração, um do outro.
- Eu amo você! – ele disse finalmente.
- Eu também amo você! – ela sorriu sincera.
- Quer namorar comigo Sophie?
- SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMMM – ela disse bem alto e em seguida o beijou mais uma vez.
Scorpius e Rose, que acompanhavam a cena de longe, estavam muito felizes! Como era bom ver os amigos juntos. A ruiva ainda estava sorrindo, quando viu os primos de Scorpius se aproximarem.
- Seus primos! – ela sussurrou.
- O que têm eles?
- Acredite Malfoy, também não é nem um pouco agradável estar em sua festa! – Rose mudou o tom amável que utilizava para encenar uma das tão famosas brigas – E não se preocupe, farei o possível pra não cruzar com você!
- Acho bom mesmo Weasley, sua presença me irrita! – Scorpius, que agora entendia o motivo da mudança da menina, entrou na “briga”.
- Ah, qual é priminho! Se você não quer a ruiva por perto, tem gente que quer! – Pierre disse, olhando a menina de cima para baixo com uma expressão canalha.
- Eu já disse a você que ela tem namorado Pierre, então dá pra parar de bancar o canalha pra cima da menina? Vá procurar outra por aí! Menina oferecida em Hogwarts é o que não falta! – Scorpius tentava esconder o ciúme, mas era difícil.
- Dá para vocês pararem de falar como se eu não estivesse aqui? – Rose fingiu-se de ofendida.
- Você diz que ela tem namorado, mais até agora não vi a sombra dele! – Pierre disse irônico.
- Para que ver a sombra se você pode ver ele pessoalmente! – Alvo havia chegado ao local e se colocou ao lado de Rose – Prazer, Alvo Severo Potter, pra você apenas Potter, namorado da Rose!
- Parou, quer enganar quem? Vocês são primos! – Richard, irmão de Pierre, falava pela primeira vez.
- E daí? Sabe, o fato de sermos primos não muda o fato deu ser apaixonado por ela! Agora venha meu moranguinho – Alvo olhou para a prima com uma imensa vontade de rir. Scorpius também sentia a mesma vontade, mas mantinha-se sério – Vamos para longe desses olhares famintos!
Alvo puxou Rose pela mão e saiu andando. Quando estavam afastados os dois caíram na gargalhada.
- Vi... Viu a cara deles? – o moreno perguntou em meio às risadas.
- Vi sim! – Rose tentava recuperar o fôlego – E de onde você tirou o ‘moranguinho’?
- Sei lá, queria alguma coisa vermelha pra te chamar, então a primeira imagem foi morango – Alvo disse e novamente eles riram – E fala sério, antes ‘moranguinho’ do que Rosecreide!
- Ah, nem começa você também!
- Sério, não sei porque não pensei nisso antes! Gostei dessa variação! Rose combina com tanta coisa... Roselene, Roseli, Rosemarie, Rosecreide... Vou agora mesmo procurar um pergaminho para fazer a lista! – dizendo isso, o moreno saiu correndo.
- ALVOOO – Rose correu atrás dele rindo abertamente. Finalmente as coisas estavam se encaixando.
Mais tarde, quando finalmente Astoria liberou a entrada de todos no salão principal, a festa de Scorpius começou. Todos se divertiam ao som das músicas animadas e com os efeitos que haviam sido colocados no local... Cinco jovens, em especial, se divertiam mais que todos. Aquele havia sido um dia cheio de surpresas e diversão... Com certeza se lembrariam pro resto de suas vidas!
Quando eu digo que sou boa em adivinhação, ninguém acredita!
Só foi eu postar o aviso ontem de manhã e quem apareceu a tarde? Quem? Ela mesma, meus caros leitores, a Gica!!!
Tipo, ela me disse os motivos da ausência e avisou que vai dar mais uma pequena sumida, portanto, os capítulos agora estão sob minha responsabilidade...
Olha, antes que vcs comecem uma tentativa de homicídio contra mim, deixa eu me explicar de novo. Semana passada eu havia dito que TALVEZ postaria dois capítulos, mas devido a acontecimentos que envolvem não somente o sumiço da Gica, como também problemas na faculdade (May e Maris acompanharam bem minha semana atordoada), eu não tive tempo de escrever o 29. Mas não se preocupem, vou trabalhar incansavelmente para terminá-lo bem rápido ok?!
Agora sobre o capítulo, vcs gostaram? Sejam sinceros hein!
Agradeço muuuuuuito pelo apoio e compreensão de vcs, sério mesmo! Acho que sou privilegiada em ter leitores tão fofos como vcs!
Obrigada por tudo!!!
Continuem comentando certo?!
Amooo todos x3
Bjinhos
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