Severa Punição



CAPÍTULO VINTE E NOVE – Severa Punição







Pela fresta da cortina vermelha, Harry podia enxergar um grosso facho de luz que adentrava pelo dormitório aquela manhã. Ele virou-se entre os cobertores e sentiu-se muito sonolento, mas como se tocado por um súbito desespero, Harry olhou para o relógio e não conseguiu ler as horas, onde estavam seus óculos? O garoto, ainda deitado, tateou a procura do óculos e quando tudo entrou em foco, Harry viu que estava atrasado, na verdade, muito atrasado. E pior, sua primeira aula daquele dia era com Snape. Harry expeliu as cobertas de cima de si e levantou mecanicamente, pegou a primeira meia que encontrou e pôs nos pés, logo calçou os sapatos e abotoou a capa preta com o belo emblema vermelho e ouro da Grifinória, pegou a mochila ao pé da cama, certificou-se de que o livro de poções estava ali e saiu rapidamente do dormitório.



Ele passou pelo salão comunal sem olhar para os lados, e assim também ocorreu com toda a escola, Harry correu toda Hogwarts com o único objetivo de chegar o quanto antes nas masmorras de Snape e não parava de desejar que, por algum motivo inimaginável, Snape tivesse se atrasado, nem que fossem cinco minutos. Mas como tudo parecia caminhar contra ele naquele dia, Harry teve o desprazer de encontrar ninguém menos que Pirraça, o poltergeist do castelo. Ele usava uma gola de rufos e uma espalhafatosa gravata borboleta. A cinco metros do chão ele tinha nas mãos o que pareciam serem maças das armaduras do castelo. Ele gritava em alto e bom som palavras grosseiras e de má educação. Harry tentou esquivar-se pela escada lateral do sexto andar, mas já era tarde demais. Ao ver Harry, o poltergeist ficou eufórico e soltou todas as maças de ferro e ficou na altura da visão de Harry.



– Pirraça, não me atrapalhe! – ignorou Harry continuando seu caminho e pisando firme pelo largo corredor que dava acesso até o atalho para as masmorras. Pirraça entrou em sua frente. Instantaneamente Harry congelou, ele parecia estar encharcado de água fria e até seus ossos estavam enregelados.



– Hum... Potter-porta está pirado novamente! – pirraça deu um giro no ar, atravessou sua barriga, para desgosto de Harry, e saiu gargalhando pelo corredor do sexto andar. Estava atrasado o suficiente para a ira total de Snape. Quando ele conseguiu descer os níveis restantes e entrar no corredor das masmorras Harry chegou à porta da sala de Snape e pôde escutar a voz do professor.



–... Notem, que apenas uma gota é suficiente para que... – Harry aguardou alguns segundo para que não interrompesse uma fala do professor. Quando ele falou e deu uma pequena pausa Harry girou a maçaneta e entrou na sala de aula. Ele olhou para Snape e pediu desculpas.



– Suas desculpas não foram bem-vindas, Potter. – Snape olhava para Harry como se ele fosse a coisa mais desprezível no mundo – Você pode se sentar. Vinte minutos atrasados, vinte pontos à menos para sua casa...



– Onde você estava? – perguntou Hermione enquanto Snape demonstrava o segundo uso do sangue de dragão, era possível através de apenas uma gota, transformar qualquer metal em um fino pó, mais fino que a areia mais delgada e mais selecionada.



– Eu acordei mais tarde. – desculpou-se Harry e virando-se para o amigo – Porque você não me acordou?



– Eu achei que você fosse se levantar! Está bem grande já! – Rony disse por detrás de seu caldeirão fingindo pegar seu tinteiro dentro da mochila. – Dá próxima vez aguarde uns socos matinais. – Harry riu. Snape escutou, e de forma alguma achou aquilo normal ou imperceptível.



– Potter, você está me trazendo muitos problemas por hoje. E a segunda vez que tenho minha aula interrompida pela sua arrogante presença. Não tolerarei mais isso. Menos cinco pontos à Grifinória. Dá próxima vez serão cinqüenta! Acho melhor permanecer quieto. – Snape ia começar a escrever novamente no quadro com a varinha quando ele ficou imóvel, ele olhou para Harry pensou um pouco e voltou ao normal. – Potter, pensando bem, Detenções às vezes funcionam com você. Venha até à minha sala após as aulas de hoje. Sem atrasos.



A aula de Snape ficou cada minuto mais desagradável, era insuportável o jeito como ele parecia fazer tudo de um jeito onde ele pudesse prejudicar os grifinórios e exaltar seus alunos sonserinos. Malfoy que costumava rir de se acabar das broncas dadas em Harry por Snape, permanecia quieto atrás de seu caldeirão, apenas copiando mentalmente todas as palavras do professor. Ao fim de cada aula, Malfoy aguardava um instante para poder conversar a sós com o professor. Assim como Hagrid era para com Harry, Snape parecia ser um grande amigo de Malfoy. Snape terminou a aula explicando o terceiro uso do sangue de dragão, limpar fornos, era extremamente úteis contra manchas de gorduras e chá, deixava um forno velho e sujo como um forno novo e limpo.



– Eu não acredito que ele tirou vinte e cinco pontos de você! E pior cinco foi só por causa de uma risada! – disse Rony desesperado. – Mesmo se ganharmos a final de quadribol, a Taça das Casas pode não ser nossa! Estamos no poço. – cuspiu tudo sem respirar.



– Calma Rony! – disse Hermione muito centrada enquanto chegavam até a sala de Binns. – Já me preocupei mais com esse tipo de competição. Hoje precisamos nos centrar em ajudar o Harry a descobri aquilo. – Hermione baixou o tom de voz quando percebeu que Pavarti escutava cada simples palavra dita por ela.



– Mas e então? – curioso, questionou Harry – O que Lupin queria tanto falar com você?



– Bem, – pela terceira vez aquele dia ele sentia a péssima sensação de ser acordado por um balde de água fria; Binns, o professor fantasma, havia acabado de atravessar o quadro negro e como Harry estava a procura de um cadeira, a colisão foi imprescindível. – Eu odeio isso! – reclamou Harry fechando os punhos e esfregando uma mão na outra na esperança de criar calor. – Bem, o Remo me contou algo muito bom sobre minha mãe. Ela era uma grande bruxa. – afirmou Harry convicto de sua informação.



– Sei disso. – apoiou Hermione.



– Então, – nesse momento Binns começou a contar sobre a difícil classificação da Divisão das Feras. – minha mãe, parece que ela criou um feitiço...



– Jura? – perguntou Hermione – Somente bruxos muito poderosos são realmente capazes... – vendo a expressão na cara de Rony, Hermione desconversou –, mas realmente sua mãe era muito boa mesmo.



– Ela criou um feitiço, e parece que é esse feitiço que me protege de Voldemort. – os amigos tremeram ao som daquele nome. – Já está na hora de vocês pararem com isso! – irritou-se Harry – E além dela ter me protegido com seu sangue ela me resguardou com um feitiço que talvez seja capaz de retardar toda a qualquer maldição existente até hoje.





– Odeio esses assuntos... – constatou Rony – Eles me confundem...



– Ai Rony! Harry sua mãe deve ter sido realmente grande, criar algo desse porte sozinha não deve...

– Mas ela não fez nada sozinha. – Harry respirou, sabia qual seria a reação da amiga – Ela trabalhou junto com Amanda Lovegood. Mãe da Luna.



– O quê? – imperou Hermione desesperada – Não... deve se outra. Harry você tem certeza?



– A-b-s-o-l-u-t-a! – Harry fez questão de sublinhar todas as letras, para que Hermione não fizesse mais perguntas.



Os três permaneceram em silêncio por alguns minutos, como se o assunto estivesse sendo digerido pelo cérebro. Só era possível escutar os roncos de Simas e a fala monologa de Binns. Harry sentiu os olhos pestanejarem. Hermione parecia prestar atenção à aula e ao mesmo tempo refletir sobre o que seria o feitiço criado pela mãe de Harry. Rony também parecia gostar da idéia do feitiço da mãe de Harry, mas não parecia compreender muito bem. Assim como Harry, a aula havia sido deixada em segundo plano. Para alivio de todos, à não ser talvez por Simas que teve o sono interrompido pelo sino estridente que indicava o término de uma aula.



– Vocês sabem a fórmula do feitiço? – perguntou Hermione.



– Não. – respondeu Harry – Lupin não me disse nada.



– Eh... – Mione rolou os olhos pensativa – Eu vou à biblioteca primeiro, me esperem no Salão Principal.



– Odeio quando ela fala isso. – comentou Rony com o amigo enquanto desciam as escadarias até o Salão Principal. – Realmente me dá nos nervos.



Do meio da multidão de negro Harry avistou no meio do Saguão de Entrada, longos e sedosos cabelos cor de fogo que fulguravam os olhos dos que se atreviam a olhar e acalentavam daqueles que admiravam apenas, era Gina Weasley, ao seu lado Luna Lovegood estava de pé. Pela segunda vez em mais de um ano, Harry viu na imagem de Luna, não como uma pessoa tresloucada ou estranha, mas sim como uma bruxa forte e poderosa, excêntrica? Porque não, até Dumbledore tinha suas manias, mas antes que analisasse a garota a fundo, percebeu que pareciam aguardar alguém ou alguma coisa, mas estavam ali, imóveis como pedra. Quando os dois garotos chegaram, elas pareceram acordar de um sono profundo e incômodo.



– Oi Weasley! – disse Luna animada para Rony passando a mão nos cabelos louros de uma forma estranhamente artificial. Mesmo que quisesse rir, Harry se contentou. Rony, meio tímido, levantou a mão em resposta. Luna cumprimentou Harry e antes que os dois seguissem viagem, Gina apertou o braço de Harry.



– Você fica. – disse muito séria. Ainda que mais baixa que ele, Gina olhava de igual para Harry como se disso dependesse a sua vida. Luna olhava como se achasse muita graça de tudo. Rony pressentindo que algo ocorreria preferiu seguir caminho até Salão Principal. Gina fez com que Harry subisse as escadas para o primeiro andar e quando Harry perguntou muito idiotamente onde ela o estava levando, ela respondeu muito sarcástica com as mesmas palavras que Harry havia usado noites antes para convencê-la a fazer um passeio pelos corredores do quarto andar.



– Existe uma armadura muito bonita lá em cima no quarto andar que queria que você visse. – Gina olhou para ele e continuou – Garanto que você não vai se arrepender. – Harry só pôde rir. Ele seguiu a garota mesmo que seu estômago implorasse por alguma coisa urgentemente. A essa altura, Luna já havia desaparecido como fumaça na água, discreta, a garota não estava mais ali.



– Você deve saber muito bem o porquê você está aqui. – disse Gina ainda séria olhando para Harry. – Não se faça de desentendido. Desde o dia em que tudo aconteceu na sala da AD, você vem me convidando para passeios noturnos e mesmo assim você ainda não tomou uma decisão muito concreta! – Gina disse aquilo muito depressa e cada palavra sua voz ficava mais alta e aguda.



Harry ficou estarrecido com a reação da garota.



– Até o crianção do meu irmão foi adulto o suficiente para assumir um namoro com Hermione! E você fica me enrolando!?



– Gina você está vendo as coisas por um ângulo...



– Não me venha falar de ângulo! Estou vendo o meu ângulo!



– Você não está sendo educada. – disse Harry levando tudo na brincadeira.



– Você não vem sendo educado comigo! Eu não gosto desse seu jeito arrogante Potter! Você é simplesmente ridículo! – Gina saiu dali com as bochechas mais vermelhas que os cabelos e Harry ficou aborrecido demais por ter feito com que Gina, ela Gina, tivesse ficado triste. Ele não a levara à sério e agora corria o risco de perdê-la. Mas isso não havia sido o pior. Ela o havia chamado de arrogante, assim como Snape previa por anos e dizia assim ser seu pai. Não pensando nisso nem na detenção que teria aquele dia nas masmorras ele, já sem fome, subiu para a torre da Grifinória.





Mais tarde naquele mesmo dia, Harry saiu um pouco mais cedo da aula de feitiços, para que pudesse chegar com dez minutos de antecedência às masmorras de Snape. Ele já havia se atrasado o suficiente aquele dia. Ainda não havia visto Gina, e não desejava que isso realmente ocorresse. Quando ele entrou no ambiente frio e úmido das masmorras, ele sentiu um calafrio na espinha, como uma premonição de que algo aconteceria tão cedo. Encontrar Snape após brigar com Gina parecia uma péssima idéia; combinar o péssimo humor de Snape com a raiva que Harry sentia de Snape além da raiva que Harry estava de ter brigado com Gina parecia resultar uma mistura única e comum à vida de Harry: a confusão.



– Chegar tão cedo não irá redimir seus débitos. – disse Snape sarcástico, Harry sentiu uma massa de ar penetrar em sua mente, ele olhou para trás Snape e viu além dos olhos do professor. Ele estava invadindo sua mente, mas mesmo assim Harry não estava tendo visões e Snape parecia espantar-se com isso. – Ao menos as poucas lições de Oclumência tiveram algum resultado tardio.



Os dois entraram na classe de poções e ficaram sentados um diante para o outro.



– Boa noite, professor Snape. – disse Harry desconversando – Qual será a detenção proposta?



– Eu realmente pensei em fazer você limpar todos os meus caldeirões, mas isso seria pouco. – Snape parecia deliciar-se com a detenção de Harry – E então pensei que seria muito desagradável para eu ficar com você aqui por horas, mas ainda assim vi que seria ainda pior para você, mesmo porque você deve apenas ficar quieto e me escutar. Essa é sua detenção. – Harry arregalou os olhos, Snape pareceu muito contente e logo Harry arrependeu de fazê-lo. – Você terá apenas de tolerar minha presença de boca calada, será muito oportuno que você escute minhas opiniões.



– Você...



– Ah-hã! – disse Snape contente balançando seu longo dedo indicador negativamente – Menos cinco pontos por eu ter de escutar a sua voz. Você está em uma detenção e deve obedecer ao que eu lhe pedir! – Harry não acreditava que algo pudesse ser pior do que aquilo. Embora ficar sentado por horas respondendo aos fãs do charlatão Gilderoy Lockhart tinha sido chato e escrever linhas com uma pena que puxava seu sangue como tinta também não havia sido agradável, aturar Snape por longas duas horas parecia uma tortura pior que qualquer outra. – ... e realmente o resultado obtido com sua Poção da Memória foi capaz apenas de tornar o pensamento vago, mas jamais alguém se esqueceria de algo com aquela sua água rala. – Snape olhou para o garoto com desprezo. – Você se parece muito com seu pai, embora ele tenha sido muito arrogante e estúpido...



– Não... – Harry sentiu uma raiva quente e fervente subir-lhe à cabeça como fogos de artifício que explodiam no cocuruto de sua cabeça, antes que terminasse a sentença, Snape novamente retirou-lhe alguns pontos.



– Menos dez pontos! Você parece que não sabe escutar a verdade, Potter. – Snape sorriu emoldurado pelos seus oleosos cabelos até o pescoço. – parece que mesmo conhecendo seu pai através de meus pensamentos você ainda não reconheceu o quão mesquinho e podre era o seu pai. É notória sua covardia a ponto de quase ser expulso da escola para poder salvar minha vida de algo que ele mesmo planejou. Quão tolo ele era...



– V-O-C-Ê! – Snape ameaçou erguer o dedo, mas Harry já tinha seu dedo em riste. – VOCÊ É PATÉTICO! VOCÊ SIM É COVARDE! SERVE A DOIS LADOS DE FORMA OBSCURA E ESCUSA! – Harry não se cansava de gritar e mesmo que estivesse sem ar ele continuou falando muito depressa – JAMAIS DEIXOU DE SER LEAL AO LORDE DAS TREVAS, COMO VOCÊS O CHAMAM NÃO É MESMO? E VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE FALAR DE MEU PAI QUE MORREU LUTANDO CONTRA O SEU SENHOR!



– Potter! – chamou Snape. O professor de poções estava lívido de fúria. Harry podia jurar que Snape era capaz de almadiçoar-lhe ali mesmo. Harry segurou a varinha dentro das vestes.



– EU TENHO NOJO DE VOCÊ!



– Potter, nós não somos obrigados a isso. Você vai comigo ver diretor. – Snape levantou, contornou sua mesa e pegou o braço de Harry com muita força. Ele descontava toda sua raiva no braço de Harry, que havia levantado e não fazia objeções em ir ver Dumbledore. Na verdade, o escritório do diretor era um lugar que se tornara tão comum para Harry que ir lá parecia rotina. Em menos de cinco minutos eles haviam subido dois lances de escada e já se encontravam diante das gárgulas que guardavam o escritório de Dumbledore. Elas pareciam espantadas que Harry estivesse ali novamente.



– Ou ele é muito ruim... – comentou a gárgula para a outra. –...Ou muito bom – completou a outra gárgula.



Calda de Morango! – exclamou Snape e as gárgulas revelaram uma escada em caracol que subia até a sala do Diretor; Snape empurrou Harry e ele subiu as escadas, feliz de que seu braço estivesse com sangue circulando novamente. Snape o seguiu por atrás, sua longa capa preta enfunava a suas costas e roçava nas curvas da pequena torre de acesso. Harry encontrou a porta e sem esperar ou bater, a porta se escancarou com uma massa de ar da varinha de Snape.



– Harry! – cumprimentou Dumbledore e vendo Snape disse – Severo! Penso que essa não seria uma visita de boas notícias... – disse ele triste – Confesso, que os esperava, sozinhos, para que me contassem, cada qual, sobre aquilo. – Harry arregalou os olhos; mirou Snape e viu que ele também estava extremamente chocado que Dumbledore falasse de algo dele na frente de Harry. – Severo, por favor. – pediu o Diretor gentilmente.



– Dumbledore, embora saiba da importância de Potter, hoje ele passou dos limites! Disparou acusações sobre minha integridade baseado em fatos irreais e passados! Ele questionou minha lealdade a você. – Snape olhou de Harry para Alvo e dele para a janela – Trouxe o aqui para que talvez você o convencesse de que lhe sou leal.



– Harry, – começou Dumbledore – desde seu primeiro ano nesta escola você e o professor Snape nunca se entenderam. Mas foi somente no quarto ano que você descobriu a maior mancha do passado de seu professor. Mas isso é algo entre mim e ele, foi o que eu lhe disse à dois anos atrás, certo?



– Foi. – afirmou Harry.



– Bem, você está mais ligado a isso do que imagina. – Dumbledore olhou dentro dos olhos de Harry e pela segunda vez aquele dia ele sentia a presença de alguém dentro de sua mente, era Dumbledore. Harry encarou os olhos do diretor e sentiu uma repulsão que fez com que até os cabelos de sua nuca ficassem de pé. Dumbledore sorriu. – Você deve estar um tanto quanto confuso Harry, afinal você tinha apenas um ano quando Snape voltou para nosso lado. Foi no auge do poder de Voldemort que Snape voltou para nós, não é mesmo Severo?



Snape apenas afirmou com a cabeça. Ela ainda sentia raiva de Harry.



– Mas voltemos ao início. Severo sempre foi um sonserino que exemplificava muito bem as qualidades que sua casa prezava, mas ainda assim ele soube interpretar da forma correta o que fazer com suas qualidades. Ainda muito jovem e, influenciado por suas amizades e sua família, Snape entrou para um grupo que apoiava um bruxo até então desconhecido, era Lorde Voldemort. Snape e Lúcio Malfoy foram uns dos primeiros Comensais da Morte que existiram. Naquela época, foi quando Voldemort começou a ver suas maiores ambições se tornando verdadeiras. Ele começou a recrutar mais e mais bruxos para sua causa e tão cedo o mundo bruxo havia sido divido entre os Comensais da Morte e os bruxos comuns, em sua maioria de ancestralidade trouxa.



– Dumbledore... – advertiu Snape preocupado com o que o diretor pudesse dizer.



– Severo, ele tem de conhecer a história, ele precisa saber porque ele deve confiar em você. – Dumbledore se voltou novamente para Harry. – Mas havia uma coisa que Severo prezava acima de tudo no mundo, e preza até hoje, são os favores. Saiba que se um dia você fizer alguma coisa para ele, Severo lhe dará na mesma moeda e quantidade? Ele sempre foi assim com as mais simples coisas, e não foi diferente quando seu pai salvou-lhe a vida em seu sexto ano aqui em Hogwarts. Ele sabia que no dia em que reencontrasse Tiago Potter, ele teria de retribuir o favor. Além do que, Lílian, sua mãe, sempre o defendeu das brincadeiras e zombarias de seu pai e seu padrinho. – Harry sentiu um vazio profundo ao escutar citar três das suas maiores perdas. – Ele sabia que também devia um favor para sua mãe.



Snape fez uma expressão de quem não gosta nem odeia, apenas uma feição clara e lívida.



– E, um dia esses favores coincidiram de acontecer. Snape recebeu ordens de Voldemort para acabar com seus pais e você Harry. Mas Severo sabia que não podia fazer aquilo, ele devia algo aos dois que feria seu orgulho, ele se viu obrigado a mentir para Voldemort. Na noite do ataque, ele entrou em Godric’s Hallow sozinho e quando encontrou seu pai ele quase estuporou Snape, mas o choque foi tanto que ele apenas ficou estarrecido de ver Snape ali. Isso ocorreu dias antes de Voldemort em pessoa visitar seus pais. Snape simplesmente se deixou ser estuporado para que Voldemort acreditasse que eles tivessem duelado e ele tivesse realmente perdido. Ainda que tivesse sido estuporado pelo seu maior inimigo da escola ele não estava com raiva. Ele havia salvado a vida de Lílian, sua maior defensora, e de Potter, seu também salvador. Agora estava com o orgulho limpo e livre de pesos.



– Satisfeito Potter? – cuspiu Snape.



– Foi então que percebi que Severo jamais fora realmente do lado de Voldemort. Severo nunca esteve de lado algum, ele apenas estava do próprio lado. Vivendo com as próprias leis e tomando rumos um tanto quanto obscuros, mas mesmos assim só seu.



– Dumbledore, você acredita nele só por causa disso?



– Só? Potter você não percebeu que além da pagar o favor que devia a seus pais, eu também percebi que o Lorde das Trevas, embora muito poderoso é também muito tolo de acreditar que ira conseguir retirar trouxas e mestiços da sociedade. Ninguém me disse isso! Apenas tirei minhas pobres conclusões sobre. Eu também não concordo com o modo que Dumbledore enxerga certas coisas, mas como todos somos passiveis de erros, as idéias dele são no mínimo mais possíveis que as de Voldemort.



– Severo, você tirou as palavras de minha boca! – disse Dumbledore.



– Mas como o Diretor disse, isso é algo que somente diz respeito a ele e a mim.



Snape ergueu a varinha.



Oblivia...



Harry foi mais rápido.



Impedimenta! – da ponta de sua varinha, uma enorme massa de ar correu a sala e fez com que Snape ficasse imóvel por alguns segundos, o tempo suficiente para Harry correr dali com a memória intacta. Conforme descia a escada em caracol ele escutou os passos de Snape pararem e à voz de Dumbledore.



– Ele precisa saber Severo, deixe...





Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.