Quinto Capítulo



As semanas passaram rapidamente e antes que Harry se desse conta, tinha chegado o dia da peça. Desde a briga que teve com Hermione, não tinha mais falado com ela. Muitas vezes ficou tentado em ir falar com a garota, mas desistia na ultima hora, fosse pelo modo que ela o olhava ou como ele se sentia envergonhado.

Agora lá estava ele, na frente de todo o colégio. A peça já tinha começado a algum tempo e sua confiança começou a aparecer novamente. Quando abriu as cortinas do palco, Harry achou que ia travar e não ia conseguir dizer uma só palavra. Passado o momento, Harry começou a relaxar e tentar aproveitar aquela experiência, porque definitivamente, ela não ia mais se repetir.


- “Você me prometeu Tommy! Chega de suas trapaças! Você disse que íamos a Paris” – Sally estava contracenando junto com Harry.

- “Não vou ficar sentado, vendo esses bandidos ficarem ricos! Confie em mim, este vai dar certo!”

- Chega! Acabou entre nós! Vá vender suas bebidas, seu idiota. Espero que morra afogado – Sally se dirigiu a saída do palco, no mesmo momento que Hermione entrava em cena. - Ah! Você deve ser a nova a nova garota. Quer um conselho? Não chega perto dele, ele não passa de uma encrenca! – Sally saiu do palco, deixando Hermione e Harry.


A peça já estava chegando ao final. A ultima cena era uma conversa entre os personagens de Hermione e Harry. Harry que não a tinha visto até aquele momento, ficou estupefato com a mudança dela. Ela estava com um longo vestido azul de cetim e os com cabelos soltos e encaracolados. A melhor palavra para descreve-la naquele momento era linda!

- “Eu não culpo você” – Harry estava sentado numa cadeira defronte a Hermione – “Não peço perdão. Eu fiz o que tinha que fazer. Quando você saiu da chuva...” – ele hesitou – “E entrou no meu clube, não foi só coincidência, certo?”

- “Nada é coincidência!”

- “O seu rosto, não me é estranho. Parece de uma dama que eu conheci, mas não era real, era apenas um sonho.”

Hermione se ajeitou na cadeira.
- “Me fale mais sobre ela”.

- Bem... Eu não me lembro – Harry ficou alguns segundos apenas olhando para Hermione. Por aquele breve momento esqueceu onde eles estavam e o que estavam fazendo - Tudo o que eu sei, é que você é linda! – ele emendou a frase, com a ajuda de senhora Liman, que murmurava o texto nos bastidores do palco - O sonho, ajude-me a lembrar. Canta para mim? – ele esticou o braço e tocou nas mãos de Hermione.

Hermione olhou para ele e começou a cantar.


Há uma canção dentro da minha alma.
A canção que eu tentei compor sem parar.
Eu acordarei no frio infinito.
Mas você canta para mim sem parar.

Então eu ergo a minha cabeça.
Eu levanto as mãos e rezo
Para ser só sua.
Eu rezo para ser só sua.

Agora eu sei que você é a minha única esperança.

Cante para mim, a canção das estrelas.
De sua galáxia dançante, rindo sem parar.
Quando sinto que meus sonhos estão tão distantes.
Cante para mim os planos que você tem para mim.

Então eu ergo a minha cabeça.
Eu levanto as mãos e rezo
Para ser só sua.
Eu rezo para ser só sua.

Agora eu sei que você é a minha única esperança.

Eu te dou o meu destino.
Eu me dou por inteira.
Eu quero a sua sinfonia.
Cantando com tudo o que sou.
A plenos pulmões.
Eu darei a ele tudo o que tenho.

Então eu ergo a minha cabeça.
Eu levanto as mãos e rezo
Para ser só sua.
Eu rezo para ser só sua.
Eu rezo para ser só sua.

Agora eu sei que você é a minha única esperança.


Hermione terminou de cantar e se virou para Harry. Ele não pode evitar, se inclinou em direção a ela e a beijou.

As cortinas começaram a se fechar e o público se levantou e aplaudiu a peça. Gina estava entre eles e estava atônica. Tinha certeza que aquele beijo não estava incluído no texto.

Dentro do palco, Harry se separou de Hermione e ficou fitando-a por alguns instantes. Eles ficaram calados e não disseram nenhuma palavra sobre o beijo. Logo a senhora Liman veio até eles, os despertando de seus pensamentos.

Já do lado de fora, Harry estava sendo cumprimentado por seus amigos. Sua mãe chegou perto dele.

- Querido! Eu não acredito! Que transformação! – ela abraçou o garoto fortemente.

- Obrigado, mas agora chega! – ele se separou da mãe.

- Não chegue muito tarde hoje – ela se afastou em direção a saída, deixando o filho sozinho para comemorar com os amigos o sucesso da peça.

- Obrigado.


Eddi, o garoto que tinha escrito a peça se aproximou de Harry.

- Interessante sua improvisação, Potter – Harry sabia que ele estava se referindo ao beijo que ele tinha dado em Hermione.

- Eu fiz o melhor! – ele sorriu para ele.

- E sua atuação também não foi má – Harry segurou um riso. Eddi estar admitindo aquilo era algo inusitado - Eu preciso ir. Tchau Potter.

Ele ficou olhando o garoto se afastar e nem percebeu quando a senhora Liman chegou ao seu lado.

- Harry, você foi maravilhoso! – ela abraçou o garoto. Harry não estava prestando muita atenção nela, porque viu Hermione saindo com o pai dela.

- Obrigado – ele se soltou dela e correu em direção a porta para chegar até Hermione.

- Harry? – ele se virou para ver quem o chamava e se irritou ao descobrir quem era - Bela performance, filho!

- O que faz aqui? – Harry se mostrou impaciente para o pai.

- Podíamos jantar – o homem tentou manter a conversa com o garoto.

- Não estou com fome – Harry começou a andar em direção a saída.

- Não fuja de mim! – ele chamou a atenção de Harry.

Harry se virou e lhe lançou um olhar frio.

- Você me ensinou!

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No dia seguinte, Harry acordou e não parava de pensar que tinha que conversar com Hermione. Não a encontrou na entrada do colégio, então na hora do intervalo, ficou procurando ela pelos corredores.

Estava no refeitório e tinha acabado de passar por uma mesa onde estavam Gina e Luna. Gina olhando para ele.

- Não fica encarando ele! – pediu Luna - Não olha!

Harry passou por elas sem nem ao menos nota-las ali.

- Acho que ele não quer se sentar com a gente! – comentou Luna. Gina bufou olhando para que direção ele estava indo.

Harry caminhou entre as mesas até encontrar a pessoa que estava procurando. Foi até a mesa de Hermione e se sentou ao seu lado. Ela estava lendo um livro e fingiu que não o tinha visto.

- As pessoas estão olhando! – ela comentou sem tirar os olhos do livro.

- E isso vai estragar sua reputação? – perguntou ele brincalhão se aproximando mais dela - Que livro é esse?

- O sol para todos – ela mostrou a capa do livro e voltou a ler - Eu estou lendo todos os livros que estão na lista do professor dos autores contemporâneos americanos.

- E quantos são?

- Cem – Harry olhou para ela surpreso. Já devia conhecer Hermione o bastante para saber que ela faria algo do tipo - Mas tem a lista dos autores britânicos e europeus – ela emendou.

- E isso esta na sua lista? Ler todos esses livros... – perguntou tentando manter a conversa entre eles.

Hermione parou de ler e se virou para ele. Estava impaciente e Harry percebeu isso.

- Hermione, eu estou tentado, ok? Acho que... – ele hesitou por um momento - Acho que sinto falta de você. Você me inspira! – ele completou tentando explicar o que ele sentia em relação a ela.

- Que papo furado – Hermione fechou o livro e começou a arrumar sua mochila.

- Qual parte? – ele ficou olhando ela arrumar as coisas dela.

- Tudo! – ela se virou para ele. Pela sua feição, Harry sabia que ela estava brava.

- Mas não é! – ele tentou argumentar.

- Então prove! – Hermione pegou a mochila e saiu do refeitório.

Harry se levantou e foi atrás dela.

- Hermione! Hermione! – Harry conseguiu alcançar a garota só nos jardins do colégio. Ela caminhava em direção ao carro quando Harry a segurou.

- Você não que é ser amigo! – respondeu ela rispidamente se virando para ele.

- Eu não quero ser só seu amigo! – ele pegou em sua mão e tentou sorrir, mas não conseguiu.

- Você não sabe o que quer! – ela se esquivou ele e largou a mão dele.

- Nem você – disse enquanto ela andava em direção ao carro - Tem medo que alguém te queira!

- E porque eu teria medo? – ela se virou novamente para falar com o garoto que a seguia.

- Porque você não poderia se esconder atrás dos seus livros, do seu telescópio ou da sua fé! – Hermione revirou os olhos e abriu a porta do carro. Sabe porque está com medo? Porque você também me quer! – Hermione ainda estava nervosa e escutar aquela besteira de Harry era irritante. Deu partida e acelerou o carro, deixando Harry para trás.


*****************************************************

Harry estava mexendo no óleo do seu carro. A muito tempo ele não dirigia por causa de sua perna, mas agora que ele estava melhor, pretendia voltar a usar seu carro. Estava tão concentrado na sua tarefa que não notou quando Rony chegou.

- Vamos fazer a festa aqui – Rony pegou um cd que ele tinha trago e botou no rádio. Harry levantou a cabeça rapidamente para olhar o amigo e sorriu - Vamos lá! – Rony deu play na música e começou a dançar.

- Pode abaixar a música? – pediu Harry se erguendo - Estou tentando trabalhar!

Rony se fingiu de ofendido e foi até o rádio.

- Você estragou a dança do robô! – comentou Rony que estava dançando antes com a música. Harry riu com o comentário do amigo e foi até a caixa de ferramentas - Mas tudo bem! O que temos aqui? – perguntou ele pegando o cd que estava no rádio antes. Ele botou para tocar e ficou surpreso ao escutar que tipo de música era - Você não gosta do meu hip-hop, mas que diabos é isso? – ele apontou para o rádio.

- Hermione me emprestou! – Harry voltou a mexer no seu carro. Ele não viu a cara que Rony fez ao escutar aquilo.

- Agora você está escutando o pessoal dela? – perguntou incrédulo.

- Pessoal dela? – Harry se levantou e olhou o amigo sem entender o que ele dizia.

- Aquele pessoal que abraça a bíblia usa crucifixo... – ele explicou.

- Ela não é assim! – disse defendendo-a.

- Você deixou a Gina achando que aquele beijo de vocês foi para valer! – comentou Rony trocando de assunto. Harry continuou a trabalhar e não deu atenção ao que ele dizia - O que deu em você? Você nem tem mais tempo para os seus verdadeiros amigos!

Harry se levantou e se encostou ao carro, limpando as mãos com um pano.

- Sei lá. Passou! – explicou ele olhando para Rony - Cansei de fazer as mesmas besteiras o tempo todo!

- Essa garota te mudou e você nem notou! – disse Rony.

- Gina disse isso também? – perguntou irônico.

- Não, eu disse! – respondeu Rony. Harry ficou olhando o amigo surpreso. Rony se levantou e foi embora sem dizer adeus. As coisas estavam mudando e Harry não sabia dizer se era para a melhor.


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Hermione estava na varanda de sua casa lendo mais um livro. A noite estava um pouco fria, então por isso usava seu suéter. Escutou passos vindo em sua direção e abaixou o livro esperando encontrar seu pai, mas era outra pessoa.

- Você? – perguntou ela curiosa.

- Eu – Harry respondeu brincalhão a garota.

- O que é isso? – ela apontou para uma sacola que ele segurava. Harry sorriu ao perceber sua curiosidade.

- Eu te trouxe uma coisa – ele passou a sacola para ela, que o encarava.

- Obrigada – respondeu educadamente.

- Bem, eu te vejo na escola – antes de dar a volta ele deu um ultimo sorriso para a garota.

- Certo – ela ficou olhando ele se afastar e abriu a sacola.

Seu pai estava saindo de casa quando encontrou Harry na varanda. Sabia que tinha acontecido alguma coisa entre sua filha e Harry, pois ela já não falava sobre ele e Harry tinha parado de parecer em sua casa. Ficou surpreso em vê-lo ali.

- Senhor Potter! – ele chamou o garoto que passou por ele. Harry se virou e lhe deu um sorriso.

- Depois reverendo – ele continuou a andar, deixando o homem confuso. Ele andou até Hermione sem entender muita coisa.

Hermione estava olhando o presente que Harry tinha lhe dado. Era um suéter rosa, muito parecido com o qual ela estava usando agora, só que mais feminino.

- Hermione! – começou o pai dela - Rapazes assim... – ele encarou a filha que o olhava serenamente - Eles tem... Eles esperam coisas. As regras aqui não mudaram – ele terminou de falar parecendo aliviado.

- Tudo bem – ela guardou o suéter na sacola de novo.

- Você pode não ligar para o que eu penso – insistiu ele - Mas você devia levar consideração a opinião de Deus! – Hermione se virou para o pai e sorriu.

- Acho que ele quer que eu seja feliz – respondeu calmamente. Sorriu mais ainda ao ver a reação do pai - Pai é só um suéter! – ela se inclinou e beijou a bochecha do homem - Eu vou fazer o jantar – Hermione se levantou e entrou dentro de casa, levando consigo o presente de Harry.


*****************************************************

Lílian estava fazendo o jantar e Harry estava ajudando-a a cortar os legumes. Estava inquieta, pois tinha que tocar num assunto que era bem delicado para Harry.

- Falei com seu pai hoje – começou ela, se virando para ver a reação dele - Ele disse que te viu no teatro por dez segundos!

- O fato de ele te enviar um cheque todo mês, não o faz um pai – ele respondeu sem tirar os olhos da faca que cortava uma cenoura.

- Harry há muitas razões... – ela tentou argumentar, mas foi interrompida por Harry.

- Ele nos abandonou! – ele se virou para olhar a mãe, mas logo depois voltou a sua tarefa.

- Você também precisa perdoar ele! – Lílian percebeu que o assunto estava encerrado e se virou para o forno. Quando que aquela magoa de Harry com seu pai ia passar?











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