Entre tapas e beijos
7. ENTRE TAPAS E BEIJOS
-Gina! Abra essa porta!
-Não, Rony. Me deixa em paz.
-Mas Gina...
-Se o Harry fez alguma coisa pra você, eu juro que eu não ligo se ele é meu amigo ou não...
-Não tem nada a ver, Rony. Me deixa.
-Mas Gina...
-Acho que é melhor nós irmos – disse Hermione, puxando o braço do amigo para longe do dormitório feminino.
-Mas Mione...
-Vamos, deixa a Gina sozinha.
Depois de sair correndo daquele jeito pelo corredor, Pansy se trancou no banheiro de seu dormitório, e não houve amiga com necessidades que conseguisse tirá-la de lá! Harry não fora atrás dela, e era isso que mais lhe deixava inquieta. Mal sabia ela que, na verdade, o namorado correra atrás de Blaise a manhã toda, perguntando o que havia de errado com a ruiva.
Enquanto isso, quem deveria mesmo ser ruiva estava morena, deitada na cama macia do dormitório da monitora-chefe da Sonserina. Faltara as aulas novamente, sem pretexto algum, mas simplesmente não conseguiria prestar atenção alguma. Seus pensamentos estavam voltados para certo sonserino (indevidamente, é claro). Não tinha quem ou o que a fizesse tirar Draco da cabeça. Bem, uma pessoa quase conseguiu.
-Gina, preciso de ajuda.
-É a terceira vez que você me fala isso, Blaise.
-Mas dessa vez é sério. Acho que o Potter fez alguma coisa pra Pansy.
-O quê?! O Harry não faz mal a uma mosca!
-Mas acho que, dessa vez, ele fez mal pra algo maior que uma mosca. Vamos, temos que resolver isso.
Meio que a contragosto, a morena (que deveria estar ruiva) levantou-se e caminhou em silêncio ao lado de Blaise até a Sala Comunal da Grifinória. Ambos receberam alguns olhares acusadores dos grifinórios presentes, com exceção de Harry, que foi quem pediu que Blaise fosse buscar “Pansy” para descobrirem o que aconteceu com “Gina”.
-Ela está no dormitório? – perguntou Gina, indicando a direção.
-Sim. Não saiu de lá desde que ela falou com o Zabine, àquela hora.
-Certo... – disse Blaise, caminhando junto com Gina até o local onde a amiga ruiva se encontrava.
-Vocês dois, como vão entrar se não sabem a senha? – perguntou Hermione, desconfiada.
-Não se preocupe, Hermione. Nós damos nosso jeito – disse Gina, puxando Blaise pelo braço e saindo dali o mais rápido que conseguiu.
-Ela me chamou de Hermione – murmurou ela para Rony, surpresa. Não, havia algo de MUITO errado naquelas duas!
***
-Por aqui, Blaise.
Gina conduzia Blaise pela mão até o dormitório do sexto ano grifinório, procurando ao máximo fazer silêncio. Quando os dois chegaram à escada que levava ao aposento, Gina parou bruscamente, lembrando-se que nenhuma pessoa do sexo masculino podia subir.
-É ali? – perguntou Blaise, mostrando-lhe a porta.
-É. Mas acho que você tem que ficar aqui.
-Por quê?! Eu também quero ir!
-Sabe o que acontece se você tentar subir essa escada? – ao ver que o moreno fez sinal negativo, Gina prosseguiu – ela se torna um escorregador.
-E daí?
-E daí, que se você botar os pés nem que seja na ponta dessa escada, você vai cair.
-Quer dizer que eu não posso ir?
-Não, Blaise – respondeu Gina, revirando os olhos – fique aqui e vigie se nenhum outro grifinório chega perto.
-O.k.
Lentamente, ela subiu as escadas, batendo na porta logo em seguida. Any veio atender, e Gina sorriu ao vê-la, não recebendo nenhum sorriso em troca.
-O que quer aqui Parkinson?
-Quero ver a Gina.
-E...?
-Ah, dá licença! – disse a morena, com a paciência já estourada, empurrando a outra e entrando no quarto.
-Parkinson, você não pode entrar aqui! – gritava a outra – e, aliás, ninguém conseguiu tirar a Gina de dentro do banheiro!
-Por isso mesmo que eu vim, queridinha.
-Se ninguém conseguiu, quem dirá você!
-Gina! Abre essa porta! – dizia a verdadeira Gina, batendo na porta do banheiro.
-Quem está aí?
-Sou eu, Gina.
Para quem ouvia, parecia que ela estava apenas chamando a suposta Gina de Gina, e não dizendo seu verdadeiro nome. Any batia o pé, impacientemente, enquanto a outra teimava em chamar a ruiva.
-Pansy! Sou eu, precisamos conversar.
Pansy demorou mais alguns segundos num silêncio incomodativo, e logo abriu a porta, colocando seus pés para fora. Seus olhos estavam inchados, e seu rosto estava vermelho, assim como seus cabelos, que a essa altura já estavam completamente desgrenhados, de tanto que a menina passava os dedos entre eles. Any observava as duas, espantada.
-Pansy! – disse Gina, pouco se lixando se a amiga estava ali ainda ou não – o que aconteceu?
-Muita coisa... Eu definitivamente odeio o Potter.
-Você odeia o Harry?! – cortou Any, mais espantada ainda.
-Any, preciso que saia – disse Gina, calma.
-Eu não vou deixar você sozinha com a Gina!
-Any, já – cortou-lhe a verdadeira Pansy, vendo a outra sair meio contrariada do aposento.
-Agora, o que aconteceu? O Harry te fez alguma coisa?
-Sim...
FLASH BACK:
-Desde quando você se mete em encrencas com o Zabine e com a Parkinson?!
-Harry, eu preciso te pedir um pouco de paciência...
-Paciência?! Gina, ontem foi o nosso primeiro dia de namoro e você passou mais tempo com eles do que comigo!
-Harry! Eu só estou pedindo um pouco de calma!
-E eu só estou pedindo a verdade!
-Eu já disse que não posso te contar!
-E por que não?!
-Porque você nunca iria aceitar!
-Gina... Eu aceitaria você, até se você... Até se você se tornasse de uma hora para a outra... A Parkinson. Eu aceitaria você de qualquer maneira... Aonde você vai?!
-Me deixa Harry.
-Gina! O que aconteceu?
-Nada. Me deixa.
FIM DO FLASH BACK
-Ah, mas esse Potter me paga! – disse Gina, saindo do quarto sem nem esperar que Pansy lhe dissesse algo.
Desceu correndo as escadas, com o rosto vermelho. Não que estivesse defendendo a Parkinson, mas enquanto ela estivesse no corpo da morena, era como se Harry estivesse falando mal dela própria!
-O que aconteceu Gina? – perguntou Blaise, correndo atrás da morena.
-O Potter... Eu mato o Potter e é agora!
***
Harry, Hermione e Rony estavam sentados na Sala Comunal grifinória, estudando. Ou melhor, fingindo estudar. Harry não tinha cabeça para mais nada, tamanha era a ansiedade por saber noticias de Gina, e Rony... Bem, Rony dormia com o livro em cima do rosto. Estudar mesmo, só Hermione o fazia. O moreno se levantou, vendo que a Parkinson vinha em sua direção, juntamente com Zabine. Mas a morena não lhe disse nada, mas sim lhe esbofeteou o rosto, de forma que até mesmo Rony acordou com o estalo.
-O que significa isso?! – perguntou Harry, visivelmente irritado pelo tapa.
-Isso é pelo ano passado – disse Gina, lembrando-se do quanto sofrera por ele ter terminado o namoro.
E outro tapa!
-Isso é por esse estúpido pedido de namoro.
E mais um tapa!
-E isso, é por falar assim da Parkinson!
E virou as costas, deixando todos os grifinórios presentes mais do que confusos.
“Ela falou como se não fosse a Parkinson... Tem algo de muito estranho aí...” pensava Hermione, observando o amigo massagear a área atingida.
***
-Gina! Você falou em terceira pessoa!
-Eu?
-Sim, você falou “isso é pela Parkinson”.
-Que se dane, Blaise. O Harry mereceu, isso não negue.
-Certo, eu sempre tive vontade de fazer isso com ele... Mas você quase entregou tudo!
-Já disse: dane-se!
Blaise e Gina discutiam pelos corredores de Hogwarts, enquanto voltavam para a Sala Comunal da Sonserina, sobre os tabefes em Harry. Mesmo que Blaise tentasse esconder, estava mais do que alegre. Gina ainda estava com raiva do ex-namorado, mas já tinha se acalmado bastante, ou Blaise não estaria vivo para contar a história.
Ao chegarem à Sala Comunal, já estava escurecendo, e Blaise resolveu ir até o lago andar um pouco, já que precisava espairecer, deixando Gina sozinha. A morena se sentou no sofá, ficando mais à vontade, e tirou um pequeno cochilo. Bem, ela achou ser pequeno. Quando acordou, já não havia mais ninguém no lugar, e então ela foi perceber que já era bem tarde. Levantou-se bocejando, e caminhou lentamente para seu quarto. Disse a senha e entrou, jogando-se na cama e adormecendo novamente logo em seguida.
***
Depois da conversa com Gina, Pansy decidiu sair do quarto e encarar Harry com a cabeça erguida. Afinal, ele nem sabia o porquê dela estar chorando. Encontrou o Trio Maravilha sentado na Sala Comunal, mas somente Harry estava acordado. O moreno tinha o olhar vidrado, como se quisesse enxergar além do fogo que crepitava na lareira. A ruiva até tentou passar ignorando-o, mas era quase impossível, visto que os olhos verdes dele refletiam as chamas. E, nem que quisesse, pois ele a viu antes que ela pudesse sair correndo dele novamente.
-Que bom que está bem, Gina! – disse ele, sorrindo e se levantando para abraçá-la.
-Estou ótima, agora se me dá licença, eu só saí para comer alguma coisa.
-Eu te acompanho.
-Não, eu não quero a sua companhia. Adeus, Potter.
E, como seu corpo havia feito anteriormente, virou as costas e saiu. Mas, dessa vez, o moreno foi atrás dela e a segurou pelo braço, sendo que, quando ela se virou para olhar e seus olhos, eles estavam realmente muito próximos.
-Pode me dizer o que está acontecendo?! Eu acabei de levar três tapas da Parkinson por algo que você deve ter dito pra ela, e acho que tenho o direito de saber o motivo!
-Sério que ela te bateu?! Foi o que eu teria feito...
-Tem a oportunidade, faça agora.
Pansy levantou a mão, mas simplesmente não conseguiu fazer mais nada. Havia se perdido fundo nas duas esmeraldas que eram os olhos de Harry, e era como se uma mão lhe estivesse segurando o pulso. Sem nem ao menos pensar no que estava fazendo, ela abaixou a mão para a nuca do moreno e lhe deu um beijo, que a maioria julgaria apaixonado, mas que na verdade era de um desejo totalmente desesperado que ambos tinham um do outro.
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