O Êxodo Weasley
CAPÍTULO QUINZE – O Êxodo Weasley
Após o término de novembro o frio tomou corpo, um corpo alvo e gelado. A neve começava a cair aos poucos até que na segunda semana do mês todo o castelo parecia um grande bolo de aniversário cheio de glacê. Mesmo que o Natal ainda estava distante, faltavam duas semanas para as comemorações, a volta de Lupin foi o maior presente de Natal que o garoto poderia receber naquele ano. A volta de Lupin significava muito mais do que a volta de um amigo, mas a volta de vários, dentro de Lupin existia um pouco de seus pais, de seu padrinho e de seus avôs. Lupin pareceu muitíssimo feliz de ver Harry naquele dia, assim como Mione e Rony. Nada lhe pareceu mais agradável e prazeroso. Naquele dia o assunto rendeu mais do que a resistência do sol e os três só voltaram a seus dormitórios tarde da noite; Rony e Mione ficaram eufóricos com a notícia, assim como Gina que ficou sentada no Salão Comunal aguardando a chegada dos amigos e deu pulinhos de alegria ao saber sobre Lupin.
Embora o desaparecimento de Lupin tivesse sido ocultado por Dumbledore, na semana seguinte todos estavam comentando que o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas havia retornado ao colégio na calada da noite. Haviam muitas histórias correndo na boca dos alunos, no entanto nenhuma se aproximava da realidade. Ao invés de se preocupar tentando esquecer as fofocas mais absurdas Harry preferia admirar as doze árvores de Natal, estavam enormes e continham os mais incomuns enfeites, pequenas fadinhas douradas, bolas que mudavam de cor e diversas estrelas que piscavam de acordo com o ritmo das canções natalinas cantadas por diversos soldadinhos de chumbo. Todas as portas do castelo haviam sido decoradas com enormes guirlandas de folhas de azevinho, com diversas estrelas, bolas e fadinhas coloridas. As armaduras haviam ganhado gorros de natal e o castelo embora mais frio parecia mais aconchegante e confortável.
Na semana que antecedia o feriado das festas e o recesso de fim de ano, Harry progrediu significantemente na aula de Transfiguração, sua mão já não estava com uma aparência esverdeada, todos os seus dedos estavam verde vivo e no lugar das unhas pequenas folhagens se aglomeravam, formando um longo ramo de brócolis. McGonnagal que prezava pelo acerto de todos seus alunos deu à Harry e também à Mione quinze pontos cada um. Rony não havia ganhado pontos embora sua mão estivesse realmente verde e houvesse folhas no que seriam as pontas de seus dedos, haviam pequenos pontos onde os pelos do amigo estavam visíveis.
Ao final da aula de Transfiguração Minerva os chamou para que todos pudessem escolher ficar ou não no castelo. Na manhã anterior, a Sra. Weasley mandara um belo cartão para Harry e para Mione, convidando-os para passarem o natal na Toca, já que agora a cozinha fazia parte daquilo e que ela ficaria muito feliz caso os dois aceitassem. Hermione ficou pesarosa de deixar os pais sozinhos, mas pensou novamente olhando para Rony e aceitou. Os três assinaram no campo onde se lia, Natal com a família.
A próxima aula daquele dia seria Adivinhação, com Sibila Trelawney, a vidente mais convencida que Harry já havia conhecido no mundo bruxo até aquele dia. A necromancia já estava enjoando todos, até mesmo Pavarti e Lilá, defensoras incondicionais da professora e da matéria. Sibila foi saraivada de interrogações quando chegaram à torre Norte e encontraram novamente aves mortas com as vísceras aparentes.
– Professora, eu entendo que a necromancia é um lado mais sério da Adivinhação, mas realmente vamos continuar com isso por mais tempo. – disse Lilá desgostosa com a situação.
– É... – completou Pavarti – Nojento.
– Eu já supunha que nem todos fossem ter prazer com essa área de nosso estudo – disse com uma voz de quem esconde a real verdade. – Hoje vamos apenas revisar tudo o que aprendemos sobre as entranhas dos pássaros onde o futuro se esconde de nossos olhos. Depois de nosso pequeno recesso paras as festas, daremos início a um assunto pouco mais interessante. – a voz da professora ficou mais esganiçada e seus olhos se esbugalharam de excitação. – A Cronomancia, arte inexata da Adivinhação baseada nos movimentos precisos do tempo no cosmos.
A aula de adivinhação transcorreu irritantemente chata, todos pareciam achar tudo aquilo um tédio embora soubessem que era tarde demais para desistir. A sala toda tinha um odor de acre, que se misturava ao perfume doce que exalava da lareira acessa. A professora usava um longo vestido de cetim magenta com dezenas de lenços transparentes num escarlate vibrante que quase cegava os olhos. As centenas de acessórios prateados que incluíam desde anéis até diversos pingentes pendurados ao redor de um de seus lenços. O tilintar dos metais fazia com que Harry se irritasse ainda mais com toda a situação; Rony parecia sentir o mesmo. Como se o pior fosse acontecer, Sibila veio caminhando sutil na direção da mesa dos dois, para desespero dos mesmos. Harry escapou fingindo um ataque louco de tosse e Rony antes que pensasse em algo teve de escutar o que a professora começava a profetizar sobre sua ave.
– Você tem um coelho? – perguntou em tom de quem sabe das coisas.
Rony incorporou uma expressão pensativa e respondeu displicente. – Não!
Sibila fechou a cara em negação e começou a falar com uma voz fúnebre e misericordiosa. – Pobre garoto... Aqui, bem perto do fígado.
Lilá e Pavarti deram gritinhos de aflição.
– O fígado? Não é o ponto mais preocupante?
– Sim, meu querido. – recomeçou a professora se dirigindo novamente a Rony – Bem próximo ao fígado vejo altas chamas e um coelho. – Sibila vidrou os olhos no garoto que permaneceu inerte. – O quê está esperando!? Pesquise em seu livro.
– Ah! Sim! O livro... – Rony abriu seu pesado livro de capa roxa sobre o colo e começou a procurar – Aqui! Coelho, filhos, ninhada, páscoa e oferenda. – Sibila ainda tinha os olhos sobre o amigo. – Bem meus filhos vão se queimar seriamente num futuro não muito distante.
Satisfeita com a predição mortífera do aluno, Trelawney atribui a interpretação de Rony quinze pontos a Grifinória. A aula terminou bem e Sibila não tirava os olhos de Rony e alternava de expressões de choro para expressões de satisfação.
A terceira semana do mês de dezembro foi marcada por uma grande tempestade de neve que transformou o grande lago num espelho de gelo contínuo e liso. Todas as árvores da Floresta Proibida tinham uma porção enorme de neve nas partes mais altas. O gramado estava ressecado pelo frio e até o Salgueiro Lutador parecia sentir os efeitos do frio, tinha todos os seus galhos retorcidos e encolhidos. A cabana de Hagrid estava encoberta por quase um metro de neve fofa, que o mesmo tirava todas as manhãs como se fosse a coisa mais simples do mundo.
As capas e cachecóis estavam em alta na escola e não havia um aluno sequer sem um desses itens. Harry sempre usava um suéter antigo, verde com um dragão bordado pela mãe de Rony, embora fosse apertado, Harry tinha enorme carinho por aquele suéter, Hermione utilizava dois cachecóis além de um casaquinho de lã trouxa e Rony não tirava um gorro ouro e vermelho da cabeça.
Na última aula do ano de Defesa Contra as Artes das Trevas, Tonks havia prometido aliviar a tensão sem feitiços complicados. Eles se ocuparam aprendendo Primeiros Socorros Mágicos. Tonks os ensinou como conjurar uma pequena maca, estancar pequenos sangramentos e a conjurar talas e bandagens. Todos se divertiram bastante, a aula como sempre, fora descontraída e Tonks vivia fazendo piadinhas de Natal que todos riam.
Embora Tonks tivesse aliviado a pressão de todos, Sprout e Hagrid não fizeram o mesmo. Na aula de Herbologia, começaram a analisar as plantas híbridas, cultivadas em estufas e derivadas de duas outras plantas mágicas. Hagrid, por sua vez iniciou o estudo dos Rabicurtos, uma criatura engraçada que mais parecia um porquinho se não fosse pelas longas patas e pelo cardo assombrosamente grosso; haviam três ou quarto Rabicurtos dentro de uma jaula de madeira, para a raiva de Harry, os olhos do pequeno animal eram negros e miúdos, assim como os de Rabicho. Hagrid trazia na coleira, não Canino, mas um cachorro de grande porte, com as orelhas rosadas e pelo muito branco. Mais tarde Harry descobriu que o cachorro era o único que conseguia paralisar o Rabicurto, não pelo tamanho, mas pela cor.
Ao final daquele dia fora afixado no quadro de avisos de todo o castelo que no fim de semana que antecederia o feriado do natal, haveria uma visita á Hogsmeade. Embora, a maioria dos moradores do castelo desejassem desesperadamente poderem ir, muitos pareciam incapacitados, fosse pelas piadas que rondavam o castelo, como a que Flávio Rufus, um quarta-anista que descia as escadas para o saguão de entrada contara.
– Eu, ir a Hogsmeade? Não quero levar uma maldição na testa enquanto bebo uma caneca de cerveja amanteigada. – disse o Corvinal.
Ou fosse pelo simples fato de que todos ali pareciam não ter se esquecido do ocorrido no mês de Outubro, quando as Comensais Bellatrix e Narcisa acompanhadas de outros Comensais e seis dementadores, invadiram o povoado e içaram ao ar dois estudantes Lula-lufa. Os poucos alunos que ameaçavam ir, eram reprovados pelos amigos e mestres, que não dispensavam um olhar de medo e rejeição. Logo os poucos se reduziram a nada; apenas alguns sonserinos se arriscaram a sair na manhã fria do dia vinte e três. Entre estes, se incluíam, Draco, seus capangas, Crabbe e Goyle, além do seboso Nott e um grupo de sonserinos risonhos que incluía Parkinson.
Quando as portas de carvalho foram fechadas, após a passagem dos sonserinos, o castelo pareceu respirar mais livre e calmo, as fadinhas das árvores de natal reclamavam menos e as armaduras pareciam sempre sacolejar para que o chapéu ficasse sempre bem-colocado. O frio parecia menos rigoroso e muitas da pesadas capas puderam ser penduradas atrás da porta.
Harry, Rony, Mione e Gina ocuparam a manhã daquele sábado arrumando suas malas. Rony foi o primeiro a começar, juntamente com Mione. Harry dobrou todas suas vestes negras e colocou-as no fundo do malão. Harry sabia o que estava ali no fundo, mas preferiu não cutucar na ferida. Pegou um rolo de pergaminho e uma pena. Saiu sem explicações do dormitório e sentou-se em sua poltrona preferida, no meio da balbúrdia costumeira no salão comunal da Grifinória. Molhou a pena e começou a escrever sua lista de presentes.
1 Suéter Chudley Cannons, – Trapobelo Moda Mágica
8 Meias (diversas cores e desenhos) – Trapobelo Moda Mágica
1 Capa de Veludo marrom – Trapobelo Moda Mágica
1 Livro “O Descobrir dos Símbolos Rúnicos – Antonius Musa” – Livraria Encanto
1 Livro “As mais deliciosas receitas, para a mais querida bruxa – Marta Stow – Livraria Encanto
14 Penas de Águia – O Correio
Tudo embrulhado para presente.
Edwiges parecia se ligar com Harry através de pensamentos, quando o garoto se levantou para que pudesse ir até o corujal, Edwiges já aguardava imponente na janela do sala comunal. Harry levantou o vidro e pediu que Edwiges entregasse aquela carta a todos os Vendedores de Hogsmeade. Harry amarrou o rolo de pergaminho na perna de coruja e depositou algumas moedas douradas, em uma bolsinha de couro conjurada de última hora.
Antes que Harry pudesse admirar Edwiges sumir no branco da neve, a neve que havia se depositado sobre o gramado da escola estava sendo amassada por um grupo de pontinhos negros e verdes, os sonserinos haviam voltado antes do desejado por eles, Harry olhou a frente e viu a nuvem branca de nevasca que encobria o vilarejo local. Harry riu para si.
Quando voltou para o dormitório perdeu a paciência e ordenou.
– Arrumar malas! – todas suas camisas se dobraram, as meias se enrolaram e suas gravatas se organizaram dividindo espaço com suas vestes negras. Depois de tudo devidamente dobrado, todas as peças de roupa de Harry foram depositadas suavemente no fundo de seu malão.
Antes que os garotos trancassem os malões, Gina e Mione entraram no dormitório rindo de se acabar, nenhum ali entendeu nada, a não ser as duas que incessantemente continuavam a rir. As duas se sentaram na cama de Rony e foram se acalmando para que pudessem responder a pergunta feita por Rony.
– De que, ou, de quem vocês estão gargalhando.
– Par-ar-kinson! – gaguejou Gina.
– Pansy Parkinson! – Hermione gargalhou novamente. – A neve!
– Parem as duas! – ordenou Harry nervoso.
Mione ficou muda por alguns segundos e recomeçou a falar enquanto Gina soluçava atrás da amiga. – Pansy foi a Hogsmeade com Draco para fazerem as compras de Natal. – Hermione riu e parou com o olhar depreciativo de Rony. – Só que está acontecendo uma nevasca no vilarejo. E Parkinson, ficou... Ficou atolada na neve! Os professores tiveram de ajudá-la e tudo mais.
Todos no quarto gargalharam a exceção de Rony que parecia ter acordado com o pé esquerdo. Ficaram ali jogando conversando por horas, até que o horário do almoço havia chegado e todos desceram para terem seu último almoço do ano no castelo. Após o almoço, todos partiriam de volta à Londres pelo Expresso de Hogwarts. Harry nunca havia feito aquela viagem de trem, mas aguardava ansioso por sua primeira festa de Natal.
Rony estava muito quieto no dia da partida, durante o almoço, o amigo se serviu com uma pequena porção de batatas assadas com um pedaço de pudim de rins. Harry que já se servia, pela terceira vez, de carne ao molho madeira, notou a visível preocupação nos olhos do amigo e perguntou.
– Rony! Aconteceu algo? Você parece realmente apreensivo.
– E não era para estar? Comensais à solta e vocês estão calmos! – o garoto resmungou.
– Só perguntei! – Harry voltou sua atenção para o próprio prato dourado. O restante do almoço foi chato e modorrento. Não houve piadas, nem conversas, Rony parecia arisco a tudo e á todos.
Após o almoço, todos voltaram á seus dormitórios e recolheram os últimos pertences. Já estava quase na hora da partida e Edwiges ainda não havia retornado com suas compras de Natal. Passados mais cinco minutos, Edwiges apareceu na janela do salão comunal. A bela coruja-das-neves bicou com força a vidraça e Harry correu para que pudesse pegar suas compras. Edwiges estava toda molhada devido a forte neve que caia lá fora, mas mesmo assim trazia dois pesados pacotes, com seus presentes de Natal. Harry pegou os dois pacotes de papel pardo e os levou sorrateiro ao dormitório. Chegando lá, Harry guardou todos os presentinhos no malão, á exceção de um embrulho púrpuro com uma etiqueta que indicava Trapobelo, Harry pegou o grande pacote de meias e deixou sobre a cama na certeza de que Dobby acharia seu presente.
– Não vá se atrasar! – advertiu Rony.
Harry puxou uma pena para que pudesse escrever uma dedicatória à Dobby, mas isso se tornou desnecessário. O pequeno elfo doméstico estava parado diante de Harry. Todos desceram. Dobby tinha as pernas flexionadas e fazia um gesto de reverência. A pele verde e macilenta de Dobby parecia a mesma, não fosse por algumas rugas que começavam a se delinear no rosto do elfo. Os enormes olhos amarelos continuavam saltando ás órbitas e Dobby insistia em chamá-lo pelo tratamento, senhor.
– Ah! Grande senhor Potter! Se o senhor não se incomoda, o pobre Dobby veio lhe trazer sua lembrança do feriado de Natal, comprei algumas guloseimas, para o senhor saboreasse com felicidade. – Harry pegou uma caixa verde limão com um laço torto, de fita roxa berrante; em seu interior haviam os mais diversos doces que Harry já vira na vida, perdia apenas para Dedos-de-Mel. Dentro da caixa haviam dezenas de logros.
– Muito obrigado! Dobby!
– O senhor Potter não deve agradecer. Não, não, não! Isso seria um insulto. – Harry pegou o pacote de meias e entregou a Dobby. O pequeno elfo ficou imóvel, sem reação alguma. Harry viu que os enormes olhos amarelos estavam cheios de água, e Dobby parecia realmente emocionado com aquilo tudo, parecia que mais do que nunca, diferente dos outros anos, significava muito mais, talvez fosse pela guerra talvez não, mas até Harry ficou emocionado.
– Senhor Po-pott-Potter deixa Dobby sem palavras...
– Eu prezo suas qualidades e seus atos acima de sua classe. – Harry agachou e deu um grande abraço em Dobby. Harry escutou a voz de Rony lhe chamar, advertindo da partida. – Feliz Natal à você!
– Do-dobby agradece. – Dobby deu um grande sorriso e Harry saiu do dormitório sem deixar vestígios. Antes mesmo que o trinco batesse a porta Harry escutou um estalido e teve certeza que Dobby havia voltado à cozinha.
Quando Harry apareceu no salão comunal, Hermione olhou para o amigo preocupada e exclamou. – o que houve com seus olhos? Estão tão vermelhos.
– Nada. Foi poeira do meu malão.
– Do malão? – perguntou Gina descrente.
– Deixa para lá. – respondeu impaciente antes que Harry pudesse se defender. – Vamos.
Os quatro desceram as escadas, do castelo e viraram aqui e ali até chegaram ao nível térreo onde encontraram a maioria dos alunos ali reunida. A escola nos andares estava vazia nos andares acima, não havia alunos, professor ou funcionário. Não havia vento, nem vida, nem moscas. Havia ficado apenas o ar que pairava calmo na esperança de rever seus alunos e voltar a se agitar, levando em sua leveza as mentiras, as paixões, as aventuras, as tristezas e tudo o que uma escola podia ter. Harry olhou para trás e viu as escadarias de mármore e tudo aquele monte de pedra vazio. Como era sem graça. Totalmente inútil. Não havia vida sem que os alunos ali estivessem.
As portas duplas de carvalho se abriram e cem carruagens com testrálios no lugar de cavalos apareceram. Os alunos desceram os largos degraus da escada de pedra do castelo e foram entrando nas carruagens e foram partindo em direção ao Hogwarts. Os malões foram deixados no Saguão de Entrada para que pudessem ser levados para a estação de Hogsmeade.
Quando todos chegaram na estação o grande trem vermelho os aguardava bufando enormes nuvens de fumaça negra, o Expresso de Hogwarts lhe pareceu mais convidativo que o normal. O castelo ao fundo parecia uma bela pintura que misturava delicadamente o marrom no branco e cinza do céu no negro do telhado. Todos embarcaram e antes que pudessem pensar o trem partiu, deixando Hogwarts para traz.
O trem percorreu as paisagens já familiares à Harry e a todos ali no trem. A senhora do carrinho de comida passou e Harry sem fome, não comprou coisa alguma. Nem Rony. Apenas Gina e Mione comeram uma dúzia de bolinhos de caldeirão. Por algum motivo que Harry preferiu não pensar qual seria ele estava muito deprimido. O mundo parecia querer desabar sobre ele. A viagem foi muito quieta e silenciosa. Nenhum falou nada, ficaram pensando, como se esperassem por algo horrível, apenas Mione parecia menos preocupada. A garota lia um livro, entretida. Rony havia dormido e Gina ficou admirando os olhos de Harry. Harry admirou os olhos da garota também, embora soubesse que aquele olhar não era normal. Os dois ficaram ali, se olhando por horas, volta e meia escutavam Rony dar um bocejo relativamente alto ou Hermione resmungar alguma coisa.
Gina levantou a mão e ficou com a mesa parada no ar sobre a perna do garoto... O trem foi parando aos poucos e Rony levantou com um susto. Hermione fechou o livro com a cara amarrada. Gina pareceu aborrecida e Harry também.
Os quatro desceram do trem e encontraram Fred e Jorge, junto com Moody, Emelina e Quim. Os cinco não pareciam estar felizes, principalmente Fred e Jorge, que segurava um rolo de jornal amassado na mão. Mal se aproximaram e Jorge vociferou jogando o jornal sobre o carrinho de bagagens do irmão.
O jornal que caiu sobre o malão de Rony tinha a seguinte manchete: MORTE, FOGO E ANARQUIA. Sob a manchete impressa em negro de tamanho garrafal haviam duas fotos lado a lodo, em uma, um rosto alvo com bochechas murchas e cabelo claro olhava inexpressivo para alem da foto; na outra havia uma casa estranha, ela era torta e tinha no mínimo uns quatro andares, haviam porta onde deveriam haver janelas, e chaminés onde não deveriam haver, era inquestionavelmente a toca, casa de Rony e Gina, sobre a casa dos amigos o símbolo macabro da Marca Negra pairava no céu. O detalhe assombroso e macabro era o fogo consumindo deliberadamente todas as entradas, paredes, e etc.
– O quê?! – berrou Rony. Toda a plataforma parou para olhar a garoto. No meio da multidão Harry viu Narcisa acolher o filho Draco e caminhar na direção daquele grupo. Harry percebeu que Moody tinha a varinha dentro do casaco. Narcisa passou por eles rindo e disse por entre os dentes.
– Chato não é? O circo pegou fogo!
– Ah sua... – Gina andou atrás da mulher loura e tirou a varinha de dentro das vestes, mas antes que fizesse qualquer coisa, Moody recolheu a varinha da garota com um feitiço de desarmamento.
– Você não fez isso! – disse Gina indignada a Moody enquanto voltava para pegar seu carrinho de bagagens.
– Era necessário. – rosnou Alastor.
Quando todos chegaram à sede da Ordem da Fênix, deixaram suas bagagens em seus respectivos quartos, e ficaram esperando até que uma nova notícia saísse. Emelina havia precavido Rony e Gina que seus pais haviam ido ao ministério prestar uma queixa formal ao Quartel General dos Aurores e que logo voltariam. Os quatro saíram dos quartos e foram para a cozinha, quando passaram na frente da porta que dava acesso a cozinha da toca, a porta estava pálida e havia uma grande fênix de luz dourada pairando diante da porta. Fred e Jorge abriram a porta do lado e todos foram para uma cozinha diferente, mas muito familiar a Harry. A cozinha tinha um forte cheiro de gatos e haviam diversos item em crochê espalhados pelo cômodo, a toalha da mesa, as almofadas das cadeiras, as cortinas, etc.
O tempo passou vagarosamente e antes que o sono os derrotasse, a Sra Weasley entrou na cozinha acompanhada do Sr. Weasley. Os dois pareciam muito abatidos com todo o problema, mas ainda assim Harry enxergou na Sra. Weasley um profundo olhar de esperança e confiança. Rony e Gina abraçaram forte seus pais que retribuíram com um abraço também.
– Ed... – começou o Sr. Weasley.
– O que tem o Edward? – perguntou Gina aflita.
– Encontramos isso...
– Quem é Edward? – perguntou Mione.
– ...sobre um montinho...
– O vampiro. – respondeu Rony rapidamente.
– ... de pó. – terminou o Sr. Weasley segurando uma estaca feita da mais pura prata.
Gina suspirou, mas se conteve.
– Em breve tudo vai voltar à Ordem. – afirmou a Sra. Weasley. – Os danos foram mais externos do que internos. Breve a casa vai estar boa de novo.
Naquela noite o jantar foi servido sob o mais profundo silêncio na cozinha da Sra. Figg. Todos estava calados e preocupados demais para qualquer coisa. Todos os membros da Ordem estavam presentes à exceção de Minerva, Snape e Dumbledore.
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